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Jean Dubuis

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Jean Dubuis nasceu em 29 de abril de 1919 na província de Oise, na França e viveu até 6 de abril de 2010, para se tornar um renomado esoterista, cabalista e alquimista e frequente palestrante nos continentes Europeu e Americano.

Sua jornada espiritual começou já aos 12 anos de idade em Mont Saint-Michel quando, como ele mesmo registrou, “Depois de uma tremenda experiência interior e o mundo invisível tornou-se para mim tão verdadeiro quanto o mundo da matéria onde vivemos. Essa experiência me mostrou que havia outra verdade além da do nosso mundo visível.” Pouco a pouco, inicialmente pela leitura de muitos livros, ele buscou entender a natureza e o funcionamento desse universo ordinariamente invisível.

Cientista e curioso por natureza, ele teve a chance de trabalhar por vários meses no laboratório de síntese atômica em Ivry, dirigido por Frédéric Joliot-Curie.  Sua educação superior foi interrompida pela ocupação nazista, mas após o fim da ocupação, sua carreira o levou a empresas de tecnologia e a trabalhar como engenheiro eletrônico por mais de 30 anos na  IBM, onde testemunhou em primeira mão a evolução dos computadores. circuitos integrados e transistores.

O primeiro caminho místico que despertou um interesse mais profundo de Dubuis foi a Qabala. Ele foi muito impactado pela leitura do Sepher Yetzirah (O Livro da Criação) e dedicou seus próximos anos a um estudo profundo sobre o tema, mas sempre sob os holofotes da ciência moderna para não cair na superstição ainda tão comum entre os estudantes mais ingênuos de esoterismo. Na ocasião, ele tornou-se membro de grupos rosacruz e martinistas atuantes da França. Foi membro da A.M.O.R.C por muitos anos e em 1966 fundou uma heptada da Tradicional Ordem Martinista, mas acabou por se afastar dos mesmos principalmente por não concordar com a política de sigilo praticados que considerou uma forma de obscurantismo. Em 1979 formou o primeiro Templo da Hermetic Order of the Golden Dawn a operar na França desde que o Templo Ahathoor de Paris foi descomissionado quatro décadas antes. 

Foi de fato por seu esforço pessoal perseverante que suas próximas experiências místicas foram chamadas mais tarde por ele de “Contatos com a Eternidade”. Entretanto, estes grupos lhe deram oportunidade de fazer contatos, sediar inúmeras apresentações, fóruns e conferências sobre Qabala e escrever diversos artigos para os periódicos destes grupos que participava. Nesta época criou seu Curso de Qabala, inicialmente usado dentro do seu e de outros templos da Golden Dawn e posteriormente transformado em um curso de correspondência. Nele Dubuis buscou explicar a estrutura do Homem e do Universo de uma forma sistemática e compatível tanto com a visão científica quanto com a concepção cabalística.

O chamado para a Alquimia ocorreu aproximadamente na mesma época em que finalizava o curso de Qabala e floresceu de suas experiências com os eventos públicos quando pouco a pouco se convenceu que a disciplina esotérica poderia se beneficiar muito com uma abordagem experimental e mensurável, principalmente em nossos tempos modernos acostumados ao saber científico e desenvolvimento tecnológico. 

Assim ele passou a se esforçar em desenvolver em laboratório a prática alquímica da qual até então ele havia estudado inicialmente apenas a teoria. Seus escritos publicados o colocaram em contato com vários pesquisadores esotéricos da época, em particular com Frater Albertus (Albert Riedel) que liderava então o “Paracelsus Research Society”. Nos textos alquímicos ele encontrou um discurso análogo ao do Sepher Yetzirah: “uma energia única é a base de toda a criação”, mas mais do que isso o trabalho alquímico ofereceu uma oportunidade para validar experimentalmente os aspectos ocultos de vários reinos da natureza. Dessa relação e da troca de correspondência com Frater Albertus surgiu seu segundo curso, Espagiria, voltado à alquimia vegetal.

A abordagem experimental às ciências tradicionais de Jean Dubuis, principalmente por meio de seu curso de Espagiria, causou um novo levante de novos alquimistas no mundo ocidental. Para reunir estes praticantes, realizar pesquisas em grupo, trocar experiências e divulgar estes saberes na forma de um terceiro curso por correspondência, o de Alquimia Mineral, ele fundou em 1979 com a ajuda inestimável do alquimista italiano Augusto Pancaldi, a associação “Les Philosophes de la Nature” (LPN) que presidiu animadamente por 12 anos. 

“Sem gurus e sem mestres” era um dos lemas do grupo. Não havia nenhuma hierarquia nem graus dentro da LPN. Nem sigilo nem juramento de obediência eram exigidos de seus associados e nenhum membro (incluindo o próprio Jean Dubuis) era remunerado. Além disso, a associação nunca deveria se tornar uma empresa comercial e não se impunha aos membros a obrigação de assistir nenhuma das reuniões organizadas, nem a de provar o seu trabalho pessoal porque, para Jean Dubuis, “todos são filhos das suas próprias obras”. Na mesma época, Jean autorizou a tradução e distribuição de seus cursos no Canadá e Estados Unidos, desde que seus livros não se tornassem objetos de fins comerciais.

Originalmente a associação enviava as lições aos poucos para seus assinantes, de modo que uma lição era estudada por mês. Exigiu-se que o Curso de Espagíria Prática de 48 aulas fosse recebido antes de fazer o curso de Alquimia Mineral, que se expandiu com o tempo para ter 84 aulas. Existem muitas referências a ideias e técnicas que são explicadas exaustivamente no curso de Espagiria e que são absolutamente necessárias para beneficiar do curso de Trabalho Mineral. Da mesma forma, o Curso Prático de Qabala de 72 lições deveria ser estudado progressivamente. O curso Fundamentos do Conhecimento Esotérico foi desenvolvido posteriormente como forma de nivelar o conhecimento básico inicial de todos os alunos e acabou se tornando um pré-requisito para todos os outros cursos. 

Após doze anos à frente da Les Philosophes de la Nature, Jean transferiu a direção do grupo para seus alunos para se dedicar ao assunto que lhe encantou na aposentadoria, a criação de máquinas mentais baseadas em computação gráfica e sons bi-neurais. Alguns anos depois ele concluiu que a LPN havia perdido seu espírito de fraternidade e tolerância e começou a cair nos mesmos erros das organizações que ele havia participado mais cedo e tomou a difícil decisão de encerrar legalmente o grupo em 1999. 

Jean Dubuis, porém, não deixou de explorar os caminhos que levam à “Iniciação”. Para Jean o objetivo de qualquer caminho esotérico é um e o mesmo: adquirir a autoconsciência. Nesse sentido, a iniciação é a reconexão da consciência ordinária com os níveis mais elevados do Ser. Jean chamava essa autoconsciência de Eu Superior de Mestre Interior ou ainda Grande Rei. Em seus últimos anos declarou acreditar que os caminhos existentes para promover esta reconexão são bastante demorados e no caso da Alquimia bastante caros e assim se dedicou a encontrar meios de promover e acelerar essa reconexão da forma mais prática e eficiente possível. O resultado desta busca veio em 2007 com a publicação de seu último trabalho, o “Tratado Experimental – A Experiência da Eternidade” no qual primando pela simplicidade uniu toda sua experiência com Qabala, Alquimia e Astrologia para propor um novo método de progressão espiritual.

Após a morte do grande alquimista em 2010 seus alunos se organizaram para promover o seu legado. Não há mais LPN mas seus cursos estão publicados em várias línguas levando a cada vez mais pessoas a abordagem experimental do esoterismo. Organizações internacionais como a Inner Garden utilizam estes saberes como parte de seu currículo e alguns de seus alunos franceses formaram o grupo Portae Lucis, dedicado a promover seu legado gratuitamente pela internet.

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