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A Política Predador-Presa – Seu Cérebro é Deus

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A maioria das religiões joga com sentimentos territoriais e procura estabelecer um controle político-militar-policial-predativo. A posição na cadeira hierárquica sempre foi influenciada, se não determinada, pelo status religioso. Até 1960, por exemplo, apenas um Protestante predador poderia tornar-se presidente dos Estados Unidos.

O Deus #2 é o deus pré-social, astuto animal da emoção- locomoção que reside em nossos sistemas nervosos, prontos para derramar os sucos endócrinos de vôo e luta. O Segundo Deus é o Mamífero emocional. A Segunda Habilidade de Deus é o acesso inteligente e o controle das emoções.

As religiões ativam os centros médios do cérebro que mediam os comportamentos mamíferos,

emocionais e territoriais.

Religiões “burras” estimulam a defesa da gleba domiciliar em controle por agressão e submissão à docilidade. As religiões mais espertas estimulam a migração. Religiões Judeo- cristãs-mulçumanas e Marxistas glorificam a conquista, a expansão e o assassinato de incrédulos. A incitação de medo-e-fúria chauvinista-guerrilheiro é uma tática padrão na maioria das teologias.

FILOSOFIAS ANTROPOCÊNTRICAS

A Etologia e a sociobiologia observam o comportamento de animais em habitats naturais e estudam o reflexo dos métodos de organização social usados por outras espécies – territorialidade, divisão de labor da casta, o blefe, escravidão, comunicação gestual, sinalização olfativa, migração e hierarquia. Parece não haver problemas sociais discutidos na Bíblia Judeo-Cristã que não tenham sido resolvidos mais harmonicamente e inteligentemente por insetos sociais. As religiões orientais — não urbanas e deste modo mais sintonizadas com a natureza — desenvolveram sensibilidades ecológicas que estão de acordo com os recentes “insights” da sociobiologia. Certamente é hora das facções mamíferas Islâmico-Cristãs severas, suspeitas de medo-e-fúria, se adaptarem a uma perspectiva mais genial e tolerante das interespécies ou colaborações ntraespécies.

A experimentação das drogas psicodélicas nos anos 60 produziu um maravilhoso bi-produto — um amor pagão da natureza, um senso contra cultural de alienação às filosofias antropocêntricas feitas pelo homem. Não está claro que o movimento ecológico deve seu nascimento ao interesse pela natureza dos “ácidos” – pagãos de pés descalços?

Aqui, novamente, nós vemos que cérebros ativados por drogas psicodélicas imediatamente aceitam os achados da ciência moderna, reiteram as filosofias de afirmação de vida Orientais do Budismo, Jainismo, Hinduismo; e tornam possível o Paganismo Científico do século XXI.

ISSO É PERIGOSO, CARA!

Quando eu estava estudando teologia dos mamíferos na prisão de Folsom em 1973, era meu costume, durante os quentes verões claros, desérticos de céu azul, andar descalço no jardim da prisão. Um dia o líder dos Hell’s Angels, o nome dele era James “Fu” Griffin, se aproximou de mim.

“Ei, cara,“ ele disse, “como pode você andar descalço nos jardins da prisão? Você não sabe que é perigoso?“ Nós éramos melhores amigos e sua pergunta era preocupada, não hostil. Ele não queria nada além do meu bem. “Porque perigoso?”, eu perguntei. “Bem…você está exposto; tipo, a germes e tudo mais. Você sabe que todos esses animais cospem no chão aqui.“ “Sim, eu sei. Mas aqui está como eu vejo isso. Quando você anda descalço, sem defesa, você está muito alerta sobre o que você põe no seu pé. Eu estou mais vivo, como um animal selvagem, quando estou descalço. E, pense nisso, eu acredito que seria melhor se mais prisioneiros aqui parassem de cuspir no jardim e se juntassem a mim nessa caminhada descalça.”

“Eu entendo o que queres dizer,” disse James “Fu” Griffin. Ele subsequentemente se formou em antropologia em Berkeley e mais tarde tornou-se promotor Ocidental do País, em São Francisco.

LOCO-MOÇÕES

A Psicofarmacologia, particularmente no seu uso de tranqüilizantes, introduziu a noção de “desligar” emoções irrelevantes e inapropriadas, dando, dessa maneira, respeitabilidade médica à noção Hindu e contra-cultural de ser “legal”. Vamos considerar a definição do dicionário. “Emoção: agitação de paixões ou sensibilidades normalmente envolvendo mudanças fisiológicas. Fúria, medo, cobiça, desejo, gratidão, inveja, auto-piedade.” Há alguma forma de operar uma espécie? Porque essas loco-moções participam tão visivelmente da vida humana?

MEDITERRÂNEO

As emoções pessoais são poeticamente consideradas como um sintoma que diagnostica a humanidade. Mr Spock, do Star Trek é “alien” porque ele não se altera em explosões irracionais, colapsos de temperamento, ou sentimento. Se, de agora em diante, uma minúscula lágrima de compaixão aparecesse nos olhos de Spock, nós o consideraríamos um de nós. Ser um humano é, para muitos psicólogos, ser honestamente irracional. Uma pessoa mostra sua “real natureza” quando algum sentimento desconfortável é revelado. Essa visão romântica da natureza humana é claramente Mediterrânea. Agora que nossa espécie já está preparada para mandar sondas avançadas ao espaço é uma questão de diversão que a identidade de nossa espécie seja influenciada por uma corja de gregos, italianos e semitas semi-analfabetos da Idade do Bronze. Santo Agostinho era um líbio fanático e supersticioso. Aristóteles era um ateniense vivendo em uma era bárbara quando a perfídia, a ignorância e o fanatismo eram endêmicos. O drama do Velho Testamento, vulgarizado pela Ópera Italiana e homogeneizado em nossas novelas modernas do horário-nobre tem assiduamente glorificado as emoções — mamíferas, animalidade “masculino- macha” e compaixão. Até hoje esse fanatismo nervoso e sem humor aflora da bacia Mediterrânea como um nevoeiro de fumaça de adrenalina.

DEUS – O MAMÍFERO EMOCIONAL

A poesia e ficção Romântica dos últimos 2.000 anos têm de certa forma, nos cegado ao fato de que as emoções são formas profundamente mamíferas de consciência-de-selva. Ações emocionais são as formas mais contraídas e perigosas de entorpecimento fanático. Qualquer aldeão, qualquer criança pode te dizer isso. Tenha cuidado com as emoções. Preste atenção na pessoa emocional, o latino lunático desamparado de respiração ofegante. A pessoa emocional é desligada sensualmente. Seu corpo é um rôbo-turbulento; ele(a) perdeu toda a conexão com sua sabedoria celular e revelação atômica. Emoções são viciantes, narcóticas e entorpecentes. Como um alcoólatra ou um “junkie”, a pessoa assustada ativa seu circuito mamífero favorito.

“Humores” ou “estados de espírito” como tristeza e felicidade coexistem às emoções. Como um “junkie” que acabou de “ficar ligado”, a pessoa emocional se sente bem quando ele(a) percebe que ganhou emocionalmente — por exemplo, colocar alguém pra baixo ou ser colocado pra baixo.

O amor consciente não é uma emoção; é uma fundição serena com si mesmo, com outras pessoas, com outras formas de energia. O amor não pode existir no estado emocional. O “grande lance” da experiência mística é o alívio repentino da pressão emocional. O único estado no qual nós podemos aprender, harmonizar, crescer, fundir, juntar, entender, é o da falta de emoção chamado segurança, atingidos através da boa-sintonização das emoções.

ALARMES DE EMERGÊNCIA

Porque, então, se as emoções doem, demandam e cegam, elas são construídas dentro do repertório humano para um propósito básico de sobrevivência? As emoções são alarmes de emergência. O organismo no ponto- de-ameaça-de-morte ou invasão-territorial tem um acesso de atividade frenético, como um peixe fora d’água ou como um animal preso.

O animal sensível evita situações que causam medo. Seu animal esperto prefere deitar relaxado, usando seus sentidos, sintonizado em sua deliciosa música orgânico-corporal, fechando seus olhos para voltar à memória celular.

Cachorros e gatos estão sempre “high” — alertamente legais, todo o tempo — exceto quando a má sorte demanda medidas emocionais. A evolução funciona através da recapitulação, adicionando novos circuitos somático-neurais aos velhos, requerendo cada indivíduo a repetir os estágios evolucionários das espécies. Cada um de nós tem um “midbrain” 4 mamífero guiado por segurança territorial, segurança física, ofensiva. Para que execute quaisquer das “elevadas” funções da inteligência, nós devemos satisfazer o “midbrain”. Nós devemos arrumar nossas vidas para que nos sintamos “em casa”, familiar, seguro em um nicho territorial e com suprimento adequado de comida.

Também é parte da sobrevivência a sabedoria de checar e ensaiar nosso repertório animal emocional. A pancada da paranóia checa regularmente. O que eu faria se um assaltante armado entrasse em minha casa durante a noite? O que eu faria se fosse roubado por uns encapuzados no estacionamento? O que eu faria se os desclassificados se rebelassem saindo dos guetos ou se os rednecks invadissem o gueto?

Como todas as nossas divindades, o deus pré-social, astuto animal da emoção – locomoção que reside em nossos sistemas nervosos, está preparado para derramar os sucos endócrinos de vôo e luta. Políticos e padres deliberadamente jogam com nossos medos e exageram os perigos para seu

próprio lucro. Esse é o passatempo da Segurança Nacional. O ser humano inteligente aprendeu a ligar e desligar as emoções, à maneira que navega nos outros circuitos no seu cérebro.

Timothy Leary


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