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PREPARAÇÃO
«…Efectivamente, na Grande Obra, o Sal vai ser utilizado desde o princípio dos trabalhos – desde a Preparação das matérias – até à Multiplicação. Sem o Sal, nada de Grânulos; sem o Sal, nada de Quintessência; sem o sal, Espírito de Deus, nada da Grande Obra. O Sal, é a chave que nos permitirá abrir a porta do Templo, é a matéria perfeita e pura, proteiforme: água, cristal, orvalho, água de novo, depois vapor, depois esperma, ligando o Mercúrio ao Enxofre, que vai de um extremo ao outro conduzindo a Obra, regulando-a, estimulando-a, purificando-a, e transformando este mineral informe e moído na Pedra Filosofal.»
«Esta quarta lição fará supor que o neófito encontrou o Vaso, o Fogo, a Arte de Separar os três constituintes.»
«O prudente e astuto neófito começará portanto por separar os 3 corpos duma maneira natural, afim de poder estudar e tratá-los cada um separadamente segundo o seu género.»
«Sob o ponto de vista mineral, o astuto neófito fará o mesmo. Ele colocará no seu duplo vaso bem fechado a Pedra bem moída ou peneirada, e sublimará as partes Mercuriais e Salinas, deixando o Enxofre junto à terra (caput). Naturalmente, para fazer esta dupla sublimação que terá por consequência Separar os 3 corpos, o Artista não deverá servir-se senão de meios naturais. Deverá sobretudo evitar utilizar todo o fogo contra natura para provocar a sublimação referida.»
«…Com efeito, na primeira cena, pode-se ver, somente o Mercúrio e o Sal, tais como eles aparecem, no fim da Preparação, no balão ligado à retorta onde a Separação dos corpos é feita, graças ao poder do Sal…»
SOLVE
«O neófito prevenido reunirá num só vaso os 3 constituintes que ele separará na fase precedente; depois os mundificará com o Sal ígneo ou fogo sagrado dos Sábios. Conduzirá inicialmente o seu fogo com prudência, depois com energia para evitar matar o gérmen da sua pedra.»
«Quando o Sábio doseou no seu vaso: Enxofre, Mercúrio e Sal (não os vulgares), produz-se una reacção química e calórica que tem a finalidade de unir em proporção de natura os 3 elementos citados. Ora, embora o sábio parta de uma proporção dada por análise para o Enxofre e Mercúrio, resultará que resta um resíduo não amalgamado no fundo do seu vaso.»
«…O que se passa no Athanor no momento em que o Enxofre e o Mercúrio sendo misturados, o Sal vai desencadear a primeira reacção de Solve: saindo do composto em ebulição, eis que os vapores se elevam para o alto do balão: o Sal sublima-se, seguido do Mercúrio e enfim, do Enxofre; e lá, no “céu”, a união dos três corpos vai fazer-se. O Mercúrio feminino vai unir-se à força macho do Enxofre, graças ao espírito divino – do Sal alquímico – . Estes Grânulos nascentes representam em verdade o andrógino primitivo, possuindo ao mesmo tempo todas as características masculinas e femininas, e cuja pureza era toda divina.»
«…É o Grânulo que nasce no alto do balão. Este Grânulo, no seu início, não é revestido senão de uma fina película material….mais tarde, logo que o Grânulo tomar peso voltará a cair no composto e será mais material.»
«…A Granulação, nascida na luz, vai enterrar-se no composto, que a vai proteger e lhe permite absorver a alimentação de que ele tem necessidade para chegar à maturidade, mas esta granulação, ficará, por algum tempo, escondida de todos os olhares.»
«A Granulação, mesmo escondida no negro da Terra, ela é bem viva não obstante as aparências. Este resíduo, que sofrerá a corrupção e a putrefacção, voltará a manchar as Granulações que nasceram desde os primeiros momentos. Este resíduo que se chama Supérfluo deverá ser retirado a fim de poder Branquear a nossa Pedra nascente.»
«Tendo agido segundo a arte, e conduzido o movimento do Fogo com mais e mais energia, o neófito verá então que um novo corpo acaba de se criar e que ele banha na negrura e na vasa a mais fétida: ele verá sobrenadar o seu Mercúrio fluido por baixo da sua terra negra. Então, nós poderemos dizer que estamos no estágio da Putrefacção.»
«Nós podemos interpretar esta passagem pensando na Granulação, nascida no alto do balão, e que tomba, pesada, no composto onde deverá sofrer os ataques do Sal. Desce este instante, o Óleo de Saturno ou Quintessência é prometida à Pedra: um dia, este Óleo tornar-se-á o seu alimento, e comunicar-lhe-á a sua força. Para a Pedra também o Óleo de Saturno é a Medicina Universal.»
«Como aqui não se recorda senão a Quintessência, ou Selo de Hermes, vai aparecer à superfície do Composto sem nenhuma intervenção humana – é a Pedra ela mesma quem fabrica a Medicina Universal.»
«…A Putrefacção, no Athanor, deixa surgir um óleo inicialmente impalpável, e que, ascendendo ao longo das paredes do balão, aí produz, ao mínimo movimento, as mais belas irisações…aproxima-se o tempo onde a Quintessência, a única verdadeira riqueza do Sábio, vai ser remetida, em recompensa dos seus trabalhos. Nós sabemo-lo, a Quintessência é vermelha mas, espalhada sobre as paredes do frasco, ou em qualquer lâmina de vidro, torna-se amarela por transparência.»
«Sobre o plano mineral, o astucioso neófito sabe que deverá Cortar a Cabeça do seu Corvo, se ele quer ver aparecer o reino da Vegetação.»
«Logo a Quintessência preciosa for recolhida pelo artista, logo que o composto é visto desselado, eis que começa o estado Vegetativo, onde a matéria se torna Verde.»
«Ele Separará portanto com arte e discernimento, com prudência e lentidão, os 2 elementos que estão no seu vaso; depois a Verdura aparece, ele se apressará a tratar os seus Grânulos…»
«…E nós sabemos que no Athanor, os Grânulos enterrados no composto tem necessidade de ser despertados e vivificados pelo Sal. Este será portanto, vertido com precaução sobre a terra…e para o fazer penetrar “a uma grande profundidade”, o artista deverá utilizar o Quinto fogo.»
«…E insiste sobre o facto que a Vegetação segue imediatamente a recolha do Óleo de Saturno – o Athanor fica aberto.»
COAGULA
«O Quinto Fogo faz, uma última vez, circular o Sal branco à volta dos Grânulos – e o supérfluo, definitivamente, pode ser abandonado e rejeitado pelo artista.»
«…A Vegetação está terminada, e eis que a Granulação revestida da cal do Sal, tomou a cor branca de Vénus.»
«…Estas águas representam os sete banhos de Sal, que vão purificar a Pedra, a limpar da sua lepra pela força da potassa, e progressivamente conduzi-la ao branco puro, graças à cal contida no Sal, que vai pouco a pouco depositar-se sobre a Granulação, revesti-la e isola-la completamente – cinco banhos completos, mais um banho e meia dose no início e outro ao fim – a Pedra chegará assim ao Branco…»
«…Nós deixámos o Grânulo branco. Ele vai precisar agora tirar a Granulação do balão – protegida pela sua carapaça do Sal endurecido, ela não se arrisca mais a ser alterada pelo ar, e a embeber muito docemente de Quintessência, para a tingir. Nós sabemo-lo, a Quintessência é vermelha…mas como a camada depositada à superfície da Pedra é ainda muito fina, ela não dará, na primeira tintura, senão uma cor amarela.»
«..Eis-nos chegados à primeira tintura da Quintessência.»
«Com efeito, para tingir, o artista deverá imediatamente tirar a Pedra do balão, depois, voltando-a em todos os sentidos na sua própria mão, ungindo-a de Óleo de Misericórdia.»
«Assim, neste estado de Coagula, o Granulo envolvido de cal vai, graças a muito ligeiros toques da Quintessência, ver a sua cor passar do Branco ao Amarelo, depois ao Alaranjado. Um dia, enfim, o Granulo adquirindo esta bela cor Vermelho escuro que caracteriza a Pedra no fim do seu ciclo.»
«O Artista aplicou os dois últimos toques de Quintessência sobre a Pedra, deixando secar bem entre cada aplicação: de Amarelo escuro, ela passou a Laranja, e agora ei-la vermelha, perfeita e pura, e pronta a operar o milagre da transmutação.»
MULTLIPLICAÇÃO
«…Está aqui identificada a Pedra ao Vermelho: com a sua morte, um novo ciclo vai começar, nós estamos na Multiplicação e todas as operações alquímicas vão daqui em diante, depois de Solve, repetir-se…»
«Neste contexto, que se pode colocar alquimicamente todo no início da Multiplicação, a Pedra Vermelha, triturada e reduzida a pó, volta a ser simbolicamente o cinábrio primitivo, e deverá ser tratada exactamente da mesma maneira.»
«No Athanor, a Pedra vermelha triturada não poderá transformar-se senão graças à acção conjunta do Sal e do Quinto fogo, que permitirão a uma nova sublimação Solve de se desencadear.»
«A primeira Pedra Vermelha, com efeito, se ela é fixa, não adquiriu ainda força suficiente para transmutar. Para adquirir esta força, ela vai precisar recomeçar todo o ciclo primitivo: triturada, colocada no Athanor como a matéria prima o tinha sido, a Pedra vai ser banhada de Sal – uma parte das duas últimas doses que restam ao artista das catorze doses preparadas no início (“em princípio” – porque é preciso muitas vezes mais – o Alquimista prepara 14% de Sal, em relação ao peso total de cinábrio utilizado: para uma pedra de 1 kg, ele vai prever 140 gramas de Sal, que dividirá, para mais comodidade, em catorze vezes dez gramas, e é assim para multiplicar, ele utilizará em tudo as duas últimas doses que lhe restam, sendo 20 gramas para 1kg de matéria prima inicial). Esta aspersão de Sal, junto à força do Quinto fogo, produzirá a mesma reacção que da primeira vez: sublima-se primeiro o Sal seguido pelo Mercúrio, depois por uma parte do Enxofre somente – o resto, misturado às impurezas formando o composto. Os Grânulos nascem, do turbilhão dos vapores, do casamento do Enxofre e do Mercúrio, ligados pelo Sal, voltam a cair progressivamente no composto onde eles se enterram…e o resto da Obra prossegue em conformidade, até que a nova Pedra tenha um valor transmutativo igual a dez vezes o seu peso (pois tal é o coeficiente da força que ela adquirirá a cada Multiplicação) a Quintessência produzida – cada vez mais abundante – não será alterada. Só a quantidade aumenta: a qualidade, era perfeita desde a primeira Pedra…»
«Uma vez mais, eis que recomeça a grande aventura. No céu do Athanor, a Pedra vermelha, multiplicada já uma vez, triturada de novo, aspergida de Sal, vai dar origem a uma outra Granulação.»
TRANSMUTAÇÃO
«…No matrás de terra (cadinho) onde está o metal fundido, alguns grãos de pó de projecção vão ser lançados, envolvidos de pura cera de abelha (a simples passagem da Pedra no fumo da fusão impedirá o efeito da Transmutação, e é por isso que o Alquimista deve tomar esta precaução). Um instante mais tarde, o metal vil é transformado em ouro, ao simples contacto da Pedra Filosofal…»
FIM
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