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Rubellus Petrinus
Por experiência própria, de mais de vinte anos de estudo e prática da alquimia, podemos dizer-vos sem receio de nos enganarmos, que em alquimia, quase sempre aquilo que parece ser, não é. Há livros traduzidos para português, muito conhecidos, com títulos sugestivos, que vos levarão a adquiri-los sem hesitar. Depois, é a desilusão; dinheiro deitado fora. Passa-se o mesmo com alguns livros espanhóis e franceses, com a agravante desses livros serem muito mais caros.
Então, que títulos devereis procurar para começar? De início, aconselhamo-vos adquirir uma introdução à alquimia ou à sua história, como o Ouro dos Alquimistas, Jacques Sadoul, Edições 70, La Alquimia, Lucien Gérardin, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona, La pierre philosophale, Georges Ranque, Robert Laffont, Paris, Les Clefs de la chimie des Anciens, Fabrice Bardeau, Robert Laffont, Paris, Théories & Symboles des Alchimistes, Albert Poisson, Éditions Traditionnelles, Paris e História da Alquimia, Serge Hutin, Edições M M, S.Paulo, Brasil, De l’Esprit Universel, Volume 2, ALKAEST, Solazaref, Somme Hermétique Tome III, Editions Aux Amourex de Science.
Estes livros, excepto ALKAEST, não são obras sobre alquimia operativa, mas sim, sobre a sua história em geral. É um bom começo.
Evidentemente podereis solicitar um catálogo a uma editora e, assim, escolherdes à vontade os livros sobre o mesmo tema, pois, felizmente, são muitos. Não há necessidade de irdes mais além dos que vos indicámos, porque certamente gastareis o vosso dinheiro e, só por muita casualidade, encontrareis algo que vos possa ser útil, pelo contrário, serviriam apenas para vos confundir.
Mais tarde, depois de conhecerdes um pouco mais sobre a alquimia em geral e alguns dos principais alquimistas clássicos e contemporâneos, podereis, então, adquirir outros livros mais específicos sobre as obras de alguns dos Adeptos mais conhecidos.
É aqui que começam as dificuldades para separar o trigo do joio. Há alguns livros, que devido ao título, à primeira vista, vos parecerão muito sedutores e de fácil interpretação, mas como já vos dissemos, e voltamos a repeti-lo, em alquimia, muitas vezes, aquilo que parece ser não é. Nem sempre o título da obra corresponde ao seu conteúdo sob o ponto de vista da alquimia operativa. Portanto, necessitareis saber o indispensável sobre as diversas vias, para depois, poderdes optar.
Em alquimia, há, pelo menos, três vias essenciais. A Húmida, a Seca e a Mista. Não vos fará nenhum mal conhecerdes algo sobre todas as vias mas se quiserdes, podereis logo de início, seleccionar as obras sobre a via que vos interessar e estiver ao vosso alcance fazer.
Antes de tudo, recomendamos adquirir um livro de espagíria antigo, para assim vos familiarizardes, não só com a terminologia espagirico-alquímica, como também com o modus operandi.
Isto é muito importante, pois, para poderdes compreender os livros da nossa Arte, tereis de transladar-vos àquela época no que respeita à química e às artes em geral.
Para isso, recomendamos ler o livro Traite de la Chimie, de Christophle Glaser, Apothiquaire ordinaire du Roy, Paris 1663, Gutemberg Reprints, Paris. Este livro é um fac-símile e, por isso, ser-vos-á indispensável ler o francês daquela época. Qualquer livraria o poderá encomendar à respectiva editora, pois, tanto quanto sabemos, ainda não se encontra esgotado.
Podereis também, encontrar na Biblioteca Nacional de Lisboa ou da vossa cidade, o Cours de Chymie do seu discípulo, M. Lemery, edição de MDCCLVI, sob a cota SA 1527 na Biblioteca Nacional de Lisboa.
Sem um destes livros, não vos será nada fácil, sob o ponto de vista químico-espagírico, compreenderdes os tratados de alquimia.
No que respeita à alquimia operativa, que livros devereis adquirir para começar? Em princípio, podereis procurar alguns dos seguintes:
La Clavicule, Raimond Lulle, Arché Milano, 1974; Le Composé des Composés, Albert le Grand, Arché Milano, 1974; Le Dernier Testament, Basile Valentin, Retz, Paris; Le Secret Livre Du très Ancien Philosophe Aretèphius, La Table d’Émeraude, Paris; Oeuvres, Nicolas Flamel, Le Courrier du Livre, 1989, Paris; Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei, Global/Ground, S.Paulo, Brasil; Le Livre des XXII Feuilletes Hermetiques, Kerdanek De Pornic, Phoenix, 1981; Hermès Dévoilè, Cyliane, Éditions Traditionnelles, Paris; Dictionaire de Philosophie Alchimique, Kamala Jnana, Éditions G. Charlet, Argentiére, France, L’Alchimie Expliquee Sur Ses Textes Classiques, Eugene Canseliet, A Paris Chez Jean-Jacques Pauvert e De l’Esprit Universel, Volume 1, V.I.T.R.I.O.L.U.M, Solazaref, Somme, Hermétique Tome III, Editions Aux Amoureux de Science.
Todos estes livros constituem obras sérias de alquimia que vos serão muito úteis no vosso estudo. La Clavicule (A Clavícula) e Le Composè des Composès, (O Composto dos Compostos) faz parte dos textos que se encontram nesta URL.
Não será necessário adquiri-los todos, mas tereis de ir pouco a pouco, conseguindo os que puderdes, o que não será nada fácil, porque alguns, provavelmente, já deverão estar esgotados.
Para vos facilitar a escolha, vamos informar-vos de que obra trata cada um, porém, antes, queremos dar-vos um esclarecimento no que se refere à utilização pelos Mestres, dos termos Enxofre, Mercúrio e Sal alquímicos, para poderdes compreender os textos.
A base da teoria hermética é a unidade da matéria. Ela é una mas pode tomar diversas formas e, nestas novas formas, combinar-se e produzir novos corpos.
Enxofre, Mercúrio e Sal não significam os corpos químicos por que vulgarmente são conhecidos, mas certas qualidades da matéria. Assim, o Enxofre, num metal, significa a cor e a combustibilidade; o Mercúrio, o brilho, volatilidade e maleabilidade; o Sal, o meio de união entre o Enxofre e o Mercúrio, segundo uns, e a dureza quanto a outros.
Dados estes esclarecimentos necessários, seguidamente, damos a descrição das vias correspondentes aos livros acima referidos:
La Clavicule. Via Mista.
Le Composé des Composés. Via Mista.
Le Dernier Testament. Via húmida.
Le Secret Livre Du très Ancien Philosophe Artéphius. Via Mista.
Oeuvres (Brévière). Via dos Amalgamas.
Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei. Via dos Amálgamas.
Le livre des XXII Feuilletes Hermetiques. Via Mista.
Hermès Dévoilé. Via Mista.
Dictionaire de Philosofhie Alchimique. Via húmida.
L’Alchimie Expliquee Sur Ses Textes Classiques. Via seca.
V.I.T.R.I.O.L.U.M. Via húmida.
Com estes elementos, ser-vos-á muito mais fácil orientar, logo de início o vosso estudo, pois a via seca exige condições bem diversas das da via húmida.
A via seca é feita em cadinhos de barro refractário e em fornos a gás, que operam com temperaturas próximas dos 1000º. A via húmida é feita em matrases e em retortas de vidro Pirex, num forno para baixa temperatura, chamado Atanor. A via húmida tradicional foi sempre considerada pelos alquimistas a via mais nobre, mas também, a mais morosa.
Ireis encontrar múltiplas dificuldades na compreensão dos textos das obras que referimos e no modus operandi, como nós e outros irmãos encontrámos e, sem a ajuda de um Mestre ou a mão caridosa de um irmão da Arte, ser-vos-á bastante difícil dar sequer os primeiros passos. Mas, nem por isso, devereis desanimar. Estudai com afinco e, quando souberdes algo de espagíria alquímica, vereis que na leitura dos textos se fará alguma luz, onde, no início, vos parecia haver só trevas.
Lembrai-vos que em alquimia uns livros “abrem” os outros, isto é, o que no texto de alguns livros é omisso referente a determinada matéria ou operação, a mesma matéria e o modus operandi, no livro de outro autor, referente à mesma via, poderão ser descritos quase em linguagem clara.
Rubellus Petrinus
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