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Navios Fantasmas

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O Holandês Voador é o navio fantasma mais famoso do mundo e sua história nasceu de uma lenda comum a dois países: Holanda e Alemanha. Segundo a tradição, a embarcação navegava na região do Cabo das Tormentas [hoje, Cabo da boa Esperança, extremo sul da África], na época, um lugar considerado como o mais temível dos oceanos, habitado por monstros, um ponto além do qual nenhum marinheiro se arriscaria nos primeiros anos das Grandes Navegações [na chamada Idade Moderna]. Conta-se que o capitão do Holandês desafiou estas criaturas fantásticas tentando contornar o Cabo desencadeando a ira de violentas forças da natureza. Colhida pelo mau tempo enfeitiçado, a tripulação não resistiu à violência das ondas.

Todos pereceram e o Holandês, alquebrado e deserto, continuou vagando pelos oceanos assombrado pelos fantasmas, carregando a maldição de arrastar para naufrágio e morte todos os barcos e marinheiros que cruzam sua rota. Em outra versão, o navio ficou amaldiçoado porque o capitão perdeu sua alma em um jogo com o Diabo. Toda a tripulação teria morrido vítima de uma peste. A cada sete anos ele aparece em algum litoral e o capitão vai à terra; se ali conseguir seduzir uma donzela, a praga do Demo será retirada. O capitão parece não agradar muito às mulheres posto que o Holandês Voador continua legendário apavorando os marujos que temem avistar seu espectro, iluminado pela luz bruxuleante que emana dos espectros, surgindo do nada no meio de uma tempestade.

O Marie Celeste foi construído na Nova Escócia [Canadá] em 1861 e chamava-se Amazon. Em 1869, foi re-batizado como Marie Celeste e com este nome entrou para o rol das lendas sobre navios-fantasma. A troca foi uma tentativa de mudar o “astral” do barco, que sofrera muitos infortúnios e teve muitos proprietários. Providência inútil. Ele parecia maldito desde o começo. Em sua última viagem, em novembro de 1872, partiu de Nova Iorque com um carregamento de metanol, oito tripulantes e dois passageiros. Seu destino era Gênova, Itália. Em dezembro daquele ano foi encontrado à deriva no arquipélago de Açores [território de Portugal], inteiro, com a carga intacta porém deserto. Parecia ter sido deliberadamente abandonado. Manchas de sangue foram encontradas na amurada e uma espada, também marcada com sangue estava escondida debaixo da cama do capitão. O que aconteceu no navio, ninguém soube jamais.

Constellation, o mais antigo navio da frota americana é uma fragata à vela, veloz nave de guerra. Foi construída entre 1794 e 1798 e equipada com 36 canhões. Depois de 63 anos de históricos serviços prestados à Marinha dos Estados Unidos, foi “encostada”. Durante alguns anos, reformada, serviu como navio-escola da Academia Naval de Annapolis [Maryland]. Enfim, desativada e abandonada começava a deteriorar quando, por iniciativa dos cidadãos de Baltimore [também em Maryland], foi restaurada e aberta à visitação pública, em 1968.

Logo, o zelador do navio começou a suspeitar de assombrações baseado em relatos de visitantes que testemunharam estranhas aparições. O caso chamou a atenção do pesquisador de fenômenos paranormais Hans Holzer que começou a investigar auxiliado pela medium Sybil Leek. As impressões da medium, devidamente gravadas e documentadas passaram à análise do pesquisador. Foi comprovado que as personagens das visões de Leek no Constellation tinham, de fato, existido. Eram quatro fantasmas e pertenciam a épocas diferentes.

O Capitão Thomas Thruxtum, que em 1799 comandou uma batalha naval contra o navio francês l’Imergent. Thruxtum descobriu um marujo, Neil Harvey, que devia estar de sentinela, escondido, com medo no meio da luta. Condenou-o à morte na boca do canhão nº 3, morte indigna, reservada aos traidores e covardes. O capitão e o condenados eram as duas assombrações mais antigas. Um jovem grumete era a terceira: fora assassinado por dois marinheiros, à bordo, em 1822. O fantasma mais recente era o dinamarquês Carl Hansen, que dedicou sua vida ao navio como vigia; morava na embarcação. Aposentado de sua função em 1963, jamais se acostumou com a vida longe do barco. Já velho, morreu sozinho num asilo, sem família, sem lar, sem amigos. Desencarnado, voltou a habitar o Constellation, única referência afetiva tinha neste mundo.

por Ligia Cabús

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