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Ocultismo e Psicossoma – Ataque e Defesa Astral parte 10 de 13

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Marcelo Ramos Motta

A palavra Psicossoma, ainda pouco usada em português, define o conjunto de processos vivos de qualquer organismo: inclui tanto fenômenos psicológicos quanto os fenômenos fisiológicos. Na realidade, é impossível separá-los, pois a consciência normal é puramente subjetiva, nos só sabemos do nosso meio ambiente através das modificações que ele provoca em nossa mente e em nossas emoções. Para conhecermos o Universo tal qual realmente ele é, torna-se necessário desenvolver faculdades além dos cinco sentidos. A mente humana é incrivelmente confusa, e a repercussão de contato com o meio-ambiente pode provocar tanto distúrbios mentais que se manifestam como doenças do organismo físico, quanto distúrbios do organismo físico que se manifestam como doenças mentais.

Faz algum tempo, fomos procurados por um jovem casal que obtivera nosso endereço de um conhecido, o qual fora indiscreto para lhes dizer que éramos um grande conhecedor de ocultismo. Embora não gostemos de conversar sobre tais assuntos com profanos, em atenção ao nosso conhecido, ouvimos o problema do casal. O marido tinha uma irmã que estava acometida de um mal inexplicável, o qual periodicamente causava um excesso de pressão no fluido espinhal, provocando convulsões semelhantes a epilepsia.

Preparamos uma adivinhação do Taro, a fim de ver se poderíamos ser de auxílio a essas pessoas, e o resultado da primeira manipulação das cartas indicou que o problema era de ordem financeira. Ao declararmos isto ao casal, o marido negou veementemente que assim fosse.

Quando isto ocorre, o operador é aconselhado a abandonar a questão por completo, pois não existe afinidade entre ele e os consulentes; consequentemente, não poderá lhes ser de auxílio.

Neste particular caso havia afinidade, mas não havia boa fé: conforme pudemos averiguar mais tarde, o problema era, realmente financeiro. A doença da irmã estava causando despesas extras à família, e o irmão ambicionando viajar à Europa com a esposa, estava procurando uma solução rápida e barata para o problema consultando um bruxo. Quer porque não estivesse conscientemente ao par dos seus motivos, quer por vergonha de nós, negou que sua preocupação primordial fosse o dinheiro. Ainda em tais casos, convém afastar o consulente, a quem não podemos ser de auxílio, devido a sua hipocrisia ou falta de percepção de seus próprios motivos.

Infelizmente não somos perfeitos, ficamos com pena do casal, e não tivemos coragem de mandá-los embora!

Contrariando as regras, prosseguimos a um interrogatório do casal, e obtivemos os seguintes dados: a irmã, até recentemente, fora casada com um oficial de pára-quedista, o qual estivera envolvido em atividades violentas após 1964 e.v.: pertencia a um dos “aparelhos” clandestinos da extrema-direita responsáveis por torturas e matanças de prisioneiros políticos. Um ano antes, ele se separara da esposa e estava agora vivendo com uma mulata que pertencia a um “terreiro” de macumba. Embora vivendo com outra, ele não se dispunha a se afastar por completo da esposa, a quem visitava regularmente, e tentava conciliar a fazê-la aceitar a situação de bigamia.

Com sua insistência, a mulata viera visitar a esposa, a qual se recusara a recebê-la. A partir desta data havia começado os misteriosos ataques em que a esposa caía e se despojava convulsivamente.

O irmão confiou-me que a doente acreditava firmemente haver sido enfeitiçada pela amante do marido, e perguntou-me o que fazer para se certificar do fato. Explicamo-lhe os métodos de defesa que detalhamos neste livro, e sugerimos consultar um umbandista sobre o assunto, já que havia a possibilidade de um ataque por alguém daquela linha. Também lhe ponderamos que havia uma possibilidade do problema ser de causas naturais, e lhes demos uma lista de vitaminas e complementos dietéticos para a doente, e que verificassem se havia alguma relação entre as fases da lua e os ataques misteriosos.

Não esperávamos mais vê-los; mas um mês depois voltaram a nos procurar. Segundo ele, haviam feito uso dos métodos de defesa recomendados e haviam consultados uma “mãe-de-santo”; mas os problemas continuavam. Pediu-nos que fossemos ver a sua irmã.

Isto recusamo-nos a fazer. A irmã era católico-romana, assim como ele e sua esposa; porém aceitavam sem qualquer reprovação as atividades do cunhado como torturador e assassino: sua indignação moral contra este datava unicamente do início da infidelidade conjugal! Entretanto, após fazermos diversas perguntas ao irmão, e chegamos a conclusão de que não se tratava de um caso de ataque astral.

Dissemo-lhe que existia tensão mágicka em torno de sua irmã. – O marido está sofrendo pressão telepática por parte das pessoas que foram magoadas pelas atividades dele, e a tensão repercutiu sobre sua irmã, por que ela é mais sensível que ele.[1] Como se isto não lhe bastasse, ela se deixou afetar por sentimentos de rancor contra a outra mulher. Seu estado de tensão nervosa é muito grande, e se exacerba periodicamente sob influência da fase lunar. Isto causa o aumento de pressão no fluído espinhal, o que por sua vez causa as convulsões.

Portanto continue a administra-lhe os complementos dietéticos em altas doses, e a convença a perdoar e a esquecer, se possível, a amante do marido, e a tratá-la pelo menos com dignidade, e decência.

Portanto, não iremos ver sua irmã, pois, apesar de seu problema não nos atingir, nossa energia não é infinita, e somos obrigados a conservá-la e a economizá-la. Iniciados não são super-homens, são apenas homens e mulheres com certos conhecimentos. Se vocês pertencessem a movimentos Thelêmicos a situação seria outra, então eu me sentiria obrigado a intervir mesmo.

Neste momento vimos passar pela face do rapaz uma expressão de repulsa e de desprezo. Percebemos que ele julgava que estávamos sugerindo que ele se convertesse à nossa Filosofia como pagamento por tratarmos sua irmã. As suas visitas tinha sido por motivo de pechincha, pois ele sabia que não cobrávamos por tais consultas, mas ele nos desprezava.

Somos demasiados corteses para mostrar a porta às pessoas, mas finalmente esse moço se deu conta de que havia esgotado seu crédito conosco, e retirou-se para não mais voltar. Eventualmente soubemos que o casal havia partido para a Europa e haviam internado sua irmã numa casa de saúde.

Problemas emocionais são freqüente causas de repercussão no organismo físico. O Câncer por exemplo, na maioria dos casos é de origem psicossomática. Os sintomas dessa infeliz senhora pareciam ser um dos ataques ocultos; mas tanto quanto pudemos averiguar, a origem do seu problema era um conflito interno. Tais casos são muito comuns e haverão de se tornar cada vez mais, à medida que as vibrações do Novo Æon se intensificam. As pessoas estão se tornando cada vez mais cônscias do seu contato telepático e empatético[2] umas com as outras. Vivemos dentro de um oceano de energia, do qual somos parte; e a medida que nossos veículos se aprimoram e se refinam, maior se torna a necessidade de harmonizá-los e integrá-los, não só em relação a nós mesmos, como em relação à sociedade em geral.

Por outro lado, é muito comum o reverso do caso acima, e lesões de origem puramente orgânicas podem repercutir nos corpos sutis assumindo todos os sintomas de ataque oculto.

Em, certa ocasião uma senhora da “alta sociedade” foi admitida a uma comunidade oculta. Essa senhora vinha recomendada por um de seus membros, mas com uma ressalva: seu marido, um homem bem conhecido nos meios políticos, recusava-se a viver com ela, e ameaçava interná-la num asilo de loucos. Aparentemente, ela sofria de obsessão, o que causava ataques periódicos de conduta escandalosa que estava pondo em perigo a carreira do marido. A paciente foi colocada em observação pelos membros da comunidade, e durante 45 dias sua permanência no meio deles esteve completamente isenta de fenômenos anormais: ela demonstrou ser alegre, encantadora e prestativa. Na sétima semana, entretanto, seu comportamento se alterou. Ela ficou intensamente agitada, e subitamente acusou o administrador de fazê-la passar fome e de agredi-la fisicamente. Estas graves acusações foram verificadas pela pessoa responsável pelo movimento da comunidade, e chegou-se a conclusão que eram infundadas. Poucos dias depois, a paciente acalmou-se e esqueceu de tudo que havia feito, passando a ser uma pessoa alegre e companheira que fora antes.

Passadas sete semanas, os sintomas de desassossego reapareceram. A senhora alegou que influências malignas a estavam atacando, e que provinham de um armário de seu quarto; passou a caminhar seminua pela residência e tentar seduzir sexualmente outros membros, tantos homens quanto mulheres, e regia com palavrões e agressão físicas, quando era repelida. Estes sintomas também desapareceram após alguns dias.

Como a comunidade estava sempre selada magicamente, e a paciente estava sob guarda mágicka, foi concluído que ataque mágicko não podia ser a causa da doença. A periodicidade dos sintomas sugeriu uma causa orgânica relacionada com a fisiologia feminina. A paciente foi levada a uma clínica e submetida a um exame ginecológico. Foi estabelecido que um de seu ovário estava infeccionado, assim como o seu apêndice. Os sintomas maníaco-depressivos estavam ligados a seu ciclo menstrual, que era extremamente irregular e doloroso. Ela foi operada de apendicite e trata com antibióticos até que a infeção ovariana desapareceu. A situação foi esclarecida ao marido, que a recebeu de volta com imenso prazer, e até a presente data não houve ressurgência do problema.

Portanto, uma determinada doença altera, e pode deformar a personalidade das pessoas; e isto mesmo quando a causa é puramente orgânica. O mau funcionamento do fígado por exemplo, está ligado há séculos com a idéia de irritabilidade e depressão; a palavra “histeria” vem de “hiter”, que significa útero em grego, e durante séculos julgou-se que fosse uma doença exclusivamente feminina.

Outro aspecto que tem sido mal explorado no Brasil, é a influência de deficiências dietéticas em distúrbios da personalidade. Os proletários brasileiros são acusados de burrice, teimosia, irracionalidade, pieguice, principalmente os favelados. Mas não se leva em conta que o proletário brasileiro ganha tão pouco, e vive no meio-ambiente tão retardado em matéria de dietética, que não se pode esperar que sua personalidade funcione com eficiência, mesmo no caso de uma alta inteligência. A comida do pobre no Brasil, é basicamente farinha de mandioca, feijão e arroz. Se pelo menos o arroz fosse integral já evitaria inúmeras doenças. Os chineses se conservaram vivos e demonstraram inteligência e capacidade, durante séculos em que se alimentaram quase exclusivamente de arroz integral.

Se a farinha de trigo que compõe o pão do pobre, o arroz, e o leite que as vezes ele bebe, fossem integrais, é provável que o proletário brasileiro fosse mais inteligente e mais ativo.

O trabalho oculto gasta tanto energia nervosa quanto ao um grande esforço físico, que correspondem aos mesmo grau de energia de um atleta profissional. Os princípios básicos são Os seguintes:

1 – Não comer alimentos refinados, como açúcar farinha de trigo, fubá, sem que estejam o máximo perto de seus estado natural. Ingerir farinha de trigo integral, farinha de mandioca grosseira, melado, rapadura, frutas e vegetais preferencialmente crus ou cozidos com casca e ingeridos com casca, e sempre que possível o farelo de trigo.

2 – Comer carne de acordo com a nossa conveniência física, e não nossos princípios morais. Em outras palavras, se a carne de dar dor de barriga, não as comas; mas se te dar dor de consciência, remodela a mesma de acordo com o bom senso. Em nossa experiência, nada se pode esperar do vegetariano que é assim por princípios morais, a não ser hipocrisia, falsidade, e uma sutil perversidade. Não há qualquer crime moral em consumirmos a substância de outros seres vivos; eventualmente a nossa carne também servirá de alimentos a outros; e é sublime impertinência dos vegetarianos afirmar que as plantas ressentem menos a serem ingeridas por nós que os animais. Como é que eles sabem disso? A crueldade e o descaso dos Hindus vegetarianos tem sido proverbial através dos tempos: até hoje na Índia dos “maharishis” é um dos poucos países do mundo onde se aleija deliberadamente um recém-nascido para que cresça um mendigo.

3 – Durante um treino mágicko (ou atlético), ingerir nicotinamida, ácido ascórbico, levedura de cerveja e óleo de germe de trigo (rico em vitaminas E) em quantidades moderadas mas constantes.

4 – Não forçar o celebro nem o corpo a esforços bruscos e irregulares; buscar um desenvolvimento gradativo, metódico, persistente, e paciente das nossas faculdades sutis, exatamente da mesma forma o atleta sensato se esmera por desenvolver a sua musculatura de forma gradual.

Existe mais um tipo de distúrbio psicossomático que devemos mencionar, e dos mais comuns, e mais difíceis de curar: aquele que resulta de um sentimento íntimo de culpa.

Citaremos mais um exemplo de auxílio deste caso: faz algum tempo uma senhora de temperamento decidido veio nos solicitar uma Iniciação na O.T.O. como ela tinha a instância de terceiros, tratamo-la com mais precaução do que é usual, e submetendo-a a diversas provas. Eventualmente tornou-se claro que ela tencionava um acordo: ela entraria para a O.T.O., contanto que a curássemos de um enfeitiçamento a que fora submetida e que a impedira de se tornar uma cantora lírica. Claro que em qualquer ordem séria tais negócios são impossíveis; mas sem qualquer interesse, e por pura curiosidade, indagamos quanto as circunstâncias do feitiço. Averiguamos que esta senhora em sua juventude fora uma cantora lírica, mas entregara-se a orientação de um professor de canto que era ocultista, e em certa ocasião desentendendo-se com ele, o havia desafiado. O professor encolerizado, lançara sobre ela a maldição de que ela perderia a voz. E ela, efetivamente, a perdera.

Concluímos que esta senhora, embora uma pessoa boníssima em seu caráter essencial, mas era, também uma pessoa geniosa e respondona. O professor lançara sobre ela uma sugestão hipnótica criminosa; infelizmente, como já descrevemos ao longo deste livro, muito comum num ramo de pensamento onde o desregramento egóico impera. Mas a sugestão se firmara, e se mantinha, porque subconscientemente a vítima admitia que ofendera o agressor; e além disso fixara todos os seus rompantes de cólera neste particular incidente. Em suma: essa senhora perdera a voz para se punir a si mesma pelo seu mau gênio; e condenando-se, estava cumprindo a pena que se impusera, usando a maldição do professor como pretexto; poderíamos “perdoa-la”, em cujo caso assumiríamos em nossa aura responsabilidade por ela. Mas Iniciados Thelêmicos não fazem isto. Nós não escravizamos psiquicamente nossos semelhantes, nós conduzimo-los àquela libertação interna que resulta da verdadeira maturidade anímica.

Demos a perceber a essa senhora que não poderíamos pactuar com ela sua Iniciação, pois isto não é caso para regateio. Encolerizou-se conosco, como era próprio do seu temperamento, e afastou-se. No entanto, somo-lhes reconhecidos pela sua inegável generosidade, por ter sido uma das fontes que contribuíram para a publicação de “O Equinócio dos Deuses”.

Casos como o dessa senhora abundam: “Os salvadores” se aproveitam de tais infelizes para produzirem “milagres”.

Certa vez um respeitável diretor teatral, norte americano, relatou o seguinte: “Numa conferência a estudantes de arte dramática, um jovem perguntou-lhe:

-O senhor já teve alguma vez um fracasso em teatro?

-Várias. As vezes você faz o melhor que pode, e trabalha o melhor que pode, e acredita firmemente no que faz; e apesar de tudo isto, o resultado é um fracasso de bilheteria que o público não aceita.

-E o que faz o senhor quando isto ocorre?

-Eu me perdôo, respondeu o diretor.”

As pessoas que se punem, pelos seus fracassos estão sendo vaidosas. Autopunição é um sintoma de vaidade egóica. Não somos perfeitos: somos criaturas que evoluem e aspiram a uma perfeição que teremos que abandonar no momento em que atingirmos. Devemos, para a nossa própria proteção, conservar sempre nosso senso de humor e nosso senso de perspectiva.

Feliz daquele que é capaz de rir de si mesmo!…

[1] Isto ocorre freqüentemente: uma pessoa é envolvida por uma nuvem de ódio telepático, mas em vez dela ser afetada, é um dos seus familiares que se torna vítima. É claro que isto não é justo, mas não existe injustiças no Universo, há apenas causa e efeito. O Universo exige uma compensação de força, não de justiça. É por isto que a Deusa da Justiça era representada como cega entre os romanos.

[2] O contato telepático e essencialmente mental, e ocorre no nível do Manas (ou Ruach); o contato empatético e essencialmente emocional, e ocorre no nível do Kama-Rupa (ou Nephesch). Certas pessoas tem mais capacidade para um do que para o outro.

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