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Sar Naquista
“O Senhor Deus é a luz que ilumina; Ele é como um Sol que brilha sem nunca se pôr.” – Isaías 60,19
Na astrologia, na alquimia e em toda tradição esotérica ocidental um dos símbolos mais comuns para representar o Sol é o do Círculo com um ponto central. De muitas maneiras esta é uma figura muito apropriada. Por si só o Círculo, um símbolo sem começo nem fim, já é uma imagem poderosa que representa a unidade, a totalidade, a integração, a eternidade e a perfeição. Ele é , representando a continuidade e a ausência de limites ou fronteiras. Na tradição alquímica nos remete a Ouroboros, a serpente que morde a própria cauda simbolizando a continuidade dos ciclos da existência e a inteireza do cosmos. Na modernidade, as Mandalas são vistas por autores como Jung e Grof como poderosos mecanismos de integração da psique. O ponto central no símbolo solar representa por sua vez a origem da qual toda essa inteireza surgiu, assim como o poder e a glória que manifesta continuamente no universo. Qualquer ponto traçado dentro do círculo manifesto estará necessariamente dentro de seus raios, nos lembrando que nada pode existir sem estar conectado a esta Força Suprema, que chamamos Deus.
O Sol no Plano Divino
O Sol é universalmente associado com o a força e a manifestação da divindade, qualquer que seja a compreensão que uma dada cultura tenha dela. Entre os Egipicios sua jornada diária de nascer e se pôr representava o ciclo de morte e renascimento e era associado a deuses como Keper, o Sol da manhã e Ra, o Sol do Dia, que liderava a batalha da Luz contra as trevas. Houve até mesmo um breve momento histórico em que Aton, o primeiro deus solart a emanar do Caos primitivo era adorado de forma monoteísta. Da mesma forma os egípcios encontraram no Sol uma metáfora para as regenerações sucessivas pelas quais cada ser humano deve passar para atingir a espiritualidade e a iluminação.
Os astecas também tinham uma grande reverência pelo Sol, que era conhecido como Tonatiuh e considerado um deus supremo. Eles acreditavam que Tonatiuh precisava de sacrifícios humanos para continuar a percorrer o céu e manter a vida na Terra. O Sol era visto como um símbolo da energia vital e do poder divino, e sua rotina diária de nascer e se pôr representava o ciclo eterno de vida, morte e renascimento. Para os astecas, o Sol era um guia espiritual e um exemplo a ser seguido, e seu ciclo diário era visto como um lembrete constante de que cada pessoa deveria buscar a renovação constante e a evolução espiritual para alcançar a harmonia com o divino e a natureza.
Entre os Antigos Gregos o deus sol foi representado pelo belo jovem Apolo, filho de Zeus e Leto, que frequentemente é associado à sua irmã gêmea Artemis, deusa da Lua. Segundo a lenda, Apolo, armado com um arco e flechas, derrotou o temível dragão Píton, que guardava o santuário de Delfos, apenas quatro dias após seu nascimento. Ao fazer isso, ele acabou com as forças subterrâneas e trouxe luz aos homens. Assim, anualmente, Apolo viajava em uma carruagem puxada por cisnes brancos para a Hiperbórea, uma terra mística além do extremo norte, e seu retorno traz vida e fertilidade para a Terra. Ele era o deus da luz, da música, da poesia e da adivinhação, encantando tanto homens quanto deuses com sua lira de sete cordas.
Como não poderia deixar de ser entre os cristãos, o Sol foi associado ao próprio Cristo, ao Logos e recebeu epitetos como Sol Invictus, Sol Justifiae. Hóstias são apresentadas em um ostensório em forma de Sol, Igrejas são voltadas para o Leste e o Domingo, o Dia Solar é considerado o dia mais perfeito para adoração. Também na igreja o simbolismo de imortalidade e ressureição foi mantido. Martinès de Pasqually identifica o Sol com o agente do Eixo “Fogo Central Incriado”
Em seu “Tratado das causas secundarias”, Johannes Trithemius associou o Sol ao Arcanjo Mikael (ou Miguel), nome que significa “Semelhante a Deus”. Este anjo é descrito e mencionado diversas vezes na Bíblia como um poderoso guerreiro celestial e protetor dos justos. O Talmud da Babilônia identifica Miguel como o anjo que foi enviado por Deus para guiar os israelitas na forma de uma coluna de nuvens durante o die e uma coluna de fogo durante a noite, mas ele é ainda conhecido por sua menção no Apocalipse (12:17-9) como o líder da batalha do céu contra Satanás e seus anjos prevaricadores.
Karl von Eckartshausen, um místico cristão alemão do final do século XVIII em sua obra “A Nuvem sobre o Santuário” relaciona ainda o Astro Rei com o Sol interior, a presença Crística dentro de todo coração humano:
‘”Este Sol do reino espiritual é Jesus Cristo. Pois, assim como o Sol exterior possui luz e calor, torna tudo visivel e faz tudo frutificar; da mesma forma, o Sol interior torna tudo possível de ser experimentado ao espírito e ao coração. Pois a sabedoria e o amor são suas forças, e a razão e a vontade do homem, seus órgãos. Ele preenche as forças com a sabedoria e a vontade com o amor.”
Dentro da Cabala o Sol está relacionado a sephira de Tipheret e no mundo da manifestação esta energia divina se manifesta na cor amarela e na nota Dó da escala musical.
O Sol no Plano Humano
No reino humano as qualidades do Sol são associadas ao autoridade, a nobreza de coração e grandeza da alma. É um símbolo poderoso que nos dá uma imagem clara da natureza da luz divina e, ao mesmo tempo, da própria natureza interior.
Falando primeiro em termos fisiológicos o Sol no corpo humano governa o coração, órgão central e essencial. Ele não apenas distribui o sangue pelo corpo, mas também a força vital contida nele. Este astro também é tradicionalmente relacionado as costas e principalmente a medula espinhal e ao olho direito no homem e ao esquerdo na mulher.
Na psicologia , o Sol é um símbolo poderoso e multifacetado, que representa autoridade, mas também a capacidade de autodomínio e de conduzir a própria existência quando esta realeza e internalizada. Segundo Jung em O Homem e Seus Símbolos:”O Sol é o símbolo da unidade do homem com ele mesmo” e representa a totalidade e a plenitude da psique humana. Além disso, em termos humanos Sol é representa a doação, a benevolência, o sacrifício e a generosidade, uma vez que sua luz e calor sustentam e beneficiam todas as criaturas.
Astrologicamente a posição do Sol no momento do nascimento, é o que revela a missão de vida de cada indivíduo. Portanto ao se harmonizar com o Sol, somos capazes de desenvolver uma maior clareza e compreensão de nós mesmos e poder espiritual latente que reside em seu interior apenas a nossa espera para se irradiar. Por seu poder expansivo e calor o Sol é também estreitamente ligado aos três signos do Fogo do zodíaco: Áries, o fogo nascente; Leão, o Sol do Meio dia e, Sagitário, manifestando o fogo interior. .
O Sol no Plano Material
Quem estuda esoterismo, seja qual for sua vertente deve saber que materialmente os raios solares não trazem apenas o calor que alimenta a vida e a luz que nos dá claridade, mas também – e principalmente – emite a força vital que torna a consciência em suas muitas graduações possível na natureza. Desta forma o Sol é o grande intermediário entre o mundo visível e invisível, exterior e interior, entre o macrocosmo e o microcosmo. Assim nos diz Louis-Claude de Saint-Martin em “Ministerio do Homem-Espírito”:
“O Sol é o Verbo da natureza, quando a priva de sua presença, ela não consegue mais fazer uso de suas faculdades; mas quando ele lhe dá a vida por meio de sua palavra de fogo, ela redobra seus esforços para manifestar tudo que nela existe”.
O Sol tal como se manifesta na natureza é também um símbolo de unidade. Como se fosse um grande maestro da Música das Esferas, nossa gigantesca estrela é o centro de gravidade de todo os corpos celestes, assim ele remete também a Rosa no centro da Cruz e representa a atração ao centro do homem realizado.
No reino animal alguns seres que são simbolicamente associados ao Sol. Um deles é o leão, que representa a força, a nobreza e a realeza. Outro é a águia, que simboliza a visão clara, a perspicácia e a sabedoria. Além desses, o falcão e o galo também também são animais que estão ligados ao Sol, representando respectivamente a coragem e a vigilância. Outros animais solares incluem a lince, o cisne, o condor, o falcão e o escaravelho assim como todos os animais de pelagem ou plumagem reluzentes. Esses animais são frequentemente representados em diversas obras de arte e símbolos esotéricos que fazem referência à influência solar.
Também muitas plantas são associadas ao Sol. Geralmente são plantas que buscam heliotrópicas, ou seja que buscam ativamente a luz solar como o girassol, o louro, o cedro, etc.. assim como muitos vegetais exuberantes e aromáticos e frutos saborosos de sabor agridoce como a laranjeira e o limoeiro. Mas também a rosa é considerada uma flor solar por sua cor e pelo fato de se abrir e se fechar com a luz do sol. Paracelso acreditava que essas plantas tinham um espírito solar, que era capaz de influenciar positivamente a psique humana, trazendo clareza mental, otimismo e entusiasmo
Por fim no reuni mineral a alquimia desde sua fase mais antigas sempre relacionou o Sol corresponde ao ouro pelo valor e seu brilho mas ele também é associado a certas pedras como a crisólita, o topázio dourado, o ámbar e todas as gemas de cor amarela ou dourada.
Harmonização Solar
A Lua representa nosso mundo do imaginário e onírico . De modo geral, está ligada, em todo ser humano, aos principios de receptividade e passividade.
O Sol portanto simboliza no Reino Divino aquilo que está nas divindades mais poderosas e centrais de todas as religiões e mitologias, no Reino Humano na autoridade benevolente e na nobreza de caráter e no Reino Natural como fonte de toda a vida e intermédio entre o mundo visível e invisível. Utilizaremos agora uma técnica tradicional para harmonização com tudo o que está por trás deste simbolismo solar.
Embora pareça simples esta operação tem por trás de si o peso de muitos anos de vida de autoridades como Alberto Magno, Paracelso, Marsilio Ficino, Hildegarde de Bingen, Cornelius Agrippa, Giordano Bruno. Martinès de Pasqually e tantos outros se beneficiaram dela em seu trabalho espiritual.
Esta prática deve ser feita ao Domingos nas primeira horas de luz solar. Como alternativas os seguintes horários solares também são apropriados: das 0:00 as 1:00, das 7:00 as 8:00, das 14:00 as 15:00 e das 21:00 as 22:00. O mais importante é que seja um horário e loca reservado onde sua atenção não esteja dividida.
Se estiver dentro de suas possibilidades acenda na ocasião um incenso cítrico como o de laranjeira. E deixe ao fundo um coral repetindo a nota Dó ou uma trilha sonora com a Nota Dó de forma contínua, como nas faixas encontradas em exercícios de audição. A impossibilidade desse recursos adicionais não deve ser impeditivo de prosseguir:
- Abra o Oratório como de costume, se necessário reduza a luminosidade e sente-se confortavelmente
- Feche os olhos e sem pressa faça três ciclos de inspiração e expiração profundas.
- Use os olhos da alma para “ver” a seguinte visualização, realizando uma pausa entre uma e outra:
- “Há um rei glorioso sentado em seu trono dourado.
- Sobre sua cabeça uma coroa de ouro, sob seu corpo uma roupa dourada.
- Em sua mão direita um centro de ouro.
- Acima de sua cabeça o símbolo astrológico do Sol em amarelo.
- Aos seus pés deita-se um Leão.“
- Concentrem-se nesta imagem mental por alguns momentos e mantenha-se aberto as impressões que possa receber.
- Encerre o oratório como de costume.
Alimente sua alma com mais:
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