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Introdução da edição em língua portuguesa – Goétia Luciferiana

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Introdução de Morbitvs Vividvs, 2011

Quando anos atrás eu tive a sorte de ser um dos responsáveis por trazer o sistema goético para a língua portuguesa, ao lado de meus irmãos Iaida6667 e AShTarot Cognatus, não faltaram pessoas para nos alertar que estávamos cometendo um grande erro.  Que estávamos adquirindo um karma infinitamente grande e que seriamos responsáveis por tudo o que estas chaves fizessem deste então e assim acabaríamos loucos e em desgraça. Para todas estas pessoas informo que nós estamos muito bem de vida e saúde e não ficamos nem uma polegada mais loucos do que já éramos na época.

Deste então Goetia caiu no gosto dos adeptos lusófonos do caminho da mão esquerda. Entretanto, embora o sistema seja certamente bastante eficaz ele trouxe com ele dois problemas que limitavam seu completo potencial.

Em primeiro lugar As Chaves de Salomão são por definição parte de uma visão de mundo osiriana, ou seja, abraamica. Isto pode ser um real problema para satanistas e luciferianos porque a pessoa trabalha com arquétipos monoteístas e depois com arquétipos demoníacos e espera que tudo corra bem. É como jorrar água gelada e um copo para em seguida colocar água fervendo: muitos copos vão rachar. Esta é a verdadeira razão para Goetia ter a fama de ser um sistema maldito que acaba fazendo mal a seus praticantes. Como defesa muitos magistas são obrigados a fazer adaptações para não sofrerem choques térmicos. O livro que você esta prestes a ler conseguiu levar esta adaptação ao nível de arte e acaba por convencer o leitor que na verdade o sistema osiriano é que é uma paródia da mais antiga e verdadeira forma luciferiana do ofício.

O segundo problema é a complexidade exigida pelo sistema original. Verdade seja dita o autor, seja lá quem tenha sido, demonstra um talento para a verborragia e a decoração estética barroca parece ser uma preocupação constante a cada linha. Isso pode incomodar ocultistas interessados em ir direto ao ponto. Mas devemos lembrar que esse é um atributo do próprio sistema goético que exige até certo ponto um bom grau de teatralidade.  Escrito em uma época em que era mais fácil conseguir couro de cabra do que papel cartão, para muitos o sistema acaba sendo irreal. Em outras palavras revela-se um sistema muito pouco prático ao magista moderno mais dado a soluções do que a métodos desnecessariamente complexos. Novamente cada um acabava fazendo suas próprias adaptações e simplificações. O problema é que ao fazer isso algumas pessoas acabavam eliminando porções importantes sem o qual o sistema simplesmente não pode funcionar. O presente livro consegue tornar o sistema o mais simples possível sem sacrificar sua funcionalidade.

Mas além de tornar a goetia mais simples e devolvê-la para sua origem ofídica luciferiana o autor tem ainda um outro grande mérito: ele consegue trazer para o sistema as boas inovações que o ocultismo assistiu nos últimos anos.  Assim, mais do que uma releitura da forma de magia cujas lendas remetem a Salomão, temos aqui a herança direta dos magos modernos, notoriamente Crowley e Austin Osman Spare. Sigilos, Alfabeto dos Desejos, Postura da Morte tornam-se parte integrante e potencializam ainda mais o poder da Goetia.

Michael Ford tem assim um grande mérito. Ele finca com força a bandeira de Lúcifer na terra de Goetia e torna assim os antigos Espíritos finalmente livres para serem chamados como aliados e não como escravos.

Na época em que vivemos, uma goetia luciferiana não é apenas uma ferramenta necessária, ela é inevitável.

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