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Os Habitantes Inumanos do Astral – Ataque e Defesa Astral parte 6 de 13

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Marcelo Ramos Motta

Existem nos planos de energia sutil diversos tipos de seres em evolução, exatamente como neste plano. O folclore de todos os povos e de todos os tempo menciona esses seres sob diversos nomes: Gnomos, Silfos, Salamandras, Ondinas, Fadas, Gigantes, Ogres, Anjos, Demônios, etc…

A quantidade de nomes e descrições parece infindável, mas deve ser atribuída ao fato de que o Astral é tão plástico, e tão disposto a assumir as formas do nosso desejo ou do nosso medo. Os apetites e atitudes culturais das diversas nações humanas produzem modificações na maneira ou no aspecto com que as espécies vivas dos planos sutis se manifestam à imaginação das crianças, dos visionários, ou dos artistas dessas nações. Aquilo que os escandinavos chamam de “troll”, por exemplo, é o mesmo tipo de entidade que os alemães chamam de “ogres”, os franceses de “gigantes”, os árabes de “afrid”, os indígenas brasileiros de “curupira”, e os antigos escravos nas senzalas chamavam de “sacis”; fazem parte daquele tipo de entidade que o moderno candomblé denomina de “exús”.

Essas entidades eram chamadas de Elementais pelos antigos “rosacruzes”, porque habitavam determinados sub-planos do Astral correspondentes a um dos elementos míticos: Fogo, Água, Ar, Terra.

Antes de entrarmos mais a fundo num estudo dessas criaturas e seu relacionamento com a humanidade, é preciso tocarmos rápidamente no assunto de “Mal e Bem”. Todo mundo interessado em ocultismo já deve ter ouvido dizer que o “Mal” não existe; todos os escritores sérios sobre o assunto são unânimes neste ponto, e esta é a maior causa de divergências entre religionários cristãos e os ocultistas, porque os religionários cristãos acreditam no “Diabo”, ou “Satanás”, como uma criatura hostil à humanidade, e dedicada à sua destruição. Recentemente, o “Papa” Paulo VI chegou ao ponto de afirmar publicamente a existência do “Diabo”, sem o qual, naturalmente, não pode haver o “Cristo”; pois, se não houve um pecado original provocado pela malícia do “Demônio”, que necessidade haveria do sacrifício de “Jesus”?

O raciocínio do papa é sem dúvida razoável; mas os cristãos não ponderam que, se “o Filho Único de Deus Padre” foi sacrificado há dois mil anos para salvar a humanidade do “demônio”, o sacrifício parece não ter tido o mínimo resultado: a maioria dos seres humanos continuam tão burros, tão egoístas, e tão mesquinhas quanto eram; principalmente os cristãos! Há quem diga, até, que o procedimento dos cristãos tem sido pior que os dos romanos e gregos “pagãos”, e nós hesitaremos em contestar essa opinião.

Está muito bem negar a existência do “Mal”, e a maioria dos diletantes em ocultismo deve se sentir muito feliz em saber que não existe um poder maligno no Cosmo deliberadamente buscando oprimir a espécie humana; mas essa mesma maioria não reflete que, se o “Mal” não existe, tampouco existe o “Bem”, e não há um poder cósmico deliberadamente buscando salvar a espécie humana das conseqüências da estupidez. A situação foi muito bem expressa em um curto mas profundo poema de uma escritor norte americano, Stephen Crane:

“Um homem disse ao Universo:

Cavalheiro, eu existo!!!

-Sem dúvida – replicou o Universo.

-Mas o fato Não desperta em mim

Qualquer senso de responsabilidade

Para consigo.”

Esta é a dura realidade iniciática: tanto o “Bem” quanto o “Mal” não existem no Universo a não ser em termos da conveniência pessoal de cada ser vivo.

Exemplo: para o tubarão, “Mal”, é o arpão do pescador; para a aranha caranguejeira, é o ferrão da vespa caçadora que faz dela, ainda viva mas paralisada, alimento para as larvas da vespa. Para os homens estúpidos, “Mal”, são os homens de gênio que tentam fazê-los pensar.

Sem dúvida, na Judéia intolerante e irritada pelo domínio estrangeiro, o Jesus evangélico, se tivesse existido, poderia ter sido executado; aliás, na Judéia atual, ele provavelmente teria tido o mesmo fim. Mas na Rússia moderna ele seria colocado num manicômio ou, no pior dos casos, seria degredado para a Sibéria. Nos estados Unidos da América ele provavelmente emigraria para a Califórnia, onde qualquer místico idiota arranja meios de fundar um culto. No Brasil, com tantos milagres, milagreiros e mensagens, ele era bem capaz de passar desapercebido.[1]

O “Diabo” representa aqueles aspectos do universo que nos provocam apreensão, medo, repugnância, ódio etc. Existe, um axioma, em antropologia: o deus de uma tribo conquistada sempre se torna um diabo da tribo conquistadora. Isto faz parte do processo de absorção da cultura vencida pela vencedora: desde que a religião de um povo exprime suas ambições de auto-expressão e autonomia, é necessário destruir-lhe a religião e substituí-la por àquela dos conquistadores.

Às vezes o tiro sai pela culatra, como aconteceu na Índia durante séculos seguidos, porque a religião dos conquistados é tão mais sofisticada que a dos conquistadores estes acabam adotando-a, e sendo aos poucos, assimilados na cultura que haviam pensado em derrotar. Tal foi também o caso da conquista da China pelos nômades mongóis.

Tomaremos, por exemplo, Belzebu, um tradicional demônio na mitologia judaica. O nome vem da frase hebraica Baál Zebuh, que significa “Deus das moscas”, e fazia parte originalmente de uma invocação de Al, “deus” em hebraico, contra as moscas, que numa região quente e seca como o Oriente Médio podiam se tornar bastante incômodas.

Acontece que Ba’al era nome de Deus entre uma das tribos semitas do Oriente Médio. Nessa nação, os mortos não eram enterrados; eram cortados em pedaços e a carne era espalhada nos campos de plantio, onde apodreciam e populava de moscas. Os judeus, que ambicionavam – e eventualmente adquiriam, através do método usualmente recomendado pelos profetas de “Jeová”, o genocídio[2] as terras dessa tribo, adotaram o nome desse deus, como um lembrete do ato que repudiavam, entre a sua hierarquia demoníaca. Ba’al Zebuh eram as palavras iniciais de uma oração: Ó Deus das moscas! Entre os judeus, isto passou a significar “O deus das moscas”. Era uma forma sarcástica de se referirem à divindade da tribo derrotada e exterminada.

Examinemos, no entanto, a psicologia por trás dessa medida: significa que o “deus”, ou força, ou potência, que seja capaz de proteger um animal tão nojento e insignificante quanto à mosca não pode ser um “deus”, ou força, ou potência respeitável; tem que ser um demônio!….

Há nisto uma decisão, por parte de meros homens (e estes fanáticos de mãos sujas de sangue), quanto às criaturas que são de Deus e as criaturas que não são. Mas se as moscas não são de “Jeová”, então existe algo na criação que não pertence a “Jeová”; e se existe algo na criação que não pertence a Deus, então existe mais de um Deus.

E assim, antes que percebamos o fato, caímos na religião simplista dos antigos persas, como Ormuz, “o deus da luz”, personificando o criador de todas as coisas “agráveis”, e Arimã, o “deus da escuridão”, personificando o criador de todas as coisas que ofendam os nossos preconceitos.

Muito prático, muito confortável: aquilo que nos agrada e afaga os nossos egos vem de “Deus”; aquilo que nos contraria, que nos incomoda, que nos irrita, que nos humilha, que nos torna ridículos ou fracassados, vem do “Diabo”.

Então vemos na Idade Média (e essa idade sombria perdura até hoje em certas partes do mundo) nações que vão à guerra invocando o mesmo Deus para que derrote seus adversários; em nome de um Deus de amor e misericórdia queimam vivos os seus semelhantes, ou trucidam mulheres, velhos e crianças; que em nome de um Deus que consideram onipotente, onisciente e onipresente matam, condenam e perseguem aqueles pioneiros em seu próprio meio que descobrem algo novo, que tentam ampliar a concepção do Universo (e portanto o criador do universo) além dos limites do medo e da intolerância dos teólogos e dos padres.

Galileu é torturado e condenado por dizer que a terra não é o centro do universo; será que o sábio não percebeu que ao dizer isto estava dizendo que o homem não é a criatura favorita nem a mais nobre das criações de Deus?

Satã é uma palavra que vem do hebraico Satan, que significa o opositor, aquele que discorda de nós; e esta palavra hebraica, “satanás” do latin, não é mais que uma corrupção da palavra Sânscrita “Sanatanas”, que significa eterno, e que até hoje, na tradição Hindu, ainda é aplicada as três pessoas da Trimurti (Brama, Shiva, e Vishnu) e às três divindades femininas que lhes correspondem.

Os antigos judeus tinham, é aclaro, contato cultural e comercial com os países do oriente; e procurando desesperadamente conservar a sua existência como tribo, a sua consciência cultural, através de suas peregrinações e vicissitudes, temiam acima de tudo as religiões das nações mais avançadas com que entravam em contato, pois sentiam instintivamente que eram mais nobres e mais amplas que a sua.[3] Daí a associação da palavra “Sanatanas” com a idéia de um adversário, ou inimigo.

A rejeição pelos judeus do conceito hindu da divindade foi um ato político; e a imposição do seu conceito muito mais grosseiro da divindade, de um Deus Pai puramente masculino e solitário, sobre a cultura ocidental foi uma operação mágicka através da qual o povo judeu até hoje domina moralmente a filosofia e a ética da Europa e das Américas.

O cristianismo, afinal de contas, não é mais que um ramo, ou extensão, do judaísmo.

Queremos dizer com isto que o “Satã teológico” não existe? Sim. Queremos dizer com isto que não existe demônios? Não.

Existem, é claro, entidades de outras linhas de evolução às quais podemos chamar de demônios[4]; mas é pueril e, em certos casos, até insultuoso, pensar que as criaturas que ocultistas chamam de demônios se manifestem conforme as teorias da teologia cristã, e principalmente as dos católicos romanos.

Os “demônios” que obcecam os “Pocessos” do catolicismo romano, por exemplo, são Elementais Artificiais, ou Cascões, e até mesmo projeções telepáticas (isto é personificações) dos recalques dos “pocessos” ou dos “exorcistas”; raramente são demônios no senso que ocultistas dão a palavra.

E quando são, trata-se das entidades menos evoluídas, em outras palavras, das crianças daquela determinada forma evolutiva que chamamos de demônios. Eles estão brincando a nossa custa, é claro. Mas não temos nós também crianças que brincam a custa de outras formas de vida? Ou há quem pense que pendurar uma lata velha no rabo de um gato ou de um cachorro é menos incômodo, para o infeliz animal, do que ter um demônio a tiracolo nos atazanando?…

Talvez seja conveniente darmos aqui uma definição das principais formas de vida que podem ser encontrada no “Plano Astral”. Embora muitas destas definições tenham sido dadas antes, talvez possamos contribuir algum esclarecimento aos leitores além do que eles já possuem de outras fontes. Temos, porém, que fazer duas ressalvas: à medida que nosso conhecimento se amplia, novos tipos de entidades são adicionadas à lista; e a medida que nós mesmos, como seres humanos, evoluímos, nossa percepção dessas entidades, mesmo aquelas com as quais mantemos contato há milhares de anos, se amplia.

Segundo a classificação será feita do ponto de vista iniciático, em ordem crescente de importância. Os iniciados definem a “importância” de uma forma de vida em termos da capacidade que essa forma de vida tem a compreender e controlar o seu Meio-Ambiente. Esta, aliás, é a definição de Darwin, que (na sua linha) foi um dos maiores adeptos de nossa raça.

  1. Elementais Artificiais – este tipo de entidade não foi, que nós saibamos, descrito anteriormente no Brasil. O elemental artificial é uma forma criada por um Magista no plano astral. É criada pela vontade e imaginação do Magista, e insuflada com uma parcela de energia vital de seu criador. Dependendo da força, da intenção, e do grau de evolução espiritual (isto é, da maturidade moral) do Magista, serve como uma arma de ataque, como espião, ou como vigilante ou protetor de alguma pessoa ou coisa em que o Magista está pessoalmente interessado.

A formação de tais criaturas é perigosa para o Magista, pois se forem absorvidas por outro Magista, não só o criador perde a energia como um laço mágicko é formado com ele, através do qual ele pode ser identificado, e até atacado. Apesar das inconveniências do processo, muitos Magistas criam tais formas no astral. O aspecto desses falsos Elementais podem variar muito, e não devemos nos deixar enganar pelas aparências quando os encontramos. Freqüentemente uma forma criada com propósitos hostis é moldada de acordo com os nossos preconceitos e parece “linda” ou “amigável”. Também, uma forma tem um aspecto “desagradável” apenas para nos assustar e nos conservar afastados, mas não é realmente hostil. É um espantalho.

Entidades formadas desta maneira não tem existência individual: elas são parte do Magista que as criou, da mesma forma como nossos olhos, braços, ou pernas, são parte de nós. É justamente este laço mágicko com seu criador que as torna pontos vulneráveis na armadura deste; mas não há como negar que elas podem ser bastante úteis. Suponhamos que um Magista tenha executado uma operação mágicka e queira observar seus resultados, mas ao mesmo tempo tenha outros afazeres: ele cria um elemental artificial e o deixa vigiando os resultados da operação, com ordem de chamar a atenção do seu criador em caso de necessidade. Isto poupa muita energia que poderia, que de outra forma, ser despediçada se o Magista fosse forçado a manter sua atenção fixada em sua obra.

Uma sub-variante do elemental artificial é o egrégora. Este é um elemental artificial que, projetado no astral, é adotado por outros Magistas como foco da imaginação e da vontade, e cresce em poder de geração em geração. As imagens astrais dos “deuses” dos homens são sempre egrégoras. São os egrégoras que se manifestam naquela experiência mística que os hindus chamam de Dhyana. Egrégoras estão sempre relacionados com a religião em que crescemos, ou com a cultura que fomos condicionados. Místicos que se deixam obcecar por estas imagens passam a dinamizá-las com a sua energia. Muitos egrégoras atingindo um certo nível de concentração de força, se tornam vampiros.

Tais casos devem ser cuidadosamente diferenciados do verdadeiro vampirismo: o egrégora não “tenciona” vampirizar, porque não tem vontade própria. Quando somos vampirizados por um egrégora, tornamo-nos vítimas de nossa própria imaturidade psíquica, de nosso próprio desejo por um “porto seguro” para a nossa existência. O caso é semelhante àquele do gato fábula, que lambia uma lima apenas pelo prazer de sentir o gosto do próprio sangue. Nenhum gato seria tão estúpido na vida real! Mas muitos seres humanos o são. A masturbação (tanto masculina quanto a feminina) não é provocada por egrégoras, que se alimentam de nossa energia devocional; mas se o ato masturbatório toma o egrégora como centro de concentração da mente, esta energia também pode ser absorvida pelo egrégora, que assim expande sua existência em outros planos, e se torna ainda mais perigoso. Sacrifícios retualísticos de animais ou seres humanos tem exatamente o mesmo efeito. Neste senso, enfaticamente todo ser humano tem a religião que merece, e seu “deus” é feito à sua própria imagem.

  1. Cascões. Em via de regra, os cascões são restos em decomposição dos corpos astrais de seres humanos desencarnados. Mas os cascões também podem ser vestígios, no astral, de entidades de outras linhas de evolução que atingiram o mesmo grau de coesão psíquica que o ser humano. A principal diferença entre um cascão e um elemental artificial é que o cascão geralmente funciona em tantos planos quantos o ser humano a que pertenceu, e conhecia enquanto vivo. Um cascão pode, portanto, existir simultaneamente em diversos sub-planos do astral. O cascão é uma espécie de cadáver: ele conserva a forma do seu ex-ocupante durante tanto tempo quanto a energia que o formou perdurar. Este espaço de tempo pode variar consideravelmente. Quanto mais apegada aos planos grosseiros tiver sido a alma humana, tanto mais tempo o seu cascão persistirá em existência nos planos mais baixos após a morte. São os cascões que se manifestam em sessões espíritas como almas dos mortos. O Cascão de uma pessoa de baixa moralidade é freqüentemente mais perigoso que qualquer demônio.

No caso de iniciados avançados, a força que vitaliza os veículos sutis é quase imediatamente absorvida e transmutada nos planos mais altos (relacionados com aquele subplano do Astral que os hindus chamam de Buddhi e os Qabalístas hebreus chamavam de Neschamah). O iniciado avançado, portanto, não deixa vestígios no astral inferior. As pessoas que alegam estarem em contato com almas dos grandes gênios responsáveis pelo progresso da humanidade estão enganadas ou enganando. No melhor dos casos (se enganadas) estão em contato com algum elemental artificial criado pelo Adepto, ou com algum egrégora criado por adoradores de imagens lendárias do Adepto. No pior dos casos, estão em contato com algum tipo de elemental brincalhão, que se diverte a custa da credulidade e da preguiça moral do ser humano.

A única forma de obter contato legítimo com a essência espiritual dos grandes iniciados é através de Samadhi.

O perigo que um cascão representa depende, geralmente, da importância que atribuímos ao cascão, e da nossa afinidade com o tipo de apetites que o cascão expressava enquanto seu possuidor estava vivo. Pessoas de mentalidade baixa e de apetites grosseiros se tornam focos de atração para cascões, e se laços forem formados, tais cascões se tornam aquilo que ocultistas chamam de “Larvas”, isto é, vampiros alimentando-se da energia vital dos seres humanos que os acolhem em suas auras.

Não existe no Universo uma entidade estranha à humanidade que esteja dedicada especificamente ao progresso humano; mas a hierarquia espiritual da nossa espécie é formada por membros de nossa própria espécie que progrediram ao ponto de perceberem que seu avanço individual por inteiro depende do avanço da espécie como um todo. O propósito dos Mestres ao nos “auxiliarem” é puramente egoísta: eles querem aperfeiçoar sua percepção e sabem que dependem, para esse fim, do aperfeiçoamento coletivo. Eles sabem que enquanto o ser humano médio não evoluir acima de uma certa gama vibratória, eles, os Mestres, não poderão passar ao Grau evolutivo seguinte. Em seu esforço por acelerar a sua evolução racial, eles estão apenas procurando acelerar a sua própria evolução. Aliás, eles seriam mais imbecis que um teólogo se tivessem qualquer outro motivo: por acaso é a espécie humana mais importante para o Movimento Universal que as formigas saúvas?

Quem quiser entrar em contato legítimo com os Mestres, deverá fazê-lo naquelas mais elevadas esferas dos planos sutis, chamadas de Bhuddhi. Atmã, e Nirvana pelos hindus, e de Binah, Chokhmah, e Kether, pelos antigos Qabalístas hebreus. Qualquer coisa abaixo desse plano será fatalmente falsa e prejudicial a não ser a concepção que ela desperta na mente humana seja imediatamente cancelada pelo seu oposto.

  1. Elementais propriamente ditos. Estas entidades, que os “rosacruzes” medievais descreveram sob o nome de Salamandras ( Fogo), Ondinas (Água), Silfos (Ar) e Gnomos (Terra), variam, como já dissemos, de aparência astral de país a país, e de núcleo cultural de cada raça humana.

Torna-se aqui conveniente fazermos um parêntese para explicar, ou tentar explicar, a concepção que os místicos medievais tinham dos Quatros Elementos. Eles associavam certas formas de manifestação de substâncias materiais com certas gamas vibratórias, ou sub-planos, do Astral. Por exemplo, um rio pertencia ao Elemento Água; mas o mesmo ocorria com qualquer outra forma de líquido. Substâncias sólidas eram associadas com o Elemento Terra; gases de qualquer tipo, inclusive vapor de água ou fumaça, com o Elemento Ar; e qualquer forma de combustão, explosões etc., era atribuída ao Elemento Fogo.

Não havia nisto qualquer intuito de uma classificação científica dos elementos, no senso que a moderna química dá à palavra “elemento”: esse místicos estavam interessados na aparência material das coisas apenas como uma assinatura de certa forças sutis que eles percebiam em si mesmos, e no seu Meio-Ambiente.

O paralelo entre os Quatro Elementos dos místicos medievais e os Tatwas dos hindus é perfeito: Agni ou Tejas corresponde ao Fogo, Aspas à Água, Vayu ao Ar, e Prithvi à Terra. A classificação dos hindus, entretanto, ia mais longe, e eles admitiam mais três elementos místicos. Akasha, Adhi, e Anupadaka. Destes, os místicos medievais revelaram apenas o Akasha, ao qual eles chamavam de Quintessência, ou Elemento do Espírito.

Na realidade, o Akasha não é o Elemento do Espírito. Sua principal função é servir de coordenador de fonte dos Quatro Elementos inferiores. Sua principal qualidade consiste em harmonizar as quatro forças “cegas” em uma rede energética. Nisto, sua propriedade é muito semelhante à do elemento químico que reflete a ação do Akasha no plano físico, o carbono.

Os verdadeiro Elementos Espirituais são Adhi e Anupadaka.[5] Eles correspondem aos Chakras, Ajna e Sahashara, plexos nervosos, enquanto Akasha corresponde a Visudhi, o plexo cervical.

Os Elementais, existindo e movendo-se em gamas vibratórias específicas, tem a capacidade de estimular o ser humano na direção em que eles vibram. Isto é devido ao fato de que sua presença ou proximidade acelera a circulação das nossas energias através dos plexos que lhes correspondem.[6] O contato com os Elementais, portanto, é fascinante: as Salamandras estimulam nossa coragem a nossa sexualidade positiva; as Ondinas estimulam os nossos sentimentos e a nossa sexualidade negativa; os Silfos aguçam o nosso intelecto; e os Gnomos desenvolvem o nosso senso de proporção relativa as coisas.

Há perigo no contato com os Elementais para seres humanos cuja Vontade não está desenvolvida, pois a Vontade é justamente a faculdade humana correspondente ao Elemento do Espírito, ou Akasha: ela é a nossa capacidade de reunir as Forças “Cegas” do nosso Meio-Ambiente e organizá-las em formas que nos sejam úteis como seres humanos.

Esse estímulo ou contato com os Elementais é análogo ao estímulo provido por drogas psicotrópicas. As pessoas que não tem suficiente equilíbrio anímico para dominarem as reações puramente reflexas provocadas em seu sistema nervoso por tais substâncias correm grande risco de se tornarem viciadas em seu uso. O mesmo ocorre com o relacionamento com Elementais.

Como disse Éliphas Lévi: “o amor do mago por tais entidades é insensato, e pode destruí-lo.”

Magistas que estabelecem “pactos” com um elemental, só tem duas alternativas a partir desse momento: ou assimilar o elemental à sua estrutura anímica, ou perder a coesão das forças Elementais em seu próprio ser, sendo pouco a pouco absorvidos na tônica vibratória do intruso. Em tais casos o elemental age de forma análoga à de um vampiro, mas não deve ser responsabilizado pelo processo, que é puramente automático. O elemental pode não ter qualquer intenção de destruir o ser humano, ao qual provavelmente até ama, na medida de sua capacidade de experimentar tal emoção; pela natureza mesma do seu ser, ele terá um efeito desequilibrante sobre a constituição de um ser humano que a ele se abandone.

Existe uma enorme quantidade de Elementais encarnados em forma humana; isto é devido ao fato que raramente um casal mantém relações sexuais com o desejo consciente de engendrar um ser humano. As uniões puramente sexuais freqüentemente atraem apenas Elementais a encarnação, pois serem humanos desenvolvidos necessitam de certas gamas vibratórias de ordem mais elevadas para adquirirem forma.[7]

Tais pseudos-humanos formam a legião dos bípedes implumes de Diógenes. Não deve ser pensado que basta ter forma humana para sermos humanos. Os iniciados definem como seres humanos apenas aquelas criaturas suficientemente desenvolvidas para funcionarem como microcosmos, isto é como estrelas encarnadas. Os demais são humanos apenas em potencial.

A principal diferença entre um elemental e um humano de baixo grau evolutivo é apenas que o humano contém em si uma capacidade de funcionar em outras gamas vibratórias além daquele subplano do Astral de que o elemental deriva sua forma e sua substância.

Por mais controle que um ser humano possa adquirir de um determinado elemento, qualquer elemental daquele elemento sempre terá mais capacidade para agir e mais conhecimento daquele elemento, do que o ser humano. Poderíamos dizer, por analogia, que o ser humano está para o elemental assim como um mergulhador profissional está para o peixe. Isto não obsta a que o mergulhador, em que pese à sua incapacidade inerente de se mover no oceano com a mesma mobilidade que o peixe, seja uma forma viva superior ao peixe, de acordo com a definição de Charles Darwin da superioridade de uma de forma viva sobre a outra.

Certos autores classificam os Elementais como mais adiantados ou mais atrasados na escola evolutiva em termos do elemento ao qual eles pertencem: dizem que os Gnomos são mais atrasados, porque pertencem ao Elemento Terra, que é “denso” e as Salamandras são os mais adiantados, porque pertencem ao Elemento Fogo, que é tão “sutil”. Isto é perfeita tolice: os Elementais são mais ou menos adiantados em si, da mesma forma que seres humanos. Há Gnomos sovinas, grosseiros, brutais, que são atraídos à vizinhança de seres humanos que exibem os vícios correspondentes em sua própria aura. Por outro lado, há Gnomos pacientes, prudentes, profundos, e sábios, que gravitam para a vizinhança de geólogos, paleontólogos, pensadores, e pessoas que exibam as qualidades morais correspondentes às desses Gnomos.

Há Salamandras irrequietas, sequiosas por uma sucessão de emoções e paixões intensas e efêmeras, que procuram afinidades com homens e mulheres superficiais, coléricos, impacientes, agitados; e há Salamandras que anseiam por sentimentos e volições refinados, as quais naturalmente tendem a simpatizar com homens e mulheres de caráter nobre, sentimentos elevados, e aspirações puras.

Neste assunto, mais que em qualquer outro, dize-me com quem andas, e te direis quem és.

Os Elementais sentem instintivamente que são criaturas incompletas; e mesmo os mais grosseiros sempre aspiram a fazer parte de um microcosmo. Para eles, é natural gravitar para a atmosfera energética de seres que tenham a capacidade de funcionar como microcosmos. As pessoas que irradiam energia nos planos sutis tenderão a atrair a atenção e a colaboração espontânea dos Elementais; e os tipos de Elementais que atrairão dependerá sempre do grau de desenvolvimento anímico da pessoa, e não do elemento a que o elemental pertença. Quanto mais adiantado o ser humano, maior será a delicadeza, a sensibilidade, a beleza plástica e anímica, e a profundidade do desejo por harmonia e saber desses Elementais que buscarão entrar em contato com esse ser humano.

Seria errôneo da parte de Aspirantes, dar preferência sempre a Elementais mais adiantados sobre os mais atrasados, entre aqueles que se oferecem para servi-los: para os trabalhos mais pesados, os Elementais mais grosseiros estarão mais capacitados. Você não pede a um pianista de concerto que trabalhe na enxada, nem coloca um brutamontes pouco inteligente como embaixador.

Existem certos rituais mágickos, chamados Rituais dos Elementos, que são utilizados por ocultistas para estabelecer contatos com as forças Elementais. Estes Rituais não são melhores nem piores que os rituais do candomblé. O tipo de entidade que atende ao chamado dependerá sempre do grau de evolução da pessoa que está chamando. A vantagem de um ritual mágicko sobre os outros é que os Nomes e Sinais usados selecionam automaticamente o grau de desenvolvimento das entidades invocadas: Elementais maliciosos ou perversos não ousarão se apresentar. Por outro lado, gente pouco desenvolvida espiritualmente que utilizar esses rituais não obterá resultado algum, pois as forças invocadas, reconhecendo a aura de um profano, desdenharão de se aproximar. Para nos impormos a seres desenvolvidos é necessário provar que somos pelo menos tão desenvolvidos quanto eles. Só os brutos se deixam impressionar moralmente pela força bruta.

Certos autores fazem questão de desaconselhar um contato sexual íntimo encarnados em forma humana: eles afirmam que o elemental é incapaz de proceder com, “moralidade”. Dizem que o elemental não tem “consciência”, é incapaz de amor e dedicação, e exibe malícia a mínima oportunidade.

Tais afirmativas são muito relativas. O elemental é uma criatura altamente ética, se definirmos ética como consciência entre nossas palavras, nossos pensamentos, e nossos atos; mas a ética de um elemental não é a ética humana. Quando um elemental se encarna em forma humana, ele precisa tentar controlar quatro formas de energia simultaneamente em quatro cavalos, cada um dos quais tenta galopar numa direção diversa. O ser humano não tem preferência por nenhuma das quatro, e portanto instintivamente busca equilibrá-las em volta do Centro,[8] enquanto o elemental devido a sua própria natureza, prefere uma direção particular. Consequentemente, nunca conseguirá equilibrar seus quatro cavalos em torno de um centro estável.

Não é justo, portanto, condenar um elemental encarnado por conduta indecorosa, imoral, ou inépcia. Um elemental tentando funcionar em forma humana está numa posição de tão grande desvantagem que merece nossa paciência, e até nossa simpatia.

Suponhamos, um caso comum: o casamento de um ser humano com um elemental encarnado em forma humana. Não é verdade dizer que o elemental não nos amará; mais é inútil esperar que ele nos seja “fiel” no sentido romano-alexandrino da falsa pudicícia. O elemental é naturalmente atraído por todas as experiências intensas: a força mais importante para ele é sempre a que está mais próxima. Um marido elemental virá dos braços da amante para os da esposa e demonstrará tanto mais afeição por esta quanto mais estiver estimulado pelo seu contato com a amante. Ele ficará extremamente perplexo se a esposa o acusar de falsidade e desamor. Ele ama a esposa; a prova é que ele está com ela! Ele esteve com a outra? Mas o que importa é que ele está com a esposa agora. Cada momento foi feito para ser vivido com toda a intensidade possível. A vida é tão curta!

Este ponto de vista é bastante semelhante ao de uma criança, e é assim que devemos encarar o elemental encarnado: como uma criança. Aliás, não existe uma certa poesia, uma certa beleza, e até uma certa lição de sabedoria, nesta atitude de agarrar a vida com as mãos enquanto dura? Seres humanos que assumem esta atitude tem a imensa vantagem sobre o elemental de poderem assumi-la nas quatro direções de força, em vez de uma só; e podem adquirir muita experiência, e absorver muita vivência, no curto espaço de um encarnação.

  1. Anjos e Demônios. Pode parecer estranho aos profanos que classifiquemos juntos estes dois tipos de entidade; mas acontece que tanto um quanto o outro pertencem à mesma espécie astral, e as diferenças entre eles são ao mesmo tempo muito mais simples e complexas do que se imagina. É errôneo, e até perigoso, encarar os anjos automaticamente como “bons”, e os demônios como “maus”. A melhor descrição das características gerais de anjos e demônios e das diferenças entre eles está num poema chamado “Casamento do Céu com o Inferno” de um grande místico, poeta, e pintor inglês do século XIX, William Blake.

Em geral, pode-se dizer que os anjos são convencionais, formalistas. Para um anjo, a letra da lei – qualquer que seja a lei – é sagrada. Já os demônios são criativos, críticos e pragmáticos. Os demônios estão sempre dispostos a interpretar a lei, de acordo com a conveniência de cada particular ocasião.

Anjos não tem inteligência original; eles são dogmáticos, e escrupulosamente fiéis aos princípios adotados. Um anjo que aceitasse o dogma romano-alexandrino, levaria a sua aceitação até a última conseqüência: aprovaria a inquisição romana, e encararia a tortura e imolação de seres humanos em praça pública como um ato necessário para satisfazer o enunciado do dogma.

Demônios são rebeldes e individualistas. Um demônio poderia aceitar a Inquisição romana, e até colaborar com ela, mas faria isto apenas para se divertir. Muitos dos demônios tem prazer em destruir a estrutura física da existência humana, que eles consideram um distúrbio da ecologia terrestre, ou simplesmente gostam de ver um humano sofrer. Os anjos não gostam de causar sofrimento, mas não se perturbam em causá-lo, se assim fazendo puderem comprovar seus dogmas ou crenças.

À medida que tanto anjos quanto demônios se desenvolvem e sobem na escala evolutiva, eles tendem absorver os pontos de vistas de outras entidades, e a compreendê-los melhor; eventualmente, até a harmonizá-los com os seus. Consequentemente, tanto anjos quanto demônios mais evoluídos estão dedicados ao progresso espiritual da espécie humana, e a se formaram em certas Falanges nos planos sutis a fim de cooperar com a hierarquia humana na evolução de todas as espécies do sistema solar em termos das necessidades de nossa galáxia. Isto é claro, sem detrimento das necessidades do Cosmo como um todo.

O Livro da Lei, “Liber Al vel Legis”, chamado pelos demônios de “a bíblia do inferno” (porque é a primeira Lei humana que os demônios e anjos consideram que podem aceitar conjuntamente), é o primeiro passo para uma formulação, no plano físico, das leis que regem o Sistema Solar dentro do Cosmo. Nada do mesmo tipo foi anteriormente dado a humanidade: todas as leis prévias foram apenas uma preparação para O Livro da Lei, o qual será seguido eventualmente por outras formulações ainda mais amplas e mais congentes.

Num certo senso, e muito limitadamente, os anjos podem ser relacionados com o processo anabólico de agregação de força, e os demônios com o processo catabólico de dispersão de força. Mas devemos nos lembrar de que tanto anabolismo, quanto catabolismo são aspectos do metabolismo, e que todo organismo sadio necessita manter um equilíbrio entre ambos para se conservar saudável.

À medida que eles aumentam em compreensão e perspectiva, tanto anjos quanto demônios percebem a necessidade dos pares de opostos, e a essencial harmonia atrás do Princípio de Polaridade.

Vamos detalhar as hierarquias chamadas “angélicas” pela Qabalah hebraica. Elas foram adotadas pelo cristianismo. Devemos lembrar aos leitores que ao contrário do que pensam os cristãos, estas hierarquias incluem tanto entidades dedicadas a construção quanto a destruição, e que a atividade dessas criaturas não devem ser automaticamente associadas em nossas mentes quanto aos conceitos de “Bem e Mal”.

  1. As Flamas. Correspondem à primeira esfera de consciência iniciática, ou Malkuth. São Elementais que atingiram suficiente percepção para compreenderem que sua aspiração a se tornarem Microcosmos, pode ser melhor realizadas através de uma aliança com a espécie humana. São chamados de Flamas porque freqüentemente assumem este aspecto na percepção de videntes. É a forma mais perfeita de cada elemento.

Cada elemento místico está dividido em cinco sub-elementos. Ex: O Elemento Terra está subdividido em Terra de Terra, Ar de Terra, Água de Terra, Fogo de Terra e Espírito de Terra. O Elemento do Espírito é “negro”, isto é, absorve toda manifestação em si mesmo. A forma mais rarefeita em que a substância elemental pode se manifestar é como uma Flama, a qual varia de cor de acordo com a energia elemental básica. A confusão entre Elemento Fogo e o Elemento Espírito decorre disso, é a letra Shin, a tríplice língua de fogo, em hebraico, acumula as correspondências mágickas de Fogo e Espírito. A fonte espiritual de todo elemento mais baixo que o Akasha é a natureza Akásica, e invisível.

  1. Anjos. Estas entidades correspondem à esfera de Yesod, ou Fundamento, na Árvore da Vida. Em sua maioria, são estágios mais avançados de Elementais, porque se uniram à estrutura anímica de algum Ser Espiritual do nível dos Microcosmos; mas raramente se tornam microcosmos, nesses estágios. A aparência que assumem varia muito, dependendo dos preconceitos dos seres humanos que entram em contato com eles.

O desejo de se comunicar pressupõe a adoção de um veículo ou símbolo inteligível, que facilite a comunicação. Um anjo portanto, se manifestará como uma criatura refulgente e de assas brancas ou como criaturas de assas de morcego, chifres, rabo em ponta, etc, a uma pessoa que tenha preconceito próprios dos cristãos. Mas assumirá formas inteiramente diversas com seres humanos de outras religiões. Também, em certos casos eles se manifestam diretamente à consciência das pessoas com quem entram em contato, sem assumir qualquer forma, porque tais pessoas não tem preconceitos quanto a esse tipo de forma em que devam se manifestar.

  1. Arcanjos. Estes correspondem à Esfera de Hod, na Árvore da Vida. Mesmo os Arcanjos raramente são Microcosmos; a maioria está aliada à estrutura anímica de algum Hierofante do passado. Aqueles que conquistam autonomia anímica freqüentemente tem um nome tradicional, e um conjunto de tradições e lendas, relacionados com sua manifestação. Assim foi o caso de Gabriel que se manifestou a Maomé, o qual não deve ser confundido com o Gabriel que normalmente aparece quando o Magista realiza certos rituais. A diferença entre ambos só se torna aparente dependendo do grau iniciático do Magista. Quanto maior for nossa compreensão espiritual, mais profunda será nossa percepção. As entidades mais evoluídas vêem “Deus” em todas as coisas mesmo as que são feias e malignas.

Na Qabalah hebraica os Arcanjos são chamados de Filhos de Deus (Beni Elohim), ou príncipes. Isto porque Kether, a Coroa, é chamada de Rei, e representa Deus, e os filhos do Rei naturalmente são príncipes…

  1. Os Elohim ou Deuses. Estas entidades são chamadas pelos cristãos de príncipes o que pode causar confusão com a classe anterior, que tem o mesmo nome hebraico; mas também são chamados de Principalidades, ou Princípios. Estão relacionados com a Esfera de Netzach, na Árvore da Vida. Mesmo os Elohim raramente atingem a dignidade de Microcosmos, mas sua esmagadora maioria são absolutamente leais e serviçais à evolução da espécie humana.
  2. Os Reis ou Melachim. Estão relacionados com a Esfera de Tiphareth. São conhecidos na teologia cristã por dois nomes diversos: Virtudes e Poderes. As virtudes são de natureza angélica, isto é conservadores; os poderes são de natureza demoníaca, isto é criadores e ou ativos. Em sua maioria os Melachim atingiram a dignidade de microcosmos. Eles se manifestaram diretamente na estrutura anímica das pessoas com quem entram em contato; e muito raramente entram em contato com qualquer ser humano que não tenham atingido o grau iniciático, ou plano de consciência, que a nomenclatura Thelêmica chama de Adeptado. A palavra “rei” usada nO Livro da Lei, refere-se ao tipo de entidade que atingiu o grau de evolução dessa Falange, e não aos ridículos “reis” criados por diversas religiões, afim de manterem alianças ao poder político e econômico, e controle sob determinado povo.[9]
  3. A Falange. Está relacionada com a Esfera de Geburah, que corresponde ao Grau de Adepto Maior no sistema Thelêmico. São os Domínios chamados na Qabalah hebraica de Serpentes de Fogo. (A analogia a Kundalini não é conscidência.) Estas entidades em sua grande maioria, não atingiram a dignidade de Microcosmos, e são de natureza “demoníaca”, isto é, ativa e inovadora.
  4. Tronos. São outro tipo de Falanges que correspondem ao Grau de Adepto Isento, e a Esfera de Chesed, cujo símbolo é um Rei sentado em seu trono.[10] Estas entidades são de natureza “angélicas”, isto é, conservadoras e receptivas.
  5. Esplendores. Está relacionada na Qabalah hebraica e é atribuída a Sephira de Binah; mas os Esplendores são entidades da mesma espécie que os Tronos, porém agindo de forma “demoníaca”, isto é dinâmica; ou da mesma espécie que os Domínios, porém agindo de forma “angélica’, ou conservadora. A confusão deve-se a pouca experiência prática da maioria dos Qabalístas e Teólogos. É pura tolice atribuir “esplendores” a Binah, que sempre se manifesta sob forma de Shivadarshana, ou seja, escuridão ou aniquilação, sendo sentida por místicos menos desenvolvidos como uma influência opressora e maligna.
  6. Os Querubins, também chamados de Roda Viva na Qabalah hebraica,[11] são a verdadeira Falange de Binah. Eles são descritos como criaturas de quatro cabeças, porque representam um equilíbrio completo de Akasha das Quatro Direções da Cruz; e são chamados de Rodas porque o seu equilíbrio é dinâmico: eles exercem as Quatro Forças em todas as direções. A tradição de que um Querubim guarda a entrada do Paraíso refere-se a um segredo iniciático. Veja-se o Selo da Ordem de Thelema, que o selo da Besta 666.

As imagens hieráticas das divindades hindus e tibetanas tem freqüentemente uma multiplicidade de braços como raios de uma roda, e quatro cabeças, uma em cada direção do compasso. Novamente não se trata de mera consciência.

Os Querubins são normalmente atribuídos a Chokmah, e não a Binah; mas isto é devida a força dele que emana daquela Sephira.

  1. Os Serafins, também conhecidas como Santas Criaturas Vivas, normalmente atribuídos a Kether na Qabalah hebraica, são na realidade a Falange de Chokmah. Kether indiferenciado, além de todos pares de opostos, não é ainda suficientemente conhecido pela espécie humana para especularmos sobre sua manifestação. A Entidade que lhe corresponde é sempre o Senhor (a) do Æon, a Divindade que ocupa, por uma estação, ou ciclo do Movimento Universal, o “Trono de Ra”. Esta é a Estação, ou Æon, de Heru-Ra-Há.

Quanto menos falarmos sobre Ele, melhor, pois assim diremos menos tolice!. Um dos aspectos de sua manifestação é abordado no Oitavo Poema de O “Guardador de Rebanhos” de Fernando Pessoa.

Antes de encerramos este capítulo, seria prudente fazer uma observação sobre o conceito de Microcosmos. Dissemos que certas entidades inumanas atingiram o mesmo grau de evolução da nossa espécie, e não são Microcosmos, da mesma forma que nós; mas muitos anjos e demônios atingiram estruturalização sem que possam ser considerados iguais aos seres humanos, pois, a influência do Akasha é automática: ele coordena os Quatros Elementos porque este é o seu poder. Uma criatura dos mundos sutis pode, portanto, aparentar todos os sintomas de individualidade sem ser um indivíduo, no senso que o ser humano o é. Sem uma infusão dos dois elementos acima do Akasha, (Adhi e Anupadaka) nenhuma entidade pode ser considerada como do nível de um ser humano. A percepção da genuína existência espiritual das entidades com as quais entramos em contado faz parte dos ordálios iniciáticos.

Outra ressalva, refere-se a classificação que acabamos de fazer dessas entidades, “angelicais” e “demoníacas” estas se referem ao mais baixo plano de manifestação, chamado de Assiah pelos Qabalístas hebraicos. À medida que ampliamos a nossa percepção, compreenderemos que certas entidades estão num estágio rudimentar de desenvolvimento; enquanto outras, que considerávamos, atrasadas, estavam expressando uma sabedoria de uma evolução além da nossa capacidade de percepção na época em que entramos em contato com elas pela primeira vez.

Assim, como por exemplo, a tradição de cada país, está sob tutela de “arcanjo” não deve ser interpretada literalmente. Os místicos cristãos, naturalmente confusos por virtudes da ineficiência dos seu sistema de pesquisa, tendiam a chamar de “arcanjos” quaisquer entidades que eles percebessem ter autoridade sobre os anjos. No caso do Brasil, Ishmael (ShMoAL em hebraico) tem a numeração 441, que soma 9, o número de Yesod, o Fundamento; mas é evidente que uma Entidade capacitada para representar espiritualmente as energias que criam e mantém um país deverá estar num plano de consciência bastante acima de um “anjo” normal. Pode ser que Ishmael seja um arcanjo; mas se assim for, não se trata de um arcanjo de Assiah, no senso em que o Gabriel que se manifesta em certos rituais é um arcanjo.

Mas estas subdivisões e minúcias são de valor puramente relativo. Quanto mais adiantadas é uma entidade, qualquer que seja ela, mas sua tendência a ver “ Deus”, manifestando-se em todas as coisas, e todos os seres. Faz parte do Juramento de Mestre do Templo interpretar todo fenômeno como um “trato particular entre Deus e sua Alma”. Existe um velho ditado em inglês que podemos traduzir por: “A Beleza está nos olhos de quem a vê”. Por isto, tudo que existe é santo e divino para os verdadeiros santos.[12]

[1] Talvez não: alguns anos, apareceu numa cidadezinha do norte um homem anunciando que era Jesus Cristo voltado à terra; quando a polícia interveio, a população estava prestes a crucificá-lo pelo pecados do mundo, calorosamente encorajada por ele. Escrevemos uma peça para a teLévisão baseada neste caso autêntico, a qual, é claro não foi produzida até hoje!…

[2] Parece ironia, mas na realidade é um efeito de Karma racial, que os judeus tenham sofrido às mãos dos nazistas exatamente o mesmo tipo de infâmias que impunham aos “gênios” na época em que estavam conquistando a Palestina a ferro e fogo.

[3] Toda aspiração religiosa é inicialmente uma projeção das frustrações do religionários numa forma em que seus desejos frustrados se realizam, ou em que uma consoladora explicação de seus fracassos é provida.

[4] A palavra “demônio” vem do grego daimonio, e significa simplesmente aquilo que os cristãos chamam de Anjo da Guarda. Era uma entidade que inspirava os seres humanos, e podiam ser “boa” quanto “má”.

[5] Isto é, no nível atual de nosso conhecimento. É bem provável que haja gamas vibratórias ainda mais sutis e profundas.

[6] É impossível, entretanto, atribuir cada um dos chakras a um Elemento em particular com exclusividade, pois todos os Elementos estão presentes simultaneamente nos Chakras físicos, associados e harmonizados (esta harmonização, depende do grau iniciático do ser humano individual) pela energia do Akasha. De uma forma geral, entretanto, podemos atribuir Manipura (plexo solar) ao Fogo, Anahatta (plexo cardíaco) ao Ar, Svadisthana (pexo umbilical) à Água e Muladhara (plexo sacro) à Terra. O processo iniciático estimula a manifestação dos sub-elementos complementares em cada um desses vórtices de forças: a Serpente Kundalini é o símbolo desta transmutação e interação dos elementos. O assunto foge aos limites deste trabalho.

[7] Isto absolutamente não quer dizer, como pretendem certos teólogos imbecis, que o ato sexual só deva ser praticado para a procriação da espécie, como é o caso entre animais; a refinação do gozo físico só ocorre em sociedades onde o sexo é considerado como um apetite sadio, e digno de ser praticado até com o uma forma de oração.

[8] Se as Quatro Forças “Cegas” se manifestam em igual intensidade e em direções diametralmente opostas, o Centro está em “Queda Livre. É o “Olho do ciclone” ou a voz do silêncio.

[9] Tiphareth, a Consciência Humana, é o centro de Ruach, e as Entidades Angélicas que correspondem a essa esfera de consciência são chamadas de Reis porque Tiphareth recebe num raio direto da Coroa, Kether, através da grande influência chamada Grã-Sacerdotiza, a qual representa o Sagrado Anjo Guardião, ou Adonai. Mas do Ponto de vista das Supernas, estes Reis não deveriam ser chamado assim, e sim de Príncipes. A confusão ocorre porque determinados seres humanos não atingiram suficiente adiantamento para lidarem com essas entidades, mas a experiência prática evita enganos. Este assunto novamente está além dos limites desse trabalho.

[10] Chesed é o “Deus-Pai” cristão: é a imagem simbólica desta Sephira que os místicos obtinham em suas Dhyanas. Já Geburah representa em rei combatendo: seu título em trechos do Velho Testamento é o “Senhor dos Exércitos”. Os diversos nomes ou títulos de Deus utilizados no Velho Testamento estão sempre relacionados com as Esferas de Consciência da Qabalah hebraica. Chesed também era chamado de Gedulah, é a Misericórdia Divina. Tradicionalmente pedia-se clemência ou favores a um rei quando este estava sentado na sala do trono, concedendo audiências. Geburah é a severidade ou Cólera de Deus; e não se considera prudente pedir favores ou clemência a um rei no fragor de uma batalha… A visão do Amém, no Apocalipse é uma tentativa de unir os dois Dhyanas, Geburah e Gedulah em um só símbolo.

[11] Veja-se em “Liber AL” vel Legis, O Livro da Lei: “Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas; por causa dela que todas as mulheres castas sejam completamente desprezadas entre vós!” Maria inviolada, é um egrégora criado pelo medo psíquico do Amor. Longe de simbolizar, o puro amor espiritual, simbolizando, ainda, ódio e rejeição. A castidade Cristã, tal como é interpretada por teólogos católicos romanos, é uma trincheira contra o Universo: uma tentativa de manter o ego intato, “imaculado’, intocado. Esse egrégora tem que ser destruído, na mente do verdadeiro místico, pela influência das Rodas ou Querubins, antes que a verdadeira Visão de Binah possa ser obtida. Essa Visão une aqueles dois arquétipos aparentemente, opostos, e hostis. A Virgem imaculada, é a Diana dos Efésios, a Grande Puta Universal. Juntas se manifestam como a Mulher Vestida de Sol, do apocalipse.

Este é um assunto muito difícil de ser compreendido pelos místicos do catolicismo romano, ou seitas protestantes, budistas, hindus, e até mesmo maometanas. O Amor, no sendo místico, mágico e espiritual da palavra, é uma virtude positiva: consiste da união, e não na rejeição de união com a consciência de seres vivos. Para existirmos como Egos, é necessário estarmos sempre cônscios de nós mesmos como entidade separadas. Mas para ampliarmos os nossos egos, ou seja, para evoluirmos, é necessário que incorporemos sempre novas experiências ao nosso armazém psíquico, e isso somente será possível através do Amor. A grande Puta representa aquela parte da alma iniciada que está aberta a influência do Todo; mas para que a consciência individual possa ser mantida, o Ahamkhara tem que continuar ativo: isto é a Virgem. Como em todo processo vivo, a Puta e a Virgem devem se alterar na consciência humana comum, e devem, ser unidas em um só símbolo da consciência iniciada.

A Puta de Babilônia, embriagada com o sangue dos santos, cavalgando a Besta 666 (seiscentos e sessenta e seis é o número qabalístico do Sol, ou Binah de Tiphareth), e a mesma Virgem Inviolada, é a Ártemis que se entregou apenas a Pã, e ao Todo; e por isto continuou virgem. A Taça que ela leva na mão é o Santo Graal.

[12] Sem confundirmos os planos, é claro. O Valor espiritual da dor de dentes ou a santidade intrínseca do arsênico não significa que não devamos consultar um dentista no caso de uma, ou evitar uma ingestão altamente concentrada no caso do outro!…

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