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LIBER XLIV
O mago, com seu peito nu, está diante dum altar no qual estão seu punhal, sino, turíbulo e dois pães de luz.
No sinal do entrante ele alcança o oeste através do altar e grita :
“Salve ! Ra, que vais em tua barca em direção às cavernas que a escuridão marca !”
Ele dá o sinal do silêncio e toma o sino e o fogo em suas mãos dizendo :
“Leste do altar veja-me de pés no chão, com luz e música em minha mão !”
Ele bate no sino onze vezes (333-55555-333) e põe fogo no turíbulo, enquanto profere :
” Eu sôo o sino, eu acendo a chama, sou eu quem inflama o misterioso nome ABRAHADABRA.”
Ele soa o sino onze vezes novamente e diz :
” Agora começo a orar.
Tu, criança, teu nome é sagrado e imaculado.
Teu reino já está neste lugar.
Tua Vontade está feita.
Aqui estão o pão e o sangue
Leve-me ao Sol através da meia-noite.
Salve-me do mal e do bem.
Que tua Coroa de todas as dez, aqui mesmo e agora, seja minha.
Amen.”
Ele põe o primeiro pão de luz no fogo do turíbulo.
“Queimo este pão como incenso, proclamo estas adorações de teu nome.”
Ele usa os pães como no Liber Legis e novamente soa o sino onze vezes.
Com o punhal ele faz então, sobre seu peito, o sigilo do triângulo solar apontado para cima. Então profere:
“Cuidado ! Da mente este peito sangrento, talhado com o signo do sacramento.”
Ele põe o segundo pão de luz na ferida :
“Eu estanco o sangue, o pão o enxuga e o Sumo Sacerdote invoca.”
Ele come o segundo pão :
“Este pão eu como, este juramento profiro enquanto inflamo-me em adoração. Não há culpa, não há benção, esta é a Lei. Faze o que tu queres!”
Ele bate no sino de novo onze vezes e grita :
“ABRAHADABRA !
Eu entrei com desgosto e júbilo.
Eu agora me vou satisfeito por realizar meu prazer na terra entre as legiões dos vivos.”
E o mago se vai.
Notas
Na versão em inglês os versos rimam, tornando a cerimônia muito mais eficaz com seu lirismo. A rima também ajuda como recurso mnemônico, tornando o rito fácil de se decorar após uma ou duas vezes de executado, sendo que ao ser feito decorado é possível dar mais ritmo e espontaneidade ao andamento do mesmo, aumentando também a eficácia.
Em português já é mais difícil manter a rima em conjunto com o sentido que se quer dar às palavras. Quando possível, a rima foi mantida na tradução, mas quando a rima prejudicou a tradução, deu-se preferência a esta, porque as idéias assim fizeram mais sentido.
Há várias edições do próprio Crowley. Para um exemplo das primeiras versões, veja “Magick”, apêndice VI, editado por Symonds e Grant, Samuel Weiser, 1973 e várias outras edições.
Para facilitar a vida daqueles que desejem praticar a Missa da Fênix original, vai abaixo a versão em inglês.
LIBER XLIV
— THE MASS OF THE PHOENIX —
The Magician, his breast bare, stands before an altar on which are his Burin, Bell, Thurible, and two of the Cakes of Light. In the Sign of the Enterer he reaches West across the Altar, and cries :
“Hail Ra, that goest in thy bark
Into the caverns of the Dark! “
He gives the sign of Silence, and takes the Bell, and Fire, in his hands.
“East of the Altar see me stand
With light and musick in my hand!”
He strikes Eleven times upon the Bell (333 – 55555 – 333) and places the Fire in the Thurible.
“I strike the Bell; I light the Flame;
I utter the mysterious Name.
ABRAHADABRA !”
He strikes eleven times upon the Bell.
“Now I begin to pray:
Thou Child, Holy Thy name and undefiled!
Thy reign is come; Thy will is done.
Here is the Bread; here is the Blood.
Bring me through midnight to the Sun!
Save me from Evil and from Good!
That Thy one crown of all the Ten
Even now and here be mine. AMEN.”
He puts the first Cake on the Fire of the Thurible.
“I burn the Incense-cake, proclaim
These adorations of Thy name.”
He makes them as in Liber Legis, and strikes again Eleven times upon the Bell. With the Burin he then makes upon his breast the sigil of the upright solar triangle.
“Behold this bleeding breast of mine
Gashed with the sacramental sign!”
He puts the second Cake to the wound.
“I stanch the Blood; the wafer soaks
It up, and the high priest invokes!”
He eats the second Cake.
“This Bread I eat. This Oath I swear
As I enflame myself with prayer:
There is no grace: there is no guilt:
This is the Law: DO WHAT THOU WILT!”
He strikes Eleven times upon the Bell, and cries
“ABRAHADABRA.
I entered in with woe; with mirth
I now go forth, and with thanksgiving,
To do my pleasure on the earth
Among the legions of the living.”
He goeth forth.
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