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Bruxaria e Paganismo

A Wicca Gardneriana

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I) O que é uma bruxa e o que é a bruxaria?

Atualmente, bruxos são mulheres e homens que cultuam uma divindade feminina e uma masculina, a Deusa e o Deus Cornífero, que representam as polaridades do poder criativo do Universo, e que estão em toda parte inclusive dentro de todos nós. Não valorizam um poder acima do outro, mas os vêem como complementares. Honram a sexualidade como fonte de prazer e símbolo da Vida, além de ser uma das fontes de poder usadas na prática da magia e dos ritos religiosos. Hoje em dia há muitas tradições diferentes dentro da bruxaria. Algumas dessas tradições datam de uma época muito antiga, outras são mais recentes e são reconstruções da religião pré-cristã do norte da Europa céltica/ escandinava.

2) Os bruxos rezam?

Sim, de certa forma sim.

Alguns bruxos meditam nos Deuses de sua tradição, mas a grande maioria invoca as deidades para fortalecer seus rituais e para trabalhar de forma segura com a magia.

Sobre quem ou o que são essas deidades, os bruxos só podem adquirir essas respostas através da meditação e do ritual, que conduzem a uma vivência interior profunda com essas deidades, pois elas transcendem a mente humana.
Assim, a idéia de divindade está dividida em várias partes, como, por exemplo, a Deusa, que possui diversos nomes e aspectos. Algumas tradições a adoram como a Deusa sem nome e sem forma, outras a adoram com todos os nomes pelos quais foi conhecida por nossos antepassados: Ishtar, Diana, Ceridwen, Atena, Vênus, Hecate, Isis, Demeter e muitos outros.

3) Quando invocamos os Deuses, eles estão em algum lugar lá fora ou estão dentro de nós, em nossa psique?

Para saber essa resposta é necessário em primeiro lugar vivenciar a experiência da descida da Deusa ou do Deus. Sacerdotes mais antigos e mais experientes sentem como se uma grande energia e poder descesse sobre eles.
Mas a maioria não sabe definir se podem ser arquétipos, espíritos da natureza, se estão dentro ou fora deles.

4) Bruxos são satanistas?

Não. A pessoa tem que acreditar em Satã para ser um satanista. Satã ou Diabo fazem parte da mitologia cristã, e para se acreditar nessas figuras é preciso acreditar no cristianismo. Bruxos não acreditam no cristianismo porque professam uma religião pagã não-cristã. A imagem popular do Diabo é uma corrupção deliberada feita pela Igreja católica do Deus Cornífero pagão, do Grande Pã grego, do Cernunnos celta/latino, cuja representação possuía chifres. Transformar essas imagens na personificação do mal era um meio seguro de destruir as antigas religiões pagãs e ganhar adeptos convertidos.

Nosso Deus Cornífero não é, e nunca foi, uma divindade do mal. Ele é o poder que mantém a natureza viva, o senhor da música, da dança, do êxtase e do sexo.

5) Qual a ética e a moral dos bruxos?

Nós acreditamos que a vida é essencialmente boa, que a criação e a destruição fazem parte do ciclo natural da existência. Entretanto o mal existe no mundo, mas nós acreditamos que ele não provém de um Diabo e sim das ações humanas. O mal pode ser também subjetivo: o que é bom para uma pessoa pode ser mal para outra.
As divindades da Arte são neutras, elas não são nem boas e nem ruins, da mesma maneira que as forças elementais. Nossas divindades nos dão poder, mas como esse poder é usado depende das intenções pessoais.

O primeiro princípio ético da bruxaria está contido no Conselho Wiccaniano: “Se dano nenhum causar, faça o que quiser”. Esse princípio é muito respeitado pelos bruxos, pois acreditamos na Lei Tríplice do retomo. Se você faz o mal, esse voltará a você triplicado e se você faz o bem, esse também voltará a você triplicado. Entretanto, muitos bruxos acreditam que a Lei Tríplice é um compromisso sacerdotal, assumido após o Segundo Grau de iniciação.

Nós também acreditamos que tudo no planeta está interligado, de modo que se houver um desequilíbrio em alguma parte, todo o resto se desequilibrará. Por isso nossos trabalhos de magia estão sempre voltados para o equilíbrio e a harmonia.

Somos sacerdotes, curandeiros, protetores e agiremos rapidamente para bloquear uma agressão, mas não agrediremos ninguém.

6) Como a Wicca vê o bem e o mal?

A Wicca é uma religião pagã e difere da maioria das religiões monoteístas no fato de se reconhecer também o lado escuro da natureza humana. No cristianismo, por exemplo, esses dois lados são colocados em conflito, até que a luz derrota finalmente a escuridão.

No paganismo somos inclinados a olhar para esses contrastes como necessários para que aja harmonia em nós mesmos, pois não há equilíbrio sem duas partes para se equilibrarem.

Vícios e virtudes não são considerados por nós qualidades diferentes, mas sim, como dois lados de uma mesma personalidade. Não há nenhuma virtude que, se concedido poder ilimitado não se torne um vício.

Na vida, nós bruxos devemos alcançar um equilíbrio entre poder e compaixão, entre força e beleza, orgulho e modéstia, devemos levar em consideração as necessidades de nosso ego e as necessidades dos outros egos também.
Religiões que admiram a luz e cuidam somente de treinar seus adeptos para serem bons, obrigando-os a suprimir os impulsos negativos, causará inevitavelmente desequilíbrio nos mesmos.

O paganismo nos encoraja a reconhecer a própria escuridão e aceitá-la como uma parte inseparável de nós mesmos, e nessa aceitação inicia-se um processo de tomada de consciência que irá integrar esses dois lados, acabando por transcender e equilibrá-los.

… se nós odiamos alguém, esse ódio criará nosso dia a dia, não podemos ignorar que ele existe e, ao mesmo tempo fingir que ele não existe também não é a solução.

Nossas virtudes e defeitos estão retratados em nossas próprias ações, tentações devem ser tratadas com carinho e respeito, pois todas elas têm um significado. Esta reconciliação com as duas partes tem uma grande importância para o equilíbrio da personalidade de um bruxo.

7) Porque a wiccagardneriana é contra a Auto-iniciação?

O termo auto-iniciação é errado. Ninguém pode se auto-iniciar numa disciplina que desconhece. Iniciação é exatamente o início da atividade do sacerdócio na Wicca, e uma pessoa auto-iniciada não é sacerdote de nada. O termo deveria ser então autodedicação. A pessoa dedica-se à adoração da Deusa e do Deus, só isso. Como a Wicca é uma religião iniciática, uma religião de cléricos, de Sacerdotes e Sacerdotisas, autodedicados não são wiccanianos, são pagãos.

Seria o mesmo que uma pessoa ler e decorar a Bíblia e se achar em condições de rezar missas e distribuir sacramentos. Ou então ler alguns livros de medicina e pendurar uma placa na porta escrito “Médico”. A Wicca é uma religião, e seus Sacerdotes e Sacerdotisas têm que passar por um período de aprendizado que culmina no rito de iniciação nos 3 graus.
Além disso, todos sabemos que os fundamentos da Wicca não estão em livros, nem mesmo no Livro das Sombras. Esses conhecimentos ainda são passados oralmente.

Assim sendo, autodedicados não tem conhecimento suficiente para reunirem grupos ou covens, e muito menos orientar o desenvolvimento espiritual dos outros e fazerem iniciações.

Por favor é preciso que as pessoas entendam de uma vez por todas. Sacerdotes têm que ter um aprendizado especial, porque eles orientam o destino espiritual dos demais. Autodedicados não possuem essa capacidade, por mais bem intencionados que possam ser, fazer isso sem orientação é dificílimo.

Sacerdotes e Sacerdotisas experientes, que passaram pelas iniciações tradicionais encontram dificuldades e precisam de orientação dos mais velhos, dos anciãos. Portanto, isso não é bem assim.

Desse modo, nenhum bruxo ou wiccaniano que tenha “ralado” por anos num coven, passando por iniciações e por um aprendizado dureza, jamais vai reconhecer essa prática da auto-iniciação ou melhor dizendo autodedicação. Ela somente torna as pessoas adoradoras da Deusa, da mesma forma que o batismo faz com que a pessoa se torne cristã, e não um padre ou sacerdote.

Todas as bênçãos da Deusa

por Mario Martinez


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