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Até mesmo no século XV as pessoas acreditavam que os lobisomens possuíam a capacidade física de se transformar em feras. A teoria usada desde então é a de que as pessoas não chegavam a assumir de fato a forma física da fera e sim assumiam um estado catatônico em que a alma abandonava o corpo físico e tomava posse do corpo do animal real, para que o animal fizesse a vontade daquela pessoa. O lobo, sendo o “Cão do Demônio”, acabou se tornando a escolha perfeita.
O Malleus Maleficarum (O Martelo das Bruxas), publicado em 1487, possui um capítulo muito extensivo sobre os lobisomens. Ele se utiliza de cotações bíblicas do Levítico (Antigo Testamento), capítulo 26, Promessas e Maldições: “21 Se me puserdes obstáculos e não quiser-des ouvir-me, ferir-vos-ei sete vezes mais, conforme os vossos pecados. 22 Mandarei contra vós as feras do campo, que devorarão vossos filhos, matarão vossos animais e vos reduzirão a um pequeno número, de modo que vossos caminhos se tornarão desertos”, e do Deuteronômio (Antigo Testamento): “Eu enviarei as presas da fera para eles” para mostrarem que era um lobo que realizaria tais atos, embora sob o controle de uma bruxa. Ele também sugere que bruxas poderiam transformar lobos em homens, mas que essa transformação é incompleta, uma ilusão, pois somente Deus pode realizar uma transformação real.
Lobos eram geralmente vistos como causadores de pânico, quando possuídos pelo demônio ou em raras ocasiões a serviço de Deus como resultado de um castigo divino, como as citações acima mostram. Apesar disso ainda haviam discórdias sobre a possibilidade de uma pessoa se transformar fisicamente em lobos ou não, muitos concordavam que lobisomens eram reais, assim como suas vítimas. Deus permitia que o Demônio realizasse seu trabalho como uma maneira de testar as pessoas, para justificar o sofrimento humano e a criatura escolhida para a tarefa de punição divina ou para testar a devoção foi sempre o lobo.
No oriente o Budismo se iniciou na Índia e se espalhou pela China e Japão. O Budismo diz que o último estágio do Nirvana só pode ser alcançado ao se quebrar o ciclo de renascimento bastando se seguir um código moral baseado em oito princípios. Conforme a alma se torna mais iluminada ela evolui de formas mais básicas para formas divinas mais avançadas. Antes de se tornar humana a pessoa precisaria ter sido um animal. Se este conceito for verdadeiro então pode-se dizer que é possível especular que vestígios de memórias de existências anteriores poderiam de alguma forma viajar de corpo para corpo.
Esta filosofia não é exclusivamente Oriental, entretanto. Novamente se nós olharmos para a história européia antiga, a alma de criminosos hediondos eram condenadas a habitar o corpo de animais para pagarem por seus crimes. Esses animais eram geralmente o rato ou o lobo. Antes de ser enviado novamente para a Terra, essas almas eram obrigadas a beber uma bebida chamada “Caldo do Esquecimento” que removia toda a capacidade de falar em qualquer linguagem humana, enquanto preservava a identidade de quem eles haviam sido na vida anterior e a capacidade de entrarem em desespero por causa do seu atual estado.
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