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O 5º Dia do Gênesis e o Cristianismo Esotérico

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Excertos de Evangelho Segundo Marcos
Comentado por Ya’aqov, seguidor de Ya’aqov

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            O quinto dia do Gênesis é aquele no qual Elohim começa a estabelecer os habitantes de cada um dos mundos manifestos. Estabeleceu que as águas (המים)[1] produzissem seres de alma vivente [Nephesch Chayah (נפש חיה)], enquanto, entre a extensão dos Céus[2] e a Terra, aves iriam voar (Gênesis 1:20-23)[3].

Ponto necessário, na nossa compreensão, é o de que as criaturas que passam a viver nas águas são frutos da própria água e são aquelas que possuem a Nephesch. Elas tomam as águas, isto é, o Mundo da Ação (Assiah)[4], lembrando que a Terra (Erets) é a parte desta água simbólica. Assim, entendemos que todas as criaturas existentes no Mundo da Ação (Malkuth) são controladas pela Alma (animal), pela Nephesch, que as conduz no automatismo decorrente do descanso do Ruach (Espírito, Pneuma).

Ao passo que as aves se encontram, simbolicamente, em um nível um pouco mais acima, tanto por se encontrarem em uma camada entre a Terra e a extensão dos Céus, quando pelo ato de voar (עוף).

O verbo voar, em hebraico, é escrito com 3 (três) letras, ayin (ע), vav (ו) e pe (ף). A letra ayin significa olho e, ao mesmo, significa fonte, manancial. Essa correlação, entre os seus significados, transpassa a ideia de que ela é o olho de uma fonte oculta, que nos observa e, ao mesmo tempo, nos conecta a ela. Por isso, que muitos atos dentro da cultura judaica são associados a itens visíveis, bem como há a preocupação com o olhar em si, a exemplo do ayin hará (mau olhado). Já a letra vav é o fluxo divino cunhado de dentro e, por isso, é atribuído o conceito da multiplicação da sabedoria. Enquanto a letra pe, indica o poder da fala e significa boca. Desta forma, o ato de voar está intimamente ligado ao fluxo divino que emana da fonte oculta e é transmitido pela fala.

Compreendendo as características atribuídas às criaturas vinculadas ao Mundo da Ação (Assiah, Malkuth) e ao Mundo da Formação (Yetzirah), entendemos a continuidade do processo estabelecido por Elohim. Enquanto nos dias anteriores da criação, havia uma espécie de construção “de cima para baixo”, a partir deste dia, do quinto dia, inicia-se o processo de regresso, ou o caminho “de baixo para cima”, no qual a Nephesch deve ser substituída em sua ação, conduzindo ao desvelar do véu que leva o seu nome[5]. Este “regresso” da criação [Teshuvah] é percebido pelo fato de que Elohim, no dia anterior, estabeleceu o que é a terra e, no quinto dia, primeiro, estabelece o surgimento dos seres que habitam as águas, para, depois, criar as aves dos Céus, indicando a ideia de um movimento que, inicialmente, foi até a terra e, dela, retorna ao seu ponto de origem.

(21) Entraram em Cafarnaum e, logo no sábado, foram à sinagoga[6]. E ali ele ensinava.

Localizada na Galileia[7], Cafarnaum significa, em hebraico, Kephar Nachûm (כפר נחום), isto é, “aldeia de Naum”, mesmo significado do seu nome em koiné, καφαρναονμ. Naum, por sua vez, além de ser o nome do sétimo, dos chamados, profetas menores, significa “consolador”. Desta forma, podemos entender que Jesus se coloca na posição de ser aquele que traz o alívio, o consolo, para os nossos “eus inferiores”.

Esse consolo está vinculado ao conceito da sinagoga. Diferentemente do que se costuma pensar, a sinagoga não é um templo[8], mas um local de congregação da comunidade judaica. Nela, a comunidade interage, debate, socializa e também realiza as orações e a leitura e o estudo da Tanakh, a “Bíblia Hebraica”, o que inclui, mas não se limita, a Torá. Assim, a sinagoga funciona como um espaço de união da comunidade em si, mas também com os desígnios de Yahweh, no qual, na cerimônia do Shabat, há a leitura da Torá.

Outrossim, o trecho “e, logo no sábado, foram à sinagoga. E ali ele ensinava[9], pode ser traduzido do koiné como “e logo aos sábados, entrando na congregação ensinava”. Isto é, nas reuniões do Shabat, Jesus ingressou na congregação, mesclando-se com todos os locais e, assim, transmitia o conhecimento oriundo de Yahweh. Isto é, ele se integra naquilo o que existe de mais “espesso” na manifestação e indica os ensinamentos que são mais sutis, demonstrando que, como a ação criativa e criadora atua do mais sutil para o mais espesso, os ensinamentos praticados no mundo mais espesso (Assiah) devem ser orientados pela fonte mais sutil (Atziluth).

(22) Estavam espantados com o seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

Este versículo nos mostra algumas capacidades associadas a Jesus, o nosso Eu Superior.

A primeira delas está vinculada ao ato de que a população local se espantava (ou chocava) com os ensinamentos que apresentava. Este ato de se espantar (ou chocar) indica uma surpresa acompanhada por uma inação, isto é, os ensinamentos apresentados por Jesus eram diferentes do que a população local (nossos eus inferiores) estavam acostumados a compreender e este assombro fazia com que o seu impulso natural, vinculado a Nephesch[10], cesse.

A segunda decorre da diferenciação apresentada entre o ensinamento de Jesus e o dos escribas. Apesar de estes serem especializados nos estudos das Torá, a sua especialização se revela inferior àquela transmitida por Jesus, pois eles, talvez, encontrem-se vinculados a Nephesch e não a Ruach[11] ou não tenham um bom coração.

Em hebraico, coração se escreve Lev (לב) e o seu uso denota atributos de uma pessoa. A pessoa honrada é descrita como yashar-lev, coração reto (Salmo 51:10); a desonesta é lev va-lev, coração duplo (Salmo 12:2); e a corajosa é amitz-lev, coração poderoso (Amós 2:16). Porém, mas, mesmo a qualidade do que se tem no coração, decorre do seu vínculo com Nephesch e com Ruach.

Ademais, como vimos em versículos anteriores (12 a 15), a figura de Jesus se confunde com Ruach (Espírito) e, por isso, é ele que tem a força para invadir as águas e movimentá-las. Desta forma, quando Jesus ensina, ele age diretamente no íntimo daqueles que fazem parte da congregação, gerando, em um primeiro momento, espanto, mas, no segundo momento, o impulso natural do movimento do Espírito que, após a conclusão da sua descida, simbolizada nos primeiros 4 (quatro) dias da criação[12], reverte o seu sentido e começa a sua subida de volta ao seio da própria criação.

Êxodo 3 : 7-8

Yahweh disse: ‘Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu grito por causa dos seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir desta para terra para uma boa e vasta, terra que mana leite e mel.

Além disso, o espanto, que também pode ser traduzido como “temor”, denota a presença divina na figura de Jesus, posto que, a manifestação de Deus gera, naqueles que o contemplam, o temor.

(23) Na ocasião, estava na sinagoga deles um homem possuído de um espírito impuro, que gritava,

Neste momento, como expomos no tópico que inicia o conjunto de versículos em análise, começamos a estabelecer o nosso processo de retorno ao seio da criação.

O versículo estabelece que na congregação, isto é, na reunião daqueles que habitam Assiah, o Mundo da Ação, um homem se encontrava guiado por um espírito impuro.

Nos cabe esclarecer que esse homem representa o somatório dos membros da congregação, representando todos os habitantes de Assiah. Entendemos isso, quando voltamos a nossa atenção à expressão “espírito impuro”. O adjetivo impuro é escrito no koiné como akáthartos (ακάθαρτος), palavra que significa “imundo”, “que vive na sujeira, na lama”.

Marcos 5 : 8-12

Com efeito, Jesus lhe disse: ‘Sai deste homem, espírito impuro!’ E perguntou-lhe: ‘Qual é o teu nome?’ Respondeu: ‘Legião é o meu nome, porque somos muitos’, e rogava-lhe insistentemente que não os mandasse para fora daquela região. Ora, havia ali, pastando na montanha, uma grande manada de porcos. Rogavam-lhe, então, os espíritos impuros, dizendo: ‘Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.

Não entraremos em detalhes acerca da passagem transcrita, posto se tratar de passagem do próprio Evangelho objeto deste estudo e, por isso, receberá comentários próprios. Entretanto, trouxemos a passagem para indicar a repetição da “possessão” pelo espírito impuro, bem como o pedido dos muitos eus de que fossem enviados para os porcos, animais que não são considerados casher[13]. Esta possibilidade de o “espírito impuro” habitar o porco, indica que o versículo está falando de Nephesch, da Alma Animal, que tanto as pessoas, quanto os animais possuem.

Nas pessoas, Nephesch é um veículo de atuação de Ruach (Espírito), para que este interaja com a matéria. Contudo, por ser uma porção “automática”, ela tende a partilhar a falta de conhecimento espiritual da própria matéria, além do fato de possuir as faculdades de perceber a dor e o prazer. Nos animais, Nephesch é a responsável pela sua condução e a vida baseada em instintos.

Neste sentido, verificamos que o versículo está traçando um paralelo com o contido no Gênesis a respeito do quinto dia e a criação das criaturas que habitam as águas.

Gênesis 1:20-23

E Elohim disse: Produzam as águas abundantemente criaturas de alma vivente [Nephesch]; e voem as aves sobre a face da expansão dos Céus. E Elohim criou os monstros dos mares e toda alma vivente [Nephesch] que rasteja, que abundantemente produziram as águas conforme as suas espécies e toda ave de asas, conforme a sua espécie. E Elohim viu que era bom. E Elohim os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. E foi tarde e manhã, quinto dia.

O versículo em análise nos revela, similarmente ao quinto dia da criação, que o princípio da jornada humana é idêntico à vida animal, que vive como escravo da matéria, dos elementos do mundo.

Gálatas 4 : 1-5

Ora, eu digo: enquanto o herdeiro é menor, embora dono de tudo, em nada difere de escravo. Ele fica debaixo de tutores e curadores até a data estabelecida pelo pai. Assim também nós quando éramos menores estávamos reduzidos à condição de escravos, debaixo dos elementos do mundo. Quando, porém, chegou à plenitude do tempo, envio Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial.

(24) dizendo: ‘Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus”

Este versículo, além de ser uma continuação do anterior, resgata questões abordadas na análise do versículo 14 e qualifica a expressão “espanto” contida no versículo 22.

Nossos eus inferiores, diante da presença de Jesus, da ação atrativa para o regresso ao seio da criação, são impelidos, pela própria natureza de Nephesch, a se sentirem ameaçados. Esta ameaça decorre de duas questões que se entrelaçam.

A primeira, decorre da inércia criativa. Isto é, a ação criativa e criadora segue num sentido, do sutil para o espesso. Entretanto, neste momento, a presença de Jesus nos indica a necessidade de mudarmos este sentido, de revermos os nossos hábitos e saímos do automatismo da vida. Naturalmente, esta mudança, embora ocorra na mesma direção, no mesmo eixo criativo-criador, denota uma reversão do fluxo de energia que foi utilizado até o presente momento[14].

A segunda questão, que atua como ameaça para a natureza de Nephesch, encontra-se na percepção da sua própria morte. Caso Ruach (Espírito) assuma totalmente o controle do corpo, isso, automaticamente, faz cessar a ação de Nephesch, simbolizando a sua morte. Como a vida é estar em movimento, e o movimento é o impulso criativo-criador da Luz, todos aqueles que se encontram em movimento relutam em deixar de estar. Por mais que possamos compreender que essa mudança no condutor, de Nephesch para Ruach, seja uma continuação da vida e, portanto, não uma morte daquele que está seguindo, ela representa uma cessação da ação de Nephesch e, consequentemente, uma aparente morte que ele irá enfrentar.

Por essas questões é que o espírito imundo se opõe a Jesus, pois reconhece a sua função (Santo de Deus) e sabe as consequências que Ele traz para si, o cessar da sua ação, o início do seu próprio Shabat. A própria função de Jesus, atribuída pelo espírito imundo, indica o que está para acontecer. Ser o Santo de Deus, denota que Jesus é aquele que santifica as coisas no Shabat divino.

(25) Jesus, porém, o conjurou severamente: “Cala-te e sai dele”.

Inicialmente, cabe-nos destacar que a expressão utilizada no versículo para designar a ação de Jesus é ἐπετίμησεν αὐτὦ λέγων, que, numa tradução literal significa “ao invés de superestimá-lo”, transmitindo a ideia de colocá-lo no seu lugar fazendo uso da autoridade, ou “impor”. “Conjurar”, apesar de ser uma tradução utilizada com certa frequência, deriva da expressão exorkízo (εξορκίζω), que significa “retirar”, tendo, então, significado ligeiramente diferente do contido no versículo em koiné.

Desta forma, verificamos que, apesar de o espírito imundo estar se manifestando, Jesus o coloca em seu devido lugar, isto é, numa condição de inferioridade moral e espiritual em relação a Jesus. Esta “imposição” é realizada por intermédio da fala de Jesus que determina o silêncio do espírito imundo e, consequentemente, a perda do seu poder de ação.

O ato de falar (dizer) é um atributo divino responsável pela realização das coisas. No Gênesis, encontramos frequentemente a expressão ויאמר אלהים (Vayomer Elohim), ou “e disse Elohim”. O verbo Yomer (יאמר), núcleo da palavra utilizada, significa “dizer”, mas também é utilizado para designar o ato de nomear, de separar, de gritar e o de distinguir.

Este poder associado ao ato de falar é reforçado na figura do verbo, isto é, aquilo que determina uma ação, tal qual encontramos no início do Evangelho segundo João:

João 1 : 1

No princípio era o Verbo (λὁγος) e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.

E, entendimento similar está presente no Salmo 33:

Salmo 33 : 6-7

O céu foi feito com a palavra de Yahweh, e seu exército com o sopro de sua boca. Ele represa num odre as águas do mar, coloca os oceanos em reservatórios.

Pelo poder do verbo, percebemos que esta força contundente, manifestada pelo simbolismo da fala, que determina uma ação, é o princípio pelo qual toda a criação se manifesta e se constrói. Isto é, o verbo, a fala é a parcela criativa do bara, que é a ação criativa-criadora[15] realizada no princípio da criação, Bereshit.

Compreendendo essas questões, entendemos a determinação expressa por Jesus de calar os eus inferiores, as nossas paixões, os nossos desejos, que estavam se manifestando. Calando-os, Jesus retira toda a possibilidade de poder que eles possam buscar ter e são facilmente submetidos à ação do próprio Jesus, em imagem manifesta do próprio Ruach (Espírito).

(26) Então o espírito impuro, sacudindo-o violentamente e soltando grande grito, deixou-o.

Apesar da tradução expressa no versículo acima, faremos uso de outra obtida diretamente do koiné, na qual o versículo, contextualizado com a sua parte final anterior, fica da seguinte maneira: E Jesus impôs a ele dizendo: “Cala-te e sai dele”. E tendo-o dilacerado o espírito impuro e vociferado a grande voz, saiu dele[16].

Em traduções corriqueiras, dá-se a entender que o espírito imundo sacudiu o corpo que estava controlando, deu um grande grito e, depois, foi embora. Entretanto, mesmo se fizéssemos uso desta tradução, encontraríamos algo de errado em sua mensagem. No versículo anterior, Jesus determinou que o espírito imundo não poderia falar, expressar-se por intermédio da fala, contudo, na tradução inicialmente apresentada, antes de deixar o corpo, ele grita, desobedecendo a ordem dada por Jesus.

Entretanto, quando fazemos uso da tradução diretamente do koiné, verificamos que quem foi dilacerado não foi a pessoa, mas o espírito impuro. Ademais, o verbo utilizado para determinar o dilaceramento, sparássô (σπαρἀσσω), tem dois significados, o primeiro é o de dilacerar como os predadores fazem com suas presas, segurando-as pelo pescoço com a boca e sacudindo-as, enquanto, o segundo, era utilizado nas obras de Heródoto, significando convulsionar.

Os dois significados (dilacerar e convulsionar), cada qual a sua maneira, podem ser utilizados dentro do contexto da ação contundente proferida por Jesus simbolizada na letra hebraica Shin (ש). De valor número 300 (trezentos), a letra Shin é associada à ideia do fogo (אש), como elemento sagrado e purificador[17], é o fogo da vida[18]. Ademais, o seu nome significa “dente”, no sentido de ser aquilo que mastiga e destrói os alimentos, transformando o que foi triturado em algo útil para a nossa existência.

Ou seja, Jesus “dilacerou” o espírito imundo fazendo sair dele a grande voz, aquilo que é sagrado e essencial que existia ali. Ponto de destaque, encontra-se na expressão em português “vociferou”. O verbo vociferar tem 2 (dois) significados, o primeiro, e mais utilizado, transmite o sentido de manifestar-se veementemente contrário a algo, e tem função de verbo transitivo indireto, enquanto o segundo significado transmite o sentido de falar alto, berrando, clamando, e tem função de verbo intransitivo. Neste caso, percebe-se que a grande voz foi solta com berro de dentro daquele que estava controlado pelo espírito impuro. O mesmo fenômeno, do desprendimento de algo mais sutil deixando algo mais espesso, aparecerá novamente no próprio Evangelho segundo Marcos no momento da morte de Jesus.

Marcos 15 : 37

Jesus, então, soltando a grande voz, expirou.

Ou seja, após ser simbolicamente triturada pela boca de Jesus, a alma imunda morreu para este estágio e renasceu, após cruzar o Véu de Nephesch[19], deixando de ser uma criatura das águas e renascendo como as aves dos Céus[20]. Em outras palavras, a essência divina que ali habitava, foi desprendida da carne.

(27) Todos então se admiraram, perguntando uns aos outros: “Que é isto? Um novo ensinamento com autoridade! Até mesmo aos espíritos impuros dá ordens, e eles lhe obedecem!”

Com o renascimento no Mundo Formativo (Yetzirah), há o espanto natural daqueles que, até outrora, encontravam-se no Mundo Material (Assiah). O fluxo criativo-criador, até aquele momento, apenas seguia em um único sentido. Contudo, a ação contundente, por intermédio do verbo, reverteu este fluxo fazendo com que aqueles seres de alma vivente, criados com os elementos das águas, agora pudessem voar[21].

Este novo ensinamento, o “retorno”, só é possível se realizado com a autoridade do Ruach (Espírito) e, em que pese “carne” e o espírito terem pretensões distintas, posto que seguem fluxos em sentidos opostos, uma vez que a “carne” (alma) está atrelada ao caminho da “descida”, do espessamento, o espírito está atrelado ao caminho da subida, da sutilização.

Gálatas 5 : 16-17

Ora, eu vos digo, conduzi-vos pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne. Pois a carne tem aspirações contrárias ao Espírito e o Espírito contrárias à carne. Eles se opõem reciprocamente, de sorte que não fazeis o que quereis.

E, para resolver esta oposição, basta seguir o caminho do espírito, posto que este atenderá, naquilo o que for possível e necessário, as questões da carne, reforçando a ideia de que a “carne” obedece ao Espírito.

Mateus 6 : 33-34

Buscai, em primeiro lugar, seu Reino e sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal.

(28) Imediatamente a sua fama se espalhou por todo lugar, em toda a redondeza da Galileia.

Mais uma vez encontramos o paralelo com o quinto dia da criação, no qual, Elohim compreendendo que este processo de retorno era bom, o abençoou, determinando que toda a água se convertesse em Nephesch e este, por sua vez, revelasse o Espírito.

Gênesis 1 : 21-23

(…) e Elohim viu que era bom. Elohim os abençoou e disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a água dos mares, e que as aves se multipliquem sobre a terra’. Houve tarde e manhã, o quinto dia.

Assim, tal qual os dizeres de Elohim se fizeram presentes em todos os mares, os atos de Jesus se espalham por toda a Galileia, região representada pela pluralidade de nações[22].

Notas:

[1] Vide comentários ao versículo 19.

[2] Vide comentários ao versículo 19.

[3] Gênesis 1:20-23 “E Elohim disse: Produzam as águas abundantemente criaturas de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos Céus. E Elohim criou os monstros dos mares e toda alma vivente que rasteja, que abundantemente produziram as águas conforme as suas espécies e toda ave de asas, conforme a sua espécie. E Elohim viu que era bom. E Elohim os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. E foi tarde e manhã, quinto dia.”.

[4] Vide notas sobre as 5 (cinco) partes da alma e sobre os 4 (quatro) mundos nos comentários aos versículos 8, 10 e 19.

[5] Vide tópico “O Batismo de Jesus – Véu de Nephesch”, composto pelos versículos de 9 a 11.

[6] A expressão “foram à sinagoga”, em koiné, também pode ser traduzida por “entrando na congregação”, ato que indica a participação de Jesus nos atos da comunidade local.

[7] Vide comentários ao versículo 9.

[8] Neste sentido, de local de adoração, se aplicava ao Tabernáculo e, posteriormente, com os Templos de Jerusalém. Vários ritos da comunidade judaica acontecem na sinagoga, não por ela ser um templo, mas por ela ser um lugar de congregação da comunidade em locais onde não existe o templo.

[9] καἱ εὐθὑς τοῖς σἀββασιν είσελθὡν εἱς τἡν συναγωγἡν ἐδίδασκεν.

[10] Vide comentários ao versículo 8.

[11] Vide comentários ao versículo 10.

[12] Vide comentários aos versículos de 16 a 20.

[13] Casher é uma expressão hebraica para definir se um alimento ou item está apto para ser consumido por um judeu, se ele faz parte da Cashrut, conjunto de itens que são casher, isto é, que estão de acordo com a Lei e, por isso, podem ser ingeridos e utilizados em sentido mais amplo.

[14] Essa reversão é possível de ocorrer em Assiah pelo fato de ele ser o mundo mais espesso, ou seja, o mundo no qual a força criativa-criadora da luz já se encontra enfraquecida pela ação receptiva dos mundos anteriores.

[15] Vide comentários ao versículo 19.

[16] 25. καἱ ὲπετίμησεν αὐτᾧ ὀ Ιησούς λέγων. φιμώθητι καἱ ἔξελθε ἑξ αύτοῦ. 26. καἱ σπαρἀξαν αὐτον τὸ πνευμα τὸ ἀκάθαρτον καἱ φωνἦσαν φωνῇ μεγάλῃ ὲξῆλθεν ἑξ αύτοῦ.

[17] É a letra de início da palavra Shalom (Paz), Shechiná (Presença Divina), Shadai (o guardião dos portões de Israel), toda Mezuzá tem uma letra Shin gravada no seu lado externo, Shiná (mudança), Shaná (ano).

[18] Em hebraico, as palavras que indicam homem e mulher também possuem o Shin, além do Aleph, Ich (איש) e Isha (אישה), respectivamente.

[19] Vide comentários aos versículos de 9 a 11.

[20] Vide comentário introdutório do presente tópico, O 5º Dia.

[21] Vide comentário introdutório do presente tópico, O 5º Dia.

[22] Vide comentários ao versículo 9.

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