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Secretum Secretorum

A Medicina Universal – Dogma e Ritual da Alta Magia

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20 –  U

CAPUT – RESSURRECTIO – CIRCULUS

A maioria das nossas doenças físicas vem das nossas doenças morais, conforme o dogma mágico único e universal, e em razão da lei das analogias.

Uma grande paixão à qual a pessoa se abandona corresponde sempre a uma grande doença que prepara a si mesma. Os pecados mortais são assim chamados porque fazem física e positivamente morrer.

Alexandre, o Grande, morreu de orgulho. Ele era naturalmente temperante e entregou- se por orgulho aos excessos que lhe deram a morte.

Francisco I morreu de um adultério. Luís XV morreu por causa do seu viveiro de veados.

Quando Marat foi assassinado, morria de cólera e inveja. Era um monômano de orgulho, que se julgava único, justo, e desejava matar tudo o que não fosse Marat.

Vários contemporâneos nossos morreram de ambição fracassada depois da revolução de fevereiro.

Desde que a vossa vontade esteja irrevogavelmente confirmada numa tendência absurda, estais mortos, e o escolho em que ficareis em pedaços não está longe.

É, pois, verdade dizer que a sabedoria conserva e prolonga a vida.

O grande Mestre disse: “A minha carne é um alimento e o meu sangue uma bebida. Comei minha carne e bebei meu sangue; tereis vida ”. E como o vulgo murmurava, acrescentou: “A carne aqui nada significa; as palavras que vos digo são espírito e vida ”. Queria, pois, dizer: “Saciai -vos do meu espírito e vivei da minha vida ”.

E, quando ia morrer, uniu a lembrança da sua vida ao signo do pão e a de seu espírito ao signo do vinho, e instituiu, assim, a comunhão da fé, da esperança e da caridade.

É no mesmo sentido que os mestres hermetistas disseram: Fazei potável o ouro e tereis a medicina universal; isto é, apropriai a verdade aos vossos costumes, que ela se torne a fonte em que vos saciareis todos os dias, e tereis em vós mesmos a imortalidade dos sábios. A temperança, a tranqüilidade da alma, a simplicidade de caráter, a calma e a razão da vontade não só fazem o homem feliz, mas também sábio e forte. É fazendo – se razoável e bom que o homem se torna imortal. Somos autores do nosso destino, e Deus não nos salva sem nossa colaboração.

A morte não existe para o sábio: a morte é um fantasma tornado horrível pela ignorância e a fraqueza do vulgo.
A mudança atesta o movimento, e o movimento só revela a vida. Até o cadáver não se decomporia se fosse morto: todas as moléculas que o compunham ficam vivas e se movem para se desprender.

E pensareis que o espírito foi o primeiro a desprender- se para não mais viver! Creríeis que o pensamento e o amor podem morrer, quando até a matéria mais grosseira não morre!

Se a mudança deve ser chamada morte, morremos e renascemos todos os dias, porque todos os dias as nossas formas mudam.

Temamos, pois, manchar e rasgar os vossos vestuários, mas não temamos deixá – los quando vem a hora do repouso.
O embalsamamento e conservação dos cadáveres são uma superstição contra a natureza. É um ensaio de criação da morte; é a imobilização forçada de uma substância que de a vida tem necessidade. Mas não se deve também ter muita pressa de destruir ou fazer desaparecerem os cadáveres; porque nada se realiza repentinamente na natureza, e não se deve arriscar romper violentamente os laços de uma alma que se desprende.

A morte nunca é instantânea; ela se opera por graus, como o sono. Enquanto o sangue não esfriou completamente, enquanto os nervos podem estremecer, o homem não está completamente morto, e, se nenhum dos órgãos essenciais da vida está destruído, a alma pode ser chamada, quer por acidente, quer por uma vontade forte.

Disse um filósofo que duvidaria do testemunho universal antes de crer na ressurreição de um morto, e nisso falou temerariamente; porque é pela fé do testemunho universal que ele acreditava na impossibilidade de uma ressurreição. Que seja provada uma ressurreição, que é que resultaria disso? Que era preciso negar a evidência ou renunciar à razão? Seria absurdo supô – lo. Será necessário concluir simplesmente que se acreditou, sem razão, impossível o ressurrecionismo. Ab actu ad posse valet consecutio.

Ousemos, agora, afirmar que a ressurreição é possível, e que até ela acontece mais do que cremos. Quantas pessoas, cuja morte foi jurídica e cientificamente constatada, foram encontradas mortas, é verdade, no seu caixão, mas tendo vivido, e tendo roído os punhos para abrir as suas artérias e escapar, por uma nova morte, de horríveis sofrimentos! Um médico nos dirá que estas pessoas não estavam mortas, mas sim em letargia? É o nome que dais à morte começada que não acaba, à morte que uma volta à vida vem desmentir. Facilmente nos libertamos de embaraços com palavras, quando é impossível explicar as coisas.

A alma esta presa ao corpo pela sensibilidade e, desde que a sensibilidade cessa, é sinal certo que a alma se afasta. O sono magnético é uma letargia ou morte fictícia, e curável à vontade. A eterização ou o torpor produzido pelo clorofórmio é uma letargia verdadeira, que, às vezes, acaba por uma morte definitiva, quando a alma, feliz pelo seu desprendimento passageiro, faz esforço de vontade para ir- se embora definitivamente; o que é possível nos que venceram o inferno, isto é, cuja força moral é superior às da atração astral. Por isso, a ressurreição só é possível para as almas elementares, e são principalmente elas que estão sujeitas a reviver involuntariamente no túmulo.
Os grandes homens e os verdadeiros sábios nunca são enterrados vivos.

Daremos, no nosso Ritual , a teoria e a prática do ressuscitamento, e, aos que me perguntarem se ressuscitei mortos, responderei que, se lhes dissesse, não me acreditariam.

Resta- nos examinar aqui, se a abolição da dor é possível, e se é bom empregar o clorofórmio ou o magnetismo para as operações cirúrgicas. Pensamos, e a ciência o reconhecerá mais tarde, que, diminuindo a sensibilidade, diminuímos a vida, e que tudo o que se tira da dor em tais circunstâncias vem em proveito da morte. A dor atesta a luta da vida, por isso notamos que, nas pessoas operadas em letargia, os curativos são muito dolorosos. Se reiterássemos em cada curativo o adormecimento pelo clorofórmio, aconteceria um das duas: ou o doente morreria, ou entre os curativos a dor voltaria e seria contínua. Não violentamos impunemente a natureza.

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