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Bruxaria e Paganismo

Cosmologia Indígena Brasileira

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Curupira, um semi-deus

Todas as civilizações tiveram ou têm a sua cosmogonia, através da qual interpretam a realidade e se relacionam com ela. São as explicações para as origens do universo, da vida e na natureza como um todo, recheadas de lendas e mitos.

Esses personagens e histórias, em geral, são didáticos, estabelecem regras e normas de comportamento. Os índios brasileiros, por exemplo, têm uma concepção do universo que privilegia a natureza, sua fonte de sustento. O homem é incluído nela como parte integrante, em condições de igualdade, sem privilégio. Algumas tribos acreditam que Tupã, depois de criar o universo, criou os semi-deuses, o homem e outras criaturas com as quais povoou a Terra. Tupã criou também o Mundo superior, onde habitam os deuses e os bons, e o Inferior; onde ficam os maus e os seres demoníacos. Anhangá, por exemplo, é um deus maldito, cheio de ódio em seu coração, enviado para o mundo Inferior. Entre as criaturas que Tupã espalhou pela Terra estão o Curupira, um semi- deus que protege as florestas e a natureza da ação destrutiva dos homens. O Curupira é uma criatura baixinha e de cabelos de fogo. Sua lenda revela o ponto central da relação dos índios brasileiros com mata. Não é uma relação de exploração, de uso indiscriminado. É uma relação de respeito pela vida, uma relação de troca. O Curupira não se incomoda, por exemplo, com o “bons caçadores”, aqueles que vão à caça para matar a fome. Os “maus”, no entanto, que matam para ser divertir, ou indiscriminadamente, fêmeas e filhotes, acabam caindo nas armadilhas do Curupira. Aliás, para os bons, ele nem aparece. E quem o viu, conta a lenda, está correndo até hoje. Seu truque predileto é se transformar em caça, uma paca, um tatu, onça ou qualquer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta. E lá eles ficam, perdidos para sempre. Mesmo sabendo que matar animais abater árvores para a subsistência não é alvo da ira do Curupira, os índios entram na mata cheios de respeito e termos. Eles costumam levar sempre presentes para agradar ao protetor da floresta, como fumo, comida, flechas e objetos que deixam nas trilhas.

Essa relação dos índios com a natureza, estabelecida pela forma com eles compreendem o cosmos, contrasta com a visão judaico-cristã do mundo, onde o Deus criador é um ser parte, que construiu o universo e entregou- o ao homem para que usasse conforme os seus desejos. O homem é superior a tudo.

Na visão da lenda indígena, Tupã continuou preocupado com aquilo que criou, impôs regras, estabeleceu limites para a sua utilização. Criou até seres que fiscalizam. Nesse caso, o homem é parte integrante da natureza, que deve se relacionar de igual para igual com o meio- ambiente.  

A Grande Mãe

Conquistados e colonizados que fomos por um país – Portugal – onde a religião vigente era (e é) a Católica Apostólica Romana, desde a mais tenra idade ensinaram-nos a amar, a temer e a venerar um Pai, Deus-Pai, Deus-Padre Todo Poderoso, Criador do Céu e da Terra, Inominado, o “Eu Sou O Que Sou” em suma, um ser masculino.

Contudo, nas religiões primitivas, a grande deidade é feminina: a Deusa Terra, a Grande Mãe, a Senhora do Tempo e, por conseguinte, do Destino, aquela que governa toda a temporalidade concernente às etapas do crescimento: começo-meio-fim; nascimento-vida-morte; presente-passado-futuro, através de suas variadas manifestações.

A Grande Mãe é sempre uma virgem, o princípio criador que independe de um homem para gerar outra criatura. Em geral, a mãe dos heróis e dos semi-deuses é fecundada através de seres numinosos que podem ser animais – a serpente, o cisne, o touro, as aves em geral e, entre nós, num conceito mais popular, o famoso boto – ou pela ingestão de frutos, tanto quanto pelo sumo destes, pelo vento, pela lua, pelos espíritos dos antepassados e, enfim, pelos deuses. Na realidade, os povos ancestrais desconheciam a relação existente entre o nascimento de crianças e a atividade sexual em si. Respeitavam o período menstrual e assombravam-se com a gravidez das mulheres. Para eles, isto constituía um mistério, um tabu.

No Brasil e, particularmente, na Amazônia, muita criança tem por pai o Boto, a Cobra Grande e, em tempos imemoriais, o Sol. O Boto, com certeza, é “pai” de prole numerosíssima. A cunhã, a cabocla, “inesperadamente” o ventre começa a entumecer, a inchar, quem foi? “Foi boto, sinhá; foi boto, sinhô!” como bem informa a canção do mestre e maestro Waldemar Henrique, de saudosa memória, acrescentando… “quem tem filha moça, é bom vigiar…” Com as nossas tribos não poderia ser diferente.

Assim, a mulher, a Grande Mãe, a CY é vivenciada, sobretudo e principalmente, como a real fonte de origem de tudo quanto existir no Universo, o Universo em si.

O indígena acredita que tudo, no mundo animal, vegetal e mineral tem a sua mãe, a que protege e guia, perenemente. E esta mãe tudo gerou sozinha, sem precisar de elemento masculino. Destarte, Amanacy (a mãe da chuva); Iacy (a lua, nossa mãe, a primordial), Aracy (a mãe do dia), Ceucy (a mãe do herói-civilizador), Coaracy (que, embora sendo o Sol, é a mãe de todos os viventes) e tantas outras mais: a mãe do quente, a mãe do frio; a mãe do corpo, a mãe da coceira; a mãe do mangue, a mãe da praia; a mãe das canções, a mãe do silêncio, etc.

Veramente, os indígenas conhecem a mãe de tudo e de todos e sabem-lhe os nomes. O pai, contudo, passa em brancas nuvens. A modo, um detalhe sem nenhuma utilidade. Mór das vezes e, abrangentemente, na natureza, é sacrificado sem dó nem piedade: o caso do zangão que, após fecundar a abelha-rainha, é trucidado pelas “guerreiras”; os machos da aranha caranguejeira, do “Louva-a-Deus”, da Caba-tatu são mortos pelas respectivas fêmeas, não esquecendo que, entre os quadrúpedes e aves, fêmea parida ou “choca” quer mais é distância do companheiro. Este serve para proteger e manter o lar. Um mero guarda de segurança. Há exceções, é claro, mas, raras. O único animal da natureza que mantém um relacionamento sexual assíduo com a sua fêmea é o homem.  

Mães das Águas

Das deidades femininas aquáticas, a mais conhecida e temida é a Yara ou Uiara. Bela mulher, fascina e acaba por matar e/ou enlouquecer os homens que lhe caem sob o poder. Senhora das águas dos igarapés e dos rios, arrebata o espírito dos homens e o seu encanto é fatal. Diverge da sereia dos mitos europeus e senhora dos oceanos porque é mulher por inteiro, não possuindo a metade do corpo em forma de rabo de peixe, como aquela.

Essa deidade, entretanto, sofre uma forte influência européia. Em nenhuma lenda indígena do século XVI ou XVII ela aparece, como atualmente. Ao invés, a “mãe-da-água” era, por assim dizer, um homem. Um homem-peixe que infundia terror por que de horrenda aparência, habitante do fundo das águas, inimigo mortal dos pescadores, mariscadores e, também, das lavadeiras: o Igupiara ou Ipupiara. Embora perseguisse as pessoas e as matasse interessavam-lhe, apenas, os olhos e os narizes de suas vítimas.

Esse epíteto, ao que se sabe, foi dado ao monstro pelos portugueses, pois o índio jamais o teve como “a mãe das águas”. Ipupiara significa tão somente “o que habita no fundo das águas”. Os lusos é que acabaram por confundi-lo com os monstros de suas próprias lendas, que também dominavam as águas e, embora tratando-se de um ser masculino, pelo fato de que na teogonia ameríndia a “mãe” bastar, o Ipupiara foi por eles batizado assim, por analogia e dentro do aspecto da Mãe Terrível, isto é, a que mata, a que devora e engole.

Mas, há outras mães nas nossas águas. Assim, aqueles insetos vorazes conhecidos como “Baratas d’água” são as mães das forças corrompidas das águas estagnadas e, particularmente, os caranguejos (relacionados com as potências lunares), a bem dizer, a fêmea, chamada “Condessa” é a mãe da força sombria da potestade das águas: o mangue. A “Condessa” merece respeito dos mariscadores e se é apanhada por um deles, é devolvida à lama do mangue. Utiliza-se esse crustáceo apenas em trabalhos de magia chamada negra e quem dela precisar para esses fins, só a consegue sob encomenda e pagando bom preço. A “Condessa” é um dos tabus do manguezal.  

LENDAS E MITOS

Curupira – a mãe do mato.

É interessante que geralmente se use o artigo definido masculino “o” para referir-se a este fantástico ente das florestas a quem se empresta justamente o atributo feminino da maternidade. Realmente, no interior paraense ou amazônida, não se referem a este ser como se fora mulher: é sempre “o curupira”, mas no entanto lhe é reconhecida de maneira generalizada a proteção da flora e fauna sob o nome genérito e extensivo de “mãe do mato”.

Descrito como sendo um pequeno ser com traços índios, segundo alguns com os pés virados para trás, cor escura, o curupira possui o dom de ficar invisível. Guardião das florestas e dos animais, é entretanto protetor daqueles que sabem se relacionar com a natureza, utilizando-a apenas para a sua sobrevivência, ou seja, o homem que derruba árvores para construir sua casa e seus utensílios, ou ainda para fazer o seu roçado e caça apenas para alimentar-se, tem a proteção do Curupira. que derrubam Mas aqueles a mata sem necessidade, os que maltratam plantas e animais, os que caçam por pura perversidade, estes têm no Curupira um terrível inimigo.

E como o Curupira se vinga daqueles que afrontam a natureza? Há muitas maneiras diferentes e os povos da floresta contam histórias e mais histórias…

Dizem que o Curupira faz o mau caçador perder a noção de seu rumo e ficar dando voltas no mato, retornando sempre ao mesmo lugar. Para escapar e salvar-se, só pegando um cipó no mato, fazendo um trançado, escondendo as pontas, jogando para trás sem olhar e gritando: – Curupira, quero ver se és capaz de desfazer este trançado! Diante do desafio, o Curupira vai pegar o cipó entrelaçado e acaba distraindo sua atenção do caçador, que acaba achando o caminho de volta. Outra forma de atingir o malvado é fazendo com que sua arma (arco e flexa, lança ou arma de fogo) fique “panema”, ou seja, azarada, e portanto incapaz de acertar qualquer tipo de alvo, principalmente a caça.
Para acabar com a “panemice” (o azar), tem de procurar um pajé, que vai fazer banhos de ervas e rezar orações especiais.

Se o caçador vai matar um animal fêmea com cria, aí o Curupira fica realmente zangado e faz com que a pretensa caça vire meuã. Virar meuã é, de repente, portar-se como se gente fosse, e fazendo gestos como a implorar piedade. Neste momento, o caçador fica assombrado, não consegue mais fazer pontaria e foge apavorado, procurando o rumo de casa. Tem também que procurar o pajé. Dizem que pessoas que viram animais virarem “meuã” nunca mais quiseram saber de caça…

Como se vê, o Curupira – a mãe do mato é, acima de tudo, em tempos atuais, uma entidade ecologicamente correta…
Matinta Perera

Ao ouvir durante a noite nas imediações da casa um estridulante assobio, o morador responde:

Matinta, deixa a gente descansar e amanhã podes passar aqui para pegar tabaco.

No dia seguinte uma velha aparece na residência onde a promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo. A cena descrita podia acontecer nos subúrbios de Belém, há alguns anos, ou ainda hoje, no interior do Pará e de toda a Amazônia.

Matinta Pereira, Matinta Perera, Mati-Taperê, Mat-taperê, Matim-Taperê, Titinta-Pereira são algumas formas de grafar este mito que se apresenta principalmente como sendo uma velha acompanhada de um pássaro. O pássaro emite um assobio agudo, à noite, que perturba o sono das pessoas e assusta as crianças, ocasião em que se promete tabaco ou fumo (aparece como promessa principal) mas que também pode ser alimento. A velha, uma pessoa idosa do lugar, carregaria a sina de “virar” Matinta Perera, ou seja, à noite transformar-se em ser
indescritível, a meter medo e assombrar as pessoas. O mito da Matinta Perera chegou a ser confundido com o do Curupira, do Caapora e do Saci. A Matinta Perera pode ser de dois tipos: com asa e sem asa. A que tem asa pode transformar-se em pássaro e voar nas cercanias do lugar onde mora. A que não tem, anda sempre com um pássaro, considerado agourento, e identificado como sendo “rasga-mortalha”. Dizem que a Matinta, quando está para morrer, pergunta: Quem quer? Quem quer?

E se alguém mais afoito, principalmente mulher, disser “eu quero”, pensando em se tratar de alguma herança de dinheiro ou jóias, recebe na verdade a sina de “virar” Matinta Perera. Embora a grande maioria de registros informe que a Matinta Perera é mulher, existe pelo menos uma história passada em Inhangapi em que a Matinta Perera era um homem, por sinal um negão forte e musculoso.

Há fórmulas mágicas que permitem “prender” a Matinta Perera. Um deles exige uma tesoura virgem, uma chave e um terço. Cerca de meia noite deve-se abrir a tesoura, enterrar na área, colocar no meio a chave e por cima o terço, após o que rezam-se orações especiais. A Matinta Perera ficará presa ao local, não conseguindo afastar-se…

No livro “Visagens e Assombrações de Belém” o escritor narrou a história “A Matinta Perera do Acampamento”, ocorrida na década de sessenta, na qual uma Matinta Perera foi presa pela fórmula e levada pelos habitantes ao Posto Policial do bairro da Pedreira, onde foi feita a acusação de que a mulher “virava” Matinta Perera, ante os policiais incrédulos.
Mas naquela época – como até hoje – não se configurava como crime previsto em lei “virar” Matinta Perera, e a mulher ganhou a liberdade, voltando como vingança, a azucrinar a paciência dos moradores do Acampamento com seus estridulantes assobios…
Rio Amazonas

Tupã, o maior dos deuses, desejava criar o mundo e os homens… mas era impedido pelo Sol, que amava a Lua com amor tão ardente que queimava tudo à sua volta. Tupã não teve pois outro remédio senão separa-los. A Lua, infeliz, chorou copiosamente. Suas lágrimas, tão doces e abundantes que eram, formaram imensa torrente sobre a Terra, separada das águas do mar, assim nascendo o Amazonas.

Muitas outras lendas como estas relatam a origem da noite, das estrelas, da sucuri ou cobra-grande e outros tantos mistérios da natureza que despertavam a imaginação dos índios. A simples observação dessas curiosas narrativas pode ser suficiente para nos dar conta da atitude do indígena perante a natureza, profundamente diferente daquela que Sioli, muito justificadamente aponta como característica deplorável de nossa cultura européia, basicamente helenística, introduzida na América pelos conquistadores. O índio – tal como a maior parte das culturas orientais tradicionais, como a chinesa – considera-se parte integrante da natureza e não seu proprietário. Se ele mata animais para seu sustento, procede parcimoniosamente, não destruindo mais do que pode comer e, sempre, preservando sua reprodução; se derruba a mata para o plantio de suas roças fá-lo, sempre, em áreas restritas, sem remover os tocos remanescentes do desmatamento, de modo que estes, ainda vivos, rebrotem e cresçam novamente quando, três ou quatro anos depois, essa roça é abandonada à procura de novos locais para implantação da aldeia. Nada é definitivo, nenhuma ação modificadora do meio é irreversível. A terra é considerada sagrada pelo índio não apenas por receber seus mortos, mas principalmente por conservar sua vida.
Uirapuru

pássaro de plumas vermelhas e canto maravilhoso é atingido pela flecha de uma donzela apaixonada, transformando-se num belo e forte guerreiro. Porém, um feio e aleijado feiticeiro enciumado, possuidor de uma flauta encantada, através de sua linda música faz com que o jovem desapareça, restando somente sua bela voz na mata.

Dificilmente vemos o uirapuru, mas ouvimos com freqüência seu canto mavioso.
Único do mundo, misteriosa ave de canto lendário, quando o Uirapuru canta, todas as outras aves ao redor se calam e quem ouvir sentirá paz por toda a vida.
A mandioca

Mani era o nome da indiazinha de pele branca como o luar que nasceu para um casal de índios tupis. Era muito mimosa e boazinha, mas nada comia e foi definhando até que morreu, silenciosamente, em sua pequenina rede. Seus pais, compungidos, fizeram seu pequeno túmulo no interior, mesmo, da oca onde moravam. Regada a terra com as lágrimas dos pais desolados e com água pura de uma fonte próxima, eis que uma nova planta germina, rachando a terra com suas grossas raízes. Examinando-as, os índios logo perceberam que, por baixo de uma delgada casca, essas raízes eram brancas como a pele da meninazinha desaparecida e forneciam alimento farto e saudável que tornava os curumins
que as comiam mais fortes e belos que os das outras tribos!
Guaraná

Um lindo e bondoso menino da tribo dos Maués e atacado, na mata, por Jurupari, espírito do mal, que, assumido a forma de uma serpente peçonhenta, envenena-o , causando sua morte. Tupã, o deus supremo, vinga-se do mau espírito regando abundantemente com suas chuvas o túmulo do indiozinho, de onde germina uma planta benéfica cujos frutos se assemelham aos grandes olhos da criança desaparecida: o guaraná que, desde então, traz saúde e felicidade à tribo.
LENDAS
Fonte: CD Amazônia (©)

Vitória Régia

Era uma vez um grupo de jovens índias tão fascinadas pela lua e pelas estrelas que decidiram tocá-las. Acreditavam que se fizessem isso poderiam se tornar uma delas. Decidiram, então, subir uma montanha. Mas não deu certo.

Persistentes, a cada noite elas procuravam sempre os lugares mais altos, mas o céu continuava distante. A índia mais sonhadora estava tão desiludida que uma noite ao ver a lua refletida no lago mergulha, sem hesitação, nas águas profundas e desaparece. A lua comovida com o gesto decide então transformá-la numa grande e perfumada flor – a vitória-régia.
Mapinguari

Os caboclos juram que dentro da floresta mora o Mapinguari, um gigante peludo que grita como uma pessoa . Se alguém responder ele logo vai ao encontro do desavisado. Pela descrição não parece lá muito atraente. Também, quem gostaria de encontrar uma figura com um olho na testa e a boca no umbigo? E o pior é que tem um cheiro tão ruim que aquele que se atrever a chegar perto pode ficar tonto e se tornar uma presa fácil.

Mapinguari é feroz e não teme nem caçador, porque é capaz de dilatar o aço quando sopra no cano da espingarda. Dizem que ele só foge quando vê um bicho-preguiça. O que ninguém explica é porque ele tem medo justamente do seu parente, já que é considerado um bicho-preguiça pré-histórico.
Lenda do Boto

É uma das mais conhecidas do Brasil, segundo a qual, o “Dom Juan da Amazônia” encanta homens e mulheres. A cabeça do animal se assemelha á glande humana e a maneira como nada, subindo e descendo, lembra movimentos sexuais.

Para muitos, o boto ora é uma bela mulher, ora um atraente rapaz. Quando uma moça fica grávida, logo se atribui às artes do boto. De acordo com os habitantes, na Amazônia existem dois tipos de boto. O preto, conhecido como Tucuxi, salva os náufragos. Ao vermelho são creditadas peripécias, como sinais inexplicáveis de maternidade e fugas femininas.

Dizem que o boto chega a levar a escolhida para um palácio no fundo dos rios. Na figura da mulher leva os caboclos à loucura.
As Amazonas

Amazonas foi o nome dado às mulheres guerreiras da Antigüidade que habitavam a Ásia Menor e cuja existência alguns historiadores consideravam um mito. Segundo a lenda, elas removiam um dos seios para melhor envergar o arco, deixando o outro para amamentar seus rebentos, que, se nascessem do sexo masculino, eram impiedosamente sacrificados.

Amazonas, aliás, quer dizer sem seios (“mazos”) em grego. No século XVI, essa designação foi dada a mulheres com as mesmas características, cuja existência histórica é discutida e que combaterem os conquistadores espanhóis no baixo-Amazonas.

Era no Lago Verde, considerado sagrado pelos indígenas, que as Amazonas recolhiam a nefrita (um mineral esverdeado), para produzir seu muiraquitãs, pequenos artefatos talhados na referida pedra em forma de sapos, tartarugas e serpentes, e ao qual se atribuem virtudes de amuleto.

Os muiraquitãs eram oferecidas à mãe lua, em troca de favores. Diz a lenda que no fundo do lago há uma pedra mágica escondida. É essa pedra que dá ao lago a sua cor azul nas primeiras horas da manhã, mas que se transforma num verde intenso, durante o dia. Na realidade, isso pode ser o efeito do sol penetrando as águas transparentes e iluminando o fundo do lago, rico em nefrita.

Motivos semelhantes levam esse grande contigente populacional a se deslocar para Alter-do-Chão, uma vila turística localizada na margem direita do rio Tapajós e ligada por via rodoviária à cidade de Santarém. O rio Tapajós possui característica única entre os afluentes do Amazonas – suas águas são cristalinas – e, em frente à vila, com a descida das suas águas durante o verão, surge uma lagoa cor de esmeralda cercada por bancos de areia branca apropriadamente denominada de “Lago Verde”. O Lago Verde, também chamado de Lago dos Muiraquitãs, era ponto de passagem obrigatório das índias Amazonas.

Copilado por: Gustavo Elias e Claudia Mathias Fonte: Revista Pará – Governo do Pará

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