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Marcelo Ramos Motta
Antes de entrarmos no assunto deste capítulo seria conveniente definir os nossos termos. Já dissemos que existe um axioma em antropologia: o deus de uma tribo conquistada sempre se torna o diabo da tribo vencedora. Se não mantivermos este axioma em nossas memória, tenderemos a cometer os piores enganos em matéria de “Magick Negra e Feitiçaria”.
A concepção que os iniciados tem destas duas coisas é bem diferente das superstições dos profanos. Nós definimos como Magick negra qualquer atividade mística ou mágicka que contrarie a evolução da espécie humana; e definimos evolução como expansão e aprofundamento de nossa consciência cósmica.
Isto quer dizer que o uso de forças sutis para produção de efeitos materiais é quase sempre Magick negra. Se o “Jesus” evangélico tivesse existido, e tivesse realizado os “milagres” descritos nas falsificações romano-alexandrinas, ele teria sido o que chamamos de um “Magista Negro”.
Absolutamente não queremos dizer que tais milagres não sejam possíveis Eles são realizados diariamente em muitas partes do mundo, principalmente por espíritas. Mas do ponto de vista iniciático são fenômenos indesejáveis. As forças dos planos sutis devem ser utilizadas para aumentar nosso conhecimento e capacidade naqueles planos; não para nos restituir saúde física, ou prolongar as nossa existência material, ou angariar “boa sorte” em termos de fama, amor, e fortuna. Quando utilizamos de tais recursos, estamos regredindo e não progredindo; estamos descendo a escada evolutiva em vez de subi-la.
Existe uma grande harmonia e interação entre os planos: podemos utilizar nossa ampliação de consciência nos planos sutis para melhorar as condições de nossa existência neste e noutros planos mais grosseiros; mas as forças utilizadas devem sempre ser aquelas de que dispomos no próprio plano em que desejamos causar mudanças, e os processos devem sempre seguir a linha natural e biológica da nossa estrutura psicossomática.
Quando um filho resolve a deixar uma religião ou adotar um tipo de conduta que sua família desaprova, freqüentemente a família manda rezar missas por sua alma, e outros rituais de acordo com as crendices. Isto é um ato de “Magick Negra, e Feitiçaria”: é uma tentativa de utilizar forças psíquicas num ataque telepático contra uma consciência humana, a fim de forçá-la a adotar normas de conduta ou pensamento que não são as suas.
Este tipo de feitiçaria é muito comum, e ainda não ouvimos uma voz sequer erguer-se no nosso país para apontá-la como o crime que é.
Quando, por outro lado, um macumbeiro faz uma mandinga para você obter um amor de alguma pessoa, ou o favor de alguma autoridade, isto também é Magick negra ou feitiçaria. Mas do ponto de vista ético existe uma importante diferença: o mandingueiro sabe, e admite, que está executando um enfeitiçamento, enquanto o padre, e a família, alegam que estão pedindo ajuda a “Deus” para trazer uma ovelha desgarrada de volta ao rebanho!
Outra grande diferença, está na preparação de um talismã para atrair amores, de mulheres, etc…, e administração de um “filtro de amor” a uma mulher em especial. No primeiro caso, produzimos uma concentração na energia astral que tenderá a atrair para nós mulheres que estejam dispostas a serem atraídas; não há invasão de privacidade anímica de tais mulheres. Mas no segundo caso trata-se de um envenenamento criminoso. O primeiro caso é Magick elementar, de baixo nível, mas admissível. O segundo caso é Magick negra.
Tentar impedir, a livre expressão da vontade espiritual de qualquer ser vivo é uma forma de Magick negra. Diz O Livro da Lei: “ tu não tens o direito a não ser fazer a tua vontade. Faze aquilo e nenhum outro dirá não”.
A tarefa de um Adepto Maior da A\A\, é conquistar o perfeito controle de seus poderes mágickos e utilizá-los. Mas o Adepto só utiliza sob a orientação do seu Anjo, que está capacitado para mostrar-lhe onde a utilização de tais poderes serve à execução da Verdadeira Vontade do Adepto, e onde a utilização deles significaria interferência com a Verdadeira Vontade de outro ser vivo.
Há operações mágickas que parecem muito inocentes, e que o profano, ou um estudante de ocultismo de baixo grau, executa sem se perturbar; mas as quais um iniciado de grau mais elevado se absteria de sequer considerar. “Mas sempre para me,” diz Nossa Senhora Nuit (CCXX I: 51). Isto é: nosso progresso não deve interferir com o movimento universal. A ecologia tem que ser respeitada.
Quanto mais adiantado é um iniciado, mais indeciso ele parecerá ao agir. Mais tempo ele levará para chegar a uma conclusão. Não é ele um dos Guardiões do Karma do Mundo? Você acha que ele precisa considerar apenas os apetites ou as aversões de você; mas, e aquele pé de grama ali no canto do seu jardim? Ou aquele elefante trombeteando do outro lado da terra? Eles também são fatores na equação do Mestre.
Como então, consideraremos aquilo que vulgarmente chama-se Magick Negra e Feitiçaria? Simplesmente em termos daquele axioma de antropologia a que nos referimos. As considerações históricas que faremos a seguir estão quase exclusivamente circunscritas à “Magick negra” e a “feitiçaria”, assim como são definidas por culturas onde o cristianismo predomina; mas considerações análogas poderiam ser feitas quanto a outras religiões e outras culturas. O processo é sempre o mesmo.
Desde que a humanidade começou a se organizar em tribos, dois tipos diversos de culturas tem existido: os agricultores, adoradores do Sol, e os caçadores, adoradores da Lua. Os agricultores plantam, ou criam gado, e outros animais; os caçadores vivem dentro do processo ecológico natural limitando-se a modificá-lo apenas para se alimentar ou se vestir.
Muitos antropólogos são de opinião que as tribos caçadoras representam a mais antiga forma de associação humana, e que a agricultura é uma invenção relativamente moderna de nossa espécie. Seja como for, a história da Europa está ligada a conquista das tribos caçadoras e nomádicas pelas tribos agricultoras que emigraram da Ásia para o ocidentes, ou em outras palavras, ao triunfo dos adoradores do Sol sobre os adoradores da Lua.
As tribos européias e das ilhas britânicas que adoravam, a Lua usavam os cornos lunares como símbolos de chefia ou de nobreza; vestiam-se de peles de animais, eram menores em estatura que os adoradores do Sol, e desconheciam o ferro. Viviam nas florestas ou nas montanhas. Os gregos chamavam-nos de faunos, os romanos de sátiros, os anglosaxões de anõezinhos ou de povo das fadas.
A religião dessa gente consistia na adoração da Lua em seus três aspectos: Jovem (Virgem), Mãe e Avó. Sua forma de governo era matriarcal, e sacerdotisas administravam sua religião. Não praticavam sacrifícios humanos, mas praticavam a liberdade sexual, chegando mesmo a convidar estranhos a partilhar do leito familiar como um gesto de homenagem e cortesia. Celebravam rituais orgiásticos na época dos equinócios e dos solstícios. A homossexualidade de ambos os sexos, faziam parte dos seus rituais. O parceiro da Grã-Sacerdotiza também usava cornos lunares obre a testa como um diadema, e por isto era chamado popularmente de “Chifrudo, ou Cornudo”.
Com a chegada das tribos dos agricultores, as quais começaram a invadir a Europa em grandes levas há aproximadamente três mil anos, o conflito entre as culturas tornou-se inevitável. Os agricultores destruíram as florestas para plantar; tendiam ao patriarca, e consideravam as mulheres como propriedades suas; sacrificavam representantes humanos ao deus tribal durante seus Ritos da Primavera, para assegurar abundantes colheitas ou crias; um sucessor era imediatamente nomeado, e por isto dizia-se que o Deus encarnado, ou vigário, morria e ressuscitava todo ano, exatamente como o Sol fazia todos os dias.
O contato entre as duas culturas, por hostil que fosse, causou necessariamente uma assimilação de traços mútuos. O patriarca começou a ser praticado entre os caçadores e o matriarcado entre os agricultores; lendas explicando o conflito entre os dois tipos de sociedades foram incorporadas em seus ritos religiosos. Eventualmente, um certo nível de coexistência foi alcançado. A multiplicidade de deuses entre as tribos européias na época dos gregos e romanos simplesmente indica a tolerância mútua praticada entre essas diversas culturas. O intercâmbio entre as classes sacerdotais levou à forMaçom de um panteão de deuses, os quais estavam associados com um, dos “sete planetas sagrados”: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, e Saturno. Não importava qual o deus, ou deusa, adorado localmente: se a divindade pudesse ser atribuída a um dos “sete planetas”, os seguidores se reconheciam entre si, e confraternizavam, a despeito das aparentes diferenças entre seus cultos respectivos.
O advento do cristianismo mudou tudo isto. Os cristãos herdaram dos judeus todos os vícios do dogma israelita sem nenhuma das virtudes. Os cristãos eram patriarcais, monoteístas, e intolerantes com outras fés, que nem os judeus; e sequer touxeram a Qabalah hebraica, nem a concepção altamente refinada que os judeus tinham de Jeová e sua relação com seus profetas, ou vates. Em conseqüência, a história da “catequização” das tribos européias pelos cristãos (embora tenha sido adulterada, inventada pelos patriarcas romanos-alexandrinos) é uma lameira de sangue e um amontoado de infâmias.[1]
As perseguições e as matanças religiosas perduraram através dos séculos: há cento e cinqüenta anos atrás, os “meigos” cristãos ainda estavam queimando vivos os poucos remanescentes da religião do “Chifrudo” em quem podiam botar as mãos. Que não se tratava na realidade de um “Chifrudo” e sim de uma “Chifruda”, é apenas um aspecto da incompreensão e do exagero dos padres inquisidores, infeccionados pela histeria, os recalques e as deformações morais de uma religião malsã.
Os leitores devem compreender que existiam, e existem ainda, diversos ritos religiosos relacionados com a Tríplice Mãe Lua. Seguidores desses ritos, escondendo-se nos locais mais remotos, ou jurando entre si o máximo segredo, preservaram as suas tradições apesar de todas as calúnias, os desatinos a que eram submetidos quando os cristãos conseguiam botar as mãos neles.
As feiticeiras, feiticeiros, curandeiros, gente ciente dos poderes curativos de plantas minerais. A maior parte das descobertas científicas da Renascença teve origem no conhecimento perpetuado por essa gente tão temida e tão misteriosa. Sabemos que Paracelso, por exemplo, considerado por muitos como o pai da medicina moderna, declarou francamente por escrito que aprendera mais das curandeiras dos campos do que nas escolas de medicina das diversas universidades européias.
Aliás, Paracelso morreu envenenado após ter escrito diversas obras denunciando o charlatanismo e a cobiça de seus colegas.
Compreenda-se que legítimos feiticeiros e feiticeiras nunca adoraram, “Satanás”, o qual era uma invenção da teologia cristã. Mas não importa que nome dessem a sua divindade: para os padres, ela sempre uma forma assumida pelo “Príncipe das Trevas”. Esta tendência intolerante perdura até hoje no catolicismo romano e no cristianismo em geral; mas é cuidadosamente disfarçada em público.
Joana d’Arc foi realmente uma feiticeira, isto é, pertencia ao culto proscrito, assim como Giles de Retz. Joana foi queimada viva, e reabilitada depois de morta como “santa”- Os mortos não falam! Quanto a Giles de Retz, o famigerado “Barba-Azul”, foi acusado de sacrificar várias centenas de criancinhas indefesas nas masmorras de seu castelo. Seus juizes foram padres e nobres que ambicionavam suas terras, e após sua morte suas propriedades e fortuna distribuídas entre esses “juizes”. Nenhum esqueleto de criança foi encontrado para ser exibido no processo: a evidência contra Giles de Retz partiu em de dois empregados que ele despedira por desonestidade, e limitou-se ao testemunho deles.
Estes dois casos são mencionados por se tratar de pessoas muitos conhecidas. Mas centenas de milhares de casos semelhantes se repetiram durante séculos.
É verdade que dos autos dos processos contra feiticeiros consta confissão, feita por esses mesmos feiticeiros, das maiores enormidades. Os autos não mencionavam, entretanto, que tais confissões eram arrancadas através de pavorosas torturas: as vítimas eram torturadas até responderem um “Sim”; os “Nãos” eram encarados apenas como relutância da parte dos infames hereges em confessarem os seus “pecados” contra “Jesus Cristo”.
Caso o leitor não tenha percebido bem o mecanismo dos processos, daremos um exemplo concreto.
Cenário: sala de torturas.
Inquisidor sentado confortavelmente num camarote com seus colegas e um escriba: – Mulher, confessas que beijaste o ânus de um bode preto na noite tal de mês tal, que esse bode era satanás disfarçado, e que no dia seguinte beijastes fulana de tal na face e como conseqüência ela morreu de varíola no verão?
Prisioneira tendo a carne dos seios aos poucos arrancada com pinças de ferro em brasa: -Não!
Inquisidor: -O poder de Satanás ainda impede a boca dessa pobre infeliz. Continuai a tortura até que confesse.
Eventualmente, a prisioneira berrava um “Sim”, gemia um protesto tão indistinto que o inquisidor podia interpretar sua resposta como afirmativa.
Inquisidor: -Louvado seja o poder de Nosso Senhor Jesus Cristo! Escriba, registre nos autos que a prisioneira confessa que beijou o ânus de um bode preto na noite tal, etc.etc…
A leitura dos processos contra feiticeiros, ou dos gordos tratados sobre feitiçaria escritos pelos inquisidores, dá uma idéia dos abismos de perversidade de que é capaz o ser humano; mas para uma mente sadia, a perversidade está nos juizes, e não nas vítimas.
Não queremos dizer, que não houvesse casos esporádicos de legítimo abuso de conhecimentos ocultos por parte de feiticeiros; mas a espantosa crueldade dos inquisidores ultrapassa os piores crimes que suas infelizes vítimas possam ter praticado.
Quanto aos muitos feiticeiros que eram, realmente, adoradores de Satanás teológico, tratava-se de doentes mentais. Que método era usado para sua cura!
Estabeleçamos, portanto, que quando falarmos em feitiçaria ou Magick negra, neste capítulo estaremos nos referindo a tipos de pratica mágicka ou mística que iniciados consideram prejudiciais a evolução da nossa espécie, e não a “satanismo” tais como são definidos por qualquer ramificação do cristianismo. De fato, como já mencionamos, o caso das missas rezadas pela alma de pessoas que não concordam com os nossos preconceitos cai dentro de nossa classificação de práticas prejudiciais.
Trataremos do “satanismo”, e de outros aspectos ainda mais daninhos do cristianismo, no capítulo sobre correntes mortas. Observaremos aqui apenas que o “satanismo” não deixava de ser uma revolta contra os aspectos restritivos e autistas da teologia e prática cristãs; e como tal, era um passo em direção ao ar livre, embora formulado em termos da própria crença doentia que se desejava abandonar.
Tendo definido os nossos termos, podemos declarar que está claro que feitiçaria e Magick negra são praticados diariamente em todas as partes do mundo. Quando, por exemplo, na União Soviética um dissidente é colocado num hospital psiquiátrico para tratamento, essa pessoa está sendo vítima de um ataque mágicko, o qual é tanto pior quanto maior é sua eficiência. Drogas deformadoras da personalidade são combinadas com sugestão e hipnose no tratamento desses infelizes. É de espantar que meses depois eles apareçam declarando-se publicamente adeptos do Partido Comunista Soviético.
Talvez o leitor estranhe darmos este tipo de exemplo aqui. O que tem haver essas pessoas com feitiçaria ou Magick negra? Mas, simplesmente, queremos enfatizar que definição iniciática de feitiçaria e Magick negra inclui casos como esses. O processo, além dos mais, não é exclusividade dos Soviéticos: é também utilizado nos assim chamados países-livres, há mais de meio século. Não só pessoas ricas são declaradas insanas, e internada, enquanto seus parentes administram suas posses, como também letrados ou cientistas que ofendem os padrões vigentes são constantemente colocados em asilos. Três exemplos recentes num dos países mais progressistas do mundo, os Estados Unidos da América, foram do escritor Ezra Pound, o psicólogo Wilhelm Reich, e o professor Timothy Leary.
Ezra Pond foi posto num manicômio por ter se declarado a favor dos fascistas na Segunda Guerra mundial. Era um dos maiores poetas americanos, e foi libertados faz alguns anos. Deixamos claro que não somos simpatizantes do fascismo, mas não temos o direito de restringir a ninguém a liberdade de tentar mudar a opção dos métodos punitivos de outras facções.
Wilhelm Reich foi posto em um manicômio por insistir que deve ser permitido às crianças, desde a mais tenra idade, observar a atividade sexual dos adultos. O choque de ser internado desequilibrou-lhe a mente, reconhecidamente e internacionalmente brilhante, e morreu doente por ter sido internado.
O professor Timothy Leary foi posto num manicômio por defender o uso do LSD, e ensinar gratuitamente a sua fabricação caseira. Recentemente foi libertado, e tem feito conferências contra o uso de psicodélicos, programadas por autoridades governamentais…
Se conseguimos deixar bem claro esse ponto, poderemos agora tratar daqueles casos especiais de restrição da vontade alheia em que os meios de restrição utilizados funcionam através de planos sutis e de faculdades menos conhecidas entre as que compõem a estrutura psicossomática do ser humano.
Para enfeitiçar, é necessário possuir um laço mágicko com, a pessoa que tencionamos influenciar. Este laço mágicko deve ser algo que exista, pelo menos em parte, como substância material (pois estamos usando forças sutis para produzir efeitos no plano físico), e que esteja magneticamente sintonizado com a vítima: um objeto de seu uso constante, ou impregnado por uma das suas secreções naturais de seu organismo: lágrimas, suor, sangue, sêmen, secreções vaginais. Também servem mechas de cabelo, aparas de unhas, e até fezes. Entretanto, o sangue menstrual não pode ser usado, porque não contém traços pessoais, ou melhor está livre de Karma. Pode servi de alimento mágicko, mas não formará automaticamente um elo com a mulher que o emitiu. É sabido que o sangue menstrual é tão estéril quanto a água destilada. Por motivos análogos sangue, ou sêmen de um iniciado de um certo grau são estéreis magicamente. Se estas substâncias forem utilizadas como laços mágickos para feitiços, o feitiço voltará sobre o feiticeiro inevitavelmente.
Estando de posse de seu laço, o executor do feitiço procura criar uma corrente astral utilizando-o como foco. Em teoria, a afinidade da gama vibratória do laço com a pessoa que deseja atingir fará com que a corrente astral se transmita em direção a essa pessoa, e a golpeie.
Está é a teoria. Na prática, muitos obstáculos podem se apresentar. Primeiro, a capacidade do feiticeiro de produzir uma corrente suficientemente forte; segundo, as circunstâncias magnéticas em volta da proposta vítima; terceiro, a constituição psicossomática da mesma.
Se o feiticeiro não tiver desenvolvimento mágicko, será incapaz de produzir uma corrente suficientemente forte para se irradiar em direção a vítima.
Se a vítima estiver geograficamente longe do feiticeiro, ou do outro lado do oceano, ou numa ilha, ou rodeada de pessoas saudáveis que a estimam, novamente será extremamente difícil que ela seja alcançada pela corrente. (certas exceções a esta regra serão mencionadas no capítulo correntes mortas.)
Se a suposta vítima for o que se costuma chamar de um “espírito forte”, isto é, uma pessoa de saúde robusta, temperamento alegre, e pouca imaginação, será também, extremamente difícil objetivos dessa operação, independente de quem seja o feiticeiro, e suas habilidades.
Infelizmente, na maioria dos casos que ataques mágickos deste tipo ocorrem, a vítima também está interessada em Magick ou ocultismo, e tenderá a possuir uma imaginação ativa e um temperamento sensível. Em tais casos, ela poderá se tornar vulnerável a influência do enfeitiçamento.
Há várias maneiras recomendadas por ocultistas para neutralizar o feitiço. A primeira naturalmente, é destruir o laço mágicko. Mas freqüentemente isto não é possível, por se ignorar o seu paradeiro. Outras aqui seguem:
- Se a corrente hostil é mais intensa à noite, coloque pontas afiadas de aço no quarto da vítima. Elas agem como para-raios, dissipando a corrente.
- Coloque um pires contendo algum ácido de evaporação rápida, como nítrico, puro ou diluído, no quarto da vítima. A reação do ácido provoca uma reação atmosférica em que a concentração de forças no plano Etérico se torna extremamente difícil.
- Convença o paciente a morar numa ilha, ou a dormir numa casa construída sobre uma corrente de água subterrânea.
- Sele astralmente a residência do paciente, e como precaução adicional faça-o dormir rodeado por um círculo mágicko. Não é difícil formar um círculo mágicko no Astral: basta traçar com um gesto um círculo em volta da cama do paciente, e imaginar que uma barreira de fogo se ergue à medida que nossa mão se move, projetada por nós. O próprio paciente pode fazer isto, lembrando-se, porém, de que ao nascer do sol a força se dissipará; e também de que, se ele deixar o leito por algum motivo durante a noite, será necessário refazer o círculo em volta deste quando regressar.
Em casos extremos, pode ser necessário manter a vítima sob guarda de um iniciado, ou até mesmo identificar o atacante astralmente e anular seu esforço.
Como os veículos sutis do paciente estão sob ataque, será necessário compensar a necessidade fisiológica de certas substâncias que são gastas em maior quantidade por um organismo submetido a tensões nervosas, ou perturbações mentais. Entre estas, as vitaminas do complexo B, e C.
A alimentação deverá ser leve, mas altamente nutritiva, sendo conveniente que a vítima mantenha-se ocupada em seus afazeres normais, e evite contatos com Magick, misticismo, e principalmente espiritismo, enquanto durar o ataque.
Caso um receio de morrer se apresente, a pessoa deverá ser encorajada a cultivar um esporte que envolva um certo perigo físico; pois não há nada melhor para combater um perigo imaginário do que o desenvolvimento da coragem em nosso caráter.
A fase da lua deve ser levada em consideração: correntes astrais são mais facilmente formadas durante a lua crescente, e a medida que a lua cheia se aproxima a intensidade dela aumenta. Com a lua nova, a energia se dissipa, e o feiticeiro tem de recarregar sua corrente para voltar ao ataque. Ora, mesmo o mais poderoso dos feiticeiros acabará por desistir se você resistir ao seu ataque durante três luas novas seguidas: ele terá que passar pelo menos um período equivalente se recuperando antes de tentar nova investida.
Além da simples forMaçom de uma corrente astral, o feiticeiro pode trabalhar sobre sua vítima de formas mais diretas: ele pode enviar um elemental artificial para efetuar o ataque, ou um elemental legítimo sobre o qual consegui obter domínio, ou um demônio, ou até mesmo seu próprio corpo astral.
Como já dissemos um elemental artificial envolve um certo risco para a pessoa do feiticeiro; se o elemental for identificado e absorvido pela vítima, ou por um Magista, a força do feiticeiro ficará bastante fragilizada, e a corrente hostil repercutirá sobre ele.
Já um elemental legítimo deverá ser encarado como um simples instrumento; ele raramente possui capacidade moral para perceber que está cometendo um ato reprovável. São Elementais, em via de regra, que produzem os fenômenos associados com movimento de objetos, estalidos, queda de água, e outros líquidos, odores desagradáveis, incêndios espontâneos, etc… Estes Elementais podem ser afugentados pela queima de perfumes que lhes são indesejáveis, ou seja, que pertençam à força contrária.
Uma Neófito da A\A\, em certa ocasião convenceu uma amiga a se desligar de um centro espírita. Pouco depois, pequenos incêndios inexplicáveis começavam a ocorrer na residência da Neófito. A princípio ela pensou que se tratava de defeitos na instalação elétrica, ou outro incidente qualquer, mas a repetição dos incidentes levou-a à conclusão de que uma salamandra era responsável. Recorrendo ao seu instrutor, ele recomendou queimar diariamente benjoim, rosa, ou mirra, ou uma mistura dos três em partes iguais, na direção dos pontos cardeais, ao nascer e por do sol, até a fase seguinte da lua nova. Isto feito os incêndios cessaram e não mais se repetiram.
Há raízes que são repugnantes aos Elementais mais grosseiros de qualquer elemento: as mais fáceis de conseguir são o alho a cebola. Pendurar alho cortado nos aposentos, e deixá-lo ali durante um dia e uma noite, e em seguida queimá-lo, freqüentemente afugenta Elementais traquinas e maliciosos. Gente do campo na Europa segue uma receita obtida dos antigos feiticeiros adoradores da Lua: quando estão para receber uma visita de pessoas suspeitas, colocam cebolas na sala de visita ou outro aposento que calculam que a pessoa possa entrar, e queimam as cebolas no fogão assim que as visitas se vão.
É bem provável que modernos desodorizados de ambientes tenham um efeito semelhante em muitos casos; mas a evidência neste sentido ainda não é suficiente para que nos incluamos aqui.
Se o atacante emprega demônio, a situação se torna um pouco mais séria. Feiticeiros que utilizam demônios são Magistas, e só podem ser combatidos por Magistas. A utilização de uma entidade demoníaca na obtenção de ambições puramente pessoais é muito perigosa, pois, a afinidade contraída com a entidade estimulará, ao Psicossoma do feiticeiro, o desenvolvimento exagerado de qualidades demoníacas.
Alguns Magistas são extremamente imprudentes, em tais assuntos. Em certa ocasião, um indivíduo prestou um favor a um certo dervixe, o qual em sinal de agradecimento, colocou um de seus familiares a serviços do benfeitor. A entidade era capaz de fazer objetos aparecerem ou desaparecerem, ou serem transportados a uma curta distância; e o benfeitor que era um homem de mentalidade bastante simples, se pôs a fazer carreira como prestidigitador de esquina.
-Muito bem, mas tome cuidado – disse o dervixe, – pois o demônio tentará você a roubar.
Durante algum tempo o benfeitor do dervixe obteve grande sucesso realizando truques inexplicáveis de ilusionismo; mas eventualmente começou a subtrair o dinheiro de carteiras que fazia desaparecer durante o espetáculo, e acabou sendo colocado na cadeia. O demônio voltou para o dervixe.
Não podemos acusar o dervixe dos roubos cometidos pelo prestidigitador, sob a influência da entidade, mas achamos que ele deveria ter ponderado ser pouco provável que uma mentalidade simples como a do seu benfeitor pudesse resistir a influência insidiosa da entidade, e que deveria ter evitado colocar os e dois em contato. Consideramos até que esta imprudência da parte do dervixe indica que ele estava mais que influenciado pela companhia dos espíritos sob seu comando do que é desejável para qualquer Magista equilibrado.
Muitos milagres podem ser executados através de demônios; tais milagres sempre tem um preço. Nenhuma pessoa que ainda não tenha alcançado o Conhecimento e a Conversação do Sagrado Anjo Guardião está em condições de lidar eficientemente com entidades demoníacas, e feiticeiros que utilizam tais entidades para atacar ou prejudicar seus semelhantes estão iniciando um tipo de conduta que pode levar a dissociação total entre a personalidade e aquela Trindade Espiritual sem a qual nenhum tipo de entidade pode ser chamada humana.
O propósito da evolução de nossa raça é nos tornarmos deuses, não demônios; e o propósito dos demônios que prestam serviços a seres humanos, é se tornar um deles, ou seja microcosmos; e não transformar as pessoas a que servem em demônios.
É preciso que se perceba que os demônios não agem descritivamente sobre a personalidades do feiticeiro por malícia deliberada. Um demônio é uma entidade que exerce um certo tipo de força, que vive numa certa gama vibratória. O contato com essa entidade sempre tende a produzir um excesso na natureza humana, na direção da força que ela emite.
A penalidade que pagamos por sermos microcosmos é que contemos em nós todas as tendências a que entidades demoníacas podem estar inclinadas; e se estas tendências são estimuladas por contato com demônios além do ponto de equilíbrio, nós não mais controlamos os mesmos, ou seja nos tornamos verdadeiros demônios.
Nisto está o mistério da perversidade humana. Os demônios não são culpados, porque eles não são perversos. A perversidade só é possível a uma entidade capaz de contrariar sua tendência natural de conduta. Só um microcosmo está em condições de ser perverso, pois somos criaturas complexas para ter diversas alternativas de ação em seus planos de existência.
É preciso compreender que os demônios não são “maus”. Eles são simplesmente entidades com certa formas de manifestação. Quando crianças torturam animais ou insetos, e se deleitam neste tipo de ação, estão sob a influência de entidades demoníacas; mas entidades demoníacas não encaram a tortura do animal como nós. Para eles está havendo uma dissociação de energias, um dispersão de forças até então coaguladas.
Quando um caçador mata um animal para lhe comer a carne, ele está utilizando energias demoníacas em seu ato, mas neste caso está utilizando esta maneira dentro dos limites ecológicos do universo. Os animais também matam para comer. Mas quando o caçador mata o animal pelo simples prazer de caçar, por simples ato esportivo, como ocorre por demais; este caçador está emitindo suas energias psicossomáticas, estimuladas por entidades demoníacas, e que assumem uma importância excessiva em seus processos de vivência. Se ele deixar que tal prazer inecológico se desenvolva e aumente, ele corre perigo de se tornar eventualmente um sádico assassino.
As chamadas “tentações dos santos” estão relacionadas com este problema da perversidade. Em determinadas fases do processo iniciático, seja qual for o sistema que praticamos, nós nos atunamos forçosamente com influências nos planos sutis que existem naquela mesma onda de energia na qual, na ocasião, estamos atuando. Ao avançarmos até um certo ponto, percebemos que o “bem e o mal” só existem para microcosmos: a todo e cada momento, é necessário que decidamos, por nossa própria conta e risco, que ato nosso será “bem ou mal”. Estas são percepções relativas de nossa conduta. As mais ínfimas coisas nos perturbam, porque estamos sob o embate de forças que poderão se desequilibrar ao mínimo descuido. Chegamos a ter medo de agir, este é o pior medo que podemos ter. Estas fases em nosso desenvolvimento psíquico são análogas a acessos de loucura, e podem acabar em alienação mental, se não mantermos nosso autocontrole. Nem deve ser pensado que podemos nos tornar alienados na direção do “mal”. Podemos nos desequilibrar tanto por excesso de nossos vícios, como pelas nossas virtudes. As misérias presentes da humanidade não resultam de obsessão demoníaca, e sim de mil anos de excessiva dedicação ao lado “angélico” de nossas personalidades.
Torquemada, que foi um monstro muito pior que Nero, entretanto era obcecado por “anjos”, e não por “demônios”.
O primeiro passo em direção à sabedoria consiste numa franca e objetiva avaliação da relatividade de todos os nossos valores. A hipocrisia é o pior inimigo da Iniciação. Podemos esperar mais de um feiticeiro que desavergonhadamente admite a sua maldade, e se vangloria dela, do que de um cristianismo que justifica sua crueldade e mesquinhez em termos de necessidade de dogmas, como aconteceu com a maldita Inquisição.
Que Messias poderá dar visão a um cego que não quer ver?
Para combater um ataque efetuado por um feiticeiro através de um demônio é preciso controlar o mínimo de acesso de cólera, a mínima tentação de conduta inecológica, o mínimo de arroubo de ciúme e inveja, e mínima manifestação de medo! Por outro lado, é necessário controlar nossa vaidade, o nosso orgulho de nossas “virtudes”, o nosso senso de “superioridade” moral sobre o demônio ou feiticeiro. Em suma, é essencial buscarmos o equilíbrio psicossomático em todas as direções.
Comparem o que foi explanado, com o que está escrito em “Liber Tizarddi vel Hamvs Hermeticvs svb figvra 370”, um dos Livros Sagrados de Thelema.
“33 – Eu vos revelo um grande mistério. Vós que estais de pé entre o abismo da altura e o abismo da profundeza.
“34 – Em cada um espera-vos um Companheiro, ou Companheira; e aquele Companheiro ou Companheira, é Vós Mesmos.
“35 – Vós não podeis ter outro Companheiro ou Companheira.
“36 – Muitos tem-se erguido, sendo sábios. Eles tem dito: procura a Brilhante Imagem no lugar sempre dourado e une-te com Aquilo.
“37 – Muitos tem-se erguido, sendo loucos. Eles tem dito: desce ao Mundo da escuridão esplêndida e une-te àquela Criatura Cega da Lama Viscosa.
“38 – Eu, que estou além da Sabedoria e da Loucura, ergo-me e vos digo: Realizai ambas essas bodas! Uni-vos a ambos companheiros!
“39 – Cuidado, cuidado, digo Eu, não procureis um deles para perder o outro!
“40 – Meus adeptos estão retamente erguidos; suas cabeças acima dos céus, seus pés abaixo dos infernos”.
Sob o ataque de entidades demoníacas, é necessário que a vítima mantenha absoluto controle de si mesma. Um demônio só pode agir sobre nós através de nossas afinidades anímicas com ele. Não é difícil manter auto controle, e o importante é não negligenciar os pequenos detalhes. Como diz Lao-Tse: se fizermos as grandes coisas enquanto elas são fáceis, e pequeninas, eventualmente estaremos fazendo coisas difíceis e importantes sem a necessidade de exercermos pequenas irregularidade de conduta, pelo simples fato de que são pequenas, eventualmente poderemos nos perceber cometendo enormes falhas de conduta, que nos exigirão um imenso esforço para que possamos neutralizá-las”.
Se temos um módico de autocontrole, podemos identificar quais tendências em nós são exacerbadas durante um ataque, e manter uma rédea firme sobre elas. É possível, inclusive que nosso autodomínio desperte a admiração e o respeito do demônio a tal ponto que este se prontifique a nos servi. Isto é tanto mais possível porquanto o demônio, em via de regra, despreza o feiticeiro que o enviou: para executar um ataque mágicko através de um demônio é necessário que o feiticeiro se atune de tal modo com a influência demoníaca que ele se torna um demônio. Demônios mais desenvolvidos sentem instintivamente que o feiticeiro decai de dignidade humana para se tornar um fantoche das influências que eles representam.
Por entranho que pareça, ataques perpetrados através de entidades demoníacas podem ser um meio precioso de auto-aperfeiçoamento para a vítima, se esta conseguir manter domínio de si mesma. As influências demoníacas limparão as faculdades sutis do atacado de todos os excessos, impurezas e resíduos. Em alquimia, o simbolismo deste tipo de operação é dado no aforisma: “É preciso ter ouro para fazer mais ouro”. O ouro em estado bruto, combinado com outros metais, era obtido em estado puro através do processo de colocá-lo numa solução de Vitríolo (ácido sulfúrico). Os metais mais baixos eram dissolvidos pelo ácido, e só o ouro permanecia.
A alquimia sempre existiu em diversos planos simultaneamente. No plano material, o Vitríolo era simplesmente ácido sulfúrico; mas em outro plano simplesmente simbolizava essa energia demoníaca de dissolução através da qual todas as escórias eram removidas, deixando apenas o puro espírito, simbolizado pelo ouro. A palavra Vitríolo, em si, é um “Notariqon”, isto é, as letras são as iniciais de outras palavras, as quais em seu conjunto formaram uma frase latina com significado místico que pode ser traduzida em português por “VISITA AS PROFUNDEZAS DA TERRA; ASSIM OBTERÁS A PEDRA OCULTA”. Nisto está, também, o simbolismo da “descida do Cristo aos Infernos”, sem a qual a “redenção”, é impossível.
Existia apenas uma solução capaz de dissolver o ouro, e era chamada de “áqua régia”, ou água soberana. Está água simbolizava aquela água negra e insidiosa, o Mar Amargo, o Mar Morto, e o Oceano de Binah; também chamada de Águas do Esquecimento em que a alma dos mortos se banhavam em Mistérios de Eleusis. Quimicamente, a água régia era uma mistura de uma parte de ácido nítrico com três partes de ácido clorídrico.
Em qualquer contato com demônios é preciso manter uma atitude calma e firme. É necessário não insultarmos essas criaturas a despeito de todas as provocações que elas nos farão a fim de perturbar nosso autocontrole: elas tem tanto direito a existência quanto nós. O que elas não tem direito é nos restringir na execução de nossa Verdadeira Vontade, e neste ponto nós poderemos interpelá-las com todo vigor. Mas não devemos jamais nos encolerizar, ou temê-las. Também, não devemos discutir com elas. Silêncio, concentração e economia de gestos e palavras, quanto estes são necessários: esta é a maneira de lidar com demônios.
Não devemos jamais esquecer que essas criaturas fazem parte da ecologia universal. Comemos carne de boi, e isto faz parte da economia da natureza sobre a terra. Mas seremos muito estúpidos se julgarmos que o touro e a vaca, foram criados apenas, para nos alimentar com bifes! Toda espécie viva luta pelo seu auto-aperfeiçoamento. Sem dúvida a ingestão de carne bovina introduz certas vibrações de ordem mais pesada em nossa psiquê. Mas isto nos permite viver e atuar em ambientes onde o vegetarianismo só conduziria à intolerância ou a impotência. Por outro lado, a nossa ingestão de carne bovina provê um elo magnético entre uma espécie mais evoluída, e uma menos evoluída, o que introduz nossa gama vibratória na atmosfera psíquica da espécie cuja carne ingerimos, e esta interação beneficia tal espécie.
É por este motivo que pessoas vegetarianas são tolas e egoístas.
Devemos frisar novamente, para terminar, que os demônios não atacam um ser humano deliberadamente. Em caso de ataque, algum interesse de outro plano estará incitando as entidades utilizadas. Às vezes a influência atrás dos demônios não é maligna; alguns Mestres utilizam as falanges demoníacas para testar seus discípulos ou auxiliá-los (sem que eles saibam) na purificação dos seus veículos.
Podemos falar agora dos feiticeiros que utilizam seu próprio corpo astral em ataques mágickos. Como já observamos, eles correm um risco grande; consequentemente, poucos feiticeiros ousam fazer isto a não ser que tenham um corpo astral bastante desenvolvido. Existem feiticeiros muito fortes astralmente, principalmente no plano etérico ou prânico. Poderes mágickos não são uma garantia de elevação moral ou progresso espiritual da parte daqueles que os possuem e os usam. Muitos seres humanos de baixa evolução podem executar feitos assombrosos no astral.
Milagres, autênticos ou falsos, nunca provam coisa alguma. A principal utilidade dos milagres descritos nos “evangelhos” falsificados pelos romanos-alexandrinos consistia em desviar a atenção dos leitores da banalidade filosófica ou superficialidade ética da “mensagem do Cristo”.
Há apenas uma considerável vantagem na utilização de nosso próprios corpo astral em um ataque: uma entidade humana, sendo microcosmo, não pode ser impedida de penetrar num círculo por selos e defesas que normalmente o manteria inexpugnável contra entidades de qualquer outro tipo. Aliás isto se aplica em qualquer entidade que atingiu a dignidade de microcosmo, não apenas a espécie humana. Mesmo esta vantagem, apresenta risco.
Em 1964 e.v., quando as forças sinistras da reação católico-romana estavam no auge, nós executávamos um ritual de banição quando sentimos a entrada em nossa aura do corpo astral de um padre romano que, ousando, mas ao mesmo tempo assustado por sua própria temeridade, pronunciou estas palavras: “Jesus! Maria!” enquanto buscava incorporar seu corpo astral ao nosso. No plano em que ele se encontrava fazendo isto, a operação provavelmente lhe parecia muito fácil, desde que nosso corpo astral não só estava pouco desenvolvido, como também, tinha sido profundamente ferido por um anterior ataque mágicko por parte de um padre, ao qual não conseguirmos identificar fisicamente, apenas na vibração astral.
Embora nos sentíssemos ligeiramente ofendidos pelo receio do nosso visitante em entrar em contato conosco, e bastante insultados pela invocação de forças ilusórias em nossa aura, o nosso grau nos exigia dar plena liberdade a essa consciência. Mesmo que, num plano mais baixo, tivéssemos desejado expulsá-lo de nossa aura, não nos teria sido possível: astralmente ele mais forte que nós, e comparando a solidez do seu corpo astral, o nosso era como uma névoa em volta de uma rocha.
Mas com o disse Fernando Pessoa em seu Ultimato, profetizando sobre a Nova Era, o super-homem será, não o mais forte, mas o mais completo. Alguns dias após sua invasão de nosso círculo, esse padre que havia publicado um livro sobre a “Eterna Aliança” prometida por “Jesus” a seus “discípulos”, estava em uma livraria assinando autógrafos quando foi acometido por um ataque cardíaco e caiu morto.
Não levantamos um dedo contra este indivíduo. Sua morte adveio de sua percepção íntima, após contato conosco, de que sua existência inteira estivera baseada em falsidades e erro. O Anahatta é o centro coordenador das energias psíquicas abaixo do Abismo.
[1] Para maiores esclarecimento desses detalhes, sugerimos ler “Carta a um Maçom”.
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