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Cultos Afro-americanos

Incorporação (Quimbanda Brasileira)

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por T.Q.M.B.E.P.N.

Para facilitar a leitura decidimos organizar o assunto em perguntas separadas e seguidas de respostas. Dessa forma poderemos explorar mais profundamente os diversos aspectos contidos nesse tema.

O que é incorporação?
Incorporar (vinda do latim “incorporatione”) é o ato de entrar na composição de um corpo e compartilhar determinadas funções. Dentro do culto da Quimbanda é o ato de ceder parcialmente o corpo físico para que outra alma (desencarnada) possa usar determinadas funções para se comunicar com pessoas vivas.

Por que a Quimbanda faz uso dessa prática?
A Quimbanda é uma expressão religiosa que tem em suas raízes formadoras essas práticas. As heranças indígenas e africanas são carregadas de atos cerimoniais onde ocorre o transe e a incorporação. Acreditamos que um adepto com boa desenvoltura nessa faculdade possa fornecer uma gama imensa de conhecimento e sabedoria, pois as Almas atraídas para os vórtices da Quimbanda (em especial Nossa Tradição) já ultrapassaram as limitações materiais e tiveram acesso às linhas astrais onde estão as fontes de sabedoria. Dessa forma temos a presença parcial de Grandes Mestres e Mestras desencarnados que nos conduzem através da Gnose proibida. A Quimbanda, assim como outros sistemas mágicos cerimoniais, também tem contato com tais energias através das evocações, entretanto, tem como ato primordial o aprendizado através dos espíritos incorporados.

Qual a diferença entre incorporar e ter uma posse?
Incorporar é ceder parcialmente, de forma consentida e muitas vezes controlada. “Posse” é o completo domínio, anárquico e prejudicial. Na posse muitas funções corporais ficam descontroladas ou cessam e isso faz com que as pessoas tenham graves sequelas ou mesmo morram após o ato. Muitos não sabem a diferença entre esses acontecimentos e é comum vermos um adepto que canaliza de forma inconsciente dizer que a alma tomou posse de seu corpo. Vale ressaltar que para que a posse seja devidamente confirmada, são feitos exames para que não seja confundida com transtorno de personalidade ou outra patologia psicológica.​

Quais são as fases da incorporação?
Consciente

Quando o adepto canalizador está iniciando o compartilhamento e ainda preserva grande parte de sua consciência e de suas faculdades. Esse é o período mais difícil, pois é uma linha tênue que separa o ato espiritual da manipulação mental.   Os verdadeiros mestres dirigentes não permitem que tais pessoas atendam outras, pois muitas informações ainda são manipuladas pelo adepto (de forma consciente ou não).​

As Giras de desenvolvimento, as oferendas nos pontos de força, os banhos com ervas e os ensinamentos esotéricos tornam esta etapa mais suave.

Semiconsciente

A Semiconsciência ocorre quando o adepto começa perder suas funções sensoriais enquanto está incorporado. O primeiro passo é perder controle sobre a fala, após perder a visão clara (enxerga vultos) e por ultimo perde-se parcialmente a audição. Nesse estágio os adeptos devem estar com seus “pontos-de-força” devidamente feitos e consagrados para que a evolução continue.

Inconsciente

Inconsciência é o estágio mais desenvolvido da incorporação. O adepto inconsciente ao incorporar sente a mesma sensação de estar desmaiado. Perde controle de todas as funções sensoriais. Nossa corrente acredita que todos aqueles que incorporam devem se esforçar para chegar nesse estágio, entretanto, há pessoas que mesmo se esforçando não o alcançam. Isso ocorre pelas “travas inconscientes” que as mesmas possuem. O querer consciente não se reflete totalmente no inconsciente. 

Qual a credibilidade dessa faculdade e o real intuito de estar incorporado?
Obviamente que em casas sem fundamento os adeptos acabam tornando-se vítimas (conscientes ou não). Em tais lugares é comum vermos até os dirigentes em estágio consciente. Outros por sua vez mentem sobre estar incorporado. Manipular as pessoas através de pseudo-incorporações é uma prática costumeira dentro das religiões afro-brasileiras, porém, o adepto da Quimbanda tem a espiritualidade desenvolvida em todos os sentidos e seu sensorial avisa se está ocorrendo um ato mentiroso. Outro ponto a ser alertado é o uso do mentalismo. Nunca deixemos nos enganar por um ou dois acertos que fazem em relações as nossas vidas. Nem sempre os Exus querem provar sua presença através desses argumentos. O discernimento (e alguns testes) é a única arma que nos salva desse engodo.

Devemos deixar claro que a incorporação não é algo natural. É um processo mágico que envolve desenvolvimento e prática esporádica. Quando abrimos nossos corpos para que um espírito Mestre o compartilhe, desejamos que o mesmo possa “derramar” conhecimentos e sabedorias aos demais membros do Templo, e dessa forma criar diversas fontes de conhecimento. Entretanto, esotericamente, quando desenvolvidos nos tornarmos portais para que tais mestres possam descarregar certas energias no plano terrestre, ou seja, muitas coisas podem acontecer no mundo físico enquanto um Exu ou Pombagira está incorporado, pois seus poderes ultrapassam do plano astral para o material/físico. Um tabu que deve ser esclarecido é sobre limitações. Os Exus, ao usarem uma matéria física acabam absorvendo certas limitações, ou seja, mesmo que o adepto canalizador receba uma energia extra, certas limitações físicas não serão modificadas quando um Exu está incorporado.

Todos podem incorporar?

O T.Q.M.B.E.P.N tem um conceito muito diferente dos demais no que diz respeito à incorporação. Para nós, TODAS as pessoas podem incorporar, haja vista que essa faculdade não é um dom. Existem pessoas que dificilmente incorporarão em virtude da maior espessura e densidade que possui em seus escudos energéticos, o que dificulta muito o compartilhamento, mas apesar de bloquear, com árduo trabalho e paciência pode ser revertido.


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