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Um novo Gênesis

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Excertos de Evangelho Segundo Marcos
Comentado por Ya’aqov, seguidor de Ya’aqov

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            Toda a criação é um processo. Este processo macro é reproduzido no micro, principalmente no Homem (Adam), pois “Elohim disse: ‘Façamos o homem com nossa imagem e semelhança” (Gênesis 1:26). Neste sentido, Adam deve emular as ações divinas, revelando-se semelhante a Ele. E, por isso, realizar o seu próprio Gênesis.

O Gênesis tem início em um processo criativo e criador da mente divina (Bereshit Bara). A fase inicial deste processo é subdivida em 4 (quatro) etapas, que são simbolizadas nos 4 (quatro) primeiros dias da criação. Cada dia, por sua vez, é representado por uma letra do alfabeto hebraico, que corresponde a um dos 4 (quatro) mundos. E estas letras formam o nome da divindade, o Tetragrammaton Yahweh (יהוה) ou YHWV ou IHVH.

A letra Yod (י) representa Atziluth, o Mundo Arquetípico. De valor numérico 10 (dez), ela reúne, em si, a potencialidade de todos os outros números e, consequentemente, de tudo o que se encontra manifesto. Yod é a “centelha divina”. O primeiro He (ה) representa Briah, o Mundo Criativo. De valor numérico 5 (cinco), ele representa a divisão dual da potencialidade arquetípica (10 : 2 = 5), o Mundo Alto, aquilo o que dá a vida. A terceira letra, Vav (ו), representa Yetzirah, o Mundo Formativo. De valor numérico 6 (seis), ele representa a união daquilo que está separado, o Mundo Alto e o Mundo Baixo. E, por fim, o segundo He (ה) representa Assiah, o Mundo da Ação, o Mundo Baixo. Apesar de ter o mesmo valor numérico da sua contra parte, o Mundo Alto, eles se encontram em oposição, assim, enquanto o primeiro He dá a vida, é o corpo de luz do Adam paradisíaco, um sopro de liberdade, o segundo He, é o corpo do Adam físico, um sopro de escravidão.

(16) Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam a tarrafa ao mar, pois eram pescadores.

A fim de dar início às suas ações e por já se encontrar em plena sintonia com o Espírito (Ruach), ao ponto de não se saber onde começa um e termina o outro, Jesus atua à semelhança do Pai.

Gênesis 1 : 2

A terra era sem forma e vazia com escuridão sobre a face das profundezas, mas Ruach Elohim movia-Se sobre a superfície da água.

No primeiro dia da criação, no qual Ruach Elohim movia-Se sobre a superfície da água, entendemos que Ele estava “invadindo” a água [Maim (מים)][1] e, portanto, dando-lhe vida e, assim, fez-se a Luz (את-האור). Vendo a Luz, compreendeu que ela é Boa e desta compreensão, a dividiu em 2 (dois) aspectos, luz (האור) e trevas (החשך), por intermédio da sua fala (Gênesis 1:4), que nomeia e, consequentemente, dá atributo (Gênesis 1:5).

Eclesiastes 2 : 13

Percebi que a sabedoria é melhor que a estultícia, assim como a luz é melhor do que as trevas.

Fazendo uso da transcrita referência, compreendemos que a Luz se manifesta por intermédio de uma dualidade: luz (dia) e trevas (noite); sabedoria e estupidez; ação com discernimento e ação impulsiva sem discernimento. Esta é a primeira nomeação feita por Yahweh, isto é, a primeira separação, indicando que a Luz tem 2 (dois) filhos, dia e noite; sabedoria e estultícia. Da mesma forma, que Ruach Elohim fez, Jesus o emula, compreendendo a ocorrência de 2 (dois) irmãos: Simão e André.

Diferentemente do que o senso comum possa nos induzir a acreditar, Simão não é o dia, mas a noite, enquanto o seu irmão André é a representação do dia, pois, diferentemente de seu irmão, era discípulo de João Batista e, por isso, conduziu o seu irmão, a seguir a Jesus.

João 1:40-42

André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João [Batista] e seguiram Jesus. Encontra primeiramente seu próprio irmão Simão e lhe diz: ‘Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo). Ele o conduziu a Jesus. Fitando-o, disse-lhe Jesus: ‘Tu és Simão, filho de João; chamar-te-ás Cefas[2]’.

Por ser o dia, André encontra o Sol, o Messias, e conduz à noite, seu irmão, que vem no seu encalço, a segui-Lo também[3]. Neste sentido, tal qual ocorreu a separação do espírito e das águas no primeiro dia, Jesus estabelece a mesma dualidade, representada por André e Simão, respectivamente.

Entendida a dualidade, conseguimos compreender a segunda parte do versículo, “Lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores”. Compreendemos que é pela ação conjunta dos dois é que se é possível retirar algo do mar e, consequentemente, elevá-lo.

(17) Disse-lhes Jesus: “Vinde em meu seguimento e eu farei de vós pescadores de homens”.

Sabedor da potencialidade do dia e da noite, Jesus declara a sua finalidade e como iria fazer uso: por intermédio da ação das águas e do espírito, Jesus iria descobrir quem está pronto, o que será santificado no Shabat e que não está. Isto é, em uma visão mais esotérica, entendemos que a ocorrência desta dualidade será utilizada para saber quais “eus” que nos compõem conseguiram sair da água e quais ainda se encontram nela. E, aquele que, por passar um período na materialidade, atingiu a maturidade, conseguirá se erguer das águas e caminhar em direção à Terra Prometida.

João 5 : 6-9

Jesus, vendo-o deitado e sabendo que já estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: ‘Queres ficar curado?’ Respondeu-lhe o enfermo: ‘Senhor, não tenho quem me jogue na Micvê, quando a água é agitada; ao chegar, outro já desceu antes de mim’. Disse-lhe Jesus: ‘Levanta-te, toma teu leito e anda!’. Imediatamente o homem ficou curado. Tomou o leito e se pôs a andar. Ora, esse dia era o sétimo dia.

 

(18) E, imediatamente, deixando as redes, eles o seguiram.

Obedecendo a autoridade do Ruach, André e Simão não hesitam, posto que é o Espírito que movimenta a criação.

Colossenses 3 : 10-11

e vos revestistes do novo, que se renova para o conhecimento segundo a imagem do seu Criador. Aí não há mais grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo em todos.

 

Colossenses 3 : 16-17

A Palavra do Cristo habite em vós ricamente: com toda sabedoria ensinai e admoestai-vos uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos espirituais. E tudo o que fizerdes de palavra ou ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, por ele dando graças a Deus, o Pai.

Assim, André e Simão seguem Jesus, pois ele irá percorrer todo o seu reino a fim de verificar o que está pronto e o que não está.

 

(19) Um pouco adiante, viu Jacó, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, eles também no barco, consertando as redes.

No segundo momento da sua criação, Jesus vê outros 2 (dois) irmãos: Jacó e João.

Gênesis 1 : 6-8

E Elohim disse: haja uma expansão no meio das águas (המים), e que haja separação entre águas (מים) e águas (למים). E fez Elohim a expansão, e fez separação entre as águas (המים) que estavam debaixo da expansão e as águas (המים) que estavam sobre a expansão. Ele permaneceu desta maneira. E Elohim chamou a expansão Céus (שמים), e foi tarde e manhã o dia segundo.[4]

Assim como André e Simão são irmãos, isto é, são uma dualidade, Jacó e João seguem o mesmo processo. Eles são as águas de baixo e as de cima, respectivamente, que compõem os Céus (Shamayim – שמים). Importante percebemos que o versículo identifica o pai de Jacó e João como sendo Zebedeu. Este nome em hebraico significa “presente de Deus”, algo, uma riqueza, que Yahweh dá para sustentar a vida.

Êxodo 16 : 29-31

‘Considerai que Yahweh vos deu o sétimo dia, e que por isso vos dará ao sexto dia pão por dois dias. Cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia’. E o povo descansou no sétimo dia. A casa de Israel deu-lhe o nome de maná. Era como a semente de coentro, branco, e o seu sabor era como bolo de mel.

 

Também podemos extrair este entendimento acerca da riqueza, se observarmos do ponto de vista social da época. Pescadores, sejam os que usam tarrafa, como é o caso de Simão e André, sejam os possuidores de barcos, como Jacó e João, assim como os marceneiros, tinham renda muito superior às obtidas por servos e, diferentemente destes, eram livres em sua riqueza.

Quando comparamos o nome, em hebraico, dos Céus (שמים) e da Água (מים), verificamos que aquele é igual a este, mas com a letra Shin (ש) em seu início. Este fato nos transmite uma série de informações.

A primeira é a de que os Céus são compostos pelos mesmos elementos existenciais da Água, dos pensamentos do Pai. Toda a criação se dá na mente de Deus e a ela está vinculada, Bereshit (בראית) Bara (ברא). Bara (ברא), o ato criativo e criador, está vinculado a Bereshit tanto pela sua letra inicial Bet (ב), quando sua letra central, Resh (ר), indicando que o raciocínio (Resh) acontece na “casa” (Bet) de Deus, o Aleph (א) oculto no início do texto, que também indica que, antes da ação criativa e criadora, existe um “vazio” sem essa ação[5].

E a primeira informação nos leva à segunda, a divisão do pensamento divino. O “pensamento” está dividido em 3 (três) mundos, o Assiah (Ação), o mundo da ação, a terra, Erets (Terra)[6] (Simão), Malkuth; Yetzirah (Formação), o mundo formativo, representado pelas águas debaixo [Jacó]; e Briah (Criação), o mundo criativo, representado pelas águas de cima (João). Enquanto o mundo arquetípico (André), Atziluth (Emanação), dá a vida (movimento) aos outros 3 (três), que são feitos pela Água[7].

A terceira está correlacionada a letra Shin (ש) nos Céus (שמים). De valor número 300 (trezentos), a letra Shin é associada à ideia do fogo (אש), como elemento sagrado e purificador[8], é o fogo da vida[9]. Ademais, o seu nome significa “dente”, no sentido de ser aquilo que mastiga e destrói os alimentos, transformando o que foi triturado em algo útil para a nossa existência. Assim, enquanto as águas são os lugares nos quais o “eu” passa por experiências e pode ser “fisgado” para o alto, nos Céus, a letra Shin estabelece, dentre outras coisas, que o “eu” será purificado pelo próprio fogo e pelo triturar dos dentes.

Mateus 13 : 41-43

Enviará o Filho do Homem os seus núncios e recolherão para fora do reinado todas as armadilhas e os que fazem ilegalidade e os jogarão na fornalha do fogo, lá será o choro e o ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no reinado do Pai deles. Quem tem orelhas escute.

Outro ponto relacionado a letra Shin (ש), encontra-se na sua forma. Além de lembrar uma chama trina, ela é formada pela união de 3 (três) Vav (ו). Além da equivalência gematria com a palavra vida, entendemos que, como o Vav representa a multiplicação da sabedoria divina, a letra Shin insere essa informação dentro do conceito dos Céus (שמים).

Uma outra informação constante no versículo que estamos analisando e que reforça a ideia de os Céus são compostos pelos mesmo elementos constitutivos da Terra, está expresso no trecho “eles também no barco[10]. O barco é o veículo de transporte pelas águas, assim, conseguimos entender que o barco representa o nosso corpo manifesto e que, por Jacó e João também se encontrarem no barco, significa que estes dois aspectos e, consequentemente, os mundos existenciais, aos quais eles estão relacionados, encontram-se vinculados aos elementos da própria água.

Mateus 8 : 23-26

Depois disso, entrou no barco e os seus discípulos o acompanharam. E, nisso, houve no mar uma grande agitação, de modo que o barco era varrido pelas ondas. Ele, entretanto, dormia. Os discípulos então chegaram-se a ele e o despertaram, dizendo: ‘Senhor, salva-nos, estamos perecendo!’ Disse-lhes ele: ‘Por que tendes medo, homens fracos na fé?’ Depois, pondo-se de pé, conjurou severamente os ventos e o mar. E houve grande bonança.

Quanto a última parte do versículo, “consertando as redes”, indica que, uma vez que já houve a primeira purificação dos nossos “eus”, simbolizada pela primeira pesca (Simão e André) e a travessia do Véu de Nephesch, aquela rede não deve ser utilizada de maneira idêntica nas próximas provas. Desta forma, ela deve ser consertada, isto é, adaptada para a sua nova finalidade.

Este ato, de consertar a rede, também nos remete a uma outra questão. Apesar de ser o momento das provas relacionadas ao Véu de Paroketh, sempre é tempo de redimir aqueles que ficaram para trás e verificar se eles se encontram prontos, pois amadureceram no período da nova pescaria.

Lucas 15 : 4-7

‘Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? E, achando-a, alegre a põe sobre os ombros e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!’ Eu vos digo que, do mesmo modo, haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.

 

(20) E logo os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, partiram em seu seguimento.

A indicação do período de tempo, que Jesus atuou, denota, como vimos no versículo anterior, a passagem do segundo e do terceiro dia da criação, quando é finalizada a total definição dos 4 (quatro) mundos (Gênesis 1:6-13).

Apesar de acompanharem Jesus em sua verificação, as funções desempenhadas por Jacó e João, como filhos de Zebedeu, não podem ser abandonadas. Então, se estabelece a necessidade da continuidade do trabalho de separação das coisas do espírito, das coisas da matéria, por intermédio das práticas sagradas, da contagem do tempo.

Gênesis 1 : 14-19

Elohim disse: ‘Sejam luminares na expansão dos Céus para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles presságios para festivais [ou tempos ou estações] determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos Céus, para aluminar a terra”. E assim foi. E fez Elohim dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E Elohim os pôs na expansão dos Céus para alumiar a terra, e para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E Elohim viu que era bom. E foi tarde e a manhã, quarto dia.

Assim, independentemente de onde Jacó e João se encontrem atuando, todos os nossos demais “eus” ainda estarão sob o efeito da passagem do tempo e da maturação necessária para realizar o propósito de Yahweh, que entremos na Terra Prometida.

Eclesiastes 3 : 1-11

Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Que proveito o trabalhador tira de sua fadiga? Observo a tarefa que Deus deu aos homens para que dela se ocupem: tudo o que ele fez é apropriado em seu tempo. Também colocou no coração do homem o conjunto do tempo, sem que o homem possa atinar com a obra que Deus realiza desde o princípio até o fim.

Notas

[1] Enquanto a letra Mem (מ), no início e no fim da palavra, transmite o simbolismo da água e os seus caminhos, a letra Yod (י), no centro da palavra, indica a “centelha divina”, que anima e dá forma à água.

[2] Cefas significa pedra em Aramaico, no sentido da materialidade da própria rocha.

[3] Imagine o Sol e que, em sua direção, existe um caminho. A parte do caminho mais próxima do Sol está iluminada e, portanto, a chamamos de dia, enquanto a parte mais distante, está escura, é a noite. Como o caminho é em direção ao Sol, podemos, simbolicamente, dizer que o dia encontra o sol, enquanto a noite, vem no seu encalço, buscando-O.

[4] Apesar de em português existir uma possível confusão pela repetição da palavra água, na referência em hebraico, verificamos que existe uma ligeira distinção na grafia entre todas as águas contidas na passagem do Gênesis. A diferença das grafias decorre da incorporação, como prefixo, de elementos associados ao substantivo água. No geral, “as águas” são grafadas como המים, inclusive o trecho inicia indicando que as águas são המים e, na conclusão, referência as outras 2 (duas) águas como também sendo המים. Esta referência no final, significa que, apesar da separação provocada pela expansão, elas continuam unidas. Contudo, a grafia utilizada é a indicação de algo além do simbolismo clássico da grafia da água (מים), que é utilizado para designar as águas de cima. A grafia clássica vincula o movimento da água, grafado pela letra Mem tanto no início, quanto no final, em seu meio encontramos a letra Yod, que aponta para a centelha divina que existe dentro das águas como um anzol em potencial para que aquele que se encontre nas águas possa ser fisgado e se elevar. Contudo, ao fazer uso de um He (ה) no início da palavra na função de um artigo que se transformou em prefixo, denota que as águas são um portal a ser atravessado, mas que, ao mesmo tempo é a metade de uma totalidade, posto que tem valor numérico de 5 (cinco). E essa divisão é encontrada, inclusive, na repetição no He no Tetragrammaton YHWH (Yahweh) – יהוה. Já a grafia inicial para designar as águas debaixo, possuem um Lâmede (ל) em seu início (למים). Do ponto de vista gramatical, a presença do lamed como prefixo, indica a utilização de um “para”. A presença desta letra, de valor numérico 30 (trinta) e que significa agulha, esporão, é uma ferramenta para incitar o rebanho. Por isso, o seu significado, no geral, está vinculado à ideia do toque necessário para conduzir alguma coisa. Assim, as águas debaixo são aquelas que, apesar de serem fruto da separação das águas por conta da expansão, são a porção que nos tocam incitando o nosso movimento em uma direção. Outrossim, a grafia dos Céus segue o mesmo padrão, indicando que o conjunto das águas é denominado de Céus (שמים), que possui a letra Shin (ש) em seu início. De valor numeral 300 e significando dente, Shin é o triturar decorrente do mastigar, que visa purificar aquilo o que se mastiga para separar os nutrientes necessários daquilo o que não é necessário. Desta maneira, entendemos que o conjunto das águas, denominado de Céus, remetem ao processo de trituração, de lapidação, para retirar o que não é necessário, deixando apenas a essência nutritiva de alguma coisa, o que, numa linguagem mais esotérica, chamamos de purificação.

[5] Um Shabat antes do primeiro dia da semana, um Yom Rishon. Enquanto Yom significa dia, Rishon (ראשון) significa primeiro e deriva da palavra Rosh (ראש), que significa cabeça.

[6] O estabelecimento da terra firme, como o ponto mais denso das águas, ocorre no terceiro dia, quando há a separação entre as águas de baixo e a Terra. Gênesis 1:9 “Elohim disse: ‘juntem-se as águas debaixo dos céus num lugar, e apareça a porção seca’. E assim foi. E chamou Elohim a porção seca de Terra (Erets), e ao ajuntamento das águas de mares (Yamim – ימים)”.

[7] Pensando de forma associada a estudos da Árvore da Vida, podemos dizer que André representaria Kether, Chockmah e Binah; João (Evangelista), Chesed, Geburah e Tipheret; Jacó, Netzach, Hod e Yesod; e Simão seria Malkuth.

[8] É a letra de início da palavra Shalom (Paz), Shechiná (Presença Divina), Shadai (o guardião dos portões de Israel), toda Mezuzá tem uma letra Shin gravada no seu lado externo, Shiná (mudança), Shaná (ano).

[9] Em hebraico, as palavras que indicam homem e mulher também possuem o Shin, além do Aleph, Ich (איש) e Isha (אישה), respectivamente.

[10] No versículo que descreve André e Simão, apesar de fazer referência à atividade pesqueira, ignora-se a existência de um barco. Do ponto de vista mundano, isso pode ser explicado pela existência de atividades pesqueiras no litoral que não fazem uso de embarcação, nas quais os pescadores, da praia, lançam suas redes (tarrafas) nas águas. Do ponto de vista esotérico, isso se relaciona ao fato de que, embora Simão esteja no barco, isto é, no veículo manifesto, seu irmão, André, não faz parte deste veículo. Ademais, mesmo no próprio versículo relacionado a Jacó e João, o fato de eles estarem consertando a rede, indica, do ponto de vista material, que a embarcação se encontrava na areia da praia e não nas águas. Tais questões materiais da localização dos discípulos também são corroboradas, do ponto de vista material, da facilidade com que Jesus, caminhando pela praia, interagiu com os 4 (quatro) e como eles facilmente o seguiram.

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