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“Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei” não haveria meio melhor de iniciar um longa discussão do que afirmando a alegria que é a liberdade de podermos realizar nossa vontade.
A tarefa de retamente explicar o que é Thelema, não é algo fácil, pois longe de ser uma conversão a qualquer religião, explicar Thelema é tornar todo ser cônscio de uma Lei tão geral quanto gravidade ou inércia. Agora, terminado certa apologia necessária antes da labuta, se coloque em guarda, feche a cara, para cima deles!
Esta nossa Lei gira em torno de uma palavra, Thelema, palavra qual significa simplesmente Vontade, disto segue naturalmente “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”, esta é a única demanda do Livro da Lei, porém mesmo sendo a apoteose da Liberdade humana, é a mais restrita das injunções, pois Faze o que tu queres não pode ser comparado a Faze o que te agrades.
Veja então que está claro no Livro da Lei que “Todo homem e toda mulher é uma estrela”, ou seja, um indivíduo com curso e órbita própria, órbita esta qual não interfere com a de qualquer outra estrela no Universo, e nossas relações com outras estrelas decorrem apenas per accidens, e não devem ser levadas a muito mais que isso. Segue então que “Todo número é infinito: não há diferença” (quanta Sabedoria em um número tão curto de palavras!), isto demonstra que embora cada estrela seja diferente da outra em órbita e função, ambas são a mesma coisa, portanto nenhuma obra, nenhuma estrela, inferior ou superior a outra, sendo cada uma necessária para um correto andamento do Universo. Ai! Do relojoeiro que negligências se a pequenina mola em seu grande sistema de tempo! E nestes curtos versos do Livro, muito foi se revelado da humanidade, revelação da verdade que o homem esteve tentando ocultar, que cada indivíduo é autossuficiente e exclusivo, embora igual em essência, sendo apenas a desordem nas órbitas que causa a bagunça no Universo.
É dito também que “… vontade pura, desembaraçada de propósito, livre de ânsia de resultado é todavia perfeita.”, portanto, esta Vontade deve ser pura, de propósito único, sendo a divisão de propósito o mal do mundo (se o coração dividisse sua vontade de bater com qualquer outra vontade, o corpo começaria a ruir); esta vontade deve ser desembaraçada de propósito, pode significar que qualquer propósito em nossa vontade a enfraqueceria (sabemos muito bem que nossas melhores jogadas são aquelas que nos perguntas “como eu fiz isso?”, ou seja, sem intenção); obviamente ânsia de resultado é algo de que ela deveria se livrar (já que quanto mais desejamos algo, estaremos apenas demonstrando o quão longe estamos de obter aquilo [isto é muito bem explicado no Amor]); deste modo se tornaria a Vontade perfeita.
Então Thelema diz que você deve, parafraseando o Mestre:
1 – Descobrir qual é tua Vontade;
2 – Executa- la com: propósito único; desprendimento; e paz.
Caso contrário sofrimento advém.
Isto brilhantemente Heidegger expôs com sua ideia de “ser” e “ente”, onde o “ser” seria aquele projeto original de curso qual o homem adquiriu por Vontade ao ingressar na vida, tal “ser”, seria melhor tratado como um “vir a ser”, pois seria uma busca durante a vida de se tornar/ realizar seu projeto original, tal Ser se utilizava do “ente”, o homem que interage, para se auto realizar. Infelizmente durante a vida, este Ente, em contato com o Ente dos outros, acaba se desviando do seu “vir a ser” e se voltava ao “vir a ser dos outros” (se é que o verdadeiro Ser dos outros seria capaz disto), tomando assim uma vida inautêntica. Vida qual só poderia retomar o projeto inicial passando por um trance de tristeza.
Por isto o Livro da Lei diz: “Faze o que tu queres e nada além disto” não o que os outros querem, e muito menos obrigar os outros a fazer o que você quiser. Nisto vemos todos os dogmas se tornando inúteis, pois não há pecado em qualquer ação verdadeira do homem, “a palavra do pecado é Restrição”, e todas as funções naturais do homem poderão ser executadas, e suas forças voltadas a evolução, desde que não agrida a Vontade de outrem.
Não há então um problema no uso de drogas, no sexo, ou em tomar um rumo em sua vida que lhe convenha, mantendo sempre a unidade de propósito, pois também está dito ao homem: “tomai vossa fartura e vontade de amor como vós quiserdes, quando, onde e com quem vós quiserdes!”, porém “sempre para Me!”. Porque, afinal, pouca diferença faz o que os outros fazem ou não em suas vidas, desde que não atrapalhem a nossa, e creio que o único problema em qualquer atitude alheia é apenas porque nos mostra nossa incapacidade de agir igual. Tenho dito! Não há de temer nenhum Deus ou homem por isto, pois não há deus senão o homem.
Um último parênteses, agora quanto a natureza da Vontade, pois Thelema possui o mesmo valor que Agápe (Amor em grego), 93, assim podemos considerar que a natureza essencial daquela Vontade é o Amor, ou seja, a Vontade de se unir com toda e qualquer coisa no mundo, destruindo assim toda a divisão (logo toda a dor), disto surge a Alegria infinita. Porém toda a união deve ser controlada pela Vontade, pois o homem fica exposto a um jogo de prazeres no qual ele pode acabar ludibriado e se desviar de seu propósito original, por isso “Amor é a Lei, Amor sob Vontade.”
Por BuZZik
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Uma resposta em “Iniciação a Thelema”
93! Ademir!
Independente do que alguém peça pra você fazer algo, ou vice-versa, seja você mesmo, use e manifeste a sua Vontade diante do mundo…