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Bruxaria e Paganismo

Magia Negra Revelada: Os Livros Negros e Rituais do Sabbat

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do Livro do São Cipriano Capa Preta

Mantenha um livro escrito do próprio punho”. Deixe que irmãos e irmãs copiem o que desejarem, mas não permita que este saia de suas mãos e não guarde escritos de outros, porque se forem encontrados em seu poder aqueles serão presos e torturados. Cada qual deve guardar seus próprios manuscritos e destruí-los sempre que houver ameaça de perigo. Aprenda o mais que puder de cor e quando passar o perigo reescreva seu próprio livro. Por esta razão, se alguém morrer, destrua seus livros caso não tenham sido capazes de fazê-lo, uma vez que se algo for encontrado será uma prova definitiva contra eles. Você não pode ser um feiticeiro sozinho, assim todos os seus amigos estarão em perigo de tortura; desse modo destrua tudo que for desnecessário. Se o livro for apanhado em seu poder, será uma prova indiscutível contra você, que poderia ser torturado.

Guarde todos os pensamentos dos rituais na memória. Diga que você teve maus sonhos e que o diabo forçou-o a escrever isto sem conhecimento. Pense para si mesmo: “Nada sei; de nada me lembro; esqueci tudo”. Não se esqueça disto. Se a tortura for demais para suportar, diga: “Eu confessarei. Não posso suportar o tormento. Que desejam que eu diga? Digam que eu repetirei”. Se tentarem fazê-lo falar da Irmandade não o faça; mas se tentarem obrigá-lo a falar de coisas impossíveis como flutuar no ar, associar-se com o diabo, sacrificar crianças ou comer carne humana, diga: “Tive maus sonhos. Não era eu mesmo, sou maluco”. Se você confessar alguma coisa, negue a seguir; diga que balbuciou sob tortura, não sabia o que fazia ou dizia. Se for condenado, não tema, a Irmandade é poderosa, pode ajudá-lo a escapar se você for inflexível. Se caminhar firme para a fogueira, receberá drogas e nada sentirá. Se você nos trair — cuidado — não haverá ajuda para você nesta vida ou na próxima que está para vir!

Na imaginação de muitos, o Sabbat negro tem sido, desde a Idade Média, a verdadeira síntese da feitiçaria. Amplamente ilustrado em detalhes bem delineados e sinistros, muito tem sido escrito e discutido a respeito. Em verdade, no curso de sua existência este assunto tem sido objeto de relatos de orgias, de libertinagem e pactos com o diabo.

Os manuscritos secretos e Livros Negros que são a fonte do material não deixam dúvidas, informam aos praticantes não só os rituais, como também “devoções” e regras a observar. Descrevem uma assembleia realizada em honra do mal na qual o terror, regozijo geral e sensualidade misturavam-se para permitir a homens e mulheres escapar dos rigores da vida durante algumas horas da noite.

Exames dos relatos de feitiçaria’ praticada na Idade Média mostram que os Sabbats eram assembleias onde os fiéis não só favoreciam os rituais mais obscenos, como também induziam à aparição do próprio demônio e seu bando e todos se reuniam em orgias de depravação e libertinagem.

Podemos reconstituir o Sabbat como realmente levado a efeito por feiticei- ros, segundo o escritor do livro original. A confusão acerca das cerimônias era frequentemente engendrada pelos próprios praticantes, deliberadamente variando seus ritos e permitindo adaptações onde quer que lhes parecesse apropriado.

Os necromantes reúnem-se primordialmente para se divertir, para clamar orações em desafio às autoridades e para buscar aquilo que o homem tantas vezes ambiciona da mulher: as alegrias do sexo. Sua cerimônia era realizada por um grupo, e as que ocorriam.

Visava promover, pelo medo se necessário, um juramento de segredo sobre o que acontecia.

Os livros negros não deixam dúvidas de que muitos feiticeiros e bruxas não acreditavam na existência do diabo como um ser. Admitiam que certos espíritos poderiam ser invocados para propósitos escusos, por isso dirigiam- se ao demônio, Satã e Lúcifer — chame como quiser — como a personificação do mal que desejavam praticar.

Eliphas Levi, provavelmente o maior estudioso dos segredos da Magia Negra escreveu: “Declaramos enfaticamente que Satã como personalidade e poder, não existe. O diabo, na Magia Negra é o Grande Agente Mágico empregado para objetivos malignos por um desejo perverso”. As investigações de Levi abriram muitas portas para estudiosos posteriores na interpretação de pergaminhos e manuscritos deixados por mágicos perversos. Ajudou também a estabelecer o objetivo do Sabbat, ao tempo em que outros queriam tratar sumariamente do assunto como fantasia pura e simples.

Constata-se que não havia dias específicos nos quais o Sabbat deveria ser realizado — nada também estipulado quanto a um local exato.

Obviamente o isolamento é de alguma importância, mas quase não era necessário enfatizar este ponto. Feiticeiras e bruxos, usando roupas apropriadas, comumente praticavam a Missa Negra, com oferenda de um sacrifício humano ao diabo, parodiando a Missa Cristã. Vejamos um ritual típico de altar negro narrado num manuscrito do século XVI:

Uma grande pedra é melhor, mas uma mesa de madeira será suficiente. Sobre estas, duas velas de gordura humana colocadas em castiçais de madeira na forma de um pé de bode; uma espada mágica com punho preto; um vaso de cobre contendo sangue; um incensório contendo perfumes, quer dizer, incenso, cânfora, suco de babosa (aloés), âmbar, estoraque misturado com sangue de bode, uma mola (massa carnosa) e um morcego; quatro pregos retirados de um caixão de um criminoso executado; a cabeça de um gato preto que tenha sido alimentado com carne humana por cinco dias; os chifres de um bode e o crânio de um parricida.

Logo acima do altar deveria sentar-se a “figura de um bode” representando o diabo. Poderia ser também um bode amarrado, ereto, em uma cadeira com uma vela acesa colocada entre os chifres, ou um grande gato preto com a cabeça raspada e uma capa jogada sobre seu corpo imobilizado. Um membro masculino aparecia comumente. De cada lado duas belas “feiticeiras virgens”, as “noivas” simbólicas do diabo, que poderiam despir-se e juntar-se às festividades gerais depois do “serviço” de adoração inicial. Quando a sociedade está reunida em um semicírculo de frente para o altar, o “alto ministro” designado (usando uma capa preta simples com o pentagrama da Magia Negra nas costas) dá um passo à frente em direção à figura do bode e apresenta um nabo negro com as palavras “Mestre, ajude-nos”.

O homem faz uma pausa então, dá um passo a mais e repete:

“Irei ao altar. Salve-me, Príncipe Satã, dos traidores e dos violentos”.

A seguir a “Oração de Satã” é lida do Livro Negro e pode ser repetida pela assembleia depois do ministro:

“Oh Satã, tu que és a sombra de Deus e de nós mesmos, digo estas palavras de agonia para tua glória.

Tu és a Dúvida e a Revolta. Sofisma e Impotência, tu vives novamente em nós, como nos séculos atribulados quando reinaste, manchado de sangue das torturas como um mártir obsceno no teu trono das trevas, brandindo em tua mão esquerda o cetro abominável de um sangrento símbolo fálico.

Hoje teus filhos degenerados estão espalhados e celebram teu culto em seus esconderijos. Teus pontífices tradicionais são como pastores cegos, vicia-dos; infames, mágicos presunçosos, envenenadores e párias.

Mas teu povo cresceu e, Satã, tu podes te orgulhar da multidão de teus fiéis, tão pérfidos como tu o desejaste. Este mundo que te nega, tu habitas nele, tu chafurdas nele em rosas mortas de um monte de lixo cediço e malcheiroso.

Tu ganhaste, ó Satã, embora anônimo e obscuro, por mais alguns anos ainda; mas o século por vir irá proclamar tua vingança. Tu renascerás no Anticristo. A ciência dos mistérios subitamente fez jorrar uma onda negra para saciar a sede dos curiosos e ansiosos; homens e mulheres jovens viram- se refletidos nestas ondas de ilusão que intoxica e enlouquece.

Fascinante Satã! Arranquei tua máscara de gula voluptuosa e me perdi de amor ante tua face coberta de lágrimas, bela como o rancor eterno e malogrado.

Ó hediondo Satã! Descobri tua ignomínia para revelar, tua licenciosidade. Se teu tormento involuntário parece nobre e definitivo é iluminado pela honra de se tornar uma redenção. Õ Bode Expiatório do mundo, teu coração que bate qual o de um homem ocioso que aspira o abismo imenso e final — tu soltas os suspiros de um Messias, mas tu corrompes e degradas como se fosse uma danação.

Por conseguinte, espalharei tua infâmia e tua atração, cantarei teu lamento infinito. Tua arte, último ideal do homem decaído; mas ‘se as asas do querubim estão impregnadas do paraíso, se o seio da mulher goteja suave compaixão, tua barriga escamosa e tuas pernas de animal exsudam ociosidadefedorenta, coragem negligente e consente nas mais vis baixezas.

Sagrado herege Satã, símbolo degenerado do Universo, tu que conheces e sofres, tu podes vir a ser, de acordo com as palavras da Promessa Divina, o espírito reconciliador da Expiação!”

Esta invocação, pode ser encontrada por toda a Europa e deve ser de considerável antiguidade, conduz naturalmente à iniciação de novos “discípulos”. A cerimônia continha o elemento mais obsceno de todos, o novo participante deveria trazer consigo, ele ou ela, um líquido retirado da carne de uma criança. Um manuscrito do século XVI narra como o líquido era preparado:

“Aqueles que são chamados a serviço do diabo usam dissimulação para agarrar e matar as crianças. Com frequência são encontradas mortas por seus pais; o povo simples pensa que eles próprios poderiam tê-las asfixiado com seu peso ou que tenham morrido de causas naturais; mas nós as destruímos. Para. atender ao nosso objetivo nós as roubamos de suas covas e fervemos com cal, até que toda carne se solte dos ossos e fique reduzida à massa. Fazemos da parte mais sólida um linimento (unguento) e enchemos uma garrafa com o fluido; e aquele que beber de acordo com as devidas cerimônias pertence à nossa liga, e ainda é capaz de fazer feitiços”.

Armado com um frasco deste líquido o iniciante é trazido nu e de olhos vendados para a assembleia, ele é forçado a passar entre grandes fogueiras e ruídos assustadores para testar seu caráter. Quando seu rosto é descoberto, encontra-se diante de um bode monstruoso è então deve tomar sua poção como saudação.

A seguir deve afirmar sua crença na Magia Negra. Uma lista de promessas que o iniciante tem de fazer; cada uma deve ser repetida pela assembleia depois de ter sido proferida por ele:

“Eu nego Deus e toda religião.

Eu ofendo, blasfemo e provoco Deus com todo despeito.

Eu dou minha fé ao Demônio, minha devoção e ofereço meu sacrifício por ele.

Eu voto e prometo solenemente toda minha descendência ao Diabo.

Eu juro ao Demônio fomentar tanta insanidade na sociedade quanto for possível.

Eu juro sempre em nome do Diabo. “

Em seguida, o iniciante pratica o Osculum Obcenum, dá um beijo na parte traseira da figura do bode. Feito isto é permitido possuir qualquer donzela ali presente escolhida por ele e deliciar toda a assembleia.

Está terminado o ritual, o banquete ou festim começa no qual vinho, carne, sopa, bacon e pão são consumidos.

Whisky é ingerido em grandes quantidades, alimentos e bebidas afrodisíacas animam o festim.

Em seguida a dança começava, durante a qual os que ainda estavam vestidos tiravam as roupas — e os gritos aumentavam de intensidade: “Há, há! Demônios, Demônios, dancem aqui, dancem aqui! Sabbat, Sabbat!

Drogas, poções e unguentos estavam naturalmente muito em evidência e nós examinaremos mas adiante cada um por sua vez. A execução de certos feitiços e rituais são melhor realizados em separado.

Dos atos sexuais, guardam-se as devidas precauções. No caso de mulheres que desejem contatos com demônios ou espíritos do mal, são empregados meios artificiais, a prática da sodomia devia ser evitada uma vez que em muitos países era considerada crime passível de condenação à morte e isto sem dúvida acrescentava uma atração para os que se dedicavam ao mal. Em um manuscrito catalogado no Museu Britânico, está escrito que as feiticeiras e bruxos não se deixavam dominar completamente pelo delírio, uma vez que cada um recitava o seguinte canto para prolongar o clímax de seus prazeres.

Ofano, Oblamo, Ospergo. Hola Noa Massa

Light, Beff, Celmemati, Adonai, Cleona, Florit,

Pax Sax Sarax Afa Afca Nostra

Cerum, Heaium, Lada

Esses atos continuavam enquanto os feiticeiros desejassem, mas todos eram aconselhados, mediante concordância geral, a dispersar ao amanhecer, certificando-se antes de se retirarem, de qualquer traço de suas atividades.

Sem dúvida, o ponto alto da noite era a oportunidade de consultar os Livros Negros trazidos especialmente pelo mais velho dos praticantes.

Livros que ficavam disponíveis para cópia pelo participante, mas acreditado e culto. Assim, através deste poderia aparecer ainda mais um Livro Negro escrito à mão. Sua raridade é devida sobretudo ao fato de que poucas pessoas naquele período tacanho da história estavam habilitadas a ler ou escrever embora nenhum sócio pudesse negar a consulta ao trabalho por ele copiado.

Os que copiaram cuidadosamente as observações e instruções fizeram com que o Sabbat permanecesse único no gênero sobre Magia Negra, o que sem dúvida os ajuda nas muitas atividades de caráter demoníaco.

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