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Mitologia Mesopotâmica Antiga, o Enuma Elish

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Por Pharzhuph (Lucifer Luciferax VIII)

As Bases da Corrente Anticósmica –  Mitologia Mesopotâmica Antiga, o Enuma Elish

Uma das influências fundamentais da Corrente 218 firma-se nos mitos primevos relatados no épico mesopotâmico da criação, o Enuma Elish. O épico narra os eventos que culminaram na formação do cosmos, na hierarquia dos deuses, na criação do mundo e no advento da humanidade. Ao contrário do que pode parecer numa primeira aproximação, a narrativa do Enuma Elish culmina na derrocada dos deuses primevos. As forças do “mal” e do caos são vencidas e, consequentemente, a ordem presente do universo é estabelecida e a humanidade é criada para servir aos deuses.

Não há consenso acadêmico sobre quando o Enuma Elish foi escrito. Assume-se que é razoável dizer que o épico tenha sido composto durante o período babilônico médio (Cassita), entre 1651-1157 a.e.c., porém há quem refute a datação e remeta a composição do épico a períodos que remontam à dinastia acadiana Sargônica, entre 2400-2200 a.e.c.

Tábua Cronológica

Os primeiros fragmentos do Enuma Elish foram encontrados em escavações nas ruínas da livraria real de Assurbanipal, no sítio arqueológico de Nínive (próximo da atual cidade de Mossul, no Iraque) por volta de 1851. Embora o texto tenha sido descoberto em versões similares, e também fragmentadas, em pelo menos outros três sítios arqueológicos, a descoberta é amiúde reputada ao proeminente arqueólogo britânico Austen Henry Layard (1817-1894).

Fisicamente o Enuma Elish é constituído por sete tábuas de argila sobre as quais foram gravados os caracteres em cuneiforme no idioma acádio. Cada tábua apresenta entre 115 e 170 linhas de texto. Partes de algumas tábuas são praticamente ilegíveis devido aos danos que as mesmas sofreram pela ação do tempo. Por ser composto de sete tábuas o épico é chamado por alguns escritores de “As Sete Tábuas da História da Criação”.

Tabuas do Enuma-Elish

O nome Enuma Elish significa aproximadamente “quando, no alto”. Sendo que ‘enuma’ e ‘elish’ são as duas primeiras palavras da primeira linha da primeira tábua.

As comemorações do ano novo babilônico incluíam cerimônias onde o poema era recitado, especialmente a sétima tábua que contém os nomes e as principais glorificações a Marduk, que se tornaria posteriormente o deus patrono da Babilônia.

O conteúdo referencial utilizado em nossas pesquisas é descrito integralmente na bibliografia do presente trabalho. A maior parte dos trechos do Enuma Elish citados aqui foi traduzida e adaptada livremente para o nosso idioma com referencia nos trabalhos de Dr. Ephraim Avigdor Speiser, Stephanie Dalley e Leonard William King. Sempre que possível, optamos por empregar a grafia das palavras tal como aparecem nos idiomas acadiano e sumeriano na literatura acadêmica corrente, omitindo a acentuação que não se enquadra na língua portuguesa. Incluímos, quando necessário, explicações auxiliares, especialmente nos capítulos posteriores.

De acordo com o épico mesopotâmico da criação, duas divindades primevas existiam antes do advento do cosmos. Elas eram e existiam antes de tudo. Seus nomes eram Tiamat e Apsu, os dragões primevos do caos.

Apsu, o primeiro, é considerado o iniciador da criação. Ele é a personificação mitológica das águas que correm nos profundos mundos subterrâneos, dos rios e da água doce. Tiamat, útero e cteis do universo, é a geratriz dos deuses e consorte de Apsu, ela é a personificação das águas salgadas, dos mares e dos oceanos.

O mito narra que os dragões primevos do caos uniram seus vigorosos e intensos corpos, e, de dentro deles, emergiu o casal de deuses primordiais Lahmu e Lahamu. Quando Lahmu e Lahamu atingiram a maturidade, surgiu outro casal de deuses, Anshar e Kishar, os quais sobrepujaram Lahmu e Lahamu.

Existem basicamente duas teorias sobre quem seriam os pais de Anshar e Kishar, a interpretação mais difundida é que eram filhos de Lahmu e Lahamu, como corroborado pelo texto da terceira tábua do Enuma Elish, porém especula-se que poderiam ser filhos gerados por Tiamat e Apsu.

 

O primogênito de Anshar e Kishar foi o deus Anu, feito a imagem do deus Anshar. O nome Anu deriva da palavra An, que em sumeriano significa céu, firmamento; An é também um dos nomes de Anu. An é uma das divindades principais do panteão mesopotâmico, é frequentemente chamado “rei dos deuses” e “pai”, é prógono de outros deuses e de inúmeros demônios.

A palavra An pode se referir ao céu em totalidade, ou aos níveis do firmamento presentes na geografia cósmica da mesopotâmia, onde An representa o nível mais distante da superfície terrestre. Diversos textos sumero-acadianos demonstram que os antigos mesopotâmicos acreditavam que o universo é formado por níveis ou camadas sobrepostas, separadas por algum tipo de espaço vazio ou aberto. Wayne Horowitz, em seu livro Mesopotamian Cosmic Geography, expõe a seguinte representação simplificada do universo mesopotâmico:

Seguindo a narrativa do Enuma Elish, Anu, rivalizando seus antepassados, gerou Nudimmud a sua semelhança. Nudimmud é conhecido também por seus nomes Ea e Enki. Nudimmud era superior se comparado aos seus ancestrais, possuía entendimento profundo sobre todas as coisas, era muito sábio, forte e belígero. É dito que Ea não tinha rivais entre seus pares.

Os deuses dessa geração se agitavam constantemente no ventre de Tiamat e se divertiam ruidosamente dentro de Anduruna. A palavra Anduruna significa literalmente “onde Anu habita” e é utilizada como sinônimo para certos níveis do céu em alguns textos de encantamentos mesopotâmicos. No Enuma Elish o termo tende a caracterizar um espaço delimitado onde os deuses se entretinham.

O comportamento dos novos deuses incomodava Tiamat, mas mesmo assim ela os favorecia.Apsu estava enfurecido e convocou seu ministro Mummu para apresentar a questão à sua consorte Tiamat.

Apsu disse à Tiamat: “O curso que os novos deuses tomaram é repugnante para mim. Os dias passam e eu não consigo mais descansar. Às noites, não consigo mais dormir. Deixemos que a paz prevaleça: eu devo abolir o curso dos novos deuses e destruí-los. Assim poderemos descansar em paz.”. Tiamat se encheu de cólera e redarguiu recriminando Apsu: “Como poderíamos permitir que perecessem aqueles criados por nós? Mesmo que o curso que tenham tomado seja desprezível, deveríamos nós tolerá-los pacientemente.”.

Mummu, o vizir, discordou veementemente de Tiamat e aconselhou Apsu a seguir adiante com o plano de dissolver e aniquilar sua progênie. Porém os novos deuses souberam do plano. Ea, cujo entendimento era superior, criou um poderoso encantamento e fez Apsu adormecer profundamente. Ea então retirou o cinturão, a coroa e o manto radiante de Apsu, se vestiu com eles e assassinou Apsu e seu ministro Mummu.

Divindades Principais no Enuma Elish

Ea se vangloriou por ter eliminado seus inimigos e, junto com Dankina, sua amante e esposa, gerou Marduk dentro do corpo de águas doces de Apsu. No Enuma Elish é dito que Marduk era poderoso desde seu início e que era vestido com o manto de dez divindades.

An, progenitor de Ea, reconhecia em Marduk a majestade dos deuses e a ele concedeu obséquios que o tornaram mais poderoso. Ea gerou ondas poderosas que deixaram Tiamat inquieta e os outros deuses começaram a sofrer, pois não conseguiam mais descansar.

Tiamat ouviu então as queixas dos outros deuses e resolveu agir e vingar Apsu. Eles se aglomeraram e começaram a se preparar para a guerra. Tiamat gerou onze bestas demoníacas para a batalha, gerou Qingu, seu filho e amante, e o colocou à frente de sua armada como líder. Tiamat entregou a Tábua do Destino para Qingu e fez com que ele a prendesse sobre o próprio peito dizendo: “Tua expressão não será alterada! A palavra tua será lei! O que sair de tua boca extinguirá o fogo! Teu veneno acumulado paralisará o poderoso!”.

O texto do Enuma Elish não é suficientemente claro sobre quais divindades se queixaram à Tiamat. O discurso indica que Tiamat concedeu poderes para que Qingu vencesse todos os deuses e prevalecesse sobre Anukki.

A palavra Anukki, nesse contexto, é utilizada para designar o conjunto de jovens deuses que habitava o céu e que estavam sob o comando e égide de Anu. Amiúde, o termo Igigi é utilizado como sinônimo para Anukki no Enuma Elish.

Ea soube dos planos de Tiamat e resolveu se encontrar com Anshar para relatar o que estava ocorrendo e compartilhar sua preocupação. A narrativa de Ea é profunda e detalhada, e deixou Anshar bastante perturbado. Ea é aconselhado a procurar Tiamat e, através de seus feitiços, tentar abrandar a fúria caótica do Antigo Dragão, porém Ea teme e sabe que não poderá enfrentar Qingu e os monstros de Tiamat. Ea retorna a Anshar e diz: “Pai, o poder de Tiamat não posso combater. Fui ao encontro dela, mas meus encantamentos não se equiparam aos poderes Dela. Não há quem possa desafiá-la, aterrorizante como Ela é. A coroa dela tem grande força, o rugido dela jamais cessa e é estrondoso demais para mim.”. Anshar bradou furiosamente e enviou seu filho Anu ao encontro de Tiamat, porém o resultado foi o mesmo. Anu temeu e retornou avisando Anshar: “Pai, você não pode enlanguescer. Você deve enviar outro ter com Ela. Você deve dispersar os regimentos dela e lhe confundir o juízo. Faz isso antes que sobre nós Ela se imponha”. Cabisbaixo, Anshar emudeceu. Diante dele estava congregado o Igigi, todos os Anukki. Ficaram por algum tempo calados e disseram: “Esse é nosso destino então? Não haverá outro que possa enfrentar Tiamat?”. Foi então que Ea incitou Marduk a se aproximar de Anshar e se empenhar para se tornar o combatente que lutaria contra Tiamat. Marduk disse a Anshar: “Pai, meu criador, regozija-te, alegra-te, pois em breve o teu pé pousará sobre o pescoço de Tiamat!”.

Anshar aceitou, porém Marduk impôs condições que o tornariam hierarquicamente superior aos outros deuses e ainda mais poderoso, caso vencesse a batalha. Marduk disse a Anshar: “Senhor e destino dos grandes deuses. Se realmente eu me tornar vosso herói. Se eu derrotar Tiamat e salvar vossas vidas. Reúnas então o conselho. Imputa-me destino extraordinário. Acomodai-vos alegremente juntos em Ubshu-ukkinakku e que todos saibam: o que eu mesmo promulgar deverá ser estabelecido sobre vós! Tudo aquilo que eu criar jamais poderá ser alterado! O decreto dos lábios meus jamais poderá ser revogado, nunca alterado!”.

Anshar enviou seu vizir Kakka ao encontro de Lahmu e Lahamu para que lhes contasse o que estava havendo e eles se reuniram ao Igigi. Houve um intenso festejo e os deuses erigiram um magnífico santuário e proclamaram Marduk como seu superior, como seu rei. É dito que os deuses o investiram com um cetro, o entronizaram e lhes deram uma arma invencível para derrotar o adversário. Os deuses disseram: “Vá e ceife a vida de Tiamat! Deixe que o sangue dela se espalhe pelos ventos e que chegue até nós como sinal das boas novas!”.

Marduk fez um arco, flechas, uma aljava e trouxe consigo uma maça. Fez ele também uma rede para conter Tiamat.

Seu corpo estava preenchido com uma chama ardente que, segundo o Enuma Elish, jamais se extinguiria. Ele ordenou os quatro ventos, vindos das quatro direções, de maneira que sua antagonista não pudesse escapar. O épico menciona que Marduk criou outros ventos e forças para causarem distúrbio dentro do corpo de Tiamat, tais poderes seriam liberados enquanto ele se aproximasse de sua oponente – os poderes eram: o vento destrutivo (imhullu), o temporal, o furacão, os quatro ventos, os sete ventos, o tornado e o “vento que virá, mas que não pode ser enfrentado”. Arnesou ao seu lado quatro combatentes incansáveis e devastadores chamados: o Impiedoso, o Assassino, o Aniquilador e o Velocista.

Marduk então subiu em sua carruagem “de tormenta” brandindo sua arma invencível e partiu rumo a Tiamat.Marduk encontrou Tiamat enfurecida e se aproximou cautelosamente tentando descobrir a estratégia de Qingu para o combate, porém Qingu temeu ao notar a aproximação de seu oponente, de suas tropas e dos deuses que marchavam com ele. Tiamat permaneceu imóvel e, dissimuladamente, disse a Marduk: “Como é poderosa a sua força, Senhor dos Deuses! Todos eles agora se dirigem ao seu santuário para ocupar o lugar que é seu.”. Marduk redarguiu e o ânimo de Tiamat se enfureceu de maneira selvagem, seus membros ínferos se agitaram nas profundezas e ela recitou um encantamento. Um diante do outro a batalha começou.

Marduk lançou a rede sobre Tiamat e nela insuflou o vento destrutivo (imhullu) do qual ela não pôde escapar, o ventre dela se distendeu e sua boca abriu largamente, Marduk disparou uma flecha que lhe trespassou o abdome, abriu-se então uma enorme fenda no corpo de Tiamat e sua vida se extinguiu. Marduk então dispersou a armada de Tiamat, prendeu suas bestas demoníacas, matou Qingu e se apossou das Tábuas do Destino. Esmagou ainda o crânio de Tiamat com sua maça e espalhou seu sangue pelos ventos para avisar a Anshar e aos deuses do Igigi que havia saído vitorioso do combate.

Desse momento em diante o épico começa a narrar como Marduk transitou da posição de herói dos deuses do Igigi para a condição de criador e ordenador do universo, tarefa na qual ele utilizou partes do corpo de Tiamat.

É dito que Marduk estendeu a imensidão do firmamento; nivelou e mediu a extensão do corpo de Apsu; construiu grandes templos e deu residência aos deuses Anu, Enlil e Ea. Ele criou a definição de tempo, projetou o ano e o dividiu em meses; os meses em semanas; as semanas em dias. A lua foi criada para marcar a duração do dia e da noite, como uma crescente joia noturna. As constelações foram criadas e associadas aos deuses do Igigi, assim como os signos do zodíaco.

Com a cabeça de Tiamat ele criou uma altíssima montanha, de seus olhos vertem os rios Tigre e Eufrates. Com o fígado ele gerou a noção de altitude; com as costelas fez cavilhas. Em algumas interpretações, o corpo de Tiamat foi partido basicamente em duas metades, das quais uma corresponde ao céu e outra à terra. As armas das onze criaturas de Tiamat foram destruídas e elas foram amarradas, transformadas em imagens, e colocadas diante das portas do templo para que ninguém jamais esquecesse o que havia ocorrido.

Em determinado momento Ea se dirigiu a Marduk e propôs: “Permita-me misturar algum sangue e fazer alguns ossos. Permita-me criar o indivíduo primevo: humano deverá ser o nome dele. O trabalho dos deuses a ele será reputado e ficaremos, nós, entregues ao ócio. Permite-me mudar milagrosamente o curso dos deuses!”. A proposta foi assentida por Marduk e pelos Anunnaki11 F12. Ea, a partir do sangue de Qingu12F13, formou os indivíduos humanos e o trabalho pesado dos deuses foi atribuído à humanidade.

Os deuses do Igigi foram divididos e coube a cada um deles reinar sobre alguma parte da criação, sempre sob o domínio e a égide de Marduk. Em retribuição, os Anukki erigiram a cidade da Babilônia.

Em escala cronológica linear, a narrativa dos eventos no Enuma Elish ocorreram majoritariamente antes da formação do nosso universo. Podemos dizer que os eventos sucederam antes da apreensão do tempo, observando-o como duração relativa dos processos que criam em nós a ideia de presente, de passado e de futuro.

No mito não há heróis humanos: a contenda, o antagonismo e as disputas ocorrem entre os deuses criados a partir da união dos dragões primevos do caos, Apsu e Tiamat, aqueles que a tudo antecederam.

Observa-se a presença dos seguintes estágios ou elementos distintos:

a)Ato da criação, arranjo e organização dos elementos primordiais [tipificados também pela criação dos deuses mais jovens];

b)A presença de um ente, que em determinado momento, cria, arranja e organiza o universo físico;

c)O antagonismo e a rivalidade entre os deuses primevos e os deuses mais jovens;

d)O antagonismo entre as forças masculinas e femininas;

e)A separação dos elementos a partir de uma matéria primeva já existente, gerada principalmente pela união dos corpos de Tiamat e Apsu;

f)A criação da humanidade para que a mesma sirva aos deuses mais jovens.

O demiurgo do platonismo compartilha de características comuns a Marduk: um artífice ordenador de elementos caóticos preexistentes, que culminaram na criação do cosmo, onde a concepção da humanidade é um fato de menor relevância.

Em algumas seitas cristãs primitivas, baseadas no platonismo, e em algumas seitas gnósticas, o demiurgo é uma espécie de ente que serve de intermediário para Iavé criar o mundo. Esse ente intermediador é o subterfúgio necessário para que Iavé não seja responsabilizado por ações más e destrutivas, essenciais no âmbito da criação. Marduk possui características similares, pois age primeiramente por incitação de Ea a Anshar, e o faz de maneira destrutiva e capciosa, com o objetivo de se tornar superior aos demais deuses.

Lemos no texto do Enuma Elish que Marduk veste o manto de dez deuses. Na qabalah, o dez é um dos números atribuídos ao Iavé criador. É o número do ciclo eterno: dez é o valor gemátrico da letra yod(princípio), da qual todas as outras letras do alfabeto hebraico derivaram.

É o número atribuído à realidade, à ordem, e cuja extensão delimita o mundo divino. Outrareferencia ao número dez é o termo Igigi, que advém do termo acadiano Igigûe significa “os dez grandes deuses” ou “os deuses dos céus”.

Podemos dizer que a batalha épica entre Marduk e Tiamat também representa a transição social e cultural entre o matriarcado e o patriarcado.

Em suma, Marduk representa os poderes cósmicos que são combatidos pela Corrente 218, que, por sua vez, é tipificada pelos dragões primevos do caos e pelos onze poderes criados por Tiamat, ou seja, por Azerate.

A Corrente 218 é animada pelo hálito dos dragões e pela força das águas abissais que os compõe. Resgata-se através dela o culto aos deuses mais antigos do caos com a intenção desimpedida de destruir a ilusão do universo e a ordem atual. Trata-se de um movimento de forças caóticas que possui o propósito de destruir o que a percepção comum dos indivíduos apreendeu como “universo-verdade”. Destruição em escala micro e macrocósmica, desde o cerne do indivíduo até o exterior.

Epos BabylonicumMitologia Mesopotâmica Antiga Por PharzhuphÉ o número atribuído à realidade, à ordem, e cuja extensão delimita o mundo divino. Outrareferencia ao número dez é o termo Igigi13F14, que advém do termo acadiano Igigûe significa “os dez grandes deuses” ou “os deuses dos céus”.Podemos dizer que a batalha épica entre Marduk e Tiamat também representa a transição social e cultural entre o matriarcado e o patriarcado. Em suma, Marduk representa os poderes cósmicos que são combatidos pela Corrente 218, que, por sua vez, é tipificada pelos dragões primevos do caos e pelos onze poderes criados por Tiamat, ou seja, por Azerate.A Corrente 218 é animada pelo hálito dos dragões e pela força das águas abissais que os compõe. Resgata-se através dela o culto aos deuses mais antigos do caos com a intenção desimpedida de destruir a ilusão do universo e a ordem atual. Trata-se de um movimento de forças caóticas que possui o propósito de destruir o que a percepção comum dos indivíduos apreendeu como “universo-verdade”. Destruição em escala micro e macrocósmica, desde o cerne do indivíduo até o exterior.

Referências

THOMPSON, R. Campbell. The Devils and Evil Spirits of Babylonia. Londres: Luzac & Co., 1903. (Luzac’s Semitic Text and Translation Series).

S.I., P. Antonius Deimel. Enuma Elis: Epos Babylonicum de Creatione Mundi. Roma: Sumptibus Pontificii Instituti Biblici, 1912.

BLACK, Jeremy; GRENN, Anthony; RICKARDS, Tessa. Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia. 4. ed. Londres: The British Meseum Press, 2004.

BLACK, Jeremy; GEORGE, Andrew; POSTGATE, Nicholas. A Concise Dictionary of Akkadian. 2. ed. Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2000.

LEICK, Gwendolyn. A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology. 2. ed. Londres: Routledge, 2003.

DALLEY, Stephanie. Myths from Mesopotamia: Creation, the Flood, Gilgamesh and Others. 4. ed. Londres: Oxford University Press, 2000.

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