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Aqui se expõe a verdade a respeito de quatro horríveis delitos que os demônios cometem contra as crianças, tanto no útero materno como depois. E como o fazem por meio das mulheres, e não dos homens; esta forma de homicídio se vincula melhor com as mulheres que com os homens. E o que segue são os métodos com os quais se faz. Os Cânonistas tratam mais a fundo que os Teólogos as obstruções derivadas da bruxaria; e dizem que é bruxaria, não só quando alguém é incapaz de executar o ato carnal, do qual falamos acima, mas também quando a uma mulher se lhe impede conceber, ou lhe faz abortar depois de ter concebido. Um terceiro e quarto método de bruxaria é quando não conseguem provocar um aborto, e então devoram o descendente ou o oferecem a um demônio. Não cabem dúvidas a respeito dos dois primeiros métodos, já que sem a ajuda dos demônios, um homem, por meios naturais, no uso de ervas ou emenagogos*, tenta não engendrar ou conceber uma mulher, como se mencionou mais acima. Mas com os outros dois métodos, as coisas ficam diferentes, pois são utilizados pelas bruxas. E não faz falta apresentar argumentos, já que casos e exemplos muito evidentes mostraram com mais facilidade a verdade do assunto. (*)
Emenagogos: Segundo a milenar medicina chinesa, são plantas de gosto picante para amargo, que aliviam a congestão do sangue, os coágulos sangüíneos e promovem a menstruação; considerando o contexto podem ser chamadas de plantas arbortivas. (NT-Pt) A primeira destas duas abominações é o fato de que algumas bruxas, contra o instinto da natureza humana e, em verdade, contra a natureza de todos os animais, com a possível exceção dos lobos, têm o hábito de devorar e comer as crianças pequenas. E a respeito disso, o Inquisidor de Como, antes mencionado, nos relatou o seguinte: “Que foi chamado pelos habitantes do distrito de Barby para realizar uma Inquisição, porque a certo homem havia o filho desaparecido do berço, e ao encontrar um congresso de mulheres em horas noturnas, jurou que havia visto elas matarem seu filho e beberem seu sangue e o devorarem. E além do mais, num ano apenas, que é o que acaba de passar, diz que foram queimadas quarenta e uma bruxas, e várias outras fugiram a procura da proteção do senhor arquiduque da Áustria, Sigismundo”. Em confirmação a isso, existem certos escritos de Johann Nider, em seu Formicarius, cuja lembrança, como a dos acontecimentos que relata, segue fresco na mente dos homens; pelo qual resulta evidente que essas coisas não são incríveis. Devemos acrescentar que em todos estes casos, as bruxas parteiras provocam danos ainda maiores, que as bruxas penitentes, como com freqüência nos disseram, e a outros, afirmando que ninguém faz mais dano à fé católica que as parteiras. Pois quando não matam as crianças, então, como para qualquer outro propósito, os sacam da habitação, os levantam ao ar e os oferecem aos demônios. Mas o método que observam no delito deste tipo se mostrará na Segunda Parte, à qual logo chegaremos.
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