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Magia do Caos

Como aproveitar ao máximo este material – Salt Magick

Leia em 9 minutos.

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Não há nenhuma exigência para a leitura deste livro, desde que o magista esteja ciente de que tudo o que resultará desta leitura será fruto de sua livre e espontânea vontade. Porém, se há uma orientação a ser dada, ela se resume em: Saiba ANTES de ler, o que realmente é Magia do Caos, caso nunca tenha ouvido falar a respeito. As dicas a respeito do assunto estão muito resumidas aqui.

Este material se resume em uma magick simples, onde utilizamos dois elementos básicos: o sal e a água.

Todo o trabalho é estruturado nos princípios da Magia do Caos ou Chaos Magick, e parte do pressuposto que o leitor tenha um mínimo de
afinidade com o assunto.

Aquele leitor que ainda não domina os conceitos básicos de CM como a “Técnica de Sigilização” de Austin Osman Spare deverá, primeiramente,
procurar informações sobre o assunto para que não queime etapas e se perca no processo.

Por outro lado, tanto para veteranos como para iniciantes em CM, o texto poderá ser bem útil, pois trata de novas propostas e novas alternativas dentro do que já é de amplo conhecimento da maioria.

É certo que o mago caótico, por sua natureza, sempre estará criando novas formas de abordagens dentro de tudo o que lhe é proposto. Mas a
grande dificuldade se encontra na aplicabilidade destas mudanças e, acima de tudo, no tempo necessário para que possa refiná-las. Em todos os casos, só há duas alternativas para testar a eficácia de seus empreendimentos: erro e acerto.

Nem sempre temos tempo ou paciência para inúmeras tentativas. Por este motivo, penso que este trabalho pode servir de incentivo para que os magistas que se envolvem com novos procedimentos possam compartilhar suas descobertas, de modo abreviar o trabalho de outros colegas. Ao longo de mais de duas décadas envolvido com magia, percebi que, a cada dia, aumenta o número de magistas no Brasil, e vejo isso com grande entusiasmo, porque somos um país com riqueza e diversidade espiritual e religiosa. Há no momento atual uma grande abertura  para que possamos praticar magia, independente do preconceito e das resistências ainda presentes na nossa cultura, e bem menos impeditivas se comparado a outros países.

Percebo um número crescente de jovens com grande interesse sobre o assunto, e esse é outro sinal de que a magia no país terá um belo futuro pela frente.

O que tempos atrás era privilégio de pequenos grupos, quase sempre fechados, hoje se espalha para todos os lugares por intermédio da internet.  Para um magista do Caos isso é uma grande vantagem, pois suas atividades são, na grande maioria, trabalhos solitários. Também há um grupo grande – e eu me incluo nele – de magistas que não se sentem compelidos a participar de iniciações, pactos, reuniões cotidianas e grandes celebrações. Nunca participei de uma magia caótica que tivesse acima de 15 pessoas juntas, sendo que, em 99% de minhas práticas, estou sozinho. Esta é uma das facilidades que me atraíram para este meta-sistema.

Outra questão, que sempre ressalto, é o fato de não haver necessidade de se acorrentar a nada, nem a ninguém. A liberdade proporcionada pela CM é algo que não se encontra em nenhum outro sistema.

A objetividade é igualmente importante. Desde o começo sempre ouvimos a frase “se não te serve, jogue fora” ou “se funcionou é bom”. Esta
praticidade faz com que a Magia do Caos se torne algo muito divertido e gratificante; ao mesmo tempo em que direciona o foco para algo realmente é importante. Sem firulas.

Estes pontos me fizeram um adepto da CM.  Mas adianto que possivelmente minha abordagem difere da maioria.

Um amigo apelidou esta abordagem de “Magia Branca do Caos”. E isso  se deve ao fato de eu eliminar alguns pontos que considero desnecessários.  É uma abordagem pessoal, alguns concordam, outros não.

O que posso afirmar com segurança é que tem dado certo. E certamente não é mais difícil do que outros caminhos.

Acredito que todo magista deva pensar em magick como um complemento ou extensão de suas peculiaridades e temperamento. Não é inteligente impor uma abordagem que seja distinta da natureza do magista. Forçar algo que vai trazer incômodo e eventual perda da naturalidade e fluidez.

É por este motivo que não indico e não uso nenhum tipo de droga, lícita ou ilícita. Não digo que nunca bebo ou nunca fumo. Posso fazer  isso algumas vezes por ano, em ocasiões especiais. Mas beber e fumar não são hábitos. Nunca sacrifiquei ou feri animais em magia. Tenho seguido, há muitos anos a dieta vegetariana, exatamente por compaixão aos animais. Não faria sentido matá-los ou feri-los em magia. Sou um homem que gosta de mulheres e não sou adepto da promiscuidade. Por este motivo, tenho algumas ressalvas quanto a magia sexual em grupo. Se não sou atraído sexualmente por homens, porque vou dar a bunda pra fazer magia? Se pratico meditações purificadoras regularmente, porque vou ficar enfiando meu pinto em qualquer uma por aí?

Quanto ao ataque a outras pessoas, amarrações do amor e coisas do gênero, tenho comigo que, a partir do momento em que faço uma magick para um inimigo, estou conferindo um “valor” a ele. Principalmente porque, para que uma magick atue, é necessária a ocorrência dos atos mágickos em uma relação extra dimensional em que objeto e agente devem se correlacionar. Com base neste ponto, estou criando no universo de probabilidades o sucesso do empreendimento ou o fracasso. Em resumo, posso prejudicá-lo ou não.  Posso minar suas forças, mas ao mesmo tempo, interferir para que ele ative-as. Chega-se à conclusão que o magista estará, inevitavelmente, atribuindo poder ao objeto. Não é uma atitude sensata dar poder ao seu inimigo, aliás, não é uma atitude sensata ter inimigos. O mesmo ocorre com as amarrações e feitiços para atrair o amor de uma pessoa específica. Partindo da conclusão lógica de que se o magista já está sob forte influência da pessoa desejada, a ponto de fazer um ritual para que ela se aproxime, o próprio ato mágicko aumentará ainda mais esta influência. Isso  só pode resultar no enfraquecimento do magista que passará então a ser  subjugado por uma pessoa que, muitas vezes só terá alguns atributos físicos a lhe oferecer. Ao utilizar seu espectro psíquico em intentos mágickos de dominação de terceiros, o magista cria uma armadilha para si próprio, onde este espectro psíquico pode escravizá-lo e prendê-lo ao seu objeto de desejo a ponto de criar uma relação auto-obsessiva.

Muitas coisas boas aconteceram depois que entendi estes pontos. Mas adianto que, se o magista é cruel com animais, promíscuo, usuário
de drogas, homossexualmente devasso, vingativo e rancoroso, além de ser “paga pau” de qualquer “rabo de saia”, ele tem todo o direito de fazer o que quiser dentro destes paradigmas. O que estou apontando aqui é que existe a possibilidade de também se dar bem sem que necessariamente esteja vibrando em uma freqüência destas.

Numa oportunidade futura, podemos abordar melhor estas questões. É importante que fique claro a intenção deste material. O foco não está
na magia em si. O objetivo não está em como é, mas em como se faz. Por isso, utilizei um exemplo que pode ser adaptado para muitos outros. Uma magick “genérica”, se é que podemos chamar assim. Salvo alguns materiais bem bacanas e didáticos de Zoakista, desconheço outros autores caóticos brasileiros que  se dão ao trabalho e a coragem de expor seu métodos, formas de abordagens e modus operandi. Por tal motivo, um trabalho como este pode ser uma boa referência. A “magia do Sal” ou “Salt Magick” é pano de fundo.
Minha intenção está em descrever a ação sistêmica da construção e execução de uma magick.

Na primeira parte, apresento os dois elementos, sal e água. Faço um exercício que considero indispensável para a elaboração de qualquer magick, que nomeio alegoricamente de  brainstorming,  emprestando um termo muito utilizado nos processos de criação em publicidade e marketing.

É por intermédio deste exercício que são elencados  os pontos relevantes que servirão de base para os trabalhos a serem desenvolvidos, e é
nesta parte que se deve concentrar a pesquisa mais  pesada. Neste trabalho procurei não me aprofundar tanto em teorização para não ficar enfadonho. Por este motivo relato rapidamente alguns pontos que devem ser observados.

Desenvolvo aqui, de forma sucinta, algumas possibilidades que os elementos me oferecem. É surpreendente constatar que dois dos elementos
mais abundantes na natureza e, por conseqüência mais corriqueiros, são tão ricos em simbolismo e alusões. Boa parte do que está no brainstorming não irei utilizar nesta magia específica que apresentarei como exemplo, mas, como se trata de um “genérico”, quando elenco os pontos de  cada elemento em questão, estou ampliando suas funções e aplicabilidade para que o magista possa aplicar em outras funções e para que se familiarize com este exercício.

O brainstorming é uma etapa negligenciada pela maioria dos magistas. Muitos deles, mesmo os veteranos, sequer utilizam o processo de “analisar as potencialidades” dos objetos e elementos que utilizam em suas magicks.  Quando criei este método, a elaboração das magicks ficou muito mais simples e muitos elementos que imaginei serem necessários foram eliminados e outros incorporados.

A maneira com que apresento o brainstorming não é a forma com que executo quando monto minhas magicks. Muitas vezes,  eu escrevo em um
cadernos apenas palavras e fragmentos de frases. Algo que somente eu vou entender. Porém, para que houvesse uma assimilação maior por parte do leitor, procurei dar sentido e forma as frases e relações que apresentei. Mesmo assim, fui alertado pelos revisores que o  brainstorming carecia de fluidez no texto e que precisava concatenar melhor as idéias.

A minha postura foi mantê-lo como está para que ele pudesse ser uma descrição de um pensamento. E sabemos que pensamos  diferente de como escrevemos. Procurei ser fiel ao modo com que estabeleço as relações no momento em que estou envolvido com esta agradável parte do processo de construção de uma magick.

Na segunda parte do trabalho eu tenho a magia propriamente dita. Neste ponto o foco está na descrição da prática, não mais na abordagem, mas no modus operandi. Vale ressaltar que não há receitas para um mago caótico. Não há regras, não há formulas prontas. Por este motivo, tudo o que está ali pode ser modificado, substituido, eliminado ou acrescido (sempre pela conta e risco do magista).

Na terceira parte apresento outra aplicação de Salt Magick para a criação de um oráculo. Adianto que as aplicações mágickas destes elementos
são infinitas e este trabalho é apenas uma faísca das possibilidades que podem ser exploradas. O principal mérito do que está aqui, consiste no incentivo e na apresentação das possibilidades encontradas na utilização destes elementos. E na apresentação dos meios utilizados para a cosntrução de uma magick com eles. Os resultados e as ações que partirem deles ficarão por conta da imaginação e dos insights recebidos pelo magista durante e após a leitura.

Procurei eliminar uma parte do trabalho de pesquisa necessária ao leitor, apresentando, a título de ilustração, algumas macumbinhas inofensivas de almanaque, presentes em vários sites da net, apenas para inspirar e possibilitar um apelo mais “feminino” no projeto. Confesso que nem li todas na íntegra. Também inseri o material do Regardie para que não haja dúvidas sobre a questão do Ritual Menor do Pentagrama, também a titulo de ilustração. O magista pode usar outros banimentos como, por exemplo, o RGP. Claro que com dois cliques você chegaria a estes textos, porém, fica aqui a ressalva: Nem tudo o que está na net é bom e válido. Tem muita gente falando besteira e sem nenhum embasamento. Portanto: esteja atento!

E boa leitura.

Salt Magick, SatAnanda

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