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Por Rafaella Fernandez.
Comentários por Robson Belli
Nosso cérebro, por mais que a ciência tenha avançado muitíssimo nas últimas décadas, possui ainda certos mistérios não desvendados.
Segundo Goldman, Klatz e Berger que descrevem que o cérebro é de fato o que nos torna humanos, nos tornando conscientes de todas as memórias e sensações. Ou seja, é ele o responsável sobre todas as nossas ações (voluntárias e involuntárias), percepções, sensações, pensamento crítico e analítico, memória, enfim, basicamente tudo.
Em magia o cérebro é a principal ferramenta do operador, seja ele de uma linhagem de psicurgia ou ainda um magista tradicional, ele será quem percebe a experiência, a magia do grimório conhecido como Ars Notória, da grande enfoque no aprendizado e sobretudo a arte da memória, e toda a magia moderna nos fala sobre simbologia, cores, vibrações e frequências, com a finalidade de estimular o cérebro durante o psicodrama ritualistico.
Ainda que muitos magistas tradicionais rejeitem a forma moderna de pensar em magia, entendemos que ela tem sim fundamentos, claro que por vezes, menos sobrenaturais, contudo mais verificáveis para os padrões do entendimento moderno.
O cérebro é dividido em cinco áreas primárias, sendo elas:
- Lobo frontal: Localizado na parte frontal da cabeça, exatamente atrás da testa, é responsável pela atividade motora, funções cognitivas e resposta emocional.
- Lobo parietal: Localizado atrás do lobo frontal, é responsável por sensações táteis.
- Lobo temporal direito e esquerdo: Localizados nas partes laterais do cérebro, exatamente atrás das orelhas, são responsáveis pela audição, olfato e pela identificação de objetos e pela memória.
- Lobo occipital: Localizado na parte de trás do cérebro é responsável pela visão e pelo processamento de informações visuais.
- Ínsula: Localizada entre os lobos frontal e parietal, é responsável pelo paladar, dor e pelo comportamento social.
O auto brasileiro Antônio Olívio Rodrigues (criador da editora pensamento e do Círculo Esotérico comunhão do pensamento) ensina em sua obra denominada “Instruções” que o cérebro pode ser desenvolvido através do aumento da circulação de determinadas áreas do mesmo, ele divide a cabeça em 9 partes onde cada uma delas é responsável por determinadas áreas do cérebro e que o estimulo manual, pode ajudar assim a irrigar provocando alteração nas funções cerebrais, mesmo que eu discorde completamente sobre o efeito físico de massagens na cabeça estimularem a irrigação do cérebro, tenho que concordar quando o assunto é enviar comandos ao mesmo através de uma determinada atitude, para que haja em determinada função é extremamente valido.
O sistema límbico
O sistema límbico é composto por 3 partes diversas, sendo elas: o córtex associativo límbico, o hipocampo e a amígdala.
O sistema límbico atua na contextualização da memória e também dos processos emocionais, juntamente com o hipotálamo e o córtex pré frontal.
É sabido que o sistema límbico principalmente o lobo esquerdo possui alguma relação com a experiência religiosa, e quem diz isso é um estudo do qual a referencia esta bem aqui (clique aqui).
Portanto podemos dizer que aqueles entre nós (magistas) que conseguem estes estados alterados de consciência (denominado estado de gnose) o fazem por de certa forma estarem estimulando esta região de nosso cérebro através de nossas praticas, e com isso conseguem contemplar a Deus por um instante, um objetivo considerado importante por muitos séculos para a pratica da magia Salomônica, e isso pode ser visto no Livro Juramentado de Honorio.
O hipocampo e a memória
O hipocampo é responsável por coordenar o recebimento de informações sensoriais vindas do córtex as organizando em memórias.
Para o armazenamento de memórias o hipocampo faz um filtro sobre o que deve ser lembrado e o considerado descartável. Para o armazenamento do considerado pertinente, é necessário que o cérebro faça associações.
Boa parte do que aprendemos e guardamos em nossas memórias são baseadas na capacidade do cérebro de formar e recuperar associações.
Cheiros, sons, imagens, tudo isso faz parte de um grande conjunto de associações que nos trazem à tona memórias. Um cheiro específico irá ativar as partes olfativas do córtex, a imagem ativa irá ativar a parte responsável pelo visual (lobo occipital), sensações táteis irão ativar o lobo parietal, o paladar irá ativar a ínsula e o conjunto dessas associações é o que forma e traz a tona determinadas memórias.
Ou seja, observando tais fatos, é fácil concluir que, cada uma dessas partes, opera juntamente com as outras, para uma resposta mais completa e uma percepção mais exata sobre tudo aquilo que nos circunda.
A arte da memória provavelmente visa de certa maneira estimular esta região do cérebro, fazendo assim que aquelas imagens e palavras disparem em nossa mente gatilhos até então desconhecidos pela humanidade sobre nossa própria mente, talvez pelo próprio exercício que o ritual proponha.
A magia moderna, conhecida também como psicurgia nos mostra que o estimulo de certas cores, sons, símbolos, palavras podem estimular nossa mente no ato magico, fazendo assim que o psicodrama do ritual passe a um nível mais profundo da mente onde a magia realmente acontece.
Da sinestesia.
Na maioria dos indivíduos, cada estímulo externo é processado por um caminho distinto, de forma que um som vá remeter a diversas coisas, mas com uma certa organização.
Sinestesia, do grego Syn (união) e esthesia (sensação), é a relação de planos sensoriais diversos (visão, audição, tato e paladar).
Neurologicamente, se trata de um fenômeno perceptivo onde o estímulo principal de uma via sensorial ou cognitiva provoca experiências involuntárias de outras vias. Existem mais de 60 tipos de sinestesia catalogados.
São pessoas que veem cores ao ouvir sons, pessoas capazes de ver números e letras com cores específicas (sinestesia cor-grafêmica), sentir gostos ao observar cores, pessoas apaixonadas que vêem o alvo de seu afeto com cores ao seu redor ou sentem cheiros específicos. As sensações provocadas por um estímulo externo primário também podem incluir texturas e temperaturas.
Podemos com certa margem de tranquilidade afirmar que não é um único sentido que nos faça realizar magia em nossas praticas, portanto é muito verdade que o magista afeta o seu meio, mas que também é afetado por ele. E a sinestesia provavelmente é onde encontramos este ponto tão importante para tudo isso.
Dos sons
Quem nunca se sentiu emocionado, sentiu arrepios, teve seu coração acelerado ao ouvir determinadas músicas?! Muitas pessoas olham para o fato com surpresa, mas na verdade, é apenas o som provocando reações físicas, através de associações.
Alguns de vocês devem se lembrar do I-Doser, eram arquivos de músicas que tinham como premissa provocar sensações físicas no usuário, algumas delas duvidosas, como sensações causadas por uso de substâncias ilícitas, mas haviam também sons para promover calma, ajudar no sono e outros.
Nos últimos anos temos observado de forma crescente o uso de sons contendo a fundo sons binaurais (é um conjunto de dois sons distintos, e abaixo de 1000 Hz), com a promessa de promover a melhora de certos aspectos, como memória, estudos, ansiedade, alívio de dor, stress e afins.
Mas nada disso é exatamente novidade, sabemos da capacidade que alguns sons têm de nos provocar aumento de batimentos cardíacos e pressão arterial e outras capaz de reduzir os mesmos e promover bem estar.
Diferentes sons e diferentes vibrações vão provocar reações físicas e mentais.
Estudos sobre o comportamento do cérebro diante disso, onde pessoas eram colocadas numa máquina de PET Scan e seus cérebros eram monitorados enquanto lhes eram apresentadas músicas e diferentes imagens. O estudo mostrou que diferentes áreas do cérebro apresentam atividade intensa, não apenas o lóbulo temporal e occipital, mas abrangendo toda uma gama de áreas do cérebro, responsáveis por emoções, sensações, etc.
Nos trinta e dois maravilhosos caminhos místicos da Sabedoria gravou JAH, Adonai Tzevaoth: Deus dos exércitos de Israel, Deus vivente e rei do universo, El Shaddai, que é grande em misericórdia e benevolência. Criou o universo pelas três formas de expressão:
- Pelas letras
- Pelos números
- Pelo som
Temos aqui então a formula clássica de magia tradicional dos grimórios que descende da Kabbalah, letras hebraicas ou símbolos que as representem, números que ainda remete a ideia de símbolos e por fim o som ou a vibração do mesmo. Por isso vemos em todos os grimórios e tratados a presença quase que onipresente dessas questões.
Dos sons, vibrações e a magia.
Há séculos sons são usados para produzir estados alterados de consciência, promovendo transe e nos trazendo as mais diversas sensações e participando em associações que criam memórias.
Para um candomblecista, o som de atabaques remete facilmente às sensações físicas, imagens e sensações ligados ao som, e é o conjunto de tudo isso que promove o estado alterado de consciência.
Mantras são usados para a mesma função (na asia a milênios), o som produzido, irá provocar associações visuais, olfativas e sensoriais promovendo assim o estado alterado de consciência.
A vibração de nomes divinos (bem como o cantochão) já nos remete diretamente a memória da divindade, e quase que de forma automática irá nos remeter a ritos já realizados, cheiros, cores, sensações e tudo isso em conjunto nos guia de forma a elevar nosso estado vibracional para a execução do rito. E de mesma forma, em caso de ritos novos, tudo isso irá produzir uma nova memória através de associações.
Nada atual.
Não se trata de um fenômeno atual, nem exclusivo de alguma cultura e sim de um fenômeno que ocorreu em diversas culturas e em tempos diversos.
Instrumentos usados por ritos tribais, como tambores que datam do neolítico com mais de 6 mil anos a.C. Encontrados em diversas culturas, ainda há discussão sobre sua origem.
Chocalhos (também chamados de maracás pelos Mapuches, uma tribo xamânica sul americana).
Flautas de diferentes formas, criadas em regiões e tempos diversos (vide a flauta de Pã e a flauta doce).
O Didgeridoo, um instrumento sagrado, utilizado pelos aborígenes australianos há mais de 40 mil anos em rituais ligados à ancestralidade e cosmovisão.
O Adjá é um instrumento de matriz afro, relativamente similar a um sino, que ao ser tocado, chama o orixá à terra.
Na região da Arábia temos o Derbake, que é basicamente um tambor, similar ao djembe do Oeste africano, usado para celebrações e data de 3600 a.C.
Na Índia temos a Cítara e o Mrdanga, são instrumentos milenares, ambos usados em mantras e meditações.
No extremo da Asia vamos encontrar os tambores de Taiko do Japão, os incensos, os mantras, sutras, mudras, asanas, e a magia de todos os lugares converge sempre nestas mesmas direções, pois independente da cultura o homem é o mesmo em todos os lugares, e ignorar ou negar o quanto nosso cérebro participa deste processo é pura bobagem, devemos pois nos abraçar como irmãos, e seja cantando, tocando tambor, dançando em transe para um Deus xintoísta no japão ou incorporado em um Orixá em um terreiro no Brasil, devemos comungar com o sagrado, com todo nosso coração e com o nosso ser.
Além de vários outros não citados aqui.
Todos estes instrumentos eram tocados durante cerimônias espirituais auxiliando o indivíduo a atingir um estado alterado de consciência por meio de batidas rítmicas em som cadenciado.
Os sons são parte do nosso cotidiano, palavras possuem significado que lhes conferem força, barulhos podem provocar irritação (como alarmes de carro), mulheres são mais sensíveis ao choro de crianças. Ainda que a clariaudiência não seja exatamente a forma de mediunidade mais comum, o som é certamente uma forma de aproximar o indivíduo do divino e mexer com absolutamente todos os sentidos do corpo humano, assim promovendo estados alterados de consciência.
Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.
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