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Por Spartakus FreeMann
Neste fim de semana me tratei com o “Chemical Wedding (Casamento Químico)”. Imaginem só! Eu não podia deixar passar um filme sobre a reencarnação de Crowley! Especialmente porque eu tinha ouvido falar tanto sobre isso nos fóruns.
A história começa em 1947 com a visita de dois estudantes (um deles chamado Symonds) ao velho mago Crowley. Desde o início, o querido Aleister promete ser monótono. Não vamos falar sobre as propostas sodomaníacas a um dos dois adolescentes, mas vamos rir da leitura de uma carta enviada por Parsons onde ele adverte seu mentor sobre seu projeto de realizar o ritual “Moon Child (Criança Lunar)”, que tem o efeito de irritar o “mestre” ao ponto de ter um ataque cardíaco. Vamos pular o fato de que a cena ocorre no campo ensolarado da primavera ou do verão, quando Crowley morreu em dezembro. Pulemos também o fato de que o trabalho de Babalon realizado por Parsons e Hubbard teve lugar antes de 1947. Vamos também passar por cima do físico do personagem, que está mais próximo de Crowley em seu auge do que do homem emaciado e enfraquecido em seus setenta anos. Mas, como diz Julian Doyle, este filme não se destina a ser uma biografia fílmica da Grande Besta 666.
A história continua com a chegada do Professor Mathers – um aceno de cabeça para Mathers da Golden Dawn (Aurora Dourada) – que deve supervisionar o desenvolvimento de um supercomputador de realidade virtual, o Z93 – um lembrete numerológico incongruente que Thelemitas irão apreciar. Não está claro porque, mas o assistente de laboratório, Victor Neumann, infectou a máquina com um vírus composto por elementos da vida e rituais de Crowley. Bem, nós sabemos porque, sem este truque monomaníaco de hacker, não haveria filme.
O professor Haddo – um seguidor do oculto, um falso maçom cujo nome é uma referência ao Magus de Margaret Murray – concorda em experimentar a máquina às escondidas a fim de entrar em contato com a “essência digital” de Crowley. É uma má ideia, pois ele é imediatamente possuído pelo espírito de Crowley.
A partir daí, o filme fica totalmente fora de controle, combinando a mais profunda ignorância de Crowley e o mais belo mau gosto imaginável: Haddo-Crowley mija em seus alunos enquanto declama pomposamente “mijar ou não mijar, essa é a questão”, caga na mesa do reitor da universidade, sodomiza uma garota em uma loja de ocultismo para despertar sua Kundalini ou prega uma pobre garota em uma porta depois de ter raspado seu sexo (!)
Em resumo, uma série de episódios tão inúteis quanto mal filmados, com diálogo de segunda classe que faz com que o pior dos filmes “Z” pareça uma obra-prima. Além disso, se um ocultista na sala pudesse me explicar esta história sombria da agulha no final do filme… Eu também não entendi este absurdo de um universo paralelo onde Al Gore vence as eleições contra Bush. Será que eles nos fariam acreditar que Crowley está entre nós e permitiriam que Bush ganhasse a presidência? Mas então, seria Obama o Cristo redentor que dissipou as influências mefísticas crowleyanas? Teremos que esperar pelo “Chemical Wedding II, the return of the beast (Casamento Químico II, o retorno da besta)” para descobrir, ou não. Também é difícil entender a história do cabelo vermelho e da mulher escarlate, que parece querer lançar o filme sobre os trilhos do Código Da Vinci, tornando-se a sua versão sombria, gótica e áspera.
Onde Dickinson poderia ter pintado um retrato divertido e vitrificado de Crowley, ele se contenta em colocá-lo nas situações mais implausíveis, como quando Haddo-Crowley segue um homem no banheiro para roubar seu horrível terno roxo, ou quando ele se masturba sobre as runas a fim de forçar Lia – a jornalista universitária – a vir até ele para o ritual final. Se este filme foi concebido para responder à pergunta “o que faria uma pessoa possuída pelo espírito de Aleister Crowley?”, ele perde o ponto e é mais uma exibição de fantasias reprimidas do que uma verdadeira apreciação do homem que Dickinson diz que “admira”.
A impressão, no final, é que Dickinson filmou toda a ignomínia na esperança de que seu filme fosse notado e atraísse a ira dos puritanos. Foi um fracasso, pois mesmo eles tiveram que adormecer durante a exibição. O ritual que Crowley preside, no final do filme, transforma-se em uma orgia banal e não traz mais ao filme do que para a libido dos espectadores: uma cena urológica no meio de uma orgia não choca ninguém hoje. O filme termina em uma confusão bastante críptica onde o universo paralelo, o vampirismo por seringas interpostas e o uso de drogas são misturados desajeitadamente. Mathers é a criança da lua procriada por Parsons e Hubbard – iupi! – salvando o mundo das horríveis garras de Crowley.
No final, tenho que reconhecer a qualidade da atuação de Simmon Callow (“4 Casamentos e um Funeral”), que consegue reviver certos momentos do filme. Sem ele, não duraríamos dois minutos.
Não me interpretem mal, não amo Crowley e acho que no final este retrato desajeitado e estúpido, mesmo que indireto, lhe faz justiça. Mas se o objetivo é nos fazer rir, então que este filme represente o que ele é: um vaudeville (comédia bizarra) ou um pastiche (paródia), uma forma inferior de Monty Python.
Talvez o pior de tudo, o “Casamento Químico” provavelmente confirme, se não reforça, a imagem distorcida que as pessoas normalmente têm de Crowley. Depois de ver este filme, não tenho dúvidas de que aqueles que têm apenas um conhecimento superficial da pessoa, terão a impressão de que ele merecia o título de “o homem mais depravado do século 20”. E isso me parece uma pena. Uma pena não só pela verdade histórica, mas também pelos 14 euros que perdi ao comprar este DVD.
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Fonte:
FREEMANN, Spartakus. Chemical Wedding, Crowley le méritait bien, février 2009 e.v. EzoOccult, 2009, 2020. Disponível em: <https://www.esoblogs.net/340/
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Texto revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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