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Sitra Achra

Satanistas fazem pacto com o Diabo? – O Breve Colóquio Satânico

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Uma das perguntas que mais recebo de pessoas interessadas no Satanismo é a seguinte: “Posso vender minha alma para o diabo e fazer com ele um pacto satânico?”. Esta pergunta retrata bem um tipo especifico de pessoa para a qual não temos resposta senão nosso maior desprezo.

É uma pergunta feita por alguém que se aproxima da religião dos fortes com os olhos dos fracos. Que busca o Satanismo sem antes se livrar do padrão de comportamento submisso das religiões de massa. Estas pessoas não querem a liberdade, querem apenas mudar de senhor. Essa crendice cristã significa, como inúmeras outras, a negação da valorização do próprio ser humano, em prol de uma mera fábula.

Na verdade a lenda do pacto com o diabo faz parte de um vasto arsenal medieval usado para assustar os provincianos e manter os padres e reis no poder, mas só se tornou realmente popular no século XVI, quando o ser humano desejoso de ir além de suas limitações viu que não podia mais buscar ajuda dos céus e começou a perceber que Deus não estava lá, ou pelo menos que não se importava. Desamparado e sem o suporte celeste buscou-se então a ajuda daquele que estava mais próximo da terra; o diabo. Em troca de sua alma imortal, que afinal não lhe servia mais de nada, poderia assim obter sucesso e poder na Terra, enquanto anda era vivo.

Por isso, não recriminamos de todo esta lenda. Ela mostra uma necessidade humana de superar seus limites por quaisquer meios necessários, prenuncia a morte do antigo deus e declara um nível de intimidade entre o homem e o diabo que nunca antes na história havia se visto. Mas porque não levar os argumentos que criaram esta lenda para sua conclusão mais lógica? Busquemos ajuda naquele que está ainda mais próximo da terra e de nós. O apoio só virá daquele ser que é mais intimo e próximos de nós; nós mesmos. Quem fizer isso verá então que Deus e o Diabo não o abandonaram, mas estavam observando pacientemente por detrás de seus dois olhos, esperando o dia em que o homem se tornará senhor de si mesmo.

Vender a alma representa abdicar da própria responsabilidade e isso é uma antítese do Satanismo. Tal comercio não apenas representa a abdicação da própria responsabilidade como mostra a necessidade que a pessoa tem de encontrar uma situação cômoda para continuar vivendo, já que através de um pacto teria todos seus problemas resolvidos e seus desejos alcançados, sem esforço. O pacto exigiria um esforço mínimo e uma recompensa eterna, uma ilusão falsa de como a vida deveria ser. É buscar se tornar um rei sem ter a capacidade de governar. E afinal, se o diabo de fato for real por que ele se interessaria em uma alma tão fraca e displicente?

O Satanismo não é uma religião confortável onde basta assinar um contrato, mas demanda um esforço contínuo na auto-criação e no desenvolvimento de um novo ser superior, forte e emancipado. Direto da Bíblia Satânica, lemos que “Satã demanda muito mais trabalho do que simplesmente assinar um pacto de sangue. Ele demanda que você viva a sua vida tão completamente quanto possível, que prospere com sua própria sagacidade e que evite a sua própria miséria.”. Quem tem maior interesse em seu sucesso senão você mesmo? Que outro deus merece, portanto ser adorado?

Não existe qualquer necessidade de se vender a alma ao demônio para se tornar um Satanista. A maior prova disso é que muitos Satanistas sequer acreditam que realmente existam coisas como alma e espírito. O verdadeiro pacto do Satanista é afinal um compromisso consigo mesmo e com sua própria vontade. Mas se você ainda quer um ritual, aqui está um: Olhe diretamente para seus olhos no espelho todas as manhãs e diga para si mesmo: “Juro viver hoje minha vida para mim mesmo.”. Viva então realmente segundo esta afirmação, seja seu próprio deus e seja fiel a sua promessa. Se persistir em com orgulho e determinação em sua aliança logo colherá os frutos de sua dedicação.

O pacto satânico é bastante simples na execução, mas muito difícil no cumprimento. Ele exige ser assinado com o sangue do seu próprio esforço. Não desvie para o lado da compulsão, nem para a prisão da abstinência. Não fuja da realidade em fantasias escapistas. Não pense nunca que não pode melhorar ainda mais. Seja o seu próprio redentor, pois mais ninguém o será. Não é um contrato que qualquer um possa assinar, pois suas clausulas não são fáceis de legitimar. Mas eu nunca prometi que seria fácil.

Morbitvs Vividvs

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