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O Upadesàmrta – O Néctar da Instrução

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[Por Srila Rupa Gosvami, traduzido por Srila Prabhupada e extraído de https://vedabase.io].

Verso Um: Uma pessoa sóbria, que seja capaz de tolerar o desejo de falar, as exigências da mente, as ações da ira e os impulsos da língua, do estômago e dos órgãos genitais, é qualificada para fazer discípulos em todo o mundo.

Verso Dois: Tem seu serviço devocional destruído aquele que se envolve demais nas seis seguintes atividades: (1) comer mais do que o necessário ou arrecadar mais fundos do que o essencial; (2) esforçar-se em demasia por conseguir coisas mundanas que sejam muito difíceis de obter; (3) conversar desnecessariamente a respeito de assuntos mundanos; (4) praticar as regras e regulações das escrituras só por segui-las e não pelo avanço espiritual, ou rejeitar as regras e regulações das escrituras e trabalhar independente ou caprichosamente; (5) associar-se com pessoas de mentalidade mundana, que não estão interessadas na consciência de Kṛṣṇa; e (6) estar ávido por realizações mundanas.

Verso Três: Há seis princípios favoráveis à prática do serviço devocional puro: (1) ser entusiasta, (2) esforçar-se com confiança, (3) ser paciente, (4) agir segundo os princípios reguladores [tais como: śravaṇaṁ kīrtanaṁ viṣṇoḥ smaraṇam (SB. 7.5.23) – ouvir, cantar e lembrar-se de Kṛṣṇa], (5) abandonar a companhia de não-devotos e (6) seguir os passos dos ācāryas anteriores. Esses seis princípios garantem, indubitavelmente, o pleno êxito do serviço devocional puro.

Verso Quatro: Os seis sintomas de amor que os devotos compartilham entre si são: dar presentes em caridade, aceitar presentes caridosos, revelar os pensamentos em confidência, indagar confidencialmente, aceitar prasāda e oferecer prasāda.

Verso Cinco: Deve-se honrar mentalmente o devoto que canta o santo nome do Senhor Kṛṣṇa; prestar reverências humildes ao devoto que tenha se submetido à iniciação espiritual [dīkṣā] e que se dedique a adorar a Deidade; deve-se associar com o devoto puro que seja avançado em serviço devocional indesviável, cujo coração está inteiramente isento da propensão a criticar os outros, além de servir fielmente tal devoto.

Verso Seis: Situado em sua posição consciente de Kṛṣṇa original, o devoto puro não se identifica com o corpo. Não se deve encarar tal devoto a partir de um ponto de vista materialista. Na realidade, não se deve reparar se o corpo do devoto nasceu em família inferior, se tem aspecto feio, se é deformado, doente ou fraco. Segundo a visão comum, essas imperfeições podem parecer importantes no corpo de um devoto puro. Porém, apesar de tais defeitos aparentes, o corpo do devoto puro não pode contaminar-se. É como no caso das águas do Ganges, que às vezes, durante a estação das chuvas, enchem-se de bolhas, espuma e lama. As águas do Ganges não ficam poluídas. Aqueles que são avançados em entendimento espiritual se banharão no Ganges sem considerar a condição da água.

Verso Sete: O santo nome, o caráter, os passatempos e as atividades de Kṛṣṇa são todos transcendentalmente doces como o açúcar-cande. Embora a língua de uma pessoa atormentada pela icterícia da avidyā [ignorância] não possa apreciar nada doce, é maravilhoso que, simplesmente por cantar com cuidado estes doces nomes todos os dias, um sabor natural desperta em sua língua, e sua doença é gradualmente destruída pela raiz.

Verso Oito: A essência de todos os conselhos e que se deve utilizar todo o tempo – vinte e quatro horas por dia – para cantar bem e lembrar o nome divino do Senhor, Sua forma transcendental, qualidades e passatempos eternos, ocupando, deste modo, a língua e a mente, gradualmente. Dessa maneira, deve-se morar em Vraja [Goloka Vṛndāvana-dhāma] e servir a Kṛṣṇa sob a orientação dos devotos. Deve-se seguir os passos dos amados devotos do Senhor, que estão profundamente apegados a Seu serviço devocional.

Verso Nove: O lugar santo conhecido como Mathurā é espiritualmente superior a Vaikuṇṭha, o mundo transcendental, porque o Senhor nasceu ali. Mas a floresta transcendental de Vṛndāvana é superior a Mathurā-purī por causa dos passatempos da rāsa-līlā de Kṛṣṇa. E a colina de Govardhana é superior à floresta de Vṛndāvana, pois a mão divina de Śrī Kṛṣṇa a ergueu e ela serviu como cenário para Seus vários passatempos amorosos. E, sobretudo, o superexcelente Śrī Rādhā-kuṇḍa ocupa a posição suprema, pois é inundado pelo prema nectáreo e ambrosíaco do Senhor de Gokula, Śrī Kṛṣṇa. Qual, então, será a pessoa inteligente que não estará disposta a servir a este divino Rādhā-kuṇḍa, situado ao pé da colina de Govardhana?

Verso Dez: Os śāstras dizem que, de todas as classes de trabalhadores fruitivos, aquele que é avançado em conhecimento dos valores superiores da vida é favorecido pelo Supremo Senhor Hari. Dentre muitas de tais pessoas avançadas em conhecimento [jñānīs], aquela que está praticamente liberada, em virtude de seu conhecimento, talvez adote o serviço devocional. Esta é superior às outras. Contudo, a que realmente alcançou prema, amor puro por Kṛṣṇa, é superior àquela. As gopīs são mais elevadas que todos os devotos avançados, porque sempre dependem totalmente de Śrī Kṛṣṇa, o vaqueirinho transcendental. Entre as gopīs, a mais querida de Kṛṣṇa é Śrīmati Rādhārāṇī. Seu kuṇḍa [lago] é tão profundamente querido para o Senhor Kṛṣṇa quanto Ela, Rādhārāṇī, a mais querida entre as gopīs. Quem, então, não residiria no Rādhā-kuṇḍa e, com um corpo espiritual sobrecarregado por sentimentos devocionais extáticos [aprākṛta-bhāva], não prestaria serviço devocional ao casal divino Śrī Śrī Rādhā-Govinda, que realizam o Seu aṣṭakālīya-līlā, Seus oito eternos passatempos diários? Na realidade, as pessoas que realizam serviço devocional às margens do Rādhā-kuṇḍa são as mais afortunadas do Universo.

Verso Onze: Dos muitos objetos de deleite favorito e de todas as adoráveis donzelas de Vrajabhūmi, Śrīmati Rādhārāṇī é, indubitavelmente, o mais precioso objeto amado de Kṛṣṇa. E, sob todos os aspectos, Seu kuṇḍa divino é descrito por grandes sábios como semelhantemente querido para Ele. Sem dúvida, mesmo para grandes devotos, é muito raro alcançar o Rādhā-kuṇḍa. Portanto, é ainda mais difícil que devotos comuns o alcancem. Se alguém se banha uma só vez nessas águas santas, seu amor puro por Kṛṣṇa desperta plenamente.

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Texto enviado por Ícaro Aron Soares.


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