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Décima Hora – Nuctemeron

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Décima Hora: Ela é a Chave do Ciclo Astronômico e do movimento circular da Vida dos homens.

Em nossa exposição sobre o Nuctemeron de Apolônio de Tiana chegamos à Décima Hora, a décima fase do Caminho do “vir-a-ser”, do Homem Divino. O texto desta Hora diz: “Ela é a Chave do Ciclo Astronômico e do movimento circular da vida dos homens.”

Explicamo-vos, tanto quanto possível, o significado da Nona Hora, e vimos como o homem, que se tornou apto para o Sacerdócio Gnóstico, ingressa no Jardim dos Deuses, a fim de salvar todo, a fim de salvar todas as coisas que se degeneraram nesse Jardim, e que ameaçam perder-se, renovando-as e fazendo-as retornar ao Lar. Ao mesmo tempo, referimo-nos aos Poderes que o Mago Gnóstico deve possuir para semelhante consecução. Esses Poderes constituem uma “Chave”, capaz de abrir todas as prisões.

Atravessando a Nona Hora, o candidato se encontra perfeitamente equipado para a sua tarefa como Obreiro na Grande Vinha. O número nove, visto de acordo com a Magia, é o último dos números, é denominado o Número do Homem, como certamente deveis saber, ele é o Número da glorificação e da consecução, e por isso libera grande força.

Assim, compreendemos que o número dez significa um Novo Ciclo, significa o desdobramento de uma nova série de desenvolvimentos num Plano Superior. Por outras palavras, abre-se diante de nós, que procuramos ver de fora o Grande Caminho do Desenvolvimento, uma ampla perspectiva relativa à poderosa extensão do trabalho dos Filhos de Deus.

Na Décima Hora torna-se necessário para o Obreiro que ele veja, de um modo geral, as manifestações degenerativas em sua interligação, e não tanto em seus detalhes. Para tanto, ele recebe a Chave do Ciclo Astronômico e do movimento circular da vida dos homens.

Para tornar-vos compreensível a Décima Hora, precisamos remeter-nos às leis e às forças, das radiações, as quais regem e guiam o Grande Espaço da Sétima Região Cósmica.

São as Radiações-Força do poderoso Reino Natural, radiações-forças que traçam suas trajetórias circulares, e assim, em ciclos que se diferenciam um do outro, crescem e descressem em atividade. Poder-se-ia designá-las como a Grande Alma do Espaço Natural, e na Cosmologia Gnóstica, essas Radiações recebem a denominação de Eões. Estes Eões naturalmente atuam, cooperando um com outro. O quadro externo dessa cooperação ainda pode ser caótico para a nossa compreensão, ou pode estar cheio de tensões e atritos, porém é um fato que essa cooperação é absolutamente necessária, e em seus resultados, não apresenta falhas. Mediante essas forças- radiação, ligadas à única lei, e que dela se explicam, a Sétima Região Cósmica mostra o seu inegável objetivo, isto é, o de ser o Jardim Alquímico ou a Oficina, o Jardim dos Deus, do total espaço Intercósmico.

Suponde que entrais num laboratório alquímico e que estais diante de muitos alambiques e retortas, cheios de pólvora e de soluções de toda espécie e de todas as cores. Dentre essas pólvora e soluções há as que são altamente perigosas, altamente venenosas e explosivas, caso se as manipulassem e aplicassem sem conhecimento e sem a correspondente finalidade, portanto não de acordo com a Lei. Resultaria naturalmente, a maior desgraça. E por isso devemos dizer que esses preparados são maus? São ruins? Certamente que não!

Eles são impessoais, completamente neutros. Eles possuem uma força, uma possibilidade, uma natureza. E esta força pode realizar o objetivo se for aplicada em sentido salutar e libertador, e isto quando aquele que a aplica, conhece o objetivo e o anela. Neste caso, pode se manifestar um bem e uma verdade superiores. Por isso, aquele que utiliza a Força, aquele que determina a Ação, o alquimista, o homem, é aquele que leva os Eões a serem maus. É o alquimista que desata o Bem e o Mal. E por isto que, desde os primórdios, foi vedado aos alquimistas comerem da Arvore do Conhecimento, do Bem e do Mal, em sentido experimental ou científico, porquanto, por assim terem feito, o Fogo foi atiçado na Sétima Região Cósmica, e, segundo o nosso modo de ver e a nossa experiência, o Bem e o Mal foram desencadeados.

Não se deve então liberar o superior atributo da Força alquímica? Sim, deve-se, e para isto, foi convocado o Filho de Deus, desde que, em perfeito saber e por impulso interno, se submeta à Lei e à Direção Única da Arvore da Vida, que está no meio do Jardim. E assim podeis conceber como o “Fogo” foi inflamado no Espaço, bem como as Flamas da desarmonia e da violência, e como surgiu uma reação em cadeia, em cujo desenvolvimento, um fogo desencadeou outro. E, desse modo, patenteou-se no Universo a “Ira”, a Maldade, e assim surgiram Eões bons e maus. Inúmeras entidades, enquanto se ocupavam com a manifestação de suas formas, foram apanhadas pelo jogo das flamas e mergulharam na degeneração. A Maldade adquiriu força e tornou forma nos átomos. Assim, como um afogado anela, deseja ar, assim também, manifestou-se anseio pelo Bem, pela Segurança, por Paz, Equilíbrio e Amor. E o homem, apanhado por essa infelicidade, foi atirado entre o Bem e o Mal. E não conheceis o lamento de Paulo: “Quando quero fazer o bem, faço o mal!?”

E assim temos o Inferno da dialética, o qual nos apanhou e se entranhou em nós, e isto porque o Universo da Sétima Região Cósmica crepita no Fogo Ímpio. E podemos perguntar: como é possível que em tais condições todo o Espaço com todas as suas criaturas não tenham perecido?

Porque os Filhos de Deus intervieram nesta Ordem-llusão Eles dividiram o Espaço em duas partes, numa permanecendo a Ordem Divina, e na outra manifestando-se a Ordem Ilusória, com o seu Bem e o seu Mal, assim informam os antigos relatos. Este último espaço foi isolado. O verdadeiro Paraíso, o Jardim dos Deuses tornou-se completamente inacessível aos “filhos da desobediência.”

Não poderiam os Filhos de Deus ter feito com que a totalidade do espaço tivesse voltado à condição original?

É evidente que tinham o poder para fazê-lo. Mas, se tal tivesse acontecido, então as inúmeras entidades, que foram vitimadas pela Impiedade, e por conseguinte, ficaram completamente desorganizadas, não seriam capazes de participar da restauração, se retivessem a correspondente Nova Natureza de sua manifestação, e assim ter-se-ia criado nova desgraça.

Por isso O Legítimo foi separado do Falso, e este, com todo que nele havia, foi encerrado numa Ordem de Socorro e submetido a um Plano de Salvação, a um sistema de Sete Leis de Radiação, para que a Verdadeira Vida pudesse, através de um Processo, libertar-se da Morte e da necessidade. Foi submetido a um Plano, para que a Verdadeira Vida pudesse libertar-se, através da atividade da Luz que, como uma Estrela de cinco pontas, com sete qualidades, irradia para dentro da Noite de nossa Existência Isolada. A Luz é denominada a Estrela de Belém. Por isso que os Irmãos da antiga Fraternidade evocavam, uns para os outros, as belas e magnificentes consolações de Belém, isto é, a Transfiguração, a grande Restauração mediante a Luz Libertadora. E quem ingressa na Décima Hora, recebe a Chave do Ciclo Astronômico e do movimento circular da Vida dos homens. Ele se torna um “Cooperador” da Estrela de Belém, um Cooperador do Corpo Vivo da Gnosis.

O que significa a posse dessa Chave?

O que tem ela em mira?

O gênero humano decaído encontra-se, em sua grande parte, tomado pela Maldade, de modo que, de muitos, pode se dizer que a carreira de sua vida está sob o Signo do que é demoníaco. Quando são tocados pela Luz de Belém, e neles desperta “nova possibilidade”, então aparecem os esbirros de Herodes, os matadores de crianças, para, sem demora, aniquilarem o que foi iniciado. Outro aspecto dos homens nascidos da natureza é a cobiça, cobiça ilimitada, cobiça que em parte resulta do Medo, e em parte da eu-centralizacao petrificada. Inúmeras pessoas existem que se iludem, quando dizem que realizam “verdadeira atividade.” Elas se imaginam criaturas de geração divina, e dão forma e expressão a essa ilusão. No entanto, elas não sabem que, comparadas aos Homens de Geração Divina, para a qual também elas são convocadas, são como “cães”. Todas essas pessoas rendem hornenagem ao Ônix, tão bem conhecido na magia.

Talvez seja do vosso conhecimento que o ônix, em sua forma mais pura, apresenta listras brancas e pretas. Como tal, o onix é um símbolo do Bem e do Mal, bem e mal desencadeados na Natureza da Morte.

O homem nascido da natureza, continuamente é jogado de um lado para o outro, porque os aspectos branco e preto são sempre relativos, permutáveis entre si (“Quando quero fazer o bem…”)

Em seguida, descobrimos que o “campo de respiração” do homem nascido da natureza está cheio de vampiros, os quais encontram-se ativos em suas práticas repugnantes, e como conseqüência, em todo o estado de vida natural mostra-se uma luz profundamente falsa, procurando, sem descanso, pôr-se no lugar da Estrela de Belém. Por conseguinte, quem, como Obreiro, revestido de Poderes, abrange na Décima Hora tudo isso, compreende que não tem nenhum sentido ver o homem decaído unicamente como entidade isolada, como indivíduo, e auxiliá-lo como tal, mas compreende que, ao mesmo tempo, devem ser atacadas, processualmente, as condições cósmicas de seu campo de vida. O fato é que o homem não pode ser nada mais do que é em razão de seu aprisionamento no calabouço das Forças Naturais desarmoniosas que foram desencadeadas. Por isso que a Luz de Belém traz doas Atividades Sanadoras, uma de cima para baixo, por meio da atividade das Leis da Radiação, isto é, a Atividade Regeneradora para a obtenção de relações cósmicas modificadas, as quais, unificarão o “espaço Isolado” com o Espaço da Árvore da Vida.

Com base nisso, diz-se que Cristo, mediante o emprego dessa Atividade Regeneradora, vence o o Mundo, que Ele baniu o pecado do mundo, e que o Mundo foi entregue a Ele.

Ao lado desse auxilio de cima para baixo, existe a atividade de baixo para cima a serviço do Homem, considerado individualmente, serviço em prol do homem que, sinceramente, busca a Luz de Belém.

E assim, compreendereis que através daqueles que receberam a Chave do Ciclo Astronômico e a Chave da Décima Hora, cada entidade decaída será elevada à Luz Universal, que as “Flamas do Fogo Cósmico” da impiedade serão apagadas, que toda ilusão será dissolvida em névoa, e aquilo que é demoníaco de fato se mostrará como inexistente. Este é, por conseguinte, o abençoado segredo da Décima Hora.

Que em breve possam descer sobre vós as belas e magnificentes Bênçãos de Belém.

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