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O hipnotismo instantâneo – Curso de Hipnose

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Ainda que muitas pessoal tenham julgado ser possível, por uma palavra ou um olhar, hipnotizar imediatamente pessoas que se encontram pela primeira vez, ainda que tais pretensões não gozem, em geral, senão de um crédito medíocre, deparam-se-nos, entretanto, alguns casos bem raros de hipnotismo instantâneo. Já vos o foi explicado como, de acordo com a sugestão pós-hipnótica, parecia ao espectador que a pessoa mergulhada repentinamente num sonambulismo profundo tinha sido hipnotizada instantâneamente a um sinal dado pelo operador; mal já foi também demonstrado que esse resultado só era devido à eficácia da sugestão pós-hipnótica, cujo efeito era dispor o paciente para daí em diante cair num sono imediato logo que o operador quisesse manifestar esse desejo. Compreendeis, portanto, que a questão de hipnotizar repentinamente uma pessoa que se encontra pela primeira vez, se classifica numa categoria inteiramente especial.

Dois métodos se acham, entretanto, em presença um do outro, dois únicos pelos quais esse fato notável pode efetuar-se.

Um método de teatro. -Só no teatro é que o primeiro pode ser empregado com probabilidades de bons resultados; por que o seu bom êxito depende inteiramente do esplendor e brilho da cena, acrescentado por uma sensação de ansiedade e temor, coroado pela confiança absoluta que o paciente tem no poder do operador.

Ação prodigiosa do medo. -Já falei do efeito singular produzido pelo medo, quando o paciente esta posto num estado conveniente. O fato é que ele cria um certo descaminho no cérebro do paciente e é assim possível estabelecer nele, bruscamente, uma sugestão positiva. A força dessa sugestão é tal que ela fica estabelecida de modo estável no seu espírito. Estou convencido de que nunca houve e nem haverá milagres. O poder de que os profetas usaram nos tempos antigos não é devido, penso eu, senão ao conhecimento do domínio do espírito sobre a matéria, quando estes dois elementos entraram em luta. A história de Naaman, o Sírio, nos é familiar a todos, como a punição que foi infligida a Gehazi, servo de Elisha. Hoje em dia, parece-nos inteiramente incrível que um individuo, anteriormente são e vigoroso, fosse repentinamente atacado de lepra, e atribuímos tal resultado a um efeito terrível do medo, produzido pela sugestão. Eu não queria, aliás, negar a possibilidade de tal fato, principalmente se o paciente foi primeiro presa de um medo extremo, de que se serviram para transmitir-1he a sugestão. O medo tem também um poder paralítico sobre o sistema muscular.

A sua aplicação em cena. -Em muitas representações públicas, sucede, as mais das vezes, que o operador pede que, dentre os circunstantes, algumas pessoas de boa vontade venham à cena fazer-se experimentar; ele não o faz senão quando acabou de conduzir as experiências ordinárias com os pacientes pessoais, sempre tidos à mão para esse efeito. Nessas ocasiões acontece, às vezes, que alguém é impelido, por gracejos dos amigos, a afirmar que não tem receio de se deixar operar pelo professor, mas a lembrança de tudo quanto acaba de ver, assim como o receio de uma força invisível que ele não explica, o dispõe às mais vivas apreensões; ainda que apresente uma fronte radiosa, jaz, em realidadispõe às mais vivas apreensões; ainda que apresente uma fronte radiosa, jaz, em realidade, enervadíssimo. O seu amor próprio veda-lhe o retirar-se e ele sob à cena com o rosto confiante. Naturalmente, o professor que é hábil na matéria, percebe bem depressa sinais de medo que acaba de manifestar o seu paciente voluntário e pode, num relancear de olhos, ler-lhe no rosto. Ele sabe que, se pode surpreendê-lo e transmitir-lhe a sua sugestão não terá trabalho em fazê-lo adormecer profundamente, visto que o medo que ele experimenta o torna uma presa fácil para uma sugestão rápida. Mas a sugestão rápida, empregada só não seria bastante forte para produzir um desvio imediato dos sentidos e sabemos que esse desvio é necessário para treinar o hipnotismo instantâneo.

Método empregado. -Conseguintemente, o professor adianta-se até a boca da cena e, no momento em que o paciente toma pé nela, ele põe-lhe repentinamente a mão sobre a nuca, de modo que deixe no público a impressão da sua diligência pessoal em vir-lhe em auxílio. O seu efeito real é aumentar o desvio do espírito do paciente. O professor não deixa de aproveitar-se disso e sem perda de tempo, aplica-lhe fortemente sob o queixo a palma da outra sua mão; isto dá-lhe, repentinamente, uma sacudidela nervosa na coluna vertebral, a qual tem por efeito imediato adormecer-lhe a sensibilidade. Segue-se um ligeiro roncar nos ouvidos e o paciente julga que vai perder os sentidos. Esse momento é que o professor escolhe para gritar-lhe bem alto, com voz decisiva e peremptória: “Dor-mi, dormi depressa, ides já e já adormecer-vos profundamente”. Em muitos casos, este método dá bons resultados; o paciente revira os olhos e cai, nesse momento, num estado de sonambulismo. Este método de hipnotismo instantâneo é naturalíssimo, mas o seu mecanismo permanece oculto ao público. A sacudidela do mento é apenas visível aos espectadores e, além disso, ela não é dolorosa nem brutal, como se poderia acreditar. Executa-se com muita presteza e dá sempre excelentes resultados.

Existe outro método instantâneo, por meio do qual se pode, algumas vezes, passar o sonambulismo num paciente, sem ter de se preocupar de nenhum dos trabalhos intermediários da indução ao sono, que foram tratados nesta série de lições. Este método tem por objeto deter, inopinadamente, a atenção do novo paciente, atemorizando-o no momento em que menos espera. Um porta-lápis de prata é tão bom como qualquer outra coisa para induzir espontaneamente à hipnose. Chega-se a este resultado colocando repentinamente, diante dos olhos do paciente, um objeto brilhante, como um porta-lápis de prata, por exemplo. Importa afirmar fortemente que não pode desviar dele a sua vista e que é forçado a seguir-lhe os movimentos em qualquer direção. Podeis natural e claramente inteirarvos de que, se o paciente tem tempo de raciocinar sobre o que se passa, verá que um objeto como um porta-lápis de prata não será nunca bastante forte para cativar a sua atenção e arrastá-lo para qualquer parte, contra a sua vontade; o operador não lhe deixa tempo para essa reflexão.

Sugeslões rápidas. -O paciente será constantemente atuado por sugestões que tem por efeito fazê-lo sentir-se atraído pelo porta-lápis, de modo que ele não possa perde-lo de vista que ele seja obrigado a segui-lo e que veja quanto seria inútil para ele lutar contra a sua influência. Sucede, as mais das vezes, que o paciente olha com olhar vitreo o portalápis e que ele se move no sentido do deslocamento desse objeto. Enquanto está em movimento, o operador põe-lhe as mãos sobre os olhos e diz: “Estais completamente acorrdado, mas vos é impossível abrir os olhos”. A partir de tal momento só lhe resta um passo a dar para chegar à indução do sonambulismo, das suas ilusões e das alucinações que o acompanham.

A hipnose pela telepatia. -Existe outro método de hipnose espontânea, mas é de tal maneira duvidoso na sua natureza que é difícil aceitá-lo como desempenhando um grande papel no emprego desta potência; é a hipnose pela telepatia ou estado hipnótico produzido pela transmissão do pensamento. Neste caso, o operador adquiriu a faculdade de projetar o seu pensamento. Acontece freqüentemente que, em algumas ocasiões, um paciente feminino se toma de tal modo em estado de relação com ele que a mulher assim escravizada tem imediatamente consciência da sua presença e do seu poder, embora não tenham trocado uma palavra. O operador pode, assim, em alguns casos extraordinários, conseguir ordenar-lhe silenciosamente que durma.

Tais casos se encontram às vezes. -Ainda que raros, estes casos não são menos reais e parecem sempre apresentar-se sob o mesmo caráter, isto é, que uma vez acordado o paciente, declara ter distintamente ouvido alguém, que ele tomava pelo operador, dizer-lhe ao ouvido: “Quero que durmais, dormi imediatamente”. O poder de projetar assim o pensamento é tal que cada um deveria praticá-lo constantemente; é a Energia, e a projeção do Pensamento é a projeção da Energia através do espaço, pela vontade e pelo desejo.

A filosofia do poder da vontade no Mesmerismo. –Os primeiros mesmerianos ligavam mais importância à ação de levar os seus pacientes ao sono pela sua vontade ou pelo seu desejo, do que ao magnetismo que residia nos passes empregados para esse fim. Farieis, pois, muito bem em lembrar-vos de que, na produção de qualquer dos fenômenos psicológicos, as vossas sugestões, para chegardes ao resultado que desejais produzir, deveriam sempre ser reforçadas por uma vontade muito forte e um interesse poderoso, de modo que possam realizar-se.


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