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Sahajiya: a espiritualidade do corpo

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Sahajiya é um culto religioso. Seus seguidores acreditam em sahaja ou no caminho simples para sentir sahaja, a realidade inata que está presente em todo objeto animado ou inanimado. De acordo com a filosofia Sahajiya, junto com sua forma externa, todo objeto tem sua forma interna. Esta forma interna é eterna, conhecida como sahaja. Sentir sahaja é sentir a eternidade interna em si-mesmo (1). Toda classe de objetos animados e inanimados podem ser sentidos experimentando essa forma interna. Os seguidores deste culto pensam que um caminho simples, direto, pode ser a melhor maneira de experimentar esse sentimento.

O que está a favor da natureza humana é sahaja (simples) e o que vai contra isso é vraka (tortuoso). A auto-realização que está de acordo com a natureza humana é o objetivo da filosofia Sahajiya. O Sahajiya acredita que o objeto de adoração é o conhecimento, e que esse conhecimento reside em si-mesmo, não fora. Eles acreditam que este conhecimento não pode ser adquirido atraves do estudo e livros, mas somente aprendido através da ajuda de preceptores e a doutrina da sahajasadhana.

O Sahajiya enfatiza a importância do corpo. Eles acreditam que o corpo incorpora o universo e a auto-realização pode somente ser atingida através do amor corpóreo. Literatura baseada na filosofia Sahajiya é classificada como filosofia Sahajiya.

Sahajiya Buddhista.

A Bengala enfrentou distúrbios internos após a morte do Rei Shashanka por volta 635 DC. Durante a dinastia Pala, por volta do oitavo século, Sahajiya Buddhista surgiu como uma doutrina religiosa. Para entender a natureza dos seres vivos e o mundo fenomenal através da realização da natureza eterna do eu-interno constitui a verdade inerente da doutrina religiosa Sahajiya Buddhista. Entretanto, esta doutrina também ensina que deve-se renunciar os laços mundanos. Iniciados na doutrina Sahajiya foram conhecidos como Siddhacharya. Siddhacharya famosos incluem Luipa, Bhusukupa, kahnapa, Sarahpa, Shantipa, e Shavarpa, que comporam as músicas Buddhistas e doha (dístico) do charyapada. Muito destes compositores foram habitantes da Bengal, Mithila, Orissa e Kamrup e, portanto o estilo de vida da Índia oriental predominou suas práticas espirituais. Bhusukupa e Kahnapa estavam entre os Churashisiddha ou Dharmaguru (professor religioso) incluídos no Nathdharma ou Buddhismo Tantrico. Eles foram seguidores do Buddhismo Tantrico ou Buddhismo Sahajiya, mas eles esconderam seu próprio credo e casta e adoram pseudônimos.

O Charyapada descreve a filosofia Sahajiya através de vários símiles e metáforas, no que é conhecida como sandhya basa. Mahayana como uma doutrina religiosa do Buddhismo foi mais tarde subdividida em Vajrayana, Kalachakrayana, Mantrayana, etc. Enquanto essas diferentes seitas diferem em matéria de práticas religiosas, eles concordam no conceito de Nirvana. O objetivo da prática do Sahajiya é atingir Nirvana através da transcendência de velhice, doença, morte, e reencarnação. Estes que estão compromissados ou iniciados na doutrina religiosa Sahajiya acreditam que eles podem alcançar o seu objetivo desejado através de um número de rituais e práticas tantricas. As músicas Buddhistas e doha do Charyapada têm sido compostas baseadas dessas práticas.

Os poetas do Charyapada enfatizam a purificação da alma. De acordo com o Siddhacharya a explicação da doutrina é esta: “A fim de purificar a alma é necessário reduzir o desejo por coisas materiais e se concentrar no shunyatavodha ou sentido do vazio”. A salvação da alma é atingida através da graça divina resultando em contentamento e felicidade absoluta atingida através do Nirvana. Esta felicidade absoluta é o objetivo da vida no mundo.

O Buddhista enfatizou a filosofia Buddhista através do uso de tal terminologia como shunya, trisharana, vodhi, jinaratna, dashavala, nirvana, etc. e associou essas palavras com diferentes doutrinas. Por isso é que a influencia de tantrashastra ou teoria do tantra é sentida nas canções Buddhistas. Mais ainda, guruvada, a crença na importância do guru, é muito enfatizada. Os Sahajiya acreditam que a meditação Sahajiya não pode ser adquirida através de livros ou erudição. Pode somente ser aprendido através das instruções do guru ou professor religioso. Portanto a meditação para atingir o Supremo ou Absoluto precisa ser conduzido de uma maneira fácil. Os Sahajiya ainda acreditam que a chave para tais meditações reside na alma interna. É inútil procurar pelo Absoluto fora da alma. Ele existe dentro de nós: “Arupa Buddha rupe”. Como o poeta Kaknapa diz: ‘Guru vova shisya kala’ [O discípulo mesmo que for surdo pode entender o que seu guru sugere através de dicas e sugestões.] Mais precisamente, o guru por virtude seu próprio poder guia o discípulo no caminho certo.

Entretanto, a meditação dos Sahajiyas não é fácil. Como os Sahajiyas dizem, ‘Faça o sapo dançar na boca da serpente’. Em outras palavras eles sugerem que a grande abstinência deve ser praticada pelos seguidores deste culto, que como a serpente devem resistir devorar o sapo apesar dele estar dançando na boca da serpente. [Azharul Islam]

Vaishnava sahajiya.

Acredita-se que poeta do século quatorze baru chandidas é o inventor e o pregador deste credo, que ele conjeturou depois de entrar em contato com uma lavandera chamada Rami. Mais tarde, nos séculos dezessete e dezoito, o credo baseado na doutrina Sahajiya Buddhista, começou a ganhar terreno. Os seguidores dessa doutrina acreditam em si como sendo sahaja rasika (versado em sahaja) ou viajantes do sahaja patha (caminho simples). A frase sahaja patha aqui significa amor, que é da natureza humana. O objetivo último do ser humano é atingir a si-mesmo através do amor; e o Vaishnava sahajiya considera o corpo o melhor meio para isso. Os ideais do Vaishnava sahajiya são beleza, amor e prazer.

As práticas e doutrinas filosóficas do Vaishnava sahajiya são diferentes destas dos Gaudiya Vaishnavas. Os Gaudiyas Vaishnavas acreditam que toda filosofia reside no corpo humano e eles tomam a filosofia do amor alegoricamente, não literalmente como o Sahajiya.

O Vaishnava sahajiya instituiu uma forma diversificada de filosofia do amor, misturando vaishnavismo e as doutrinas de Radha e Krishna em nome de Nimai e Nitaichand. Sua filosofia incorporou o espiritual e o físico. De acordo com a filosofia Sahajiya, cada homem e mulher têm uma forma interna e externa. Portanto um homem tem a forma externa de um homem, mas seu eu interno (2) é Krishna. Semelhantemente, uma mulher tem uma forma externa, mas seu eu interno é Radha Quando as formas externas se unem fisicamente, as identidades internas atingem o prazer mais elevado. Isto é mahabhava ou o prazer de sahaja. A deificação do homem é o principio básico da doutrina Sahajiya.

Os Gaudiyas Vaishnavas rebaixam os Vaishnavas sahajiyas porque para o último a filosofia de amor ou adoração do corpo é de grande importância. Isto tem distanciado uma seita da outra e tem diminuído a dignidade social dos Sahajiyas. Mesmo Chandidas foi excomungado da sociedade Brâmane. Além desse fato, a filosofia ganhou terreno e se tornou difundida. Isto é reconhecido agora como um meio alternativo de adorar a Deus.

Uma grande parte da literatura bangla é baseada no credo Sahajiya. Entre as pessoas que escreveram nessa filosofia, Baru Chandidas é considerado o melhor. Seu srikrishnakirtan descreve os princípios básicos de Sahajiya de uma maneira lúcida. Muitos poetas incluindo Chandidas, que acreditou na doutrina Sahajiya, compuseram versos nas práticas de auto-realização em uma linguagem enigmática, conhecida como ragatmika pada

(versos que consideram que o amor puro é a realização).

A literatura Vashnava sahajiya é de dois tipos: uma baseada no padavali (músicas), a outra, baseada em nivandhan (composição). Poetas como Vidyapati e Rupa Goswami são proponentes da literatura padavali, enquanto Baru Chandidas e Krishnadas Kaviraja são proponentes da literatura nibandha. As partes introdutórias de muitas peças de figuras menos famosas atribuem as obras de nomes famosos tais como Vidyapati, Chandidas, Narahari Sarkar, Raghunath Das, Krsnadas Kaviraja, Narottam Das, Rupa Goswami, Sanatan Goswami, Vrindavan Das, Lochandas, e Chaitanyadas. Alguns livros de nota da literatura Sahajiya são Vivartavilasa (Akinchan Das), Anandabhairava, Amrtarasavali, Agamagrantha, Premavilasa (Yugalkishore Das), Radha-Rasa-Karika, Deha-Kadcha (Narottam Das), Sahaja-Upasana-Tattva (Taruni Raman), Siddhanta-Chandrodaya, Rativilasa-Paddhati, Ragamayikana, e Ratnasara. [Sambaru Chandra Mohanta]

 

Notas do Tradutor:

1 – A palavra em inglês utilizada aqui para si-mesmo é Self, o q pode implicar em um paralelo entre sahaja e o Self Junguiano. O Self é usado por C.G. Jung para a totalidade do ser, situada além dos opostos. A integração com o Self é considerada a auto-realização, fazendo com que a pessoa passe de ser dominado pelo ego e passe a agir a partir do centro ou Self, assim se tornando um individuo efetivamente.

2 – A palavra usada aqui é inner self, indicando que Krishna ou Radha é o Self ou sahaja do sadhaka (praticante).

Fonte: BANGLAPEDIA, National Encyclopedia of Banglaesh

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