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Liber CVI: Sobre a Morte

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UMA EPÍSTOLA DE BAPHOMET à Ilustre Dama Anna Wright, Companheira do Santo Graal, brilhante como a lua, a respeito da Morte, para que ela e suas irmãs possam trazer conforto a todos os que estejam próximos da morte e àqueles que os amem.

Amada Filha e Irmã,

Faze o que tu queres será o todo da Lei.

Que seja a tua vontade, e a vontade de todos os que cuidam dos enfermos, confortá-los e fortalecê-los com as seguintes palavras.

I

ESTÁ ESCRITO n’O Livro da Lei: Todo homem e toda mulher é uma Estrela. É Nossa Senhora das Estrelas que fala a ti, Ó tu que és uma estrela, um membro do Corpo de Nuith! Escuta, pois teus ouvidos ficam embotados com os ruídos mesquinhos da terra; o infinito silêncio das Estrelas te adora com música sutil. Contempla-a curvando-se sobre ti, uma chama azul, tudo tocando, toda penetrante, suas amáveis mãos sobre a terra negra, e seu corpo flexível arqueado por amor, e seus pés macios não ferindo as pequenas flores, e pensa que todo teu aspecto grosseiro logo cairá de ti quando tu pulares para o abraço dela, capturado no amor dela como uma gota de orvalho nos beijos do nascer do sol. Não é o êxtase de Nuit a consciência da continuidade da existência, a onipresença do corpo dela? Tudo o que te machucou foi porque tu não sabias disso, mesmo que se desvaneça de ti, tu ainda saberás, sempre, como tudo é um. Novamente Ela diz: Eu dou inimagináveis alegrias na terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte. Disso tu sabes. O tempo que come seus filhos não tem poder sobre os que não querem ser filhos do tempo. Para aqueles que se consideram imortais, que vivem sempre na eternidade, conscientes de Nuit, tronados na carruagem do sol, não há aquela morte que os homens chamam de morte. Em todo o universo, a escuridão só pode ser encontrada na sombra de um planeta grosseiro e opaco, o qual assim foi tratado por um tempo; o próprio universo é uma inundação de luz eterna. Da mesma forma, a morte é senão um acidente; tu te escondeste na sombra de teu corpo grosseiro e, tomando-o por realidade, tens tremido. Mas o orbe faz sua revolução rapidamente; a sombra passa longe de ti. Há dissolução e êxtase eterno nos beijos de Nu! Como fizeste tua a Lei da Liberdade, por ter vivido em Luz, Liberdade e Amor, te tornaste um Homem Livre da Cidade das Estrelas.

II

ESCUTA NOVAMENTE a tua própria voz dentro de ti. Não é Hadit a chama que queima em cada coração do homem e no núcleo de cada estrela? Ele não é Vida e o doador da Vida? E não é, no entanto, o conhecimento d’Ele o conhecimento da Morte? Pois foi mostrado a ti, em muitos outros lugares, como a Morte e o Amor são gêmeos. Agora és tu o caçador, e a Morte cavalga ao teu lado com a lança e o cavalo dela, enquanto tu persegues tua Vontade através das florestas da Eternidade, cujas árvores são os cabelos de Nuit, tua senhora! Freme com a alegria da vida e da morte! Saiba, caçador poderoso e veloz, que a presa entrou num descampado! Basta apenas dar um golpe forte e tu venceste. A Virgem da Eternidade jaz deitada à tua mercê, e tu és Pã! Tua morte será o selo da promessa de nosso amor de longa era. Não tens lutado até o mais íntimo em ti? A morte é a coroa de tudo. Mais forte! Sustenta a ti mesmo! Ergue tua cabeça! Não respira tão fundo — morre!

III

OU ESTÁS TU AINDA ENVOLVIDO com as tranças espinhosas da roseira brava que teceste em tua dança mágica na terra? Não são teus olhos fortes o suficiente para suportar a luz das estrelas? Deves te demorar ainda um pouco mais no vale? Tu deves te divertir com as sombras no crepúsculo? Então, se for a Tua Vontade, tu não tens direito senão fazer a Tua Vontade! Ama ainda esses fantasmas da terra; tu te fizeste um Rei; se te agradas brincar com brinquedos da matéria, não foram eles feitos para servir ao teu prazer? Então siga em tua mente a palavra maravilhosa da própria Estela da Revelação. Retorna, se tu quiseres, da abóbada das Estrelas; habita com a mortalidade e banqueteia‑te nela. Pois tu és, neste dia, Senhor do Céu e da Terra.

“O homem morto Ankh-f-na-Khonsu

Diz com sua voz de verdade e calma:

Ó tu que tens um único braço!

Ó tu que resplandeceis sob a lua!

Eu te teço no encanto de fiadura

Eu te fascino com a melodia ondulante.

O homem morto Ankh-f-na-Khonsu

Partiu das multidões sombrias

Juntou-se com habitantes da luz

Abrindo Duant, a abóbada estelar,

Recebendo suas chaves.

O homem morto Ankh-f-na-Khonsu

Fez de sua passagem para a noite

Seu prazer sobre a terra para realizar

Entre os vivos.”

Amor é a lei, amor sob vontade.

Que a Bênção do Todo-Criador, Todo-Devorador, esteja sobre ti.

Baphomet Xº O.T.O.

Dado sob Nossa mão e selo neste dia de An XII, o Sol, nosso Pai, estando em Leão, e a Lua em Peixes; do trono da Irlanda, Iona e toda a Bretanha, o qual está no Santuário da Gnose.

Tradução: Frater אל-אמא-יה


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