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Vampirismo e Licantropia

O Como e o Porque da Licantropia

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“Existe uma besta no homem que precisa ser exercitadanão exorcizada“. – Anton Szandor LaVey.

Este documento contém os elementos básicos para a exploração de uma faceta fascinante, embora em grande parte intocada, do ocultismo; a Licantropia. Aqui, esbocei as teorias e instruções básicas para esta prática. Resumi anos de trabalho pessoal com este assunto e  apresento a vocês a “carne” do meu trabalho. Mas antes de continuarmos, deixe-me apresentar-me. Meu nome iniciático é Frater D, e sou mago praticante há vários anos. Meu trabalho me levou a muitos lugares e campos de estudo fascinantes. Portanto, era inevitável que o tema dos lobisomens cruzasse meu caminho. Minha investigação inicial sobre o assunto foi confesso “tímida”. Porém, depois de um olhar mais sério, parecia que isso estava cada vez mais se tornando parte da minha realidade paupavel. Os mitos são um tanto exagerados, mas uma espécie de transformação física é possível, como você verá em breve. Escrevi este livro principalmente porque um bom texto sobre o assunto da transformação real nunca foi escrito (até onde eu sei.) E eu queria cobrir alguns novos caminhos. Portanto, aventure-se e suspenda sua descrença por tempo suficiente para que possa aprender.

O Dicionário Webster do século 20 define um Lobisomem da seguinte maneira: “(No folclore), uma pessoa transformada em lobo, ou alguém capaz de assumir a forma de um lobo à vontade.” Esta é uma definição bastante boa considerando o dogma científico atual. Mas, para nossos objetivos, preciso dar uma definição mais clara e precisa. Portanto, neste livro, definiremos um Lobisomem como: Uma pessoa que regrediu, por força de vontade e desejo, a um estado bestial, selvagem ou de lobo, tanto física quanto mentalmente.

Deixe-me expandir esta definição em detalhes:

“Uma pessoa que regrediu, por força de vontade e desejo, a um estado bestial, selvagem ou de lobo.”

Com isso, quero dizer uma pessoa que temporariamente se livrou das cadeias sociais que reprimem o id (na psicanálise, o “id” é o parte da psique responsável pelos instintos animais básicos.). Eu digo regressão, porque a mente “superior” ou “civilizada” assume uma posição secundária na consciência. A vontade é um grande fator na transformação, é necessária uma profunda força de vontade para se transformar. No entanto, esta é uma tarefa que vale a pena para o mago, já que o estado animal é desejável na ocasião, por causa de seus efeitos de liberação e purgação do estresse. A palavra bestial se refere a um estado de fera ou indomado. Na verdade, você é bastante selvagem enquanto está neste estado, é por isso que certas precauções devem ser tomadas (que serão explicadas em um capítulo posterior.) O lobo é o arquétipo de tudo o que é selvagem e indomado. Ainda assim, ele permanece uma criatura nobre e bela. Claro, se você se identificar mais com outro animal, você pode o escolher em vez deste.

“…tanto fisicamente como mentalmente.”

A transformação primeiro ocorre como uma mudança subjetiva na consciência da pessoa, mas depois passa a se manifestar de maneiras mais fisiológicas. Isso não quer dizer que você crescerá pelos ou  presas, mas sim que seu corpo agirá de uma maneira diferente de seu estado natural. Agora que expliquei o que é um lobisomem, vamos explorar por que desejaríamos atingir esse estado.

Por que o lobisomem?

Como todos sabem, o Lobisomem é um “mito” fascinante e predominante. As histórias do Lobisomem podem ser encontradas em todo o mundo. Esta poderosa criatura parece ser rivalizada em popularidade apenas pelo Vampiro. Ainda hoje um dos primeiros contatos que temos ainda na infância com nosso lado negro é por meio da figura do Lobo Mal. Existem várias razões para esta prevalência, mas sinto que as razões científicas / sociológicas básicas são as mais fascinantes. Dentro do cérebro do homem existem certas massas de tecido que controlam seus desejos primitivos; fome, sexo, etc. Essas partes parecem ter sido adicionadas no processo de evolução. Isso quer dizer que a certa altura eram funções de “primeira ordem”, que dominavam todo o nosso ser. À medida que o homem evoluiu e se tornou mais complexo, essas funções começaram a assumir uma posição “secundária”. É claro que continuamos a precisar de comida, sexo, etc., mas em nossa sociedade altamente tecnológica isso é visto como de importância secundária. Agora estamos em um estado mundial onde nossos instintos primários estão sendo reprimidos (pelas principais religiões) e ignorados (pela tecnologia). Mas o instinto ainda está lá, nunca morrendo, apenas escondido. Não estou dizendo que você deve cair de quatro, abandonar o raciocínio superior e correr descontroladamente para a floresta, estou apenas dizendo que devemos valorizar todo o ser, incluindo o animal interior. Essa apreciação pode ser realizada por meio de metamorfose licantrópica. É fácil ver por que atingir o estado animal de vez em quando pode ser libertador e divertido. Contanto que não o deixemos dominar nosso ser. É apenas uma pequena parte de toda a psique, e negligenciar as outras partes apenas nos colocaria de volta na situação que estamos tentando evitar.

O poder da licantropia

Portanto, agora que sabemos o que é Licantropia e por que é um estado desejável, vamos explorar o que podemos esperar da experiência de metamorfose. Aqui está uma lista de alguns dos poderes que você pode experimentar enquanto estiver em um estado de licantropia. A experiência será diferente para cada pessoa, mas aqui estão algumas das experiências mais comuns.

Sentidos aumentados: Enquanto estiver neste estado, geralmente se descobre que todos os sentidos físicos são aprimorados. As cores são mais vivas. Os sons são mais nítidos e claros. Você pode detectar cheiros que você não poderia enquanto na forma humana. O sabor é mais rico (bom e ruim). Sua pele se torna altamente sensível a estímulos.

Aumento da destreza física: Enquanto estiver neste estado, geralmente descobrimos que aumentaram a agilidade e a força.

Aumento do desejo sexual: Esta é uma grande experiência em licantropia. No entanto, você deve abster-se de relações sexuais a menos que tenha um parceiro disposto, de idade legal, que entenda EXATAMENTE o que está acontecendo.

Quanto a outros poderes / experiências, eles serão diferentes para cada pessoa. Portanto, apenas experimente a experiência, por assim dizer, e tenha em mente que com o poder vem a responsabilidade. Com a licantropia não é diferente.

Um breve aviso

Isenção de responsabilidade: Nem o autor nem o editor assumem qualquer responsabilidade pelo uso ou mau uso das teorias e instruções aqui contidas, ou pela má interpretação das mesmas. Você foi avisado!

A licantropia pode ser perigosa se mal utilizada. Portanto, agora delinearei as condições sob as quais a transformação deve ocorrer para garantir seu uso adequado.

1) Nunca use a licantropia quando estiver zangado, a menos que você esteja em um ambiente seguro e desabitado. Isso pode causar uma reação violenta, o que só vai piorar a situação.

2) Use a licantropia apenas na compania de pessoas em quem você confia e compreenda perfeitamente o que está fazendo. No entanto, é melhor que você o faça sozinho, pois isso facilita a liberação desinibida.

3) Use a licantropia apenas em um ambiente adequado, como em sua própria propriedade, longe de olhares indiscretos. Isso facilita melhor a transformação e ajudará a manterá longe possiveis ligações aos bombeiros sobre “barulho de animais selvagens rondando a vizinhança”.

4) Não deixe a licantropia dominar sua vida. A obsessão é uma possibilidade, então você deve, de vez em quando, examinar-se do ponto de vista de um observador objetivo. Trate a licantropia como algo especial e não exagere.

Se você seguir essas diretrizes, ficará bem. É uma experiência agradável, mas é preciso ter cuidado. Mais uma vez devo repetir: Nem o editor nem eu assumiremos qualquer responsabilidade pelo uso ou mau uso das teorias e práticas aqui contidas, ou pela má interpretação das mesmas.

Exercícios Preliminares

Antes de entrarmos nas técnicas reais para efetuar a transformação, existem 2 exercícios preliminares que devem ser dominados. Dedique uma hora, 4 dias por semana (nem mais, nem menos), para praticar esses exercícios. Não vá para a transformação real até que eles tenham sido dominados (pelo menos 2 semanas de prática.). Depois de se transformar pela primeira vez, sugere-se que esses exercícios continuem, entretanto, de acordo com sua própria programação.

Assumpção de forma: Posicione-se de uma maneira que você sente que um lobisomem (ou outra besta-fera) faria. Então veja sua forma se tornar a de um lobisomem. Apenas feche os olhos e imagine seu corpo se tornando o de um lobisomem. Veja a transformação do seu corpo. É importante que você experimente isso por trás dos olhos, ou seja, como se estivesse se observando se transformar de sua perspectiva normal. Não da perspectiva de um observador.

Assumpção mental: Para este exercício, você deve pensar e sentir como acredita que um lobisomem pensaria. Mude sua consciência para a de um animal. Experimente o seu mundo através dos olhos de um lobisomem. Experimente os desejos e instintos de um animal.

Depois de dominar esses exercícios e criar o ambiente adequado, você está pronto para a transformação.

Ideia geral

Você achará extremamente útil usar um adereço ou traje em sua prática de licantropia. O traje servirá como um modelo para o que você se tornará. Eu não recomendaria usar um traje completo, mas sim um pouco de pele artificial que pode ser afixada em seu corpo ou acessórios de ossos e dentes. Também é você quem decide se vai ou não trabalhar nu com a pele, ou vestido com a pele. É uma questão de como você se sente confortável. Também será útil para você usar o mesmo traje ou acessório para cada transformação. Seja muito completo e seletivo ao criar seu projeto. Para o ocultista mais aventureiro e experiente, eu recomendaria até mesmo anexar uma forma-pensamento licantrópica ou padrão astral ao traje, pois isso pode ajudar muito no processo.

O ambiente

Na prática da licantropia, é essencial que você crie o ambiente adequado para a transformação. A seguir está um esboço adequado para trabalhar.

1) Em primeiro lugar, o ambiente precisa ser protegido de olhares indiscretos e intrusão (tenho pena do intruso desavisado que e encontra o licantropo durante o ciclo do lobisomem.)

2) O melhor ambiente é ao ar livre, em um ambiente de floresta natural (ou o ambiente natural de seu animal em particular, se você não escolher o lobo.) No entanto, muitas vezes é difícil obter isso e um ambiente seguro em um pacote, então você pode ter que improvisar de acordo com seu ingénue.

3) Você pode querer colocar um pouco de comida em seu ambiente. Eu recomendaria um prato de carne cozida, como um bife mal passado para ser comido com as mãos. Isso apela diretamente a um poderoso impulso primordial.

4) O local ideal é um ambiente rural com total privacidade. Seja completo e criativo dentro de suas possibilidades.

Outros pontos de interesse

Em sua prática de licantropia, você pode querer usar elementos de vários sistemas de pensamento oculto para aumentar a experiência. Aqui estão duas sugestões:

Invocação: Você pode realizar uma invocação ritual de uma divindade, espírito ou principal lupino para ajudar em seu trabalho. Visto que a invocação em si está além do escopo deste pequeno texto, sugiro que você estude um livro que descreve essa prática em detalhes. Quanto à forma divina em si, eu recomendo fortemente o Fenris da Mitologia Nórdica. (Ainda no assunto da mitologia nórdica, devo sugerir que você também aprenda sobre os Berserkers. Berserkers eram guerreiros especiais que vestiam peles de animais e lutavam com uma fúria de animal selvagem contra todos os inimigos.)

A Lua: Você pode querer cronometrar suas transformações de acordo com o ciclo lunar. Descobri que isso é particularmente eficaz em minha prática dessa arte.

É claro que existem muito mais possibilidades e caminhos a serem explorados. Eu  incluí estes porque eles provaram sua eficácia para mim. Como em toda arte mágica, imaginação e experimentação são essenciais. Portanto, trate essas instruções como um começo para sua exploração neste assunto, e não como a palavra final.

Efetuando a transformação

Agora vou lhe dar uma técnica para se transformar em um lobisomem. Você provavelmente terá que praticar e experimentar um pouco com a técnica para efetuar a transformação completamente. Perseverança é a chave.

A) Vista a pele ou acessório do animal.

B) Vá para a área designada e encontre um local confortável para se sentar. Feche os olhos e limpe a mente. Medite sobre as qualidades do animal que você deseja se tornar. Veja-o caçando, acasalando, etc. Torne-se ciente de seu desejo de ser esse animal e deixe esse desejo crescer em intensidade.

C) Agora examine os fatores estressantes presentes em sua vida e pense como seria se você pudesse se livrar das responsabilidades da sociedade e se tornar essa besta. Deixe o estresse que você sente alimentar seu desejo de se tornar o animal.

D) Visualize o mais intensamente possível, o animal escolhido em pé atrás de você. Veja, sinta, conjure esta imagem poderosamente. Quando você puder realmente “sentir” a criatura, veja-a entrar em seu corpo. (Nesta etapa, você está realmente criando uma forma astral para ajudar no processo.)

E) Agora veja sua forma se tornar a do animal. Visualize isso o mais intensamente possível. Deseje se tornar o animal.

F) Agora considere a mente do animal como nas preliminares. Ignore todos os pensamentos que não sejam de um animal. Não pense em palavras, mas sim em imagens e experiências. Esqueça que as coisas tem nomes. Uma consciência total se fundirá com o animal.

G) Quando você tiver alcançado um bom grau de sucesso com isso, levante-se e mova-se como um lobisomem (ou seu animal em particular). Mova-se exatamente como você acha que um lobisomem deve se mover. Aja como o animal, fareje o ar, ouça os sons ao seu redor e procure com um olhar penetrante em cantos e áreas sombreados. Corra, rosne, uive, faça tudo o que achar que é certo. Torne-se o animal em pensamento e ação. Se a lua estiver à vista, ela pode servir como um poderoso ponto focal.

H) Como você está agindo como o animal, encontre a emoção dominante que está sentindo e tente intensificá-la (se for luxúria, estimule-se sexualmente. Se for alegria, então se deleite mais plenamente com o que você está se tornando).

I) Quando você estiver no “pico” deste exercício (no caso da luxúria, isso seria o orgasmo), sinta-se transformar completamente. Você agora é o animal. Você pode descobrir que seu corpo se transforma. Novamente, isso não quer dizer que você terá pelo e garras, mas sim que seu corpo se usará de uma maneira a que você não está acostumado. Este é um sinal de grande progresso, apenas siga em frente.

J) Quando você estiver pronto para retornar ao seu estado humano normal, apenas sente-se e separe-se do animal. Tire a pele ou acessório. Assuma a sua consciência normal, vá comer alguma coisa, tire uma soneca e relaxe.

Aí está! Isso foi simples, não foi? Claro que ficará mais fácil a cada vez, mas provavelmente foi muito mais fácil do que você esperava. Agora você tem um grande presente, use-o com sabedoria. Eu recomendo que você experimente com suas próprias idéias. Seja original, inovador e apaixonado com sua aplicação de licantropia. Já foi dito (e com bastante sabedoria!) Que não há espaço para autoridade no ocultismo.

Conclusão

Espero que este breve texto tenha ampliado seus estudos e despertado sua imaginação para a possibilidade de novas experiências. É minha opinião que os efeitos libertadores da licantropia podem ser indispensáveis para o mago. Principalmente aqueles que trabalham em uma “veia mais sombria” da arte como eu. Ainda há muito a ser explorado sobre o assunto. Espero que no futuro eu publique outras descobertas e pontos de interesse relativos a este e outros assuntos relacionados.

Por fim, gostaria de agradecer a Frater Zeht e a O.L.N., cujos ensinamentos me ajudaram muito no meu trabalho neste assunto. Desejo também estender a mais profunda gratidão a todos os meus professores e alunos que continuam a me instruir e inspirar. E, por último, a minha esposa e filho, por sua infinita paciência e compreensão ao invocar os mistérios.

Infernalmente, Frater D.

Uma resposta em “O Como e o Porque da Licantropia”

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