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Magia Sexual nas Tradições Gnósticas – Grimório de Magia Sexual (15 de 16)

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“Como crianças são aqueles que entram no reino. Quando vocês, como estas pequenas crianças, tirarem suas roupas sem vergonha, quando vocês fizerem dois tornarem-se um, quando vocês fizerem macho e fêmea numa unidade, então vocês entrarão no reino.”

Evangelho de Thomás

Os mistérios da Magia Sexual não são apenas descobertos no oriente. Se aceitarmos a hipótese de difusão central e localizarmos o ponto de partida dos Mistérios na Tartária, cujos restos são encontrados hoje no deserto de Gobi, então podemos facilmente ver como os mistérios se espalharam nos templos do ocidente como do oriente.

O Gnosticismo foi de longe o maior culto tântrico dentro da história ocidental, não podendo ser definido como um movimento pois cobre uma grande variedade de diferentes teorias e práticas muito afins aos vários sectos encontrados dentro do Hinduísmo ou Budismo). Contudo, teorias gerais abraçadas em comum pelas seitas gnósticas e estas formam uma ligação ocidental importante para as nossas modernas tradições tântricas.

Remanescentes Tântricos Dentro do Cristianismo

Nos trabalhos de John Allegro as origens do cristianismo são, afinal, deixadas nuas. O cristianismo é mostrado como sendo derivado dos cultos antigos de fertilidade do Oriente Médio com uma doutrina primária sendo o uso de ritos sexuais na forma de Eucaristia. Encontramos, num exame, que os deuses centrais, tanto na tradição grega quanto hebraica, Zeus e IHVH derivam de um único e comum termo composto de duas sílabas, IA e U.

IA significa sumo e U significa cópula. Portanto, os nomes divinos destas tribos cifram a imagem do “Sumo da Cópula”. Aqui descobrimos uma ligação direta entre a presença de uma força externa ao homem e sua manifestação na Eucaristia do pão e do vinho, símbolos do sêmen e fluidos vaginais.

É também interessante considerar os ideais sagrados do cristianismo como restos do ensinamentos gnósticos originais. A Torah, por exemplo, no Judaísmo é a ‘consumação’ da semente do conhecimento, portanto, em termos gnósticos, o Alto Sacerdote é o receptor e intérprete da Semente Sagrada. Isto é ainda mais explícito quando consideramos o mistério sexual do Tabernáculo Sagrado.

 

O Tabernáculo Tântrico

O Tabernáculo era o templo sagrado construído pelos povos hebreus durante sua diáspora pelas terras inexploradas. De acordo com vários eruditos sua estrutura tem sido assinalada por uma variedade de interpretações religiosas. Contudo, quando examinamos o tabernáculo alinhado com o sistema gnóstico do Tantrismo surgem interessantes paralelos.

O Tabernáculo por todo o Oriente Médio tinha regras específicas e era uniforme, quando examinado mais de perto descobrimos que representa o microcosmo terreno do útero. A construção em si mesma é composta de três segmentos distintos :

– A Côrte Externa ou Portal : representa o Véu ou orifício vaginal até o hímem.

– O Saguão : representa a própria vagina.

– O Santuário dos Santuários (Sanctum Sanctorum) : Que representa o Útero.

O Alto Sacerdote do templo vestia robes elaborados cobertos de seivas e resinas, que claramente simbolizavam a potência do falo, além de vestir duas placas que representavam os testículos suspendendo a lança sagrada. Em muitas ocasiões ritualísticas o Alto Sacerdote, sozinho, poderia entrar no Saguão, enquanto que uma vez por ano o Alto Sacerdote entrava no Sanctum Sanctorum por um grande ato de penetração, sendo este cercado por muitos dias de cerimônias religiosas.

Ritos de Batismo

Batismo por imersão ou asperção marcava a entrada de um iniciado no Culto Tântrico Gnóstico. Nos primeiros sectos tais como os essênios, este ritual era realizado em dois estágios : os batismo de água e o de fogo. Um fino exemplo do ritual de batismo é encontrado no culto a Mithra, onde precedendo o Batismo o iniciado era deitado como fosse um morto enrijecido e o Hierofante o puxava pela mão direita simbolizando sua ressurreição numa nova vida. Seguia-se então o verdadeiro ato de batismo, onde o iniciado era posto num poço, nu, debaixo de uma grade e um touro ou animal similar era sacrificado sobre o poço para que o sangue jorra-se e banha-se o iniciado. A isto associava-se a troca do velho nome para a de um novo nome e um juramento dedicacional.

Esta forma de batismo é bem similar ao das tradições gnósticas salvo que seu uso de sangue reflete seu tom militar ao invés das práticas usuais do Gnosticismo.

É encontrado nos primevos cultos gnósticos não influenciados pela mensagem militar de Mithra que o batismo era alcançado através do uso de secreções sexuais. Este uso de fluidos sexuais é certamente provado pelos registros de tais grupos como os essênios. Mesmo na versão bíblica do batismo de Jesus encontramos o uso da imagem da pomba, que era especificamente o símbolo de secreções sexuais no culto Essênio.

O segundo batismo, o de fogo, era também conhecido como o ‘Rito de Shin’. Dava aos iniciados plena admissão no culto de mistérios e era celebrado po uma ocasião ritual bem como as primeiras experiências do ‘Rito da Câmara Nupcial.’ Seu propósito era marcar a confirmação de um iniciado nos mistérios e sua aceitação na e pela comunidade gnóstica.

O Rito da Câmara Nupcial

Nas imagens religiosas do novo e velho testamentos a deidade era vista como o patriarca de seu povo. No Apocalipse (Apoc. 21:2, 22:17) a Igreja é vividamente retratada como a noiva de Cristo e na Canção de Salomão do velho testamento, o abraço erótico de Deus e da Igreja é explicitamente descrito. Há muito tempo que já é aceita que a alegoria destes textos é a de que Deus e sua Igreja uniram-se em abraço conjugal.

Nos cultos gnósticos acreditava-se que através da união das várias facetas dos Aeons (afins às Sephiroth) Aeons posteriores eram produzidos, estes seguindo até que posteriores Aeons fossem produzidos e por aí vai, ao infinito. De tempos em tempos os gnósticos celebravam o Rito da Câmara Nupcial para reconciliar estas forças Aeônicas, tanto externamente quanto internamente em relação a eles mesmos. O ideal sendo um estado de androginia divina.

“O Senhor disse num Mistério ‘se você não fizer os dois tornarem-se um, o macho como a fêmea, o esquerdo como o direito, o que está diante de você como o que está atrás de você e as coisas acima como as que estão abaixo, você não verá o reino’.”

O Evangelho de Thomás

Na Câmara Nupcial o sacerdote e a sacerdotisa participantes assumem a forma divina do Redentor (Soter) e da Sabedoria (Sophia) de acordo com os ritos antigos, após o qual eles consumam sua união. Seguindo esta congregação faz-se exatamente com igual força a visualização das formas de Soter e Sophia. Acreditava-se que estes ritos manifestavam a Shekinah ou presença do Espírito Santo e transformava os iniciados através de sua união mística com Cristo. Neste contexto o termo ‘Cristo’ refere-se à sua semântica na palavra grega ‘Christós’ que significa a força ungidora, o filho-sol (sun-son) formado pela união do Soter e Sophia. Este rito é, numa forma primitiva, uma celebração religiosa da Missa Gnóstica (Gamaísmo) como ensinada dentro da tradição tântrica do Santuário. Ilustra a continuidade dos Mistérios dentro do ocidente e revela o significado esotérico destes símbolos que tem sido tão distorcidos pelas Igrejas Cristãs Modernas.

“Se qualquer pessoa torna-se um filho da Câmara Nupcial, ele receberá luz. Se qualquer pesso não a recebe enquanto neste lugar, ele não a receberá em nenhum outro lugar.”

O Evangelho de Filipe

Os Eleutérios

Os Eleuterianos são um exemplo primal de uma comunidade Gnóstica e Tântrica primeva, conhecida como “Alento do Livre Espírito”, basearam sua filosofia no ideal de que se nós somos realmente santificados e estamos mesmo num estado de ‘Graça’ então estamos além das restrições morais. De acordo, as coisas que podem condenar um ‘homem da carne’ são as mesmas coisas que podem ser usadas sem culpabilidade moral para o ‘Homem do Espírito Livre’. Esta idéia era baseada numa compreensão radical de vários textos do novo testamento, onde o Novo Eu foi tomado como estando além dos confins das restrições morais e legais das leis do velho testamento.

“Consequentemente de agora em diante não conhecemos homens de acordo com a carne, mesmo se tivéssemos conhecido Cristo de acordo com a carne, certamente não mais o conhecemos. Consequentemente, se qualquer um está em união com Cristo, ele é uma nova criação, a velha passa ao longe. Olhe! Novas coisas tomaram existência.”

2 Conríntios 5:16,17

“De tal liberdade Cristo nos vê livres. Ainda assim fique alerta e não se deixe confinar novamente numa escravatura opressiva.”

Galations, 5:1

Ampliando esta filsofia, o Alento do Espírito Livre, mais tarde conhecido como a Intelligentiae Homines (Pessoas com gnosis), desenvolveu sistemas de misticismo sexual usando técnicas afins ao Karezza. Estas eram usadas induzir estados de êxtase bem como revelações e visões. O serviço da Igreja era feito nu e os sacramentos das secreções sexuais eram usados bem como uma imensa variedade de técnicas sexuais usando códigos bíblicos como cifras. Por exemplo, o Karezza era conhecido como o ‘Rito do Fluxo Ascendente do Jordão’. Este culto gnóstico em especial sobreviveu muitos séculos, em 1516 Hieronymus Bosch, o famoso pintor, era um membro de um grupo derivado do Alento e historiadores modernos até descobriram ligações entre eles e os primeiros Anabatistas.

O Mistério de Shin

Ao examinarmos a história do Tantrismo Gnóstico, a questão de sua relação à Magia Sexual moderna pode surgir. Para entender esta relação devemos examinar o Mistério de Shin em relação às práticas Gnósticas e Tântricas. O movimento moderno em direção à realização da Gnosis na Magia Sexual pode ser dividida em três movimentos distintos, cada um relacionado a um aspecto do Fogo do Triplo Shin ou Shekinah.

 

O Fogo do Corpo

Este fogo é encontrado nas técnicas físicas da Magia Sexual que oferecem ao mago a habilidade de aprender e usar o organismo físico com seus fluxos e refluxos para atingir crescimento espiritual.

 

O Fogo do Espírito

Este Fogo é a essência dos Mistérios, compreendendo a matriz astral da Astrum Argum que engloba a corrente de Thelema (93) e a de Maat (896) para guiar aqueles que buscam o estado de Humano Superior.

 

O Fogo da Alma

O fogo é o personagem ou forma. É forma pela influência conjunta dos fogos opostos do corpo e do espírito e tem uma grande variedade de aplicações. É pessoalmente adaptado pelo indivíduo de acordo com a personalidade, cultura e período de tempo. Como foi escrito sobre uma porta de um templo budista no Ceilão : “Para cada cem monges, há cem religiões.” Assim também é o fogo da alma, que se amolda numa variedade de fórmulas e personagens.

Estas possibilidades ilustram como a mensagem do Novo Aeon é com certeza uma mensagem para todos, podendo ser adaptada a uma amplitude enorme de almas e culturas, enquanto é sustentada a pureza da mensagem. O fogo de Shin é um símbolo da corrente que está varrendo a civilização e irá, em seus vários aspectos, transformar e transmutar aqueles que estão prontos, no próximo estágio de desenvolvimento pós-humano, o Humano Superior.

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