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Eduardo Berlim[1]
No primeiro artigo que escrevi sobre este tema tracei a possibilidade de um sigilo causar um efeito temporal oposto ao padrão: ao invés de se desejar que algo aconteça no futuro (“eu desejo que…”) passa-se a desejar que algo tenha ocorrido no passado (“eu desejei que…”). Não entrei em pormenores para tentar justificar isso, mas para quem gosta de buscar os paralelos entre magia e ciência existem inúmeros artigos do próprio Peter Carrol dentro da comunidade científica buscando validar certas possibilidades. Só aconselho que você entenda bastante de física e matemática avançadas para conseguir ao menos compreender o que ele está falando.
Agora, com o único intuito de plantar uma “semente do caos” no início deste artigo, gostaria de indicar a busca pelo estranhíssimo “experimento da fenda dupla” que aponta uma estranha correlação de “efeito x causa”, em que o efeito parece ocorrer antes da causa. Ressalto o “parece”, pois nada nesta área é conclusivo. E novamente: não estou dizendo que há quaisquer correlações entre magia e ciência logicamente formatadas, apenas abrindo possibilidades de forma aleatória.
E qual o meu objetivo em abrir uma possibilidade de efeitos que ocorrem antes de suas próprias causas? Oras! Mas essa é muito fácil! Apenas quero dividir mais uma crise de ansiedade teoria a respeito de Magia do Caos: uma sobre Servidores podendo trafegar por dentro do tempo!
No primeiro artigo eu narrei os estranhos desenhos que surgiam na minha cabeça em determinados momentos e a sensação de loucura que me acometia com isto. O que eu não falei foi a origem, o primeiro contato que tive com estes mesmos desenhos (e é aqui que realmente vou parecer um completo lunático).
Comecei meu caminho na magia por práticas de Yoga e de meditações guiadas com o único objetivo de me desvencilhar do tédio em que me encontrava. E por mais que outras coisas até estivessem acontecendo na época, quero focar nas meditações as quais me submetia. Meditava de forma guiada na maior parte do tempo, através de aplicativos do celular, ou então na tradicional mindfulness (tão queridinha do ocidente). Fui adicionando detalhes como incensos e música de fundo e segui até o momento em que comecei a me posicionar de forma mais rígida buscando encontrar o “conforto no desconforto”. Dentro de alguns dias, formas começaram a tomar minha mente e comecei a ter contato com meus supostos “guias”.
É claro que, como em toda primeira experiência do tipo, fiquei encantado, maravilhado e achando que finalmente tinha perdido minha sanidade. Eles se apresentavam em formas estranhas, estapafúrdias, coisas que poderiam facilmente me levar ao caminho da chama violeta quântica do E.T. Furdunço. Com o tempo, minha imaginação se assentou e estas formas passaram a ser mais humanas e visíveis; tinham mais coerência e certamente passaram a dizer coisas com muito mais sentido. As via como manifestações do meu inconsciente e até mesmo de um Eu Superior que ocasionalmente aparecia com sábios conselhos para a minha vida.
Cada um deles apresentava seus símbolos e me instruíam a chamá-los desta forma, mas não dei tanta atenção na época. Passei a desenhar estes sigilos de forma desordenada e desconexa apenas quando estes contatos já não faziam mais parte da minha rotina. Foi isso que narrei no primeiro artigo e o fiz sem falar das partes mais estranhas de toda a situação: os símbolos não foram traçados sem pesquisa e esforço gigantescos.
Darei como exemplo uma estranha Estela de Magia do Caos que fiz com hieróglifos egípcios.
Durante uma tarde tranquila me surgiu uma vontade estranha: estudar hieróglifos. Eu não estava atrás de conhecimentos ocultos, mitologia egípcia ou coisa assim e a vontade veio de forma absoluta. Fiquei mais de seis horas aprendendo tudo o que podia aprender sobre a escrita deste povo antigo (o que não é muito). Foram dezenas de pdf’s, dois softwares de tradução para a língua e uma penca de sites (alguns confiabilíssimos e outros seu extremo oposto) em busca de algo que eu nem ao menos sabia o que era. Em determinado ponto encontrei um dicionário de hieróglifos bem específico (e de um período bem específico) e comecei a procurar palavras bem específicas. Anotei tudo, guardei na gaveta e deixei quieto por cerca de oito meses.
Foi apenas depois de tanto tempo que surgiu uma Estela na minha cabeça e precisei traçá-la no papel. Ela continha palavras em grego, em dois ou três códigos diferentes (que desenvolvi ao longo dos anos) e em hieróglifos. As mesmas palavras que anotei estavam sendo usadas por parte do meu inconsciente que havia guardado a informação e somente quando decidi entender o que estava naquela Estela que lembrei de buscar nos papéis guardados o que era aquilo. Terminando a Estela me lembrei de um suposto guia que surgia em minhas meditações: ele surgia com uma imagem faraônica, acompanhado de um enorme crocodilo humanoide e com toda uma parafernalha que faria o próprio Crowley-vestido-de-egípcio ficar com inveja! Tentei entrar em contato com o guia, mas foi em vão.
E então me lembrei da pasta de servidores que tenho no meu escritório.
Nesta pasta eu faço questão de guardar todos os servidores que já criei em algum momento, pois são matérias do meu próprio estudo. Quando um servidor morre ou fica desativado eu não o reativo necessariamente porque já posso ter pensado em uma solução mais eficaz para a mesma tarefa (e isso faz com que eu não me lembre de cada servidor exato que já criei). Com certa surpresa encontrei um servidor de defesa que havia criado há algum tempo, inspirado no deus-crocodilo Sobek, para a qual foi fundada Crocodilópolis.
Era apenas a imagem para dar “corpo” ao servidor, sem quaisquer outras intenções. Curiosamente decidi reativar o servidor (conforme elaborado em seu contrato) e deixei a Estela do lado. Usei a ‘viagem na visão do espírito’ para me comunicar com o servidor e, sem nenhuma surpresa, o tal guia estava ao seu lado.
Conversamos coisas estranhas e ele me deu algumas dicas valiosas sobre o momento da minha vida, como faria um bom guia. Encerrei o contato e achei aquilo tudo muito estranho. Isso foi o suficiente para elaborar a tese que trago neste artigo.
E se servidores podem viajar no tempo?
Eu crio um ser que habita o astral, um ponto fora do tempo e do espaço, e tenho plena ciência de que ele não habita no espaço como todos nós. Ele pode se mover, resolver questões e fazer tarefas que seriam impossíveis para a minha pessoa física. Podem trazer sorte, fortuna, dinheiro, sexo, destruição dos inimigos e há até quem ache que podem trazer algum tipo de iluminação.
Já testei servidores para me ajudar no scrying e até para realizar certos rituais no meu lugar, e sinto que obtive certo sucesso nessas áreas. Também já usei servidores dentro do padrão habitual de “defesa e ataque”, “mostrar possibilidades de recompensas”, “atrair clientes” e “me ajudar a dormir”, todos com uma boa taxa de sucesso. E já testei uma série de meta servidores curiosos, como um servidor para me inspirar na criação de servidores e um servidor para me inspirar na criação de sigilos.
E se todas essas possibilidades são reais, por que eu não poderia criar um servidor para atuar como guia da minha própria vida? Eu o criaria daqui muitos anos, quando já conhecesse bem a minha trajetória, seus problemas e soluções. Então eu o enviaria ao passado, onde poderia facilmente me guiar (afinal, já teria visto “onde tudo vai dar”). Conhecendo o meu futuro, seria extremamente preciso em me guiar no presente, tornando toda a tarefa mais fácil: bastando que eu o ouvisse como parte de minha própria intuição!
Da mesma forma que fazemos com os nossos guias, não?
Quer dizer… Se realmente você tiver guias…
Porque apenas o fato de estar lendo este artigo pode influenciar nas tuas ações, certo?
Quem sabe então se o guia que te fala hoje ao pé do ouvido não é um simples servidor criado em 2030?
Eduardo Berlim é músico, tarólogo e estudante de hermetismo com vasta curiosidade. Tem apetite por uma série de correntes diferentes de magia e se considera um eterno principiante. Assumidamente fanboy dos projetos da Daemon e das matérias do Morte Súbita inc.
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