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Níveis de experiência sobrenatural – Manual dos Caça-Fantasmas

Leia em 8 minutos.

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Os eventos paranormais são extremamente complexos porque não existe ainda um consenso de como eles ocorrem ou mesmo do porquê eles ocorrem. Você pode entrar em uma sala com uma câmera de vídeo e, de repente, uma entidade se manifesta, de corpo inteiro e fala alguma coisa, você registra tudo em vídeo e quando vai conferir o material descobre que a câmera não captou nada ou então que você tem um registro de 20 minutos contento apenas uma distorção da luz no lugar dando a impressão de que a lente estava suja; ao mesmo tempo você pode bater uma foto de uma sala completamente vazia e se surpreender com a imagem de um fantasma fazendo caretas para você.

Tecnicamente podemos dividir esse tipo de experiências em três categorias:1. Experiência subjetiva semi-real
2. Experiência objetiva semi-real
3. Experiência Totalmente real

Para explicar cada uma delas vamos imaginar um cenário. Você leu o manual, arranjou os equipamentos básicos, descobriu um lugar assombrado e rumou para lá. Em determinado momento você entra em uma sala e…

1- Experiência Subjetiva Semi-Real

Vê uma névoa fantasmagórica rodopiando como um redemoinho pela sala, indo de um lado pro outro e depois flutuando e atravessando o teto. Você a filma ou a fotografa, mas no vídeo e nas fotos não aparece nada, nem mesmo algo que possa ser considerado um erro do equipamento, a sala, nas fotos e vídeos, está exatamente igual, mas vazia. Então o que se percebeu de forma subjetiva não foi documentado pelos meios objetivos.

2- Experiência Objetiva Semi-Real

A sala está vazia, você não sente nem um calafrio, mas resolve fotografar ou filmar o interior mesmo assim. Quando vai analisar as fotos e o vídeo percebe uma entidade fantasmagórica, seja uma névoa, um orbe ou uma aparição, e você tem certeza que não percebeu nada. Então o que foi documentado objetivamente não foi percebido subjetivamente.

3- Experiência Totalmente Real

Uma figura fantasmagórica está pairando no meio do ar. Você a registra com fotos, vídeo, gravações ou o que tiver à mão. Quando vai analisar seus dados descobre que eles captaram aquilo. Assim você conseguiu documentar objetivamente algo que experienciou subjetivamente também. Esse tipo de experiência ainda se divide em três categorias.

Experiência Totalmente Real Tipo 1: você vê uma figura de uma mulher vestida de branco cantando e seus registros mostram uma mulher vestida de branco cantando. O objetivo e o subjetivo coincidem.

Experiência Totalmente Real Tipo 2: você vê uma figura de uma mulher vestida de branco cantando e seus registros mostram uma névoa indefinida ou um reflexo anômalo. Existe uma experiência subjetiva, existe um registro objetivo, mas eles não coincidem.

Experiência Totalmente Real Tipo 3: você vê uma figura de uma mulher vestida de branco cantando e seus registros mostram uma mulher de branco cantando, além de um outro coro de vozes e vários orbes a rodeando. Você não ouviu o coro, nem viu os orbes, mas eles foram registrados também. Existe uma combinação das experiências totalmente reais tipo 1 e tipo 2, o objetivo e o subjetivo coincidem e existe uma documentação adicional, que pode ser tanto no aspecto subjetivo quanto no objetivo (o que poderia acontecer é você ver a mulher de branco cantando, ouvir o coro e ver os orbes, mas o registro mostrar apenas a mulher cantando.

Agora tenha em mente que essas categorias apenas foram criadas para auxiliar o estudo dos fantasmas e não os fantasmas em si. Dizer que uma experiência é semi-real, seja objetiva ou subjetiva, não quer dizer que ela não tenha acontecido ou seja uma ilusão. Mas da mesma forma que nossa percepção e memória não são exatamente confiáveis, apenas fatos não contam uma história, é preciso saber ligar os pontos.

Como veremos mais a diante uma das melhores maneiras de se encontrar fantasmas é conseguir analisar uma série de informações sobre locais, momentos e situações que só formam um mapa preciso quando combinamos tanto aquilo que experienciamos quanto aquilo que registramos.

Eventualmente você vai começar a formar uma base de dados e, quem sabe, uma rede de conhecidos e pesquisadores. Seja qual for o objetivo de seu interesse por caçar fantasmas você vai chegar a um ponto onde vai sentir a necessidade de ter informações sólidas para usar como base de pesquisa ou compartilhar. Um mero “cara, você precisava ver, já passava da meia-noite, eu ouvi um grito que não era humano e quando entrei na sala senti uma mão segurar meu braço com força, mas não tinha ninguém lá, e deixou um hematoma que levou dois meses pra sair, eu sai correndo de lá, foi sinistro!” pode ser uma ótima história para se compartilhar numa festa ou quando se quer mostrar quem é que já passou pela experiência mais assustadora, mas se chegar num ponto em que você decida analisar situações em que foi atacado fisicamente, ou em que horas ou locais ou mesmo que tipo de causas geram esse tipo de evento, a sua memória não vai bastar. Um registro de que tipo de incidentes pode ter criado aquela manifestação, fotos do ferimento assim que ele ocorreu e do hematoma, registro do horário, das condições climáticas (veremos a importância disso mais para frente), ou da fase solar ou se havia alguma fonte de energia elétrica por perto se tornam essenciais para separar a pessoa que simplesmente gosta de contar histórias da pessoa que tem histórias para contar e evidências para apoiá-las.

Se você desejar ser levado ou levada a sério, pelos outros e por você mesmo/mesma, então você deve ter evidências documentadas acompanhando todos os registros de suas experiências. Evidencias documentadas objetivamente lhe darão um foco e uma seriedade que são necessárias caso o que você esteja realizando seja um estudo sério, mesmo que ainda seja de forma amadora. Caso deseje comprovar ou desprovar que uma atividade paranormal é real vai precisar de evidências. “A ausência de provas não é prova de ausência” se você quer provar que fantasmas existem apenas testemunhos seu e de outras testemunhas não provam nada, a não ser para vocês mesmos, e com o tempo já vimos que essas lembranças podem ser afetadas. Da mesma forma não adianta querer provar que fantasmas não existem entrando numa casa supostamente assombrada, passando a noite lá e saindo no dia seguinte dizendo que não viu nem ouviu nada. Se o seu caso for o ceticismo negador, se dedique com a mesma paixão, ficará difícil você negar a existência de algo que teima em aparecer em fotografias, vídeos e gravações.

E por último as evidências são uma ótima forma de você não desanimar durante o tempo que percorrer a estrada do paranormal. Se você conseguir se organizar de forma a ter um método de pesquisa, de identificação, de coleta de dados, de estudo dos dados, de pesquisas complementares de registro e principalmente de organização do que coletou, vai começar a dar valor mesmo para as caçadas em que voltar de mãos abanando. Vão acontecer muitos casos que a excitação inicial pode virar desânimo e que uma experiência furada pode fazer você ter vontade de jogar sua câmera fotográfica longe e voltar para casa. Mas se para cada dez caçadas que você voltar de mãos abanando você conseguir uma que lhe dê evidências como gravações, fotos e mesmo pegadas de fantasmas, seu ânimo vai se recobrar muito mais forte do que no começo. Além disso, uma dose de bom humor é sempre fundamental. Você vai lidar com situações que, por si só, criam um tensão enorme, isso obviamente afeta o seu humor e o humor das outras pessoas do grupo, caso você encontre outros com uma mesma motivação e criem um time de caça fantasmas. Vão haver experiências frustrantes e vão haver experiências tensas, e chegar no meio de uma noite de trabalho com pessoas gritando umas com as outras, ou perdendo a paciência com qualquer coisa, vai comprometer e muito seu trabalho.

Em uma noite, no meio da década de 1990, uma equipe da Morte Súbita Inc. foi para uma pesquisa de campo fora da capital paulista. Chegaram ao local e se espalharam, era uma noite de lua crescente e por isso, não muito iluminada. Em determinado momento um dos membros reparou que no fundo da casa onde a pesquisa corria havia uma forma que se manifestava em intervalos de tempo regulares e era muito nítida. Ficava no fundo do quintal da casa, perto de uma edícula tomada pelo mato alto. Ele começou a fotografar aquilo que na hora descrevia como uma forma que se movia, parecia uma espiral, às vezes brilhando, perto de uma das árvores que estava encostada no muro. Isso gerou uma excitação tremenda entre os outros membros da equipe, logo eles se reuniram e passaram a registrar aquilo. Ao mesmo tempo, se deparar com uma manifestação assim criou uma certa tensão e ninguém conseguia se aproximar daquilo, eram quatro pessoas e todas sentiam a tensão se agravar, a vontade de se aproximar mas ao mesmo tempo uma sensação de alerta e urgência e medo que as impedia, foram se aproximando lentamente tentando não estragar aquilo, não espantar o fantasma. Depois de quase vinte minutos desde que a manifestação foi detectada e registrada dois membros chegaram no local, apenas para descobrir que alguém havia quebrado uma fita cassete, desenrolado a fita magnética e a jogado por sobre os galhos da árvore. A fita escura agitada pelo vento refletia a luz a lua em determinados momentos. E assim a excitação virou motivo de risadas, depois de raiva e depois de frustração porque ninguém conseguiu terminar de pesquisar seriamente o local que se tornou o lar da fita cassete fantasma. Bom-humor e seriedade são importantes, mas saiba que haverá noites em que você vai se ver atormentado pelo fantasma do cassete, ou o seu equivalente e se sentir estúpido por ter tido medo de uma simples fita no escuro, no meio da noite, em uma casa abandonada não ajuda em nada, todos nós temos nossos momentos.

No próximo capítulo vamos tentar responder então a pergunta mais importante no ramo dos caçadores de fantasmas: O que é de fato um fantasma?

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