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Pequeno Catecismo da Alquimia

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

O texto que segue é parte do livro ‘The Hermetic and Alchemical Writings of Paracelsus” de 1894 no qual A.E. Waite, traduz para o português alguns dos principais tratados deixados por Paracelso.  Sua autoria é testemunhada por Eliphas Levi, o capítulo 19 do Ritual da Alta Magia no qual fala de um um manuscrito de Paracelso supostamente guardado no Vaticano, intitulado “O Caminho Químico ou Manual”. Ele afirma que este foi transcrito por Sendivogius e usado pelo Barão Tschoudy ao compor o Catecismo Hermético em seu L’Etoile Flamboyant ou la Société des Franc-Maçons considerée sous tous les aspect, 1766.

~ Tamosauskas

Pequeno Catecismo da Alquimia

P. O que é o estudo principal de um Filósofo?
R. É a investigação das operações da Natureza.

P. Qual é o fim da Natureza?
R. Deus, que é também o seu começo.

P. De onde todas as coisas são derivadas?
R. De uma natureza única e indivisível.

P. Em quantas regiões a Natureza está separada?
R. Em quatro regiões esplendidas.

P. Quais são elas?
R. O seco, o úmido, o quente e o frio, que são as quatro qualidades elementares, de onde todas as coisas se originam.

P. Como a Natureza é diferenciada?
R. No masculino e no feminino.

P. A que podemos comparar a Natureza?
R. Com Mercúrio.

P. Dê uma definição concisa da Natureza.
R. Ela não é visível, embora funcione visivelmente; pois é simplesmente um espírito volátil, realizando seu ofício nos corpos, e animada pelo espírito universal – a respiração divina, o fogo central e universal, que vivifica todas as coisas que existem.

P. Quais deveriam ser as qualidades que os examinadores da Natureza possuem?
R. Eles devem ser como a própria Natureza. Ou seja, devem ser verdadeiros, simples, pacientes e perseverantes.

P. O que importa, em seguida, absorver a atenção deles?
R. Os filósofos devem verificar cuidadosamente se seus projetos estão em harmonia com a Natureza, e que sejam de um tipo possível e alcançável; se eles realizariam por seu próprio poder qualquer coisa que normalmente é realizada pelo poder da Natureza, eles devem imitá-la em todos os detalhes.

P. Que método deve ser seguido para produzir algo que seja desenvolvido a um grau superior ao que a própria Natureza  desenvolve.
R. A forma de seu aperfeiçoamento deve ser estudada, e isto é invariavelmente operado por meio de uma natureza semelhante. Por exemplo, se for desejado desenvolver a virtude intrínseca de um determinado metal além de sua condição natural, o químico deve se valer da própria natureza metálica, e deve ser capaz de discriminar entre suas diferenciações masculinas e femininas.

P. Onde a natureza metálica armazena suas sementes?
R. Nos quatro elementos.

P. Com que materiais o filósofo sozinho pode realizar qualquer coisa?
R. Com o germe da matéria dada; este é seu elixir ou quintessência, mais precioso de longe, e mais útil, para a artista, do que a própria Natureza. Antes que o filósofo tenha extraído a semente, ou germe, a Natureza, em seu nome, estará pronta para cumprir seu dever.

P. O que é o germe, ou semente, de qualquer substância?
R. É a mais sutil e perfeita decocção e digestão da própria substância; ou, melhor, é o Bálsamo de Enxofre, que é idêntico à Umidade Radical dos Metais.

P. Por que esta semente, ou germe, é engendrada?
R. Pelos quatro elementos, sujeitos à vontade do Ser Supremo, e através da intervenção direta da imaginação da Natureza.

P. Depois de que maneira os quatro elementos operam?
R. Por meio de um movimento incessante e uniforme, cada um, de acordo com sua qualidade, depositando sua semente no centro da terra, onde é submetido à ação e digerido, e é posteriormente expulso em direção ao exterior pelas leis do movimento.

P. O que os filósofos entendem pelo centro da terra?
R. Um certo lugar vazio onde nada pode descansar, e cuja existência é assumida.

P. Onde, então, os quatro elementos expulsam e depositam suas sementes?
R. No ex-centro, ou na margem e circunferência do centro, que, depois de ter se apropriado de uma porção, expulsa o excedente para a região de excrementos, escoriações, fogo e caos sem forma.

P. Ilustre este ensinamento através de um exemplo.
R. Pegue qualquer mesa de nível, e coloque em seu centro um vaso cheio de água; cerque o vaso com várias coisas de várias cores, especialmente sal, tomando cuidado para que uma distância adequada interfira entre todas elas. Em seguida, despeje a água do vaso, e ela fluirá em riachos aqui e ali; um encontrará uma substância de cor vermelha, e assumirá um tom de vermelho; outro passará sobre o sal, e contrairá um sabor salino; pois é certo que a água não modifica os lugares que ela atravessa, mas as diversas características dos lugares mudam a natureza da água. Da mesma forma, a semente que é depositada pelos quatro elementos no centro da terra está sujeita a uma variedade de modificações nos lugares por onde passa, de modo que toda substância existente é produzida à semelhança de seu canal, e quando uma semente, ao chegar a um determinado ponto, encontra terra pura e água pura, resulta uma substância pura, mas o contrário em um caso oposto.

P. Depois de que maneira os elementos procriam esta semente?
R. Para a completa elucidação deste ponto, deve-se observar que existem dois elementos grosseiros e pesados e dois que são voláteis em caráter. Dois, da mesma forma, são secos e dois úmidos, um dos quatro sendo na verdade excessivamente secos, e o outro excessivamente úmido. Eles também são masculinos e femininos. Agora, cada um deles tem uma marcada tendência a reproduzir sua própria espécie dentro de sua própria esfera. Além disso, eles nunca estão em repouso, mas estão sempre interagindo, e cada um deles separa, de e por si só, a porção mais sutil. Seu lugar geral de reunião é no centro, mesmo o centro do Arqueus, aquele servo da Natureza, onde vindo misturar suas várias sementes, eles agitam e finalmente as expulsam para o exterior.

P. Qual é a verdade e a primeira substância de todos os metais?
R. A primeira matéria, propriamente dita, é dual em sua essência, ou é em si mesma de natureza dupla; sendo uma, no entanto, não pode criar um metal sem a concordância da outra. A primeira essência esplendida é uma umidade aérea, misturada com um ar quente, na forma de uma água gordurosa, que adere indiscriminadamente a todas as substâncias, sejam elas puras ou impuras.

P. Como esta umidade foi nomeada pelos filósofos?
R. Mercúrio.

P. Pelo que ela é governada?
R. Pelos raios do Sol e da Lua.

P. Qual é a segunda questão?
R. O calor da terra – de outra maneira, aquele calor seco que é chamado de enxofre pelos filósofos.

P. O corpo material inteiro pode ser convertido em semente?
R. Sua centésima parte, ou seja, que é secretada no centro do corpo em questão e pode, por exemplo, ser vista em um grão de trigo.

P. De que serve a maior parte da matéria no que diz respeito à sua semente?
R. É útil como uma salvaguarda contra o calor excessivo, frio, umidade ou aridez e, em geral, toda inclemência nociva, contra a qual atua como um envelope.

P. Aqueles artistas que fingem reduzir toda a matéria de qualquer corpo em semente obteriam alguma vantagem do processo, supondo que fosse possível realizá-lo?
R. Nenhuma; pelo contrário, seu trabalho seria totalmente improdutivo, pois nada do que é bom pode ser realizado por um desvio dos métodos naturais.

P. O que, portanto, deve ser feito?
R. A matéria deve ser efetivamente separada de suas impurezas, pois não existe nenhum metal, que seja puro, que esteja totalmente livre de imperfeições, embora sua extensão varie. Agora todas as superfluidades, cortices e escória devem ser descascadas e expurgadas da matéria para que se descubra sua semente.

P. O que deve receber a mais cuidadosa atenção do Filósofo?
R. Certamente, o fim da Natureza, e isto não é de forma alguma procurado nos metais vulgares, pois, tendo estes já saído das mãos do feitor original já não é mais encontrado neles.

P. Por que razão exatamente?
R. Porque os metais vulgares, e principalmente o ouro, estão absolutamente mortos, enquanto os nossos, pelo contrário, estão absolutamente vivos, e possuem uma alma.

P. O que é a vida dos metais?
R. Não é outra substância que o fogo, quando ainda estão imersos nas minas.

P. O que é a morte deles?
R. Sua vida e morte são na realidade um princípio, pois eles morrem, como vivem, pelo fogo, mas sua morte é de um fogo de fusão.

P. Depois de que maneira os metais são concebidos no ventre da terra?
R. Quando os quatro elementos desenvolveram seu poder ou virtude no centro da terra, e depositaram sua semente, o Arqueus da Natureza, no curso de um processo destilatório, os sublima superficialmente pelo calor e energia do movimento perpétuo.

P. Em que se resolve o vento quando é destilado através dos poros da terra?
R. Ele se resolve em água, de onde tudo brota; neste estado é apenas um vapor úmido, do qual se desenvolve posteriormente o princípio principal de todas as substâncias, que também serve como o primeiro assunto dos Filósofos.

P. O que é então este princípio, que é utilizado como primeiro assunto pelos Filhos do Conhecimento na realização filosófica?
R. É esta matéria idêntica, que, no momento em que é concebida, recebe uma forma permanente e imutável.

P. São Saturno, Júpiter, Marte, Vênus, o Sol, a Lua, etc., dotados separadamente de uma semente individual?
R. Uma é comum a todas elas; suas diferenças devem ser explicadas pela localidade da qual derivam, para não falar do fato de que a Natureza completa seu trabalho com muito mais rapidez na procriação da prata do que na do ouro, e assim dos outros metais, cada um em sua própria proporção.

P. Como o ouro é formado nas entranhas da terra?
R. Quando este vapor, do qual falamos, é sublimado no centro da terra, e quando passou por lugares quentes e puros, onde uma certa graxa sulfurosa adere aos canais, então este vapor, que os filósofos denominaram seu Mercúrio, se adapta e se une a esta graxa, que ela sublima consigo mesma; de tal amalgamação produz-se uma certa impureza, que, abandonando a forma vaporosa, assume a da graxa, e é sublimada em outros lugares, que foram limpos por este vapor precedente, e a terra de onde, consequentemente, foi tornada mais sutil, pura e úmida; ela preenche os poros desta terra, é unida a ela, e o ouro é produzido como resultado.

P. Como Saturno é engendrado?
R. Ocorre quando a referida untuosidade, ou graxa, passa por lugares que são totalmente impuros e frios.

P. Como a Vênus é engendrada?
R. Ela é produzida em localidades onde a própria terra é pura, mas é misturada com enxofre impuro.

P. Que poder possui o vapor, que mencionamos recentemente, no centro da terra?
R. Por seu contínuo progresso, tem o poder de rarefazer perpetuamente tudo o que é rude e impuro, e de atrair sucessivamente para si tudo o que é puro ao seu redor.

P. Qual é a semente do primeiro assunto de todas as coisas?
R. A primeira questão das coisas, ou seja, a questão dos princípios básicos é gerada pela Natureza, sem a ajuda de qualquer outra semente; em outras palavras, a Natureza recebe a matéria dos elementos, de onde ela subsequentemente traz a semente.

P. O que, absolutamente falando, é, portanto, a semente das coisas?
R. A semente de um corpo não é outra coisa que um ar congelado, ou um vapor úmido, que é inútil, exceto que é dissolvido por um vapor quente.

P. Como é composta a geração de sementes no reino metálico?
R. Pelo artifício de Arqueus os quatro elementos, na primeira geração da Natureza, destilam um vapor de água pesado no centro da terra; esta é a semente dos metais, e é chamada de Mercúrio, não por causa de sua essência, mas por causa de sua fluidez, e pela facilidade com que aderirá a tudo e a cada coisa.

P. Por que este vapor é comparado ao enxofre?
R. Por causa de seu calor interno.

P. De que espécies de Mercúrio somos nós para concluir que os metais são compostos?
R. A referência é exclusivamente ao Mercúrio dos Filósofos, e em nenhum sentido à substância comum ou vulgar, que não pode se tornar uma semente, visto que, como outros metais, já contém sua própria semente.

P. O que, portanto, deve realmente ser aceito como o assunto de nossa matéria?
R. Somente a semente, senão o grão fixo, e não todo o corpo, que é diferenciado em enxofre, ou macho vivo, e em mercúrio, ou fêmea viva.

P. Qual operação deve ser realizada em seguida?
R. Eles devem ser unidos, de modo que possam formar um germe, após o qual procederão à procriação de um fruto que esteja de acordo com sua Natureza.

P. Qual é a parte do artista nesta operação?
R. O artista não deve fazer nada além de separar o que é sutil do que é grosseiro.

P. A que, portanto, toda a combinação filosófica é reduzida?
R. O desenvolvimento de um em dois, e a redução de dois em um, e nada mais.

P. A quem devemos recorrer para a semente e a vida das refeições e dos minerais?
R. A semente dos minerais é propriamente a água que existe no centro. E o coração dos minerais.

P. Como a Natureza opera com a ajuda da Arte?
R. Toda semente, qualquer que seja sua espécie, é inútil, a menos que por Natureza ou Arte seja colocada em uma matriz adequada, onde recebe sua vida pela cocção do germe! e pela congelação da partícula pura, ou grão fixo.

P. Como a semente é posteriormente nutrida e preservada?
R. Pelo calor de seu corpo.

P. O que é, portanto, realizado pelo artista no reino mineral?
R. Ele termina o que não pode ser acabado pela Natureza por causa da crueza do ar, que permeou os poros de todos os corpos por sua violência, mas na superfície e não nas entranhas da terra.

P. Que correspondência tem os metais entre si?
R. É necessário para uma compreensão adequada da natureza desta correspondência considerar a posição dos planetas, e prestar atenção a Saturno, que é o mais alto de todos, e depois é sucedido por Júpiter, em seguida por Marte, o Sol, Vênus, Mercúrio e, por último, pela Lua. Deve-se observar que as virtudes influentes dos planetas não ascendem, mas descem, e a experiência nos ensina que Marte pode ser facilmente convertido em Vênus, não Vênus em Marte, que é de uma esfera inferior. Assim, também, Júpiter pode ser facilmente transmutado em Mercúrio, porque Júpiter é superior a Mercúrio, sendo um segundo depois do firmamento, o outro segundo acima da Terra, e Saturno é o mais alto de todos, enquanto a Lua é a mais baixa. O Sol penetra em tudo, mas nunca é amelhorado por seus inferiores. É claro que existe uma grande correspondência entre Saturno e a Lua, no meio da qual está o Sol; mas a todas estas mudanças o Filósofo deve se esforçar para administrar o Sol.

P. Quando os Filósofos falam de ouro e prata, dos quais extraem sua matéria, devemos supor que eles se referem ao vulgar ouro e prata?
R. De modo algum; a prata e o ouro vulgares estão mortos, enquanto os filósofos estão cheios de vida.

P. Qual é o objetivo da pesquisa entre os Filósofos?
R. Proficiência na arte de aperfeiçoar o que a Natureza deixou imperfeito no reino mineral, e a obtenção do tesouro da Pedra Filosofal.

P. O que é esta Pedra?
R. A Pedra nada mais é do que a umidade radical dos elementos, perfeitamente purificada e educada em uma fixação soberana, o que a faz realizar coisas tão grandiosas para a saúde, sendo a vida residente exclusivamente no radical úmido.

P. Em que consiste o segredo da realização deste admirável trabalho?
R. Consiste em saber como passar da potencialidade para a atividade o calor inato, ou o fogo da Natureza, que está encerrado no centro da umidade radical.

P. Quais são as precauções que devem ser tomadas para evitar falhas no trabalho?
R. Grandes cuidados devem ser tomados para eliminar os excrementos da matéria, e para conservar nada mais que o miolo, que contém todas as virtudes do composto.

P. Por que este medicamento cura todas as espécies de doenças?
R. Não é por causa da variedade de suas qualidades, mas simplesmente porque fortifica poderosamente o calor natural, que estimula suavemente, enquanto outros físicos o irritam por uma ação muito violenta.

P Como você pode me demonstrar a verdade da arte na questão da tintura?
R. Em primeiro lugar, sua verdade se baseia no fato de que o pó físico, sendo composto da mesma substância que os metais, ou seja, o mercúrio líquido tem a faculdade de se combinar com estes na fusão, uma natureza abraçando facilmente outra que é como ela mesma. Em segundo lugar, vendo que a imperfeição dos metais de base se deve à crueza de seu mercúrio, e somente a isso, o pó físico, que é um mercúrio maduro e decocado, e, em si mesmo um fogo puro, pode facilmente comunicar-lhes sua própria maturidade, e pode transmutá-los em sua natureza, depois de ter atraído sua umidade bruta, ou seja, seu mercúrio, que é a única substância que os transmuta, sendo o resto nada mais que escoriações e excrementos, que são rejeitados em projeção.

P. Que caminho o Filósofo deve seguir para o conhecimento e execução do trabalho físico?
R. Aquilo que foi seguido precisamente pelo Grande Arquiteto do Universo na criação do mundo, observando como o caos foi evoluído.

P. Qual foi o problema do caos?
R. Nada mais poderia ser do que um vapor úmido, porque só a água entra em todas as substâncias criadas, que terminam todas num termo estranho, sendo este termo um assunto próprio para a impressão de todas as formas.

P. Dê-me um exemplo para ilustrar o que você acabou de dizer.
R. Um exemplo pode ser encontrado nas produções especiais de substâncias compostas, cujas sementes invariavelmente começam por resolver-se a si mesmas em um certo humor, que é o caos da matéria em particular, de onde se origina, por uma espécie de irradiação, a forma completa da planta. Além disso, deve ser observado que a Sagrada Escritura não faz nenhuma menção a nada, exceto à água como o sujeito material sobre o qual o Espírito de Deus brotou, nem a nada, exceto à luz como a forma universal das coisas.

P. Que benefício o Filósofo pode tirar destas considerações, e o que ele deve comentar especialmente no método de criação que foi perseguido pelo Ser Supremo?
R. Em primeiro lugar ele deve observar a matéria da qual o mundo foi feito; ele verá que desta massa confusa, o Artista Soberano começou extraindo luz, que esta luz no mesmo momento dissolveu a escuridão que cobria a face da terra, e que ela serviu como a forma universal da matéria. Ele então perceberá facilmente que na geração de todas as substâncias compostas, ocorre uma espécie de irradiação e uma separação da luz e da escuridão, em que a Natureza é uma copista sem desvios de seu Criador. O Filósofo entenderá igualmente depois de que maneira, pela ação dessa luz, o empireano, ou firmamento que divide as águas superiores e inferiores, foi produzido posteriormente; como o céu foi cravejado de corpos luminosos; e como surgiu a necessidade da Lua, que se devia ao espaço que intervinha entre as coisas acima e as coisas abaixo; pois a Lua é uma tocha intermediária entre os mundos superior e inferior, recebendo as influências celestiais e comunicando-as à Terra. Finalmente, ele entenderá como o Criador, na coleta das águas, produziu a terra seca.

P. Quantos céus você pode enumerar?
R. Apropriadamente existe apenas um, que é o firmamento que divide as águas das águas. Entretanto, são admitidos três, dos quais o primeiro é o espaço que está acima das nuvens. Neste céu as águas são rarefeitas, e caem sobre as estrelas fixas, e é também neste espaço que os planetas e as estrelas errantes realizam suas revoluções. O segundo céu é o firmamento das estrelas fixas, enquanto o terceiro é a morada das águas supracelestiais.

P. Por que a rarefação das águas está confinada ao primeiro céu?
R. Porque está na natureza das substâncias rarefeitas subir, e porque Deus, em Suas leis eternas, atribuiu sua própria esfera a tudo.

P. Por que cada corpo celeste gira invariavelmente em torno de um eixo?
R. É em razão do impulso primordial que recebeu, e em virtude da mesma lei que fará com que qualquer substância pesada suspensa de um fio gire com a mesma velocidade, se o poder que impulsiona seu movimento for sempre igual.

P. Por que as águas superiores nunca descem?
R. Por causa de sua extrema rarefação. É por esta razão que um químico hábil pode tirar mais proveito do estudo da rarefação do que de qualquer outra ciência.

P. Qual é o problema do firmamento?
R. É o ar propriamente dito, que é mais adequado do que a água como meio de luz.

P. Após a separação das águas da terra seca, o que foi realizado pelo Criador para originar a geração?
R. Ele criou uma certa luz destinada a este escritório; Ele a colocou no fogo central, e moderou este fogo pela umidade da água e pela frieza da terra, de modo a manter um controle de sua energia e adaptá-la ao Seu desenho.

P. Qual é a ação deste fogo central?
R. Ele opera continuamente sobre a matéria úmida mais próxima, que se exalta em vapor; agora este vapor é o mercúrio da Natureza e a primeira matéria dos três reinos.

P. Como o enxofre da Natureza é formado posteriormente?
R. Através da interação do fogo central e do vapor mercurial.

P. Como é produzido o sal do mar?
R. Pela ação do mesmo fogo sobre a umidade aquosa, quando a umidade aérea, que está contida nela, foi exalada.

P. O que deve ser feito por um Filósofo verdadeiramente sábio quando ele já dominou a fundação e a ordem no procedimento do Grande Arquiteto do Universo na construção de tudo o que existe na Natureza?
R. Ele deve, na medida do possível, tornar-se um fiel copista de seu Criador. No caos físico ele deveria fazer seu caos como o original realmente foi; ele deveria separar a luz da escuridão: ele deveria formar seu firmamento para a separação das águas que estão acima das águas que estão abaixo, e deveria realizar sucessivamente, ponto por ponto, toda a sequência do ato criativo.

P. Com que esta grande e sublime operação é realizada?
R. Com um único corpúsculo, ou corpo minúsculo, que, por assim dizer, não contém nada além de fezes, sujeira e abominações, mas de onde se extrai uma certa umidade tenebrosa e mercurial, que contém em si tudo o que é exigido pelo Filósofo, porque, de fato, ele não está em busca de nada mais do que a cabana do verdadeiro Mercúrio.

P. De que tipo de mercúrio, portanto, ele deve se valer para realizar o trabalho?
R. De um mercúrio que, como tal, não é encontrado na terra, mas é extraído de corpos, mas não de mercúrio vulgar, como foi falsamente dito.

P. Por que este último é inadequado para as necessidades de nosso trabalho?
R. Porque o sábio artista deve levar em conta que o mercúrio vulgar tem uma quantidade insuficiente de enxofre, e deve, portanto, operar sobre um corpo criado pela Natureza, no qual a própria Natureza uniu o enxofre e o mercúrio que é o trabalho do artista para separar.

P. O que ele deve fazer posteriormente?
R. Ele deve purificá-los e juntá-los de novo.

P. Como você denomina o corpo do qual temos estado falando?
R. A PEDRA RUDE (RUDE STONE), ou Caos, ou Iliaste, ou Hyle – aquela massa confusa que é conhecida mas universalmente desprezada.

P. Como você me disse que Mercúrio é a única coisa que o Filósofo deve absolutamente entender, você vai me dar uma descrição circunstancial dela, de modo a evitar uma concepção errônea?
R. Em relação a sua natureza, nosso Mercúrio é duplo – fixo e volátil; em relação a seu movimento, é também duplo, pois tem um movimento de subida e de descida; pelo de descida, é a influência das plantas, pelo qual estimula o fogo inclinado da Natureza, e este é seu primeiro ofício anterior à congelação. Por seu movimento ascensional, ela sobe, procurando ser purificada, e como esta é após a congelação, é considerada a umidade radical das substâncias, que, sob sua vil escoriação, ainda preserva a nobreza de sua primeira origem.

P. Quantas espécies de umidade você supõe estar em cada coisa composta?
R. Existem três – o Elementar, que é propriamente o vaso dos outros elementos; o Radical, que, falando com exatidão, é o óleo, ou bálsamo, no qual reside toda a virtude do sujeito – por último, o Alimentício, o verdadeiro dissolvente natural, que desenha o fogo interno inclinado, causando corrupção e obscuridade por sua umidade, e fomentando e sustentando o sujeito.

P. Quantas espécies de Mercúrio são conhecidas pelos filósofos?
R. O Mercúrio dos Filósofos pode ser considerado sob quatro aspectos; o primeiro tem o título de Mercúrio dos corpos, que na verdade é sua semente oculta; o segundo é o Mercúrio da Natureza, que é o Banho ou Vaso dos Filósofos, caso contrário o radical úmido; ao terceiro foi aplicada a designação, Mercúrio dos Filósofos, porque é encontrado em seu laboratório e em suas mineradoras. É a esfera de Saturno; é a Diana dos Sábios; é o verdadeiro sal dos metais, após a aquisição dos quais se pode dizer que o verdadeiro trabalho filosófico começou verdadeiramente. Em seu quarto aspecto, é chamado de Mercúrio Comum, que ainda não é o do Vulgar, mas é propriamente o verdadeiro ar dos Filósofos, a verdadeira substância média da água, o verdadeiro fogo oculto e secreto, chamado também de fogo comum, porque é comum a todos os mineiros, pois é a substância dos metais, e daí derivam sua quantidade e qualidade.

P. Quantas operações artísticas estão incluídas em nosso trabalho?
R. Há apenas uma, que pode ser resolvida em sublimação, e sublimação, segundo Geber, nada mais é do que a elevação da matéria seca pela mediação do fogo, com aderência a seu próprio vaso.

P. Que precaução deve ser tomada na leitura dos Filósofos herméticos ?
R. Sobre este ponto, deve-se ter muito cuidado, sobretudo, para que o que dizem sobre o assunto não seja interpretado literalmente e de acordo com o mero som das palavras: Pois a letra mata, mas o espírito dá vida.

P. Que livros devem ser lidos para se conhecer nossa ciência?
R. Entre os antigos, todas as obras de Hermes devem ser estudadas especialmente; no lugar seguinte, um certo livro, intitulado A Passagem do Mar Vermelho, e outro, A Entrada na Terra Prometida. Paracelso também deve ser lido antes de todos entre os escritores mais antigos e, entre outros tratados, seu Caminho Químico, ou o Manual de Paracelso, que contém todos os mistérios da física demonstrativa e a Cabala mais arcana. Esta rara e única obra manuscrita existe apenas na Biblioteca do Vaticano, mas Sendivogius teve a sorte de levar uma cópia, o que ajudou na iluminação dos sábios de nossa ordem. Em segundo lugar, Raimundo Lulio deve ser lido, e seu Vade Mecum acima de tudo, seu diálogo chamado Árvore da Vida, seu testamento, e seu codicilo. No entanto, deve haver uma certa precaução em relação aos dois últimos, pois, como as de Geber, e também de Arnold de Villanova, elas abundam em receitas falsas e ficções fúteis, que parecem ter sido inseridas com o objetivo de disfarçar mais efetivamente a verdade dos ignorantes. Em terceiro lugar, o Turba Philosophorum, que é uma coleção de autores antigos, contém muito que é materialmente bom, embora também haja muito que não tem valor. Entre os escritores medievais, Zachary, Trevisan, Roger Bacon e um certo autor anônimo, cujo livro se intitula Os Filósofos, deve ser mantido especialmente alto na estimativa do estudante. Entre os moderados, os mais dignos de serem premiados são John Fabricius, François de Nation e Jean D’Espagnet, que escreveu Physics Restored, embora, para dizer a verdade, ele tenha importado alguns preceitos falsos e opiniões falaciosas em seu tratado.

P. Quando o Filósofo pode se aventurar a empreender o trabalho?
R. Quando ele for teoricamente capaz de extrair, por meio de um espírito bruto, um espírito digerido de um corpo em dissolução, que digeriu o espírito, ele deve voltar a se juntar ao óleo vital.

P. Explique-me esta teoria de uma maneira mais clara.
R. Ela pode ser demonstrada mais completamente no processo real; a grande experiência pode ser realizada quando o Filósofo, por meio de uma menstruação vegetal, unido a um menstruum mineral, é qualificado para dissolver um terceiro menstruum essencial, com o qual os menstruums unidos ele deve lavar a terra, e então exaltá-la em uma quintessência celestial, para compor o relâmpago sulfuroso, que penetra instantaneamente nas substâncias e destrói seus excrementos.

P. Essas pessoas têm um bom conhecimento da Natureza que finge fazer uso do ouro vulgar para a semente, e do mercúrio vulgar para o dissolvente, ou da terra na qual ele deve ser semeado?
R. Certamente não, porque nem um nem o outro possuem o ouro-agente externo, porque foi privado dele por decocção, e o mercúrio porque nunca o teve.

P. Ao procurar esta semente aurífera em outro lugar que não seja no próprio ouro, não existe o perigo de produzir uma espécie de monstro, uma vez que parece estar se afastando da Natureza?
R. É sem dúvida verdade que no ouro está contida a semente aurífera, e que em condição mais perfeita do que em qualquer outro corpo; mas isto não nos obriga a fazer uso do ouro vulgar, pois tal semente é igualmente encontrada em cada um dos outros metais, e nada mais é do que aquele grão fixo que a Natureza infundiu na primeira congelação do mercúrio, todos os metais tendo uma origem e uma substância comum, como será finalmente revelado àqueles que se tornarem dignos de recebê-la por aplicação e estudo assíduo.

P. O que se segue a esta doutrina?
R. Segue-se que, embora a semente seja mais perfeita em ouro, ela pode ser extraída muito mais facilmente de outro corpo do que do próprio ouro, sendo outros corpos mais abertos, ou seja, menos digeridos, e menos restritos em sua umidade.

P. Dê-me um exemplo tirado da Natureza.
R. O ouro vulgar pode ser comparado a um fruto que, tendo chegado a uma maturidade perfeita, foi cortado de sua árvore e, embora contenha uma semente mais perfeita e bem digerida, se alguém a colocar no solo, com vistas à sua multiplicação, muito tempo, problemas e atenção serão consumidos no desenvolvimento de suas capacidades vegetativas. Por outro lado, se um corte, ou uma raiz, for retirado da mesma árvore, e igualmente plantado, em pouco tempo, e sem problemas, ele brotará e produzirá muitos frutos.

P. É necessário que um amador desta ciência entenda a formação de metais nas entranhas da terra, se ele deseja completar seu trabalho?
R. Tão indispensável é um conhecimento tal que se alguém falhar, antes de todos os outros estudos, em se aplicar a sua realização e imitar a Natureza ponto por ponto, ele nunca conseguirá realizar nada além do que não vale nada.

P. Como, então, a Natureza deposita metais nas entranhas da terra, e do que ela os compõe ?
R. A Natureza os fabrica todos a partir de enxofre e mercúrio, e os forma através de seu duplo vapor.

P. O que você quer dizer com este duplo vapor, e como os metais podem ser formados por ele?
R. Para uma compreensão completa desta questão, é preciso primeiro afirmar que o vapor mercurial é unido ao vapor sulfuroso em um lugar cavernoso que contém uma água salina, que serve como sua matriz. Assim é formado, primeiro, o Vitriol da Natureza; segundo, pela comoção dos elementos, desenvolve-se a partir deste Vitriol da Natureza um novo vapor, que não é nem mercurial nem sulfuroso, mas está aliado a estas duas naturezas, e isto, passando por lugares aos quais a graxa de enxofre adere, é unido com ela, e de sua união produz-se uma substância glutinosa, caso contrário, uma massa sem forma, que é permeada pelo vapor que preenche estes lugares cavernosos. Por este vapor, agindo através do enxofre que contém, são produzidos os metais perfeitos, desde que o vapor e a localidade sejam puros. Se a localidade e o vapor são impuros, resultam metais imperfeitos. Os termos perfeição e imperfeição têm referência a vários graus de mistura.

P. O que está contido neste vapor?
R. Um espírito de luz e um espírito de fogo, da natureza dos corpos celestes, que propriamente deve ser considerado como a forma do universo.

P. O que representa este vapor?
R. Este vapor, assim impregnado pelo espírito universal, representa, de maneira bastante completa, o caos original, que continha tudo o que era necessário para a criação original, ou seja, a matéria universal e a forma universal.

P. E não se pode, não obstante, fazer uso do mercúrio vulgar no processo?
R. Não, porque o mercúrio vulgar, como já foi dito claramente, é desprovido de agente externo.

P. De onde vem que o mercúrio comum está sem seu agente externo?
R. Porque na exaltação do duplo vapor, a comoção tem sido tão grande e penetrante, que o espírito, ou agente, evaporou-se, como ocorre, com semelhança muito próxima, na fusão de metais. O resultado é que a única parte mercurial é privada de seu agente masculino ou sulfuroso, e consequentemente nunca pode ser transmutada em ouro pela Natureza.

P. Quantas espécies de ouro são distinguidas pelos Filósofos?
R. Três tipos: Ouro Astral, Ouro Elementar e Ouro Vulgar.

P. O que é ouro astral?
R. O Ouro Astral tem seu centro no sol, que o comunica através de seus raios a todos os seres inferiores. É uma substância ígnea, que recebe uma emanação contínua de corpúsculos solares que penetram em todas as coisas sencientes, vegetais e minerais.

P. A que você se refere sob o termo Ouro Elementar ?
R. Esta é a porção mais pura e fixa dos elementos, e de tudo o que é composto por eles. Todos os seres subluntários incluídos nos três reinos contêm em seu centro mais íntimo um grão precioso deste ouro elementar.

P. Dê-me alguma descrição do Ouro Vulgar ?
R. É o mais belo metal de nosso conhecido, o melhor que a Natureza pode produzir, tão perfeito quanto inalterável em si mesmo.

P. De que espécie de ouro é a Pedra Filosofal ?
R. É da segunda espécie, como sendo a porção mais pura de todos os elementos metálicos após sua purificação, quando é chamada de ouro filosófico vivo. Um perfeito equilíbrio e igualdade dos quatro elementos entram na Pedra Física, e quatro coisas são indispensáveis para a realização da obra, a saber, composição, alocação, mistura e união, que, uma vez realizada de acordo com as regras da arte, gerará o legítimo Filho do Sol, e a Fênix que nasce eternamente de suas próprias cinzas.

P. O que é realmente o ouro vivo dos Filósofos?
R. É exclusivamente o fogo de Mercúrio, ou aquela virtude ígnea, contida na umidade radical, à qual já comunicou a fixidez e a natureza do enxofre, de onde emanou, o caráter mercurial de toda a substância do enxofre filosófico, permitindo que ele seja alternadamente chamado de mercúrio.

P. Que outro nome também é dado pelos filósofos ao seu ouro vivo ?
R. Eles também o chamam de seu enxofre vivo, e seu verdadeiro fogo; eles reconhecem sua existência em todos os corpos, e não há nada que possa subsistir sem ele.

P. Onde devemos procurar nosso ouro vivo, nosso enxofre vivo, e nosso verdadeiro fogo ?
R. Na casa de Mercúrio.

P. Pelo que este fogo é alimentado ?
R. Pelo ar.

P. Dê-me uma ilustração comparativa do poder deste fogo ?
R. Para exemplificar a atração deste fogo interior, não há melhor comparação do que aquela que deriva do raio, que originalmente é simplesmente uma exalação seca, terrestre, unida a um vapor úmido. Pela exaltação, e assumindo a natureza ígnea, ela age sobre a umidade que lhe é inerente; isto atrai a si mesma, transmuta-a em sua própria natureza, e então rapidamente se precipita na terra, onde é atraída por uma natureza fixa que é como a sua própria.

P. O que deve ser feito pelo Filósofo depois de ter extraído seu Mercúrio ?
R. Ele deve desenvolvê-lo a partir de sua potencialidade em atividade.

P. A natureza não pode fazer isso por si mesma?
R. Não; porque ela pára logo após a primeira sublimação, e fora da matéria que está assim disposta, os metais engendram.

P. O que os Filósofos entendem por seu ouro e prata?
R. Os Filósofos aplicam ao seu enxofre o nome de Ouro, e ao seu Mercúrio o nome de Prata.

P. De onde eles são derivados?
R. Eu já afirmei que eles são derivados de um corpo homogêneo no qual são encontrados em grande abundância, de onde também os Filósofos sabem extrair tanto por um processo admirável, quanto inteiramente filosófico.

P. Quando esta operação tiver sido devidamente realizada, a que outro ponto da prática eles devem se aplicar em seguida?
R. À confecção do amálgama filosófico, que deve ser feita com muito cuidado, mas só pode ser realizada após a preparação e sublimação do Mercúrio.

P. Quando seu assunto deve ser combinado com o ouro vivo?
R. Somente durante o período de amálgama, ou seja, o enxofre é introduzido nele por meio da amálgama, e a partir daí há uma substância; o processo é abreviado pela adição de enxofre, enquanto a tintura ao mesmo tempo é aumentada.

P. O que está contido no centro da umidade radical ?
R. Ele contém e oculta o enxofre, que é coberto com uma casca dura.

P. O que deve ser feito para aplicá-lo à Grande Obra ?
R. Deve ser tirado, de seus laços com habilidade consumada, e pelo método de putrefação.

P. A Natureza, em seu trabalho nas minas, possui um vácuo menstrual que se adapta à dissolução e liberação deste enxofre?
R. Não; porque não há movimento local. Poderia a Natureza, sem assistência, dissolver, apodrecer e purificar o corpo metálico, ela mesma nos forneceria! Pedra Física, que é enxofre exaltado e aumentado em virtude.

P. Você pode elucidar esta doutrina através de um exemplo?
R. Através de uma ampliação da comparação anterior de um fruto, ou uma semente, que, em primeiro lugar, é colocada na terra para sua solução, e depois para sua multiplicação. Agora, o Filósofo, que está em condições de discernir o que é boa semente, a extrai de seu centro, a consagra a sua terra propriamente dita, quando está bem curada e preparada, e aí a rarefaz de tal forma que sua prolífica virtude é aumentada e multiplicada indefinidamente.

P. Em que consiste todo o segredo da semente ?
R. No verdadeiro conhecimento de sua própria terra.

P. O que você entende pela semente no trabalho dos Filósofos ?
R. Eu entendo o calor interior, ou o espírito específico, que está encerrado no radical úmido, que, em outras palavras, é a substância média da prata viva, o esperma próprio dos metais, que contém sua própria semente.

P. Como você liberta o enxofre de suas ligações?
R. Pela putrefação.

P. O que é a terra dos minerais ?
R. É o seu próprio vácuo menstrual.

P. Que dores devem ser tomadas pelo Filósofo para extrair a parte que ele requer?
R. Ele deve tomar grandes dores para eliminar os vapores fétidos e os enxofre impuros, após o que a semente deve ser injetada.

P. Com que indicação o Artista pode ter certeza de que ele está no caminho certo no início de seu trabalho?
R. Quando ele descobre que o dissolvente e a coisa dissolvida são convertidos em uma forma e uma matéria no período de dissolução.

P. Quantas soluções você conta no Trabalho Filosófico?
R. Existem três. A primeira solução é aquela que reduz o corpo bruto e metálico em seus elementos de enxofre e de prata viva; a segunda é a do corpo físico, e a terceira é a solução da terra mineral.

P. Como o corpo metálico é reduzido pela primeira solução em mercúrio, e depois em enxofre?
R. Pelo fogo artificial secreto, que é a Estrela Ardente.

P. Como é realizada esta operação?
R. Extraindo do sujeito, em primeiro lugar, o mercúrio ou vapor dos elementos e, após a purificação, usando-o para liberar o enxofre de suas ligações, por corrupção, da qual a negritude é a indicação.

P. Como é realizada a segunda solução ?
R. Quando o corpo físico é resolvido nas duas substâncias mencionadas anteriormente e adquiriu a natureza celestial.

P. Qual é o nome que é aplicado pelos filósofos à matéria durante este período?
R. É chamado de Caos Físico, e é, de fato, a verdadeira Primeira Matéria, um nome que dificilmente pode ser aplicado antes da conjunção do homem – que é o enxofre – com a mulher – que é a prata.

P. A que se refere a terceira solução?
R. É a umectação da terra mineral e está intimamente ligada à multiplicação.

P. Que fogo deve ser utilizado em nosso trabalho ?
R. Aquele fogo que é usado pela Natureza.

P. Qual é a potência deste fogo?
R. Ele dissolve tudo o que existe no mundo, porque é o princípio de toda dissolução e corrupção.

P. Por que ele também é chamado de Mercúrio ?
R. Porque é em sua natureza aérea, e um vapor muito sutil, que participa ao mesmo tempo do enxofre, de onde contraiu alguma contaminação.

P. Onde este fogo está escondido ?
R. Ele está escondido no assunto de arte.

P. Quem está familiarizado com este fogo e pode produzi-lo?
R. É conhecido dos sábios, que podem tanto produzi-lo quanto purificá-lo.

P. Qual é a potência essencial e característica deste fogo ?
R. É excessivamente seco, e está continuamente em movimento; procura apenas desintegrar e produzir coisas da potencialidade para a atualidade; é que, em uma palavra, que vindo sobre lugares sólidos nas minas, circula em forma de vapor sobre a matéria, e a dissolve.

P. Como este fogo pode ser mais facilmente distinguido?
R. Pelos excrementos sulfurosos nos quais está envolto e pelo ambiente salino com o qual está revestido.

P. O que deve ser acrescentado a este fogo para acentuar sua capacidade de incineração nas espécies femininas?
R. Por causa de sua extrema secura, necessita ser umedecido.

P. Quantos fogos filosóficos você enumera ?
R. Existem em todos os três – o natural, o não natural e o contra-natural.

P. Explique-me estas três espécies de fogos.
R. O fogo natural é o fogo masculino, ou o agente principal; o antinatural é o feminino, que é o dissolvente da Natureza, alimentando uma fumaça branca, e assumindo essa forma. Esta fumaça é rapidamente dissipada, a menos que muito cuidado seja exercido, e é quase incombustível, embora por sublimação filosófica ela se torne corpórea e resplandecente. O fogo contra-natural é aquele que desintegra os compostos e tem o poder de desintegrar o que tem sido “ligado muito de perto pela Natureza”.

P. Onde se encontra nosso assunto?
R. Ele pode ser encontrado em qualquer lugar, mas deve ser procurado especialmente na natureza metálica, onde está mais facilmente disponível do que em qualquer outro lugar.

P. Que tipo deve ser preferido antes de todos os outros ?
R. O mais maduro, o mais apropriado e o mais fácil; mas deve-se tomar cuidado, antes de tudo, para que a essência metálica esteja presente, não apenas potencialmente, mas na realidade, e que haja, além disso, um esplendor metálico.

P. Está tudo contido neste assunto?
R. Sim; mas a Natureza, ao mesmo tempo, deve ser ajudada, para que o trabalho seja aperfeiçoado e apressado, e isto pelos meios que são familiares aos graus superiores da experiência.

P. Este assunto é extremamente precioso?
R. É vil, e originalmente é sem elegância nativa; se alguém disser que é vendável, é a espécie a que se refere, mas, fundamentalmente, não é vendável, porque é útil somente em nosso trabalho.

P. O que contém nossa matéria?
R. Ela contém Sal, Enxofre e Mercúrio.

P. Qual é a operação mais importante a ser realizada?
R. A extração sucessiva do Sal, do Enxofre e do Mercúrio.

P. Como isso é feito ?
R. Por sola e perfeita sublimação.

P. O que é, em primeiro lugar, extraído ?
R. Mercúrio na forma de uma fumaça branca.

P. O que segue?
R. Água ígnea, ou enxofre.

P. O que então?
R. Dissolução com sal purificado, em primeiro lugar volatilizando o que é fixo, e depois fixando o que é volátil em uma terra preciosa, que é o vaso dos filósofos, e é totalmente perfeito.

P. Quando o Filósofo deve iniciar seu empreendimento ?
R. No momento do amanhecer, pois sua energia nunca falha.

P. Quando ele poderá descansar?
R. Quando o trabalho tiver chegado a sua perfeição.

P. Em que hora termina o trabalho ?
R. Meio-dia, ou seja, o momento em que o Sol está em seu poder máximo, e o Filho da Estrela do Dia em seu esplendor mais brilhante.

P. Qual é a palavra passe da Magnésia?
R. Você sabe se eu posso ou devo responder: Eu guardo minha fala.

P. Dê-me a saudação dos Filósofos.
R. Comece; eu lhe responderei.

P. Você é um aprendiz de filósofo?
R. Meus amigos, e os sábios, me conhecem.

P. Qual é a idade de um Filósofo ?
R. Do momento de suas pesquisas ao de suas descobertas, o Filósofo não envelhece.

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