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O Culto Satânico na Alemanha Nazista – Nazi-Esoterismo

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A primeira vista, o largo salão circular, no porão do Wewelsburg Castle parece livre de perigos. Elegante, piso primoroso de pedras finamente cortadas. Arcadas majestosas de rocha polida sustentando a abóboda do teto. No centro, em um altar circular, escavado abaixo do nível do piso, os degraus conduzem a uma pedra quebrada e carbonizada. Dali podem ser vistas 13 lanternas oscilando, tremeluzentes nas paredes curvas. Até então, é apenas um salão antigo. Mas olhando para cima, a visão de um signo que a cultura nazista tornou macabro surpreende: uma suástica gigante no meio do domo.

Este salão era o templo do culto satânico que criou e dirigiu o partido nazista alemão. Esse culto, conhecido como Sociedade do Vril, reunia muitos dos mais fanáticos seguidores de Hitler, como Himmler, Bormann e Hess. E eram seguidores porque o ditador foi uma espécie de figura de agregação daquela seita. Os membros da Sociedade acreditavam que Hitler era um medium em contato com forças poderosas e estavam prestes a criar uma nação Ariana “todo-poderosa”. Muitos o viam como o Messias das Trevas [Dark Messia].

Muitos historiadores tendem a subestimar os fundamentos ideológicos ocultos do Nazismo temendo “trivializar” [vulgarizar ou, pior, folclorizar] o horrendos crimes de guerra. Enquanto isso, outros pesquisadores investigam o tema em busca da história não contada de uma religião secreta no coração do Nazismo. Um dado curioso é que esta “inspiração” filosófico-ideológica que resultou no nazismo tem sua origem em uma novela de ficção científica do século XIX [19] que falava de discos voadores, de uma raça alienígena habitando o centro da Terra e de uma energia misteriosa chamada Vril.

O professor Nicholas Goodrik-Clark, chefe do Center For The Study of Esoterism na Exeter University acredita que: “Os mitos do ocultismo tiveram um papel central no Nazismo. Hoje, parecem idéias loucas, mas elas estão no âmago do movimento, na origem do partido nazista”.

O historiador Michael Fitzgerald explica: “A sociedade do Vril era dedicada ao mal. através do partido nazista [a partir do poder político] eles perpetraram as maiores maldades do século XX. Os ocultistas do Vril trabalhavam em segredo absoluto [ou quase] fazendo qualquer “negócio” para promover/impor o “poder ariano”: assassinatos convencionais, evocação de espíritos dos mortos [necromancia ou psicurgia necrosófica ─ n.doT.], sacrifícios humanos e rituais de captação de forças ocultas, ou Vril, por meio de orgias sexuais [supõe-se, rituais].

Para entender como pôde aparecer um “partido nazista” obcecado [ou obsedado!] pelo ocultismo tendenciosamente satânico é preciso recuar ao fim do século XIX, aos tempos vitorianos. A Inglaterra e a Alemanha passavam por um febril modismo ocultista. O espiritismo se tornou uma espécie de jogo de salão; uma atividade estimulante para depois do jantar. Havia grande interesse no misticismo oriental e “profetas” de religiões exóticas, como madame Blavatsky, eram nomes conhecidos, populares.

Na boca do povo, muito longe da leitura da volumosa obra da paranormal russa, dizia-se que Blavatsky * acreditava que os europeus eram descendentes de uma raça de criaturas semelhantes a anjos, os Arianos. Os arianos teriam usado misteriosas forças psíquicas para construir a civilização Atlante, as pirâmides e uma rede de cidades nos subterrâneos da Antártida. Seus descendentes ainda existiam, vivendo nos Himalaias e seu seu emblema, era a suástica antigo símbolo hindu de boa sorte.

* É necessário esclarecer que esse era o entendimento popular, dos salões, daqueles que faziam do ocultismo um divertimento e dele tinham conhecimento superficial, atentando somente para as informações fantasiadas, para aspectos espetaculares, tudo muito simplificado e glamourizado pela cultura oral.

Esses mitos foram reunidos na novela de ficção-científica The Commimg Race de Edward Bulwer-Lytton. Ali, o autor fala das estranhas pessoas chamadas Vril-Ya que vivem no centro da Terra. Eles detinham uma força poderosa derivada de uma energia chamada desconhecida da raça humana: a energia do Vril, que também era usada como força propulsora [ou combustível] de suas naves voadoras.

The Comming Race e seu misticismo excêntrico poderia ter sido apenas uma obra “da moda” a cair rapidamente no esquecimento. Porém, no do fim da Primeira Guerra Mundial, na Alemanha, as sementes de ideologias potencialmente contidas na obra serviram para criar o corpo de teorias que se desenvolveu em meio à violenta anarquia. Havia uma horda de políticos extremistas e líderes de seitas disputando o poder. A mais importante destas seitas era a Sociedade de Thule ─ e sua seção secreta, a Sociedade do Vril.

Segundo consta nos anais sombrios da história, a Sociedade do Vril promovia orgias para conjurar forças ocultas. Essas relações sexuais deveriam produzir a Raça dos Mestres que repovoaria a Alemanha devastada. Nessas orgias, as mulheres eram possuías por espíritos e começavam a “falar em línguas” [fenômeno espírita]; e suas profecias eram consideradas com toda seriedade.

Michael Oren Fitzgerald [1949… escritor norte-americano], que escreveu Stormtroopers of Satan: Occult History of the Second World War [Tropas Tempestuosas de Satã], revela: “A face mais obscura do Vril [do culto] era o sacrifício de criancinhas [crianças de primeira infância, até os sete anos]; eram esfaqueadas no peito e tinham suas gargantas cortadas. No auge do poder na Munique dos anos de 1920, centenas de crianças desapareceram. Muitas foram, presume-se, seqüestradas pelo culto a fim de atrair, concentrar e/ou catalisar a energia-Vril”. Isso pode parecer estranho [inacreditável] mas quando consideramos o que essa gente foi capaz de fazer no Terceiro Reich, parece menos incrível [quase tedioso]”.

O objetivo da Sociedade do Vril era encontrar o Messias germânico que deveria liderar os arianos no processo de dominação do mundo e exterminação das outras raças ─ especialmente os judeus. O surgimento desse Messias foi predito por um espírito que chamava a si mesmo de A Besta do Livro da Revelação.

Em uma seção do culto, na qual estavam presentes os seguidores Alfred Rosenberg e Dietrich Eckart, a Besta teria revelado que um homem chamado Hitler iria segurar a Lança do Destino e liderar os arianos rumo ao poder. Poucas semanas depois, um jovem agitado com cara de pobre começou a freqüentar os encontros da Sociedade de Thule. Seu nome: Adolf Hitler.

A Sociedade logo percebeu o potencial de Hitler e como poderia explorar seu espantoso magnetismo. Ele podia transformar multidões em adoradores histéricos; mesmerizava [hipnotizava] as pessoas e mesmo os homens mais fortes não resistiam ao seu carisma. O poder parecia correr em suas veias e produzia ondas de emoção que congregavam os que estavam à sua volta em um mesmo arrebatamento.

Hitler não procurou a Sociedade por acaso: era fascinado por ocultismo desde a juventude e faria qualquer coisa para conhecer o futuro por meio das artes divinatórias ou para exercer dominação sobre os outros. Interessava-se por astrologia, numerologia, mediunidade/espiritismo, hipnose. Na sociedade de Thule ele encontrou aqueles que o ajudariam a possuir a Alemanha e a deflagrar a Segunda Guerra Mundial.

Rudolf Hess, Heinrich Himmler, Martin Bormann. Dietrich Eckart, Alfred Rosenburg e Herman Goeringer eram todos membro de Thule. Junto com Hitler, eles usaram a Sociedade e sua seção secreta [esotérica] para lançar e promover o partido Nazista. Porém, mesmo em um grupo já tão sinistro existia, entre eles, um núcleo ainda mais maligno: “Bormann, era declaradamente satanista. Ele, Rosemberg e Himmler pretendiam destruir o Cristianismo; em seu lugar, seria implantada a “verdadeira religião”, a religião oculta, que seria dirigida por eles. O partido político era o instrumento para alcançar estes objetivos” [Michael Fitzgerald].

Em 1933, quando Hitler alcançou o poder, e junto com ele o partido, imediatamente membros da seita ocuparam posições-chave. Hess tornou-se deputado do Fuher
[Fuher=líder, no caso, do líder do partido, portanto, deputado de Hitler mesmo]; Rosenberg, ministro do Terceiro Reich, Bormann, chefe da Chancelaria do Partido [como um porta-voz]; Himmler, cabeça da polícia, SS e Gestapo; Goering, Comandante da Luftwaffe [termo alemão para Força Aérea que, na Alemanha foi criada por Hitler em 1935]. Dietrich não estava lá porque morreu antes e a ele Hitler dedicou o livro Main Kampf [Minha Luta].

Depois de se estabelecerem no poder [de governo do Estado alemão], os nazistas começaram a preparar a dominação no mundo. A primeira providência foi re-armamento da nação. Uma clara violação ao Tratado de Versalhes, que estabeleceu os termos da paz finalizando a Primeira Guerra Mundial. Os ingleses e os franceses protestaram com tanto alarde que Hitler suspeitou que os Aliados estavam assustados. Ele estava certo. Em 1938, o ditador anexou a Áustria e, no ano seguinte, a maior parte da Europa continental estava sob controle alemão e as ilhas britânicas, estavam na mira.
Pesquisa Ocultista: A ideologia nazista pretendia se disseminar e governar o mundo por um milênio! de liderança, de Reich! Isso seria feito interferindo [pervertendo] a história e criando uma nova religião fundamentada na mitologia propagada pelos “profetas ocultistas vitorianos” e a ficção da novela The coming Race. Para tanto, Himmler criou uma Secretaria de Pesquisa Ocultista, com o apoio da SS. A Secretaria foi chamada Ahnenerbe. O objetivo da Secretaria [da pesquisa] era provar a superioridade racial germânica e a conexão dos germânicos com a mítica raça dos antigos Arianos.
Além disso, queriam descobrir [e se apoderar] de objetos mágicos como o Santo Graal e a Espada do Destino. Esta, Espada do Destino, era aquela que foi usada pelo soldado romano para transpassar o coração de Jesus a fim de certificar-se que o sentenciado estaria morto ao ser descido da cruz. “É possível que também estivessem atrás da Arca da Aliança, na Etiópia. Os nazistas queriam poderes sobrenaturais”[Michael Fitzgerald].
A Ahnenerbe organizou grandes expedições em busca de antigas cidades árias nos Himalaias, Oriente Médio e Bolívia. Os nazistas se apropriaram de artefatos em sítios arqueológicos de todo o mundo. Os fenômenos paranormais interessavam imensamente os pesquisadores da Ahnenerbe: ESP [percepção extra-sensorial], psicocinese, divinação da água, astrologia, magia negra. A organização gastou cerca de 10 bilhões de libras [hoje, cerca de 14 ilhões de dólares] nessas pesquisas. Mais ou menos o mesmo que os Aliados investiram no programa da bomba atômica.
Muito pouco do trabalho da Ahnenerbe foi aproveitado na guerra. Há rumores de que a marinha alemã usou videntes para localizar navios e/ou esquadras dos inimigos no Atlântico Norte. “No começo, a Secretaria de Pesquisa Ocultista foi um sucesso mas isso mudou perto do fim da guerra. Eles começaram a cair. Desapontavam.” [Fitzgerald].

PENMAN, , Danny. Trad. Ligia Cabús

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