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Sexualidade Feminina

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Nos últimos milhares de anos, e ainda em muitas culturas, ser mulher tem sido considerado uma coisa ruim, inferior e/ou depreciativa.

 

Para o ser humano, principalmente para a mulher moderna, a transformação pela qual passa durante a puberdade é algo difícil e doloroso não só fisicamente. E é justamente este período que vai afetar a fase adulta deste ser em seus principais aspectos: físico, mental, emocional e, consequentemente, espiritual.

 

O rito de passagem da criança para a mulher acontece com a Menarca – o primeiro mênstruo.

 

O conceito de sexualidade é amplo na medida em que se situa entre a natureza e a cultura. Natureza no que se refere ao biológico, mas, sendo o biológico “traduzido” e reinterpretado pela cultura, podemos dizer que a sexualidade – como a conhecemos – é uma construção social. E como as relações sociais se dão dentro de um campo de poder, o conceito de sexualidade comporta também uma dimensão política: a relação do poder entre os sexos.

 

O discurso de nossa sociedade, ainda hoje, pretende encaixar a mulher em modelos de comportamento rígidos, mantendo-a numa estreita faixa que delimita o “permissível” dentro da sexualidade como sendo uma atitude passiva de expectativa e de aceitação. Por isso é difícil para a mulher assumir a sexualidade como algo seu. Essa dificuldade se faz sentir em vários aspectos, como, por exemplo, no que se refere à CONSECUÇÃO do prazer sexual que, segundo os parâmetros culturais, deve aparecer como “doado” pelo homem. Não se trata aqui de propor uma simples inversão de valores, delegando apenas à mulher a parte ativa na relação sexual, como defendem algumas equivocadas “feministas de plantão”. A relação homem/mulher, inclusive sexual, deveria ser partilhada, pois seus impasses ou sucessos dependem de ambos os parceiros.

 

Devemos ressaltar neste ponto a questão da polaridade que independe do fator biológico-sexual. Existem mulheres ativas (positivas); assim como passivas (negativas). E na mesma proporção homens ativos e passivos.

 

A vivência da sexualidade, tanto masculina quanto feminina em nossa cultura é permeada pelo desconhecimento, pela incapacidade de se falar naturalmente sobre ela. Que motivos levariam o indivíduo a negar o saber que possui sobre si mesmo? Moldar a identidade pelo desconhecimento é uma estratégia de sobrevivência desenvolvida no sentido de cumprir o modelo social estabelecido. Essa negação de um saber sobre si mesmo proporciona que todo um esquema de sujeição possa ser desenvolvido e internalizado. Assim, a menina “sem maldade” é aquela que ignora o segredo do seu corpo e de sua sexualidade, ou que esconde o seu saber; entretanto os valores, as normas e interdições sociais configuram “modelos sociais” diversos para o homem e para mulher. Para o homem é, sobretudo, um modelo que consente, que incentiva a fazer. Espera-se que ele exerça a sexualidade (mesmo que de maneira deturpada), e o “bom” desempenho sexual é uma preocupação e uma pressão fisiológica comum. E de pensarmos que a melhor maneira de nos relacionarmos com a menstruação seria ignorá-la tanto quanto possível e, assim como todas as mulheres, conviver com barrigas doloridas e um humor terrível? Esta atitude está enraizada na negação da feminilidade (silêncio), negação esta que atravessa a história dos últimos milhares de anos.

 

Em um tempo mais distante, quando homens e mulheres adoravam a Grande Deusa, ou o Grande Mistério, não existiam esses entraves quanto à sexualidade; tudo era mais simples e natural. Depois, já no período Matriarcal, houve uma restrição dos papeis masculinos, onde a Natureza feminina transformou-se, pouco a pouco, em “mistérios” aos quais os homens tinham pouco ou nenhum acesso. Perdeu-se, lentamente, o entendimento da Grande Deusa, e o Culto ficou restrito à Deusa, que deixou de ser uma Face para ser o Centro do Culto.

 

A cerca de três mil anos a.C. deu-se início o deslocamento, em longo prazo, do pêndulo da história humana e, à medida que passávamos ao Patriarcado, os valores foram sendo orientados para o masculino e a posição das mulheres na sociedade foi sofrendo uma transformação de tal ordem que os aspectos da vida relacionados ao feminino foram denegridos [1].

 

Com o decorrer do tempo, isso levou a uma associação da vergonha do corpo e ficamos dependentes da mente. Nos últimos milhares de anos as principais religiões do mundo surgiram como patriarcais (em vários planos).

 

A vergonha do corpo e a vergonha de ser mulher rapidamente se acrescentam à vergonha da menstruação. Há uma “vergonha” incutida na humanidade, que as mulheres “carregam” pelos simples fato de serem mulheres: no mito de Adão e Eva, tal como foi e é interpretada, a vergonha masculina só existe por causa da presença da mulher, que com sua intuição “deu ouvido” à Serpente e partiu em busca da Sabedoria (e onde está o erro??). Seria bom que levássemos a sério estas histórias, pois embora não sejam factuais, são as pedras angulares dos dogmas religiosos atuais do Ocidente e Oriente Médio.

 

Na Idade Média, para dar apoio religioso ao patriarcado ocidental, houve algumas re-criações sutis — e outras não tão sutis assim — dos velhos mitos. As mulheres passaram a ser corruptoras e deviam ser temíveis e repudiadas pelos servos de um deus totalmente masculino. A própria Gênesis foi deturpada para que isso pudesse acontecer. O Conhecimento do Bem e do Mal passou a ser o conhecimento do Sexo (como uma coisa “do diabo”) sendo a Serpente colocada como o próprio Mal, Satanás, ou “Príncipe das Trevas”, ao invés de reconhecê-la como SHAITAN, O que traz Sabedoria. E assim, Eva (a rameira com seus insidiosos poderes de sedução) corrompeu o inocente Adão, não porque ela buscasse o conhecimento e sim porque ela queria sexo. E a maldição de Deus caiu em forma de dores para gerar os filhos: “com dores você vai parir os filhos. Você vai desejar seu marido, mas ele será seu dono” (Gen. 3:16) e foi incluída aí a menstruação como a “maldição” mensal através da qual Eva (todas nós) paga por seus “pecados”. Aqueles que deturparam o mito não se ativeram para um detalhe: que com esta versão eles consideraram todos os homens, incluindo a si próprios, como idiotas manipuláveis.

 

O aumento do poder do patriarcado continuou seu percurso e embora práticas pagãs continuassem existindo em alguns pontos da Europa até a Idade Média, o Cristianismo as “destruiu”, auxiliado pelas mudanças socioeconômicas e pelo terror das guerras e da peste.

 

Depois do Cristianismo foi a Revolução Industrial do século XIX que trouxe novas mudanças: as mulheres foram divididas em três estereótipos culturais: as estoicas parideiras e operárias, as mulheres frágeis, e as prostitutas.

 

Para as operárias a menstruação era um incômodo que baixava sua produtividade, para as donas de casa era a comprovação da fragilidade, para as prostitutas, dias sem clientela.

 

Isso influenciou todo o processo posterior até chegarmos, com essa herança, na sociedade atual.

 

À medida que um número crescente de mulheres sai para trabalhar e que a nossa sociedade se desenvolve em termo de equivalência sexual, o estereótipo da mulher frágil e dependente vai-se desvanecendo. Já é mais um motivo de escárnio que um sinal de status. Passamos a dar maior valor à produtividade que ao lazer, e, para as mulheres já não é tão satisfatório ou econômico permanecer em casa.

 

De início, o feminismo moderno rejeitou as ideias da influência hormonal sobre as mulheres. Se as mulheres fossem julgadas inconfiáveis e/ou inconstantes devido às mudanças em seus hormônios no decorrer do mês, esta suposta inconfiabilidade era utilizada como uma razão para mantê-las afastadas das posições de poder. Em vista disto as “feministas” pregaram, equivocadamente, a TOTAL IGUALDADE COM OS HOMENS. Mas essa necessidade de conquistar a igualdade no mundo profissional nos conduziu a dispensar algumas ideias boas junto com as ruins.

 

Em geral, há pelo menos um vislumbre de verdade em qualquer ideologia, e os médicos do período Vitoriano não estavam completamente errados ao enfatizarem a importância da menstruação na saúde global das mulheres, o relacionamento entre o útero e o psiquismo e a sensatez do repouso durante o período menstrual. Rejeitamos essa ideia por nos lembrar a impotência e a “doença”. Mas dizer-se que algo não é uma doença não significa necessariamente o mesmo que ignorá-lo completamente.

 

As mudanças sociais durante os últimos quarenta anos podem parecer uma revolução, mas de muitas maneiras o que tem ocorrido é uma assimilação. As mulheres que buscam poder em um “mundo masculino” têm se voltado para isso, tornando-se pseudo-homens. Vários discursos feministas tentam (e conseguem por vezes) derrubar tabus, mas incorrem no erro de dizer que “nenhuma mulher menstruaria se não fosse obrigada a isso” (Germaine Greer em The Female Eunuch). Essa foi em grande parte a linha seguida pelo feminismo nos idos de 1960 a 1970 e só com a ascensão do movimento da espiritualidade feminina a menstruação começou a ser considerada algo sagrado e significativo.

 

OS SÍMBOLOS:

 

Por trás de atitudes e crenças há uma rede de símbolos e mitos que constituem uma parte permanente do padrão da experiência humana. O (re) conhecimento desses símbolos está arraigado em nós e nos é transmitido como um legado. Não importa o quanto tentamos ignorá-los eles continuam a existir e invadir nossa vida inconsciente com a sua influência Mágica.

 

A LUA:

 

A lua tem sido associada à loucura e à violência, mas também à inspiração e ao amor. No inglês a raiz das palavras moon (lua) e mind (mente) é a palavra indo-europeia MANA ou MEN, que significa mente, e um atributo de MA, a Mãe Suprema. As fazes da lua representam as Faces da Deusa que, por sua vez, é uma manifestação da Grande Deusa Primordial, ou Mãe Suprema. Assim como afeta o fluxo das águas, nossos fluidos corporais também são regidos pelo crescer e minguar da lua. Assim é o corpo da mulher – um equilíbrio hormonal em constante mutação, resultando em um fluxo e refluxo de fluidos: o sangue que flui durante a menstruação; a fase “seca” após o final do período; o muco que escorre durante a ovulação; os sucos da copulação (algumas mulheres chegam a ejacular quando têm orgasmos).

 

A parte técnica do período menstrual é vinculada à lua pela matemática:

 

A duração média do ciclo menstrual é de 29,5 dias que é exatamente o mesmo tempo que a lua demora em circundar a órbita da Terra.

 

A duração média da gravidez é de 265,8 dias exatamente 9 meses lunares (265,8 ÷ 9 = 29,5). A ocasião mais propícia para conceber é o 14º dia do ciclo (o que torna o período real de gravidez composto de 38 semanas, ou 266 dias, diferente do que dizem os médicos que calculam em 40 ou 42 semanas).

 

A ovulação é o sinal para a liberação dos hormônios que estimulam a formação do ENDOMÉTRIO, o revestimento do útero. O endométrio desprende-se (se não houver concepção) 14 dias após a ovulação: é o período do sangramento.

 

O SANGUE:

 

Um dos símbolos mais antigos e centrais, representando a vida; o símbolo primal da Força da Vida. É um dos primeiros sacramentos utilizados pela humanidade.

 

Nas diversas religiões o vinho tinto simboliza o Sangue, por vezes reconhecido como o próprio sangue menstrual, considerado sagrado nas culturas da Antiguidade. Conforme as culturas por todo mundo se tornaram patriarcais, foram desenvolvidos rituais de puberdade para os homens, também envolvendo derramamento de sangue, como imitação das perdas sanguíneas das mulheres.

 

Supõe-se que o costume do sacrifício de sangue originou-se da prática de se utilizar o sangue menstrual como sacramento. À medida que os sacerdotes ganhavam poder e as perspectiva das mulheres foi desaparecendo, também o poder da menstruação foi afastado dos rituais de adoração e reverência. Em vez de honrar a Deusa/Deus Interior, a religião voltou-se para a ideia de uma força externa que necessitava ser aplacada pela oferenda do sangue de um animal ou de uma pessoa jovem. Isso pode ser visto como uma distorção do Conhecimento Antigo. A oferenda do sangue menstrual era e é uma afirmação da Vida.

 

A SERPENTE:

 

Muitas culturas do mundo têm reverenciado a Serpente como símbolo universal da Renovação. Como KUNDALINI [2], é considerada a sede da energia Cósmica, símbolo da Vida e do Sexo (tanto o masculino, devido a sua forma fálica, quanto o feminino, devido ao seu ventre). Na Serpente URÆUS se vê a personificação do olho de Deus e a representação da Deusa de muitos nomes. OUROBOROS a serpente que morde a própria cauda é símbolo da infinitude do eterno retorno, da descida do Espírito para o mundo físico e do seu regresso. A Serpente é SETh, é SHAITAN, o Detentor do Conhecimento e da Sabedoria que todos nós temos que alcançar.

 

Uma das principais associações entre as mulheres e as Serpentes é por compartilharem um padrão de desprendimento cíclico. Para a Serpente, o que se desprende é a pele; para a mulher, o revestimento do útero. Uma vez que a pele é desprendida, a morte do feto potencial promove o renascimento da mulher. Eis o sacrifício sutil que com o não entendimento se tornou uma prática ritual em um passado relativamente recente.

 

O RESGATE:

 

Neste momento, defrontamo-nos com um desafio: ser “senhora de si”, apesar das estratégias de passividade e desconhecimento da violência, do medo, da dificuldade de individuação. Responder a este desafio, antes de qualquer coisa, é admitir a contradição, a transformação como um processo de constante FAZER e REFAZER na construção cotidiana de nós mesmas.

 

Resgatar é, pois, romper com a linguagem imposta, com o silêncio. E, também, procurar nomear o “mal sem nome”: INSATISFAÇÃO .

 

O conhecimento de seu próprio corpo e a exploração de sua potencialidade permitem à mulher aprender sobre sua sexualidade, desmistificando, pela prática, tabus e interdições que a alienam de si mesmas. E só assim, permite a aproximação e descoberta do corpo do outro.

 

As pessoas começam a se aproximar de uma realidade em que o “feminino” e o “masculino” não constituem categorias opostas estereotipadas. O feminino só é passivo em sua polaridade, assim como o masculino é positivo. Aqui se clareia um “mistério”: existem mulheres com polaridade positiva e homens com polaridade negativa. Isso não quer dizer “sapatão” ou “bicha”, que são formas estereotipadas de externalizar algo que é interno de cada um.

 

É comum pensar-se a liberação da mulher associada necessariamente a sucesso profissional ou a maior “liberdades de alternativas sexuais”. Ora, assim a mulher liberada, torna-se uma “cópia” do que se considera o modelo de homem bem sucedido e, tal como este, negaria e desvalorizaria os atributos ditos femininos. Não nos parece que inverter os papéis seja o caminho para o questionamento da assimetria sexual.

 

Conhecer a si mesma interna e externamente é a melhor proposta.

 

Basta ter coragem!

 

A MULHER:

 

Grande parte da força psíquica das mulheres está ligada ao ciclo de seus corpos, e, se ignorarmos este período e falharmos no reconhecimento de seu enorme valor, acabaremos perdendo contato com a riqueza da experiência feminina.

 

As culturas Oriental e indígena acreditam que a causa de muitas queixas ginecológicas é um comportamento impróprio durante a menstruação.

 

A menstruação é um período natural mensal em que o corpo necessita de um tempo, algumas horas ao menos, de relaxamento. Castrando esta tendência natural deixamos o corpo doente. Acompanhar as necessidades do corpo ao invés de ordenar que ele se adeque ao social é uma mudança importante. A mulher menstruando é considerada física e espiritualmente em seu estado mais poderoso. Permitindo que o corpo seja o professor nessa fase, pode-se APRENDER o significado disso.

 

Toda vez que menstruamos, ficamos em contato com o inconsciente através do nosso corpo. Daí termos fluxos mais intensos ou mais leves, mais ou menos dor ou outros sintomas, todos eles portadores de informações.

 

A síndrome pré-menstrual é nosso poder voltado para nós mesmas. Quando o poder é reconhecido e desenvolvido fica patente que nos traz clareza emocional e força mental, equilíbrio físico e abertura espiritual.

 

Nestes momentos necessitamos de solidão, e quanto mais difícil é conseguir este tempo para si, mais provável será experimentar dificuldades com a síndrome pré-menstrual. Desse modo, é possível que uma das funções dessa síndrome seja que, através da hostilidade possamos afastar aqueles que nos cercam.

 

É nesse período que libertamos as emoções que, se foram reprimidas, tendem a explodir em forma de lágrimas, gritos raiva ou tristeza exacerbada. Se isso não ocorre, aumenta a probabilidade de sintomas físicos: ter uma tendência contra uma determinada emoção significa que aquela emoção é a que tem mais probabilidade de surgir nesse momento; assim buscamos uma razão psicológica e um remédio físico. Muitas vezes a razão fisiológica e uma dieta e remédios podem ser de ajuda, mas a mente e o corpo não se separam e trabalhar no campo psicológico pode fazer maravilhas pela saúde de todo organismo.

 

Quando o Útero e a menstruação são vistos apenas como uma necessidade biológica desconfortável, a autoestima das mulheres é correspondentemente baixa. Conscientizando-nos do papel da menstruação como uma abertura à expressão das emoções nos é permitido respeitar o processo e operar em conjunto com ele.

 

Para ser uma pessoa inteira é preciso permitir a si mesma uma ampla variedade de expressão emocional, até reconhecê-las todas, e substituí-las, aos poucos, por sentimentos genuínos.

 

É interessante observar que os sintomas da Síndrome Pré-Menstrual são mais severos nas mulheres entre os trinta e os cinquenta anos. Uma possibilidade é o seu relacionamento com a individuação. É quando esse processo está atuante que a energia psíquica da mulher é liberada para desenvolver uma verdadeira individualidade.

 

A dor menstrual tem várias funções — uma delas é desviar nossa atenção para os nossos corpos. A consciência do corpo é uma habilidade subvalorizada na nossa cultura. Na escola e em casa, somos treinadas para pensar, ver e ouvir — mas raramente somos estimuladas a sentir. Por isso a mulher deve ter muita consciência das necessidades mutáveis do seu corpo.

 

A fisiologia cíclica da mulher mostra que ela não pode estabelecer uma norma rígida e mantê-la a qualquer preço. Ela é um ser cíclico, com fluxo e refluxo de energia. Entrar em contato com esse ritmo e encontrar maneiras de honrá-lo é um desafio.

 

Os sintomas menstruais colocam-nos de volta ao contato conosco. Quando temos dor não conseguimos ignorar o fato. Quando a dor é realmente forte, é quase impossível pensar em outra coisa, senão na parte do corpo que está “gritando”.

 

A cólica menstrual é, muitas vezes, ideopática, ou seja, consequência de uma disfunção orgânica não conhecida. É, por isso mesmo, o “grito” do útero avisando se algo está errado. Na medicina chinesa, as cólicas menstruais são sempre consideradas como indicativas de um desequilíbrio energético, que poderia ser corrigido por mudanças no estilo de vida e/ou na dieta, e/ou com medicamentos, e/ou fazendo tratamentos. As dificuldades emocionais podem, e geralmente provocam, não só cólicas menstruais como diversos tipos de dor. A medicina ocidental não diferencia a dor a esse ponto e, em geral, prescreve apenas analgésico (a menos que os sintomas sejam considerados sérios sob o ponto de vista da medicina).

 

Fisicamente, o sangramento é uma forma de eliminação e, por isso, é uma purificação do corpo. Do ponto de vista espiritual é um tempo de reconstrução interna: para o descanso, o retiro e a renovação. A menstruação é um período natural para as mulheres meditarem e estabelecerem contato interno e externo com o divino. É uma porta para dentro. Caso a mulher decida voltar-se para dentro durante o sangramento e permita a abertura desta porta de entrada, vai deixar que as informações, que estão no psiquismo, cheguem até a consciência.

 

No caso das mulheres que apresentam muitos sintomas, a partir do 14° dia elas já começam a experimentar o período de Kali, experimentando a fragmentação das coisas e as vendo escapar do controle, em parte por serem nutricionalmente deficientes ou ociosas ou estressadas. Nas mulheres saudáveis, é provável que a síndrome sobrevenha três ou quatro dias antes do fluxo.

 

A vida é um processo contínuo de autoconhecimento. Os sintomas aparecem para nos transmitir informações. Se não há um problema físico por trás do sintoma, são apenas contrações uterinas que, como no parto, provocam dor. Quando uma mulher menstrua, ela está trabalhando para dar à luz a si mesma.

 

É o contínuo renascimento.

 

IDEIAS E SUGESTÕES DE TRABALHO COM O PERÍODO MENSTRUAL:

 

  • É essencial começar a entrar em contato consigo mesma.

 

  • Faça um registro diário do seu ciclo, comparando os dias com as fases da lua, fazendo anotações em seu diário sobre seu nível de energia, seus impulsos, emoções, etc. Desse modo começará a aprender quais são seus próprios ritmos. É importante registrar os impulsos, mesmo que não sejam postos em prática.

 

  • Aprenda a fazer o que SEU CORPO, e não a sociedade QUER. Aprenda a identificar suas condições e as questione, seu corpo responderá se você permitir.

 

  • Quando estiver menstruada e tiver uma intuição forte, siga o impulso e veja o que acontece como resultado.

 

  • Observe como ocorre a sua meditação ou outras práticas durante o período pré-menstrual e menstrual e compare com o restante do mês.

 

  • Durante o período pré-menstrual e menstrual, a vida onírica é diferenciada, podendo-se, aí, trabalhar com os sonhos mais diretamente. Faça experiências com seus sonhos. O estado difuso de consciência que ocorre com a menstruação torna este período a época ideal para se atingir o que D. Juan chamava de ‘Nagual’.

 

  • Faça uma regressão ou retrospecto (se tiver boa memória) até se lembrar como foi a época da menarca.

 

  • Encare sua Menstruação como um processo Alquímico.

 

Notas:

 

[1] Este período coincide com o início do que os hindus chamam Kali Yuga ou Era da Escuridão e da Confusão. Diz-se que a Kali Yuga dura aproximadamente 5.000 anos e, portanto estamos vivenciando seu final.

 

[2] Termo tântrico hindu para a energia em repouso na base da espinha dorsal.

 

Referência Bibliográfica:

 

Berenstein, Dr. Eliezer: A Inteligência Hormonal da Mulher. Como o ciclo menstrual pode ser aliado, e não inimigo, do equilíbrio feminino. Editora Objetiva Ltda: 2001. Rio de Janeiro.

 

Budge, E.A. Wallis: The Gods of The Egyptians, or Studies in Egyptian Mythology. Vols. I – II. Dover Publications, Inc: 1969. New York.

 

Campbell, Joseph: As Máscaras de Deus. Vol. I (Mitologia Primitiva). Editora Palas Athena: 1992. São Paulo.

 

Castãneda, Carlos: O Segundo Círculo do Poder. Editora Record S.A.: 1995. Rio de Janeiro

 

Daniélou, Alain: Shiva e Dionísio. A Religião da Natureza e do Eros. Martins Fontes Editora Ltda: 1989. São Paulo.

 

Eliade, Mircea: História das Crenças e das Ideias Religiosas. Tomo 1 (Da Idade da Pedra aos Mistérios de Elêusis), Vol. I (Das Origens ao Judaísmo). Zahar Editores S.A.: 1983. Rio de Janeiro.

 

Qualls-Corbett, Nancy: A Prostituta Sagrada. A Face Eterna do Feminino. Edições Paulinas: 1990.São Paulo.

 

Owen, Lara: Seu Sangue é Ouro. Editora Rosa dos Tempos.

 

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Fonte:

 

Sexualidade Feminina.

 

https://lamatroniko.wixsite.com/lamatroniko/single-post/2007/12/12/sexualidade-feminina

 

Revisão final: Ícaro Aron Soares.


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