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A Improvisação e as 7 Leis do Pensamento Mágico

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Nat Tsolak

Jornalista científico, Matthew Hudson em seu livro ‘As 7 Leis do Pensamento Mágico: Como a crença irracional nos mantém felizes, saudáveis e sãos’ explica que o pensamento mágico tem uma base biológica e se tornou importante para nossa sobrevivência. O Pensamento Mágico nos ajuda a criar certezas e reduzir a ansiedade sobre um futuro incerto.

Nós antropomorfizamos objetos animados e inanimados, nós enxergamos humor, tristeza, culpa e decepção na expressão facial de nossos bichos de estimação. Nossos celulares, laptops e telefones tem qualidades sagradas, algumas pessoas até querem ser enterradas com seus dispositivos.

Hudson, embasado em pesquisas científicas atuais, identificou 7 temas ou leis do pensamento mágico. Essas mesmas leis estão arraigadas na prática da improvisação. O teatro de improvisação treina e encoraja o pensamento mágico durante o seu treinamento com vários jogos. Espetáculos de improvisação também são lugares onde a mágica acontece. Improvisadores ficam encantados no palco e entram em estado de transe. Eles transcendem a si mesmos como indivíduos, saindo do Eu e se tornando Nós, alguns chamam isso de atuação coletiva. Keith Johnstone explora o pensamento mágico extensamente em seus livros ‘Impro’ e ‘Impro for Storytellers’. Keith treina seus alunos para se tornarem mágicos contadores de histórias que encantam o público com o seu poder de narrativa.

Aqui está um rápido vislumbre das 7 Leis do pensamento mágico e como a prática do teatro de improvisação cultiva isso. Como as Leis são auto explicativas, vou enfocar as leis no contexto da improvisação.

1. Objetos possuem essência

Trance Masks (técnica de máscaras e impro desenvolvida por Keith Johnstone) coloca o improvisador em um estado de transe. Ele chega em um limiar, entre o céu e a terra, tornando-se um xamã que adquire sabedoria e poder sobrenatural. As máscaras são tratadas pelos atores como objetos poderosos e potentes. Devem ser tratadas com o maior respeito, protegidas e bem cuidadas. A máscara é a varinha mágica do improvisador, que pode transformá-lo em um xamã.

Além disso, o improvisador está cercado por objetos imaginários feitos por mímica. Ao criar um cenário assim, móveis, cozinha, utensílios, o espaço cria sua própria realidade, sua própria magia. O público sempre fica desapontado quando um ator está fazendo a mímica de segurar um copo de vinho e depois esquece e aperta a mão de alguém. Uma das premissas mais importantes na improvisação é atuar com verdade, engajado com a realidade criada em cena. Os improvisadores e o público aceitam e acreditam naquela realidade não importa o qual absurda seja.

Mantras também são muito usados, como Keith descreve em ‘Impro for Storytellers’: “Para aqueles alunos que vivem perdendo a concentração, eu digo: apenas se pergunte ‘O que eu estou fazendo aqui? E fique repetindo isso na sua cabeça. Professores de meditação dizem a mesma coisa. Levou um tempo para eu perceber que eu havia reinventado o mantra – uma frase ou palavra sagrada que gurus espirituais repetem para si mesmos como um caminho para ‘estar no mundo’ e não ‘avaliando o mundo’.

2. Símbolos tem Poder:

Charna Halpern no seu livro ‘The Truth in Comedy’ fala sobre o jogo das Invocações onde os improvisadores invocam um espírito, um ‘deus’. Ao invocar poderes sobrenaturais de objetos imaginários, esses objetos se tornam vivos. Os improvisadores podem também se tornar parte desses objetos poderosos, tornando-se deuses.

Esse jogo é geralmente usado no início de um Harold para ajudar os improvisadores a sair, transcender a si mesmos para chegar em uma mente grupal. O objeto mágico criado pode talvez ser usado em cena, talvez até virando o Deus Ex Machina da história. No mundo do pensamento mágico a realidade está em paz com o surreal. Pense em Salvador Dalí.

3. Ações causam consequências distantes

Rituais em grupos de improvisação criam camaradagem e uma forte dinâmica de grupo. No seu livro ‘Improv Wisdow”, Patricia Ryan Madson discorre detalhadamente sobre os rituais e sua importância na improvisação e na vida. Usar rituais, seja em espetáculos ou workshops, criam um sentimento de controle em relação ao futuro. Ajudam a criar certezas em relação ao futuro para o improvisador no treino ou no palco.

Patricia escreve: “ Esses rituais no início de cada sessão tem o efeito de criar ordem e harmonia. Nós sabemos o que fazer quando entramos na sala ou no palco. Limpamos a mente e entramos no mundo da Arte mas sem a obrigação de criar nada ainda. Possui um efeito relaxante. Os rituais são formas simples de chegar: eles dão estabilidade. Ironicamente, estabilidade é um elemento vital quando improvisamos”.

4. A mente não conhece limites

A improvisação ajuda a criar habilidades psíquicas e improvisadores podem desenvolver capacidades para ‘predizer o futuro’.

Charna Halpern no seu livro ‘Truth in Comedy’ escreve sobre atores desenvolvendo percepções extra-sensoriais e um sexto sentido. Na realidade, improvisadores se tornam uma mente grupal e conseguem ‘prever o futuro’. Halpern menciona momentos onde os atores conseguiram prever momentos em cena.

Jogos como Mind Meld ajudam a criar essa percepção extra-sensorial. Esse jogo é feito por duas pessoas, uma livre associação de palavras onde os jogadores, depois de muita prática, podem conseguir pensar na mesma palavra, como se fosse mágica.

5. A alma vive

Espíritos, almas, fantasmas e assombrações aparecem com regularidade em espetáculos e cursos de improvisação. Invariavelmente eles aparecem, sejam fantasmas ou personagens que vão para o além da vida. Na improvisação acredita-se piamente que a alma existe e às vezes volta.

No conceito mais fundamental da improvisação, o ‘Yes, And’, os improvisadores são encorajados a explorar o que acontece depois que um personagem morre. A história não acaba necessariamente ali, existe algo após a morte para ser explorado e descoberto. Improvisadores iniciantes ás vezes tentam impedir que seus personagens morram a qualquer custo, mesmo depois de sofrer machucados e outras causas de morte. Isso pode bloquear a linha narrativa da história e levar a um beco sem saída. Seus professores devem incentivá-los a explorar as possibilidades que vêm depois da morte do personagem.

6. O mundo está vivo

Na improvisação o mundo torna-se realmente vivo, objetos podem ganhar vida e começar a falar, animais geralmente falam, alienígenas existem com certeza. As plantas e a natureza estão vivas e geralmente se tornam personagens da história. Improvisadores acreditam que tudo tem uma alma e são parte de Deus. No jogo da Invocação mencionado antes, objetos são infundidos com espíritos e deuses.

Um jogo de Keith Johnstone chamado Pequena Voz elucida isso de forma linda. Dois jogadores, um em cena e outro fora. O que está em cena faz uma ação rotineira. O outro faz uma vozinha de animal, planta ou objeto. O que está em cena interage com esse outro personagem.

7. Tudo acontece por um motivo

Sincronicidade e coincidência são partes integrantes da improvisação. Elas aparecem na improvisação como re-incorporações. Improvisadores e espectadores gostam muito quando partes da história ou personagens reaparecem de novo.

Os seres humanos são máquinas de criar significados e deve haver um sentido por trás de tudo. Improvisadores são treinados a justificar ações e situações, mesmo as mais absurdas, tudo pode ser explicado. Improvisadores experientes podem justificar qualquer coisa e se permitir estar em situações impossíveis e consequentemente explicar como foram parar ali.

Keith Johnstone em seu livro ‘Impro for Storytellers’ explica que coloca seus improvisadores para fazer alguma coisa simples no palco, qualquer coisa como limpar o pó da estante ou pescar na beira do rio. Johnstone explica que “agora vou criar alguns mistérios, e permitir que outra parte do meu cérebro os explique”. Por que você não cria seus próprios mistérios e deixa seu próprio pensamento mágico os explicar?

Improvisação e storyteling fornecem uma oportunidade única de cultivar o pensamento mágico para aumentar a criatividade e viver de forma completa e feliz.

Tradução: Claudio Amado
Fonte: http://theschooloflaughter.com/improv-and-the-7-laws-of-magical-thinking/


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