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Papus
A França é no Invisível a filha mais velha da Europa, devendo, por conseguinte, manter em seu seio o centro da iniciação. Mas, a maioria das lojas maçônicas francesas afastaram-se da iniciação, atendo-se aos compromissos maléficos da política, descendo de grau em grau até tornarem-se centros ativos de ateísmo e de materialismo.
Tendo abandonado o estudo dos símbolos, que estavam encarregados de transmitir às gerações futuras, e tendo feito, sob protesto de anticlericalismo, uma guerra incessante a toda crença e a todo ideal, os Franco-Maçons franceses tornaram-se logo indignos de serem contados entre os membros da grande família maçônica universal.
Foi então que os mestres do Invisível dirigiram a grande reação idealista e forneceram ao Martinismo os meios para adquirir considerável expansão. Assim como Martinez havia adaptado o Swedenborgismo ao meio no qual deveria agir, assim como Saint-Martin e Willermoz tinham também feito as alterações indispensáveis, igualmente o Martinismo contemporâneo adaptou-se a seu meio e à sua época, conservando à Ordem seu caráter tradicional e seu espírito primitivo.
Essa adaptação consistiu sobretudo na união íntima dos sistemas de Saint-Martin e de Willermoz. Os iniciadores livres. criando discretamente outros Iniciadores e desenvolvendo a Ordem pela ação individual, caracterizavam o sistema de Saint-Martin. Os grupos de Iniciados e Iniciadores, regidos por um centro único e constituídos hierarquicamente, caracterizavam o Willermosismo. Eis porque o Martinismo contemporâneo constituiu seu Supremo Conselho, mantendo Iniciadores Livres, assessorando-se de Delegados Gerais, Delegados Especiais, administrando lojas e grupos espalhados atualmente em toda a Europa e América.
Não solicitando a seus membros nenhuma cotização, nem direitos de entrada, não exigindo nenhum tributo regular de suas lojas ao Supremo Conselho, o Martinismo ficou fiel a seu espírito e às suas origens, fazendo da pobreza material sua primeira regra. Desse modo, pôde evitar as irritantes questões de dinheiro, causa dos desastres de certos ritos maçônicos contemporâneos; assim, também, pôde exigir de seus membros um trabalho intelectual elevado, criando escolas, distribuindo seus graus exclusivamente através de exame, abrindo suas portas a todos os que justificarem uma riqueza intelectual ou moral, afastando os ociosos e pedantes que pensam ser alguém apenas tendo dinheiro. O Martinismo ignora a exclusão de membros pelo não pagamento de cotização, desconhece o tronco de solidariedade. Apenas seus chefes são chamados a justificar seu título, participando, segundo seus graus, do desenvolvimento geral da Ordem.
FILIAÇÃO MARTINISTA: SAINT-MARTIN, CHAPTAL E DELAAGE (20)
A organização Martinista em grupos proporcionou-lhe grande dinamismo; ela foi efetuada por um modesto ocultista, fiel à conservação da tradição iniciática do Espiritualismo, caracterizada pela Trindade, e à defesa do Cristo fora de qualquer seita. São essas as características do Incógnito a quem foi confiado o depósito sagrado: Henri Delaage, que preferiu ficar fiel à sua iniciação do que fundar uma nova seita não tradicional como fez Rivail (Allan Kardec).
Delaage manteve o respeito ao segredo, nada revelando, a ponto de não falar da origem de sua iniciação em seus livros. Somente aos íntimos falava de coração aberto do Martinismo, cuja tradição lhe foi transmitida através de seu avô, o Senhor de Chaptal, iniciado pelo próprio Louis Claude de Saint-Martin.
A carta que transcrevemos a seguir justificará esse ponto.
SOCIEDADE ASTRONÔMICA DA FRANÇA
Paris, 19 de janeiro de 1899
Ao Sr. Dr. ENCAUSSE
Meu querido Doutor,
Não vejo nenhum inconveniente em vos repetir por escrito o que já vos disse de viva voz, a respeito de Henri Delaage. Encontrei-me freqüentemente com ele, entre 1860 e 1870. Lembro que falava seguido de seu avô (o ministro Chaptal) e de Saint-Martin (o Filósofo Desconhecido), que Chaptal conhecia particularmente. Delaage ocupou-se, juntamente com o Sr. Matter, da doutrina na Livraria Acadêmica Didier, onde o encontrei algumas vezes.
Queria receber, meu caro Doutor, a expressão de meus melhores sentimentos.
FLAMARION
Transcrevemos, agora, duas citações bem características de Delaage, em relação à origem de sua iniciação pessoal.
“Somos homem de tradição e unimo-nos calorosamente às sublimes instituições do Cristianismo”. (21)
“A tradição, ou o conhecimento profundo de Deus, do Homem e da Natureza, é sumamente necessário a todos os povos. O Homem, que a recebeu pela Iniciação e que procura manter-lhe o véu, para torná-la visível a todos os olhos, palpável a todas as mãos, deve preocupar-se em escolher símbolos, alegorias e mitos que se relacionem com os bons costumes, a natureza e os conhecimentos do povo a quem aspira dotar com os benefícios preciosos da Verdade. Sem isso, a revelação nada transmitiria à inteligência e ao coração. Eis que o que é capaz de por alguém na parvoíce e fazê-lo um perfeito cretino, são os símbolos colocados à sua disposição, quando não lhes compreende o sentido; pois, quando se ordena à inteligência de conservar na memória coisas incompreensíveis, impõem-se, inevitavelmente, ao espírito a ordem de suicidar-se”. (22)
“Afirmamos que no começo do mundo o pecado tinha animalizado o homem, envelopado sua alma com órgãos mortais e materiais, colocando-a em relação com as criaturas mortais da terra, mas limitadíssimas para permitir-lhe estar como antes da Queda, em relação direta com Deus. Dai a razão da luta do Iniciado com os elementos da Natureza, revoltados contra o homem caído: a terra, que triunfa, penetrando em seu seio; a água, atravessando-a; o fogo, passando por ele; o ar, permanecendo nele, impassivelmente suspenso; deriva também daí o combate com a carne pelo jejum e pela castidade, para asujeitá-la; enfim, o renascimento da alma à potência e à luz da vida”. (23)
Alguns meses antes de sua morte, Delaage quis passar a alguém a semente que lhe tinham confiado, mas dela não esperava nenhum fruto. (24) Pobre depósito, constituído por duas letras e alguns pontos, resumo dessa doutrina iniciática que iluminou as obras de Delaage. Mas o Invisível estava presente e foi ele quem se encarregou de religar as obras à sua real origem e de permitir a Delaage confiar sua semente a uma terra onde ela poderia se desenvolver.
As primeiras iniciações pessoais, sem outro ritual que essa transmissão oral de duas letras e de dois pontos, tiveram lugar entre 1884 e 1885, na rua Rochechouart (em Paris). De lá, passaram à rua de Strasbourg, onde os primeiros grupos foram criados. A primeira loja foi constituída na rua Pigalle, onde Arthur Arnould foi iniciado, começando a senda que o afastaria definitivamente do materialismo.
Essa Loja foi em seguida transferida para um apartamento da rua Tour d’Auvergne, onde as reuniões de iniciação foram freqüentemente e frutuosas sob o ponto de vista intelectual. Os cadernos surgiram entre 1887-1890 e foi mais ou menos nessa época que Stanislas de Guaita pronunciou seu belo discurso de iniciação. A partir desse momento o progresso foi bastante rápido.
O grupo Esotérico e a Livraria do Maravilhoso, tão bem criada por um bacharel em direito, membro fundador da loja, Lucien Chamuel, foram fundados em 1891. O Supremo Conselho da Ordem Martinista foi constituído, como um local reservado às reuniões e às iniciações, primeiro na rua Trevise nº 29, após na rua Bleue e, finalmente na rua Savoie.
Em seguida, a Ordem constituiu seus delegados e suas lojas, inicialmente na França e nas diversas partes da Europa; mais tarde na América, no Egito e na Ásia.
Tudo isso foi obtido sem que jamais um Martinista pagasse uma quotização qualquer, sem que jamais uma loja tivesse fornecido um tributo regular ao Supremo Conselho. Os fundadores consagraram todos os seus ganhos à sua obra e o Céu lhes recompensou dignamente pelos seus esforços.
O que diferencia particularmente a iniciação de Martinez é o aparecimento do ternário desde o primeiro grau dos Cohens. Há três colunas de cores diferentes, dominadas por uma grande luz. Esse ternário, unificado pelo quaternário, desenvolve-se harmonicamente nos demais graus. No segundo grau, a história da Queda e da Reintegração é apresentada ao discípulo. Os graus seguintes servem para afirmar essa Reconciliação da criatura com seu Criador.
Todos esses detalhes são necessários, porque os Cadernos Martinistas contemporâneos foram impressos em 1887. Somente oito anos mais tarde foi que o Supremo Conselho tomou conhecimento dos antigos catecismos das lojas lionesas, demonstrando a integralidade da Tradição desde Martinez de Pasqually.
CARACTERÍSTICAS DO MARTINISMO CONTEMPORÂNEO
Derivando diretamente do Iluminismo Cristão, o Martinismo acabou adotando seus próprios princípios. Eis porque as nomeações são feitas de cima para baixo: o Presidente da Ordem nomeia o Comitê Diretor, este designa os membros do Supremo Conselho, os Delegados Gerais e administra os negócios correntes. Os Delegados Gerais nomeiam os chefes das lojas, os quais designam seus oficiais e são mestres de suas lojas. Todas as funções são inspecionadas diretamente pelo Supremo Conselho, através de seus inspetores principais e de seus inspetores secretos. Eis a síntese desta organização que pôde, sem dinheiro, adquirir considerável extensão e resistir até o presente todas as tentativas de desmoralização, lançadas sucessivamente por diversas confissões e, sobretudo, pelo clericalismo ativo. A Ordem sobreviveu a tudo, mesmo às calúnias lançadas contra seus membros, considerados enviados dos Jesuítas, subordinados ao Inferno ou magos negros. Os Chefes sempre foram prevenidos em relação a essas intrigas e aconselhados sobre a maneira de evitá-las. O sucesso da Ordem vem confirmar a alta origem das instruções recebidas.
É através dos membros do Supremo Conselho que o Martinismo liga-se ao Iluminismo Cristão. A Ordem em seu conjunto é antes de tudo uma escola de cavalaria moral, que se esforça em desenvolver a espiritualidade de seus membros, pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento e da assistência intelectual e pela criação em cada espírito de uma fé cada vez mais sólida, baseada na observação e na ciência. O Martinismo constitui uma cavalaria da Altruísmo, oposta à liga egoísta dos apetites materiais, uma escola onde se aprende a dar ao dinheiro o seu justo valor, não o considerando como influxo Divino; é, finalmente, um centro onde se aprende a permanecer impassível diante dos turbilhões positivos ou negativos que subvertem a Sociedade! Formando o núcleo real desta universalidade viva, que fará um dia o casamento da Ciência sem divisão com a Fé sem atributos, o Martinismo esforça-se em tornar-se digno de seu nome, criando escolas superiores de ciências metafísicas e fisiogônicas, desdenhosamente separadas do ensino clássico, sob pretexto de serem ocultas.
Os exames instituídos nessas escolas abrangem: o simbolismo de todas as tradições e de todas as iniciações; as chaves hebraicas e os primeiros elementos da língua sânscrita, permitindo aos Martinistas aprovados nos exames explicar sua tradição a muitos Franco-Maçons dos altos graus e mostrar que os descendentes dos Iluminados permaneceram dignos de sua origem.
Tal é o caráter do Martinismo. Compreende-se que é impossível encontrá-lo integralmente em cada um dos membros da Ordem, pois cada iniciado representa uma adaptação particular dos objetivos gerais. Mas esta época de ceticismo, de adoração da fortuna material e do ateísmo tem grande necessidade de uma reação francamente cristã, ligada sobretudo à ciência e independente de todos os cleros, sejam católicos ou protestantes. Em todos os países onde penetrou, o Martinismo salvou da dúvida, do desespero e do suicídio muitas almas; trouxe à compreensão do Cristo muitos espíritos que as manipulações clericais e seu objetivo de baixo interesse material, isto é, de adoração de César, tinham distanciado de toda fé. Após ter feito isso, não importa se caluniem, difamem ou excomunguem o Martinismo ou seus chefes. A Luz atravessa os vidros mesmo imundos e ilumina todas as trevas físicas, morais e intelectuais.
OS ADVERSÁRIOS DO MARTINISMO E SUAS OBJEÇÕES
Apesar dos fracos recursos materiais, os progressos da Ordem Martinista foram rápidos e consideráveis. Mas seu sucesso originou três tipos de adversários: 1º – os materialistas ateus, representantes do Grande Oriente da França; 2º – os clérigos; 3º – as sociedades e indivíduos que combatem o Cristo e procuram diminuir sua obra, aberta ou ocultamente. A partir daí surgem inúmeras objeções, mal-entendidos e calúnias que devem ser denunciados a fim de permitir aos membros da Ordem destruí-las.
OS MATERIALISTAS
Os Materialistas, após terem acusado os Martinistas de Jesuítas, alienados, – “sonhadores de outra era que nada podem fazer no século da luz e da razão” – ficaram admirados pelo rápido progresso dessa Ordem e procuraram copiar a organização dos “Grupos Martinistas” sem bons resultados; imaginaram formar “grupos de jovens ateus” ligados ao sistema eleitoral do Grande Oriente.
Foi então que se ativeram ao problema financeiro. Uma Ordem que avança muito rapidamente deveria tornar-se muito onerosa a seus fundadores. Com quanto seus membros contribuem mensalmente? Nada… Quanto custam os diplomas dos Delegados? Nada… Quem paga as despesas de impressão, de correio, de secretaria e dos diplomas, necessárias a movimentação de tal organismo? Os chefes. Estes não poderão, pois, serem acusados de obterem lucro com um movimento ao qual consagraram a maior parte de suas rendas. Entretanto, as “pessoas práticas” acabaram por se persuadirem que os Martinistas são pelo menos muito convencidos.
OS CLÉRIGOS
Os ataques dos clérigos são mais desleais e mais diretos. Abandonando toda questão material, atem-se aos espírito. Apesar de todas as afirmações e evidências contrárias, lhes é impossível admitir que os ocultistas (e nós em particular) não consagrem ao diabo algum culto secreto. Por conseguinte, os Martinistas devem ocultar seu objeto; todos aqueles que ousam defender o Cristo, mantendo em seu devido lugar o clero que o vende todos os dias ao mercador do templo, livram-se, segundo esses bons clérigos, às mais terríveis evocações de Satã e de seus mais ilustres demônios.
É muito difícil convencer escritores clericais que o clero e Deus possam agir independentemente um do outro; que podemos perfeitamente admitir a bondade de Deus e a cobiça material do clero (que age dizendo ser em seu nome), sem confundir-lhes um instante. Segundo eles, atacar um inquisidor é atacar a Deus.
Os Martinistas querem ser Cristãos, livres de toda dependência clerical; as acusações de satanismo lhes farão balançar os ombros, pedindo perdão ao Céu para aqueles que os caluniam injustamente.
Ouviremos novamente a esse respeito a grande farsa de Léo Taxil sobre o tema dos “ocultistas diabólicos”? Veremos sob seu verdadeiro aspecto essa bizarra sociedade secreta do Labarum, cujos dignatários nos são conhecidos? Ouviremos quanto Taxil deve estar disposto a montar uma nova mistificação baseada na “maçonaria feminina”? Não seria melhor tolerar o insulto, a calúnia, o descrédito, sem responder de outra maneira a não se pelo perdão e pelo esquecimento?
Cada novo ataque, sendo injusto e vil não fica jamais sem recompensa e vale ao Martinismo um novo sucesso. Eis a verdadeira manipulação das leis ocultas e o verdadeiro uso das faculdades espirituais do homem. Quando acusamos os escritores clericais de enganar o público ingênuo, que aceita suas afrontas, e de empregar processos polêmicos, indignos do autor de respeito, poder-se-ia acreditar que existe de nossa parte certa animosidade e tendência ao exagero. Para evitar essa dúvida, iremos submeter ao próprio leitor alguns desses processos, para seu julgamento. Escolheremos a última deslealdade cometida. O autor ficará certamente muito feliz por ser apresentado ao público. Chama-se Antonini, professor do Instituto Católico de Paris, e seu livro intitula-se A Doutrina do Mal.
Nessa obra, fala-se muito de Satã, de Lúcifer, do Diabo e se culto secreto. Entretanto, falta a esse autor a veia do excelente Taxil; ele é, ademais insosso e sem imaginação. Não temos mais esse bom Bitru, de quem Taxil extraiu parte do apêndice para oferecê-lo aos Jesuítas, que o aceitaram com reconhecimento. Fica bem entendido que os ocultistas (benzei-vos), e em particular vosso servidor, passam uma parte de seu tempo em companhia do Diabo, fazendo anagramas, dos quais o Sr. Antonini tem bastante dificuldade em encontrar a chave. Mas vejamos uma pequena amostra dessa prosa:
“Aulnaye, Eliphas Levi, Desbarolles, Stanislas de Guaita, para não citar mais do que esses iniciados, reconhecem que luz Astral significa LUZ DA TERRA, chamada astral porque a terra é um astro. Sobre o que é fundamentada tão estranha alegação? A declaração dos iniciados passa geralmente desapercebida, ou então, faz rir. E, entretanto, constitui a confissão mais grave e mais conclusiva de seu ensinamento.
“Denominam a terra um astro porque engloba A GRANDE ESTRELA CAÍ-DA DOS CÉUS, como o Apocalipse denomina Lúcifer o arcanjo portador da luz e precipitado no FOGO central da terra, por ter querido igualar-se a Deus.” (25)
Analisemos essas passagens:
LUZ ASTRAL SIGNIFICA LUZ DA TERRA
Antonini, tendo grande dificuldade em citar as palavras exatas de seus autores, não procurou justificar a presente citação com uma referência real, porque ela é simplesmente idiota. Ele sai do embaraço inventando a citação, permitindo-lhe dizer as extravagâncias seguintes:
“A Terra contém uma estrela! Oh! meus professores de Astronomia! Onde está este Sol, pois uma estrela é um sol; se creio em meu amigo e mestre Flamarion, onde está esse Sol, caído sobre a terra, eis que deve ser bem maior que ela, onde está esse monstro Sol que não se vê mais?…”
Esse Sol, meus amigos, é um arcanjo; esse arcanjo é Lúcifer e Lúcifer está no fogo central da Terra, e a Terra não explodiu ao receber esse novo Sol em seu seio! Eis como os Ocultistas confessam que são satanistas! Isso é muito simples e essa é a base da argumentação de Antonini. Não podemos mais ser amáveis.
OS ADVERSÁRIOS DO CRISTO
Os Clérigos acusam, pois, os Martinistas de evocar Satã ou algum outro demônio em suas reuniões secretas, que jamais existiram a não ser em sua imaginação. Outras sociedades que pretendem estudar o Ocultismo e “desenvolver as faculdades latentes no homem”, sem crer, de resto, na existência do diabo, hipocritamente fazem circular cartas acusando os Martinistas de praticar “Magia Negra”.
Ora, a prática da Magia Negra consiste em fazer o mal consciente e covardemente; nada é mais distanciado do objetivo e dos processos essencialmente cristãos do Martinismo de todos os tempos. Os Martinistas não praticam magia, nem a branca, e muito menos a negra. Estudam, oram e perdoam as injúrias da melhor maneira possível.
Os Rosa-Cruzes sempre combateram os feiticeiros, aproveitadores da ignorância e do ceticismo popular, para exercerem seus poderes sobre vítimas inocentes, prevenindo abertamente a todos aqueles a quem tinham dado “o batismo da luz”. Esse trabalho foi sempre oculto, realizado através da prece.
Os Martinistas, como os Rosa-Cruzes, sempre defenderam a verdade, agindo sem subterfúgios, publicando seus atos e suas decisões. Pelo contrário, aqueles que difamam na sombra, ocultando-se quando se vêm descobertos, escrevendo circulares hipócritas e caluniando sorrateiramente os Martinistas, temendo sua lealdade, não merecem senão a piedade e o perdão. Vendo as faculdades latentes manifestadas através desses processos, somos levados a mostrar a esses homens que a Magia Negra começa pela difamação anônima, tão geradora de larvas no plano mental quanto a baixa feitiçaria do camponês iletrado no plano astral.
LUGARES ONDE O SUPREMO CONSELHO DA ORDEM MARTINISTA É OFICIALMENTE REPRESENTADO POR SEUS DELEGADOS GERAIS E SUAS LOJAS.(26)
A sede do Supremo Conselho da Ordem Martinista encontra-se em Paris, com três lojas (Hermanubis, Esfinge e Voluspa). A França é dividida em 14 delegações, cujos delegados têm sua sede nas seguintes cidades (27)
Nº 1 (Chartres), Beauvais;
Nº 2 (Lille), Abbeville;
Nº 3 (Caen), Le Havre;
Nº 4 (Nancy), Châlons-sur-Marne;
Nº 5 (Rennes), Nantes;
Nº 6 (Poitiers), La Roche -sur-Yon;
Nº 7 (Bordeaux), Pau;
Nº 8 (Tolouse), Cahors;
Nº 9 (Montpellier), Perpignan;
Nº10 (Marseille), Nice e Algerie;
Nº11 (Lyon), Roanne;
Nº12 (Dijon), Troyes;
Nº13 (Clermont-Ferrand), Tulle;
Nº14 (Grenoble), Valence.
Cada uma dessas delegações dirige lojas ou grupos.
Países | Número de delegações | |
Geral | especial | |
Itália Suécia Alemanha Suíça Inglaterra Bélgica Espanha Holanda Dinamarca Áustria/Hungria Rússia Romênia Egito Tunísia Senegal Cuba Indochina Haiti |
1 1 1 1 1 1 1 – 1 1 1 1 1 1 – 1 – – |
1 3 3 1 – 2 – 1 1 2 – 1 3 – 1 – 1 1 |
América do Norte | Soberano Delegado Geral, Grande Conselho e Delegações Especiais em todos os Estados. | |
América do Sul e América Central | Delegados Gerais e Delegações Espe-ciais, para |
Para evitar qualquer indiscrição, suprimimos o nome da cidade onde se encontra a sede das diversas delegações no exterior.
ÓRGÃOS DA ORDEM MARTINISTA
Possuímos uma revista mensal de cem páginas: L’initiation, editada em Paris. É o órgão oficial da Ordem Martinista.(28) Editamos igualmente um jornal semanal de oito páginas in-4: Le Voile d’Isis e um boletim mensal autografado e reservado aos Delegados: Psiquê.
No exterior, a Ordem Martinista dispõe, através de seus Delegados, de órgãos especiais nos seguintes idiomas: inglês, alemão, espanhol, checoslovaco e sueco.
AFILIAÇÕES DA ORDEM MARTINISTA
A Ordem Martinista é afiliada aos seguintes órgãos e ordens:
– União Idealista Universal (Internacional);
– Ordem Cabalística da Rosa-Cruz (França);
– Grupo Independente de Estudos Esotéricos (França);
– Ordem dos Iluminados (Alemanha);
– Sociedade Alquímica da França (França);
– Universidade Livre de Altos Estudos (Fac. de Ciências Hermét.) – (França);
– Babistas (Egito, Pérsia, Síria);
– Sociedades Chinesas (Em negociação em 1891).
notas
20 – São encontrados no livro l’Appel à l’Humanité, do Cavaleiro Arson, documentos positivos sobre a existência da Ordem Martinista em 1818. Constata-se que nessa época, a Ordem funcionava em Paris e lutava contra os Templários e seus agentes.
21 – DELAAGE, H. Doctrine des Sociétés Secrétes. Paris, 1852, p.7.
22 – DELAAGE, H. Doctrine des Sociétés Secrétes. Paris, 1852, p. 16.
23 – DELAAGE, H. Doctrine des Sociétés Secrétes. Paris, 1852, p. 158
24 – Trata-se do próprio Papus. (N. T.)
25 – ANTONINI. Doutrina do Mal, p. 16.
26 – Trata-se da organização da Ordem Martinista do tempo de Papus. (N.T.)
27 – A sede central da Delegação está indicada entre parêntesis e uma das sedes secundárias logo após. Inúmeros Delegados Especiais têm suas sedes em outras cidades.
28 – A Revista L’Initiation, fundada por Papus em 1888, foi recolocada em circulação a partir de 1953 por Philippe Encausse, filho de Papus. Substituída Cadernos de Documentação Esotérica Tradicional, esse revista, de mais ou menos 60 páginas, circula trimestralmente e é o órgão da Ordem Martinista na França. Para toda informação no que diz respeito a assinatura e aquisição de exemplares já publicados, dirigir-se ao Dr. Philippe Encause, ou ao Sr. Michel Leger, no seguinte endereço: 5, Rue Victor Considérant, 75014 Paris, França. (N.T.)
Fonte: “Martinésisme, Willermosisme, Martinisme et Franco-Maçonnerie”
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