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Voar pelos céus é um sonho comum. Mas para muitas garotas fascinadas pela imagem das bruxas isso deve ser feito em cima de uma vassoura. Das ilustrações clássicas do escritor suíço Martin Le Franc aos filmes cheios de ação Harry Potter esta é até hoje uma das habilidade mais associadas à bruxaria no imaginário ocidental. Se você também, já sonhou em apontar sua vassoura para os céus prepare-se, vamos revelar não apenas as raízes ocultas por trás desta crença mas também como conseguir voar em uma vassoura sem a ajuda de efeitos especiais.
Freud explica, mas que elas existem existem
O significado de montar em uma vassoura é simples de se entender quando usamos uma abordagem Freudiana. Trata-se de um claro símbolo fálico de poder. Contudo é necessário entender o que significa um Símbolo Fálico. Ao contrário do que uma primeira impressão poderia causar não se trata apenas de um símbolo masculino, ou do que é vulgarmente chamado de “inveja do pênis”. Um falo não é meramente um pênis, mas sim um pênis ereto pronto para se entregar ao prazer e para gerar algo, e isso não é machismo, o pênis abre caminho, ejacula e implanta a semente, enquanto a vagina é aberta, recebe o pênis e dá forma ao que foi ejaculado, criando a vida.
A estátua de Davi feita por Michelangelo e as histórias em quadrinhos em que o Cebolinha aparece pelado são dois bons exemplos de que nem toda representação do pênis é fálica. Para o falo existir é necessária também a existência da sua contraparte feminina, nem que seja apenas no pensamento. Um falo é portanto um simbolo da união dos pólos eletro/magnéticos ativo/passivo. O pênis manifesto ganha forma por seu complemento imanifesto. Montar uma vassoura não é portanto, como afirmam alguns pensadores, um ato de submissão feminina, mas de domínio feminino. A vassoura (e portanto o falo) estão sob controle da feiticeira que tem completo domínio sobre sua altura, velocidade e destino. O maior exemplo disso é a história de Lilith, que foi expulsa do paraíso depois de discussões sobre a posição sexual que deveria ser assumida quando transava com Adão. Ela queria ficar por cima, Adão a queria por baixo; o que estava em jogo não era apenas o erotismo da situação e sim quem ficaria no controle do falo. Desta forma Lilith assim, mesmo não tendo um pênis, foi o primeiro exemplo da disputa do símbolo fálico, e mesmo não tendo um pênis saiu vencedora, já que ao não se render foi expulsa do paraíso não por Adão, mas por Deus, o que acabou provando sua superioridade em relação ao homem.
O Vôo das Feiticeiras
Desde a mais remota antiguidade, um relato muito comum em relação ao paganismo é a capacidade que o feiticeiro ou a bruxa tem de voar. Feiticeiro, feiticeira, mago, bruxa, bruxo, são apenas designações diferentes para o praticante da arte, não especifica uma especialidade do praticante, historicamente se a pessoa praticava algum tipo pagão de magia, eventualmente ela voava.
A imagem de um xamã voando nos céus, com seu gorro vermelho, sentado em um trenó sendo puxado por alces com certeza foi uma das muitas influências da imagem moderna que temos do Papai Noel. Outros relatos falam da transformação de feiticeiros em pássaros que saiam voando, no livro O Asno de Ouro, de Lucius Apuleius, livro III capítulo XVI, lemos o seguinte trecho:
“Num dia Fotis veio correndo me ver e estava coberta de medo, ela chegou me dizendo que sua senhora, para conseguir trabalhar suas feitiçarias naquele que amava, pretendia na noite que se seguiria, se transformar em um pássaro para voar para onde desejasse”.
Mas por que voar? Responderemos esta pergunta com outra: se você pudesse voar, não voaria? O desejo de voar é tão antigo quanto a capacidade do ser humano de observar pássaros e foi o responsável por uma das maiores indústrias modernas. Os magos utilizavam o vôo para os mais variados propósitos, fosse para se locomover em segredo de um local para o outro, para vencer grandes distâncias em curtos espaços de tempo ou para obter um conhecimento que existiria além da esfera terrestre de nosso planeta. No capítulo XXVI do livro II de seu De Miraculis Rerum Naturalium, escrito no século XVI, Giovanni Battista Della Porta escreve que as feiticeiras, uma vez que levantavam vôo em uma noite de luar partiam em busca de “banquetes, música, danças e do abraço de jovens belos pelos quais se interessassem”.
Além da transformação em aves ou do vôo “solo”, muitos apetrechos eram também utilizados, de gravetos a galhos, de cajados a animais. Foi principalmente na cultura européia que o uso de objetos para auxiliar o vôo se tornou predominante. Relatos de bruxas usando bastões, galhos de árvores e mesmo bodes são comuns, e depois da intervenção da Igreja Católica nas lendas o objetivo do vôo era primariamente o de se alcançar, de forma furtiva, alguma reunião presidida pelo demônio; já que corriam o risco de serem seguidas por alguém que descobriria o local de encontro e poderia levar a igreja para lá, as pessoas esperavam a madrugada chegar e voavam até lá.
Apesar de mundialmente ter se tornado um fenômeno exclusivo feminino, o primeiro relato registrado feito de vôo em vassoura foi relacionado a um homem, Guillaume Edelin, feita em 1453, mas obviamente a crença nesses vôos é muito anterior a isso. Existem registros que datam de 160 a.C. que já falam de feiticeiros voando para cima e para baixo.
A Vassoura
Sendo um dos mais antigos e comuns utensílios domésticos a vassoura se tornou um dos mais antigos símbolos fálicos pagãos. A magia pagã embora ritualística, sempre foi pragmática. Ao invés de se perder no barroquismo da Alta Magia ou da Cabala, os pagãos sempre tiveram um espírito prático. Não perdiam tempo construindo intrincados e caros objetos para então os esconderem e os utilizarem em segredo e sim consagravam os objetos com os quais tinham contato diário para que adquirissem qualidades mágicas. Assim como Moisés tinha seu cajado, os pagãos tinham suas vassouras. Curiosamente, durante a perseguição da inquisição, a vassoura se tornou uma forma popular de se esconder objetos mágicos, varas trabalhadas ou bastões esculpidos eram transformados em cabos de vassoura e escondido em plena vista de todos.
Entre os saxões as sacerdotisas varriam a clareira como forma de abençoar e purificar o local onde seus ritos sagrados tomariam parte. Na Antiga Roma era comum varrer as soleiras das casas das grávidas para afastar os maus espíritos. No país de Gales e entre os ciganos os casamentos são selados com os noivos pulando uma vassoura e entrando em sua nova casa e ainda hoje é comum colocarmos uma vassoura atrás da porta quando queremos que a visita vá logo embora para o casal ficar sozinho novamente.
Os Alquimistas estão voado
Entretanto o Vôo na Vassoura parece ser mais do que algo simplesmente uma lenda ou um ritual simbólico. Para muitos pesquisadores esse vôo era associado com alguma forma de viagem astral ou à imaginação do “piloto” e não a um ato físico. Entretanto os registros antropológicos, sem contar as tradições pagãs e ocultistas iniciáticas possuem evidências fortes de que o vôo realmente pode ser realizado.
Na continuação do texto do Asno de Ouro lemos que:
“[…] E, quando a meia-noite chegou, ela me levou com cautela a uma câmara superior, e me fez olhar pelo vão da porta: primeiramente eu a vi se despir de todas as suas roupas e apanhou de dentro de uma espécie de cofre diversos tipo de pequenas caixas e potes, dos quais abriu um e deixou escorrer escorrer por seus dedos o óleo que dali saia, esfregando-o então por todo o corpo, das solas dos pés até o topo da cabeça, e quando começou a falar consigo mesma, segurando uma vela em sua mão, parte de seu corpo tremeram e ela esperou…”
Esse óleo mágico não é obra da ficção e sim uma substância real utilizada desde a antiguidade até os dias de hoje para permitir que mulheres e homens saiam voando por ai. Em um relato tirado do livro O Breviário de Nostradamus existe o trecho que relata o uso do ungüento:
“Lembrando-me das instruções de Renata, fechei a porta, a chave. Em seguida, tirei de um saco um pequeno pote que continha um unguento que me dera Renata e pus-me a examiná-lo, vendo que consistia numa pasta oleosa, de cor verde-escura e de cheiro penetrante e desagradável.
“Despi-me completamente, sentei-me sobre um manto e fiz uma forte fricção com o unguento mágico. Friccionei a fronte, o peito, os sovacos e o vão das pernas, repetindo as palavras : Emen-hetan ! Emen-hetan ! Emen-hetan ! “O conteúdo do pote queimava ligeiramente a pele e seu cheiro causava-me um pouco de tontura. Essa tontura aumen- tava. Não perdia, porém, os sentidos, e a razão continuava clara. Experimentava somente uma grande debilidade, até que meus braços caíram de cansaço; meus olhos se fecharam, apesar de fazer esforços para mantê-los abertos. Depois o coração começou a pulsar de um modo acelerado, a tal ponto que tive receio de que se rompesse.
“Entretanto, não sentia a menor dor de cabeça, o que me causou grande estranheza. Somente me faltavam forças, chegando quase a não poder mover-me. Assim passou bastante tempo, a ponto de dizer comigo mesmo: “Muito bem, é só isso… É claro que não passa de brinquedo de crianças. Este unguento só produz efeito sobre os que adormecem ou perdem o sentido; mas para os que têm urna cabeça firme, como a minha, tudo se reduz a um envenenamento passageiro. Menos mal se não houver outras conseqüências…
“Enquanto raciocinava desta maneira, fiz um esforço supremo para abrir os olhos que estavam fechados… E foi, então, que pus em dúvida se estava sonhando ou não. Como tinha, porém, recuperado as forças, dei um salto e convenci-me de que não dormia.
“A vela, que estava sobre uma mesinha, cuja luz iluminava meu quarto, tinha desaparecido, como que se evaporado diante dos meus olhos. A obscuridade que me rodeava era absoluta, não sendo, porém, a escuridão do interior de uma habitação, e sim a do espaço, ao ar livre.”
Este ungüento voador geralmente é uma mistura de ervas e outros materiais que, quando combinados corretamente e espalhados da maneira certa pelo corpo, fazem a pessoa voar. As receitas mais antigas sempre traziam alguns ingredientes que se mostravam claramente inaceitáveis socialmente ou simplesmente impossíveis de serem conseguidos. Muitos afirmam que isso ocorria de forma a desencorajar qualquer um de tentar compor a mistura e usá-la, já que outros dos ingredientes eram compostos se substâncias químicas poderosíssimas que poderiam, e podem, envenenar ou matar aquele que a manejar sem nenhum tipo de conhecimento; outros apontam que a tendência das lendas é sempre partir para o lado do exagero, e que uma simples receita que pudesse ser preparada em casa, se não causasse o resultado desejado acabaria com o mito. Além disso, por mais tóxicos que fossem alguns dos componentes, se não houvesse o elemento de terror, não haveria como assombrar aqueles que ouvissem das próprias bruxas e bruxos seus feitos.
É importante notar que com o desenrolar dos séculos, conforme as tribos mais antigas da Europa foram desintegradas, destruídas ou assimiladas, uma mudança lenta mas meticulosa das crenças ocorreram dentro das tradições do xamanismo e das práticas de magia tribal. O simples uso de ervas foi combinado com a ação de espíritos mais mundanos e sinistros, e com o surgimento da moral cristã esses espíritos ganharam a roupa do diabo e de demônios. Assim pessoas sob o efeito de certas ervas eram consideradas pessoas sob o controle de forças infernais, vítimas do ergot que se formava no trigo, um tipo de fungo, eram acusadas de serem lobisomens, por exemplo.
Deixando a fé de lado e tirando o microscópio da gaveta, essas tradições antigas possuem uma forte ligação com os cultos a vegetais alcalóides, não diferentes do culto do Santo Daime ou da Ayuhasca. Um Alcalóide é uma substância que produz um acentuado efeito no sistema nervoso central por conter uma considerável quantidade de nitrogênio em sua composição. Diversas culturas tem utilizado plantas que produzem alcalóides como fonte de venenos e alucinógenos ao longo da história.
Assim como os xamãs americanos as “bruxas” européias também possuíam suas próprias receitas neste sentido. A atropina e a escopolamina são dois exemplos de alcalóides usados na preparação de unguentos tradicionais. Plantas como beladona e a mandrágora forneceram a base para a produção da “Formula do Vôo”.
Como vimos não apenas a receita correta era necessária, mas também o conhecimento de certas palavras e a maneira apropriada de se espalhar o ungüento pelo corpo. E aqui volta o uso da vassoura. Uma das formas de se utilizar o ungüento ela espalhá-lo pelo cabo de uma vassoura que era então esfregado na vagina, ou nos testículos e pênis, e no ânus. Esse ato não era apenas um ato simbólico ou masturbatório, a fricção da madeira acelerava a absorção do preparado pelas mucosas, não apenas esquentando a região mas feríndo-a, fazendo a mistura entrar rapidamente na corrente sanguínea. Além disso, o cabo da vassoura era esfregado nos pulsos e pescoço, fazendo a pessoa de fato agarrar-se à vassoura, existem relatos que afirmam ainda que um ou mais orgasmos em um contexto ritualístico alcalóide podiam aumentar a eficácia da poção.
No primeiro livro da Magia Sagrada de Abramelim, o Mago, de 1458, no capítulo IV, existe uma passagem que relata este vôo, ainda que sem a presença da vassoura:
“Em Lintz eu trabalhei com uma jovem, que uma noite me convidou para segui-la, assegurando-me que, sem qualquer risco, iria conduzir-me para um lugar onde eu muito desejava encontrar-me. Me permiti ser persuadido por suas promessas. Ela, então, deu-me um ungüento, com a qual eu esfreguei os pulsos e tornozelos, o que ela fez também; e, num primeiro momento, pareceu-me que eu estava voando no ar, no lugar que eu queria, e que eu não havia de modo algum mencionado a ela.
Eu me silencio, por respeito, sobre o que vi, que foi formidável, e parecendo-me ter lá permanecido um longo tempo, eu senti como se eu estivesse despertando de um sono profundo, e eu tinha muita dor no minha cabeça e profunda melancolia. Voltei-me e vi que ela estava sentada ao meu lado. Ela começou a contar-me o que tinha visto, mas o que eu tinha visto era totalmente diferente. Eu estava, no entanto, muito surpreendido, porque pareceu-me como se eu tivesse estado realmente e corporeamente no lugar, e realmente ter visto o que tinha acontecido”.
E sobre as palavras mágicas? Eles teriam poder também? Nos anos 1970 era muito comum que as pessoas que eram iniciadas na religião do amor experimentassem doses de LSD para se liberarem das amarras do corpo. Naquela época tomar a droga não era apenas um ato para “chapar” e sim uma experiência mística e religiosa e era tratada como tal. Desta forma a pessoa sendo iniciada tinha um guia para acompanhá-la pela viagem para que ela não se tornasse uma “bad-trip”. Da mesma forma, em religiões abertas como o culto à Ayahuasca, a pessoa que experimenta a droga o faz sob a supervisão de guardiões que se certificam que a viagem não se torne um pesadelo.
No caso do vôo pagão, as palavras recitadas serviam para preparar a mente e a alma da pessoa para o que estava por vir, ou repetir certo encanto ou um mantra, a pessoa começava a entrar no espírito do vôo enquanto ainda podiam controlar plenamente sua mente para não se desesperar quando a experiência de fato começasse. Isso é comum em todas as experiências mágicas e religiosas, de missas cristãs a orgias satânicas, assim de fato essas palavras são importantes, seja pelo efeito mágico seja pelo efeito psicológico, ou ambos.
O tom das palavras recitadas e seus significados muitas vezes são a diferença entre voar pelos céus observando a terra ou uma turbulência assustadora em companhia de criaturas apavorantes, assim eram comuns pedidos de proteção para deuses ou afirmações de auto controle, como por exemplo:
Que minha vontade mergulhe nesta poção,
e guie os meus olhos para além do véu.
Receitas para Voar
Claro que não haveria graça apenas ler sobre pessoas que voavam, a graça está em voar também. Assim coletamos 5 receitas do ungüento de vôo, ou poção verde, como também era chamado para os curiosos e aventureiros. Lembrando-se sempre que você estará lidando com substâncias tóxicas é bom ter um acompanhamento de quem saiba o que está fazendo.
Receita 1: Lamiarum Unguenta (Ungüento das Feiticeiras)
Tirada do já citado livro de Giovanni Battista Della Porta, registrada em 1558 d.C.
“Embora elas misturem uma grande dose de superstição, é evidente, no entanto, para o observador que estas coisas podem resultar de uma força natural. Repetirei o que me foi dito por elas. Fervendo (certo tipo de gordura) em um vaso de cobre, elas se livram de sua água, espessando aquilo que resta da fervura. Então elas a guardam, e tornam a fervê-la antes de usar: com isto, eles misturam o aipo, o acônito[1], folhas de álamo e fuligem. Ou, em alternativa: Conium[2], Acorus[3], cinco-folhas[4], o sangue de um morcego, uva-de-cão (Solanum)[5] e óleo, e se elas ali misturam outras substâncias, elas não diferem muito dessas.”
Della Porta prossegue mostrando como esta mistura era utilizada, lembrando-se que antes do uso, a mistura deveria ser aquecida novamente:
“Então elas as esfregam em todas as partes do corpo, primeiro esfregando-a para devolver-lhe a cor avermelhada e esquentá-la, acabando com qualquer matéria que havia se condensado por causa do frio. Quando a carne é relaxada e os poros abertos, elas acrescentam a gordura (ou o óleo que é substituído por ela) – para que o poder dos sucos possa penetrar mais e tornar-se mais forte e mais ativa, sem dúvida.”
Existem dois adendos que podem ser feitos aqui. Existe a menção na receita de “certo tipo de gordura” e sangue de morcego. A gordura obviamente é uma base para a pomada que será feita e foi a responsável por inúmeros mitos que favoreciam a igreja católica. A gordura usada, gordura animal, ganhou a imaginação popular como sendo originária de bebês não batizados, ou seja, crianças pagãs. A igreja com isso aumentou absurdamente o número de batismos, serviço pelo qual cobrava, de crianças por onde quer que este mito se espalhasse. Posteriormente, quando o número de crianças não-batizadas quase desapareceu, graças ao medo e ao preconceito criado, o mito se converteu ao mito da gordura de um recém nascido, o que novamente era uma bênção para os servos de Deus. Na época, devido às condições de saúde e higiene era comum que crianças morressem no parto. A parteira então podia ser acusada de bruxaria, já que havia “matado o infante” para adquirir sua gordura. Isso fez com que as pessoas parassem de procurar parteiras e buscassem o auxílio da igreja nos partos, além de fazer com que todos pedissem que padres abençoassem a mãe, serviço cobrado, para que nenhuma bruxa matasse suas crianças.
O sangue de morcego aparece, num primeiro momento, como um ingrediente maldito, mas sob um olhar mais calmo possui uma função muito importante. Note que antes de passar no corpo o ungüento, a bruxa o esfregava com as mãos até devolver-lhe a cor avermelhada. Duas substâncias da segunda receita tem essa capacidade, o cinco-folhas e o sangue. Uma vez que a mistura era re-fervida, assim que esfriava para uma temperatura em que pudesse ser manuseada, era esfregada entre as mãos até que ficasse ruborizada novamente, ai era o momento de a espalhar pelo corpo. O sangue é parte deste mecanismo para se saber quando a mistura está pronta, e um morcego possui a quantidade ideal para a mistura.
Este é um relato antigo que busca explorar os elementos, mas não as quantidades envolvidas. Hoje, graças à homeopatia, é possível se encontrar os extratos dessas plantas para serem usados. Da mesma forma homeopatas podem, caso persuadidos, te ajudar a descobrir as medidas seguras para a mistura. Lembrando que ela deve ser esfregada no corpo e não ingerida.
Receita 2: Ao modo de Don Juan
A década de 1960 revelou ao mundo que o xamanismo não havia morrido e estava para se tornar uma forma contemporânea e poderosa de magia novamente, inclusive uma muito popular. O responsável por isso foi Carlos Castañeda, um americano que encontrou um feiticeiro no méxico do qual se tornou discípulo, Don Juan. Depois dos primeiros encontros Castañeda registrou tudo o que lhe era ensinado em livros que foram publicados e graças à onde Hippie que crescia pela América do Norte se tornou uma das maiores ondas populares de xamanismo que temos notícia até os dias de hoje.
Don Juan não perdia tempo ensinando a filosofia da magia, ou as tradições folclóricas para Castañeda, ele literalmente jogava o pobre rapaz no fogo e depois respondia as dúvidas que jovem viesse a ter, geralmente de forma a mostrar como ele era tolo ao tentar tornar a magia uma experiência psicológica ou meramente mental.
Em seu livro de 1968, A Erva do Diabo, ele registra:
“Havia uma pergunta que eu queria fazer-lhe. Sabia que ele ia esquivar-se, de modo que esperei que ele mencionasse o assunto; esperei o dia inteiro. Por fim, antes de partir naquela noite, tive de perguntar-lhe:
– Voei de verdade, Dom Juan?
– Foi o que me disse. Não voou?
– Sei, Dom Juan. Quero dizer, meu corpo voou? Levantei vôo como um passarinho?
– Sempre me faz perguntas que não posso responder. Voou. É para isso que serve a segunda porção da erva-do-diabo. Quando tomar mais dela, vai aprender a voar perfeitamente. Não é uma coisa simples. Um homem voa com o auxilio da segunda porção da erva-do-diabo. E só isso que lhe posso dizer. O que quer saber não faz sentido. Os pássaros voam como pássaros e um homem que tomou a erva-do-diabo voa como tal (el enverbado vuela así).
– Assim como os pássaros? (?Así como los pájaros?)
– Não, voa como um homem que tomou a erva (No, así como los enverbados).
– Então, realmente não voei, Dom Juan. Voei em minha imaginação, só em minha mente. Onde estava meu corpo?
– Nas moitas – respondeu ele, mordaz, mas logo caiu na gargalhada outra vez. – O problema é que você só entende as coisas de um jeito. Não acha que um homem voa; e no entanto, um brujo pode mover-se mil quilômetros por segundo para ver o que está acontecendo. Pode desfechar um golpe em seus inimigos a distâncias imensas. Então, ele voa ou não?
– Sabe, Dom Juan, você e eu estamos orientados de maneira diferente. Suponhamos, para argumentar, que um de meus colegas tivesse estado aqui comigo quando tomei a erva-do-diabo. Ele teria podido ver-me voando?
– Lá vem você outra vez com suas perguntas de que aconteceria se… Não adianta falar assim. Se seu amigo, ou qualquer outra pessoa, tomar a segunda porção da erva, só vai poder voar. Agora, se só estivesse olhando para você, poderia ter visto você voando, ou não. Depende da pessoa,diabo. “Ele teria podido ver-me voando?”
– Mas o que quero dizer, Dom Juan, é que, se você e eu olharmos para um pássaro e o virmos voando, concordamos que está voando. Mas se dois de meus amigos me tivessem visto voando como voei ontem, concordariam em que eu estava voando?
– Bom, podiam ter concordado. Você concorda que os pássaros voam porque já os viu voando. Voar é coisa comum, com os pássaros. Mas não vai concordar com outras coisas que os pássaros fazem, pois nunca viu pássaros fazendo tais coisas. Se seus amigos soubessem a respeito dos homens voarem com a erva-do-diabo, então eles haviam de concordar.
– Vamos dizer a coisa em outras palavras, Dom Juan. O que quero dizer é que, se estivesse amarrado a uma pedra, com uma corrente pesada, ainda assim eu teria voado, pois meu corpo nada tinha a ver com meu vôo.
Dom Juan olhou para mim, incrédulo.
– Se você se amarrar a uma pedra – disse ele – acho que terá de voar segurando a pedra com sua corrente pesada.”
A receita usada por Castañeda tem como base a planta datura, um gênero botânico pertencente à família Solanaceae. É constituído por cerca de catorze espécies de plantas anuais ou perenes de vida curta. Sua taxonomia é complexa e difícil, sendo constante e erroneamente chamadas de “Lírio” devido à sua grande semelhança nas flores com as plantas do gênero Lilium, pois, para leigos, é difícil a distinção. É comum dividir-se o gênero em 4 seções: Brugmansia, Stramonium, Dutra e Ceratocaulis. Muitas discussões tem havido sobre esse e outros critérios. Hoje, os especialistas estão de acordo em que se deve separar ao menos Brugmansia, pelo que em novos sistemas de classificação se tornou em um gênero distinto, restando oito espécies para o gênero Datura. A maneira de preparar o ungüento é a seguinte:
– Já lhe ensinei como distinguir o macho da fêmea disse Dom Juan. – Agora vá até às suas plantas e me traga ambos. Vá primeiro para a sua planta antiga e olhe atentamente para o caminho feito pela chuva. A essa altura, ela já deve ter levado as sementes para longe. Olhe para as gretas (zanjitas) feitas pela enxurrada e daí verifique a direção da água. Depois veja a planta que cresce mais afastada da sua. Todas as plantas da erva-do-diabo que crescem no meio são suas. Mais tarde, quando sementearem, poderá ampliar o tamanho de seu território seguindo o curso da água de cada planta no caminho.
Deu-me instruções meticulosas sobre como conseguir um instrumento cortante. O corte da raiz, disse ele, tinha de ser feito da maneira seguinte: primeiro, eu tinha de escolher a planta que ia cortar e limpar toda a terra em volta do lugar onde a raiz se unia ao caule.
Depois, tinha de executar exatamente a mesma dança que tinha dançado quando replantei a raiz. Em terceiro lugar, tinha de cortar fora a haste e deixar a raiz na terra. O último passo era cavar 40 centímetros de raiz. Aconselhou-me que não falasse nem demonstrasse sentimento algum durante esses atos.
– Você deve levar dois pedaços de pano – disse ele. – Estenda-os no chão e coloque as plantas neles. Depois, corte-as em pedaços e empilhe-as. A ordem depende de você; mas deve lembrar-se sempre da ordem que seguiu, pois é assim que você deve sempre fazê-lo. Traga-me as plantas assim que as tiver.
Na segunda-feira, 1° de julho, cortei as plantas de Datura que Dom Juan tinha pedido.
Esperei até estar bem escuro para dançar em volta das plantas, pois não queria que me vissem. Eu estava bem apreensivo. Estava certo de que alguém ia presenciar meus atos estranhos. Já tinha escolhido as plantas que eu achava que eram masculina e feminina. Tive de cortar 40 centímetros da raiz de cada uma, e cavar tudo isso com um pedaço de pau não foi brincadeira. Levei horas. Tive de acabar o trabalho numa escuridão total, e quando estava pronto para cortá-las precisei usar uma lanterna. Meu medo original de que alguém pudesse ver-me era irrisório comparado com o medo de que alguém pudesse reparar na luz nos arbustos. Levei as plantas para a casa de Dom Juan na terça-feira, 2 de julho. Abriu os embrulhos e examinou os pedaços. Disse que ainda teria de me dar as sementes de suas plantas. Empurrou um almofariz para minha frente. Pegou um pote de vidro e esvaziou seu conteúdo – sementes secas aglomeradas – no almofariz.
Perguntei-lhe o que eram, e ele disse que eram sementes comidas pelos gorgulhos. Havia muitos bichinhos entre as sementes – gorgulhos pretos. Falou que eram bichos especiais, e que tínhamos de tirá-los e pô-los num pote separado. Entregou-me outro pote, cheio até um terço do mesmo tipo de gorgulhos. Um pedaço e papel estava metido no pote para não deixar os gorgulhos escaparem.
– Da próxima vez você terá de usar os bichinhos de suas plantas – disse Dom Juan. – O que tem de fazer é cortar as sementes que tenham buraquinhos; elas estão cheias de bichos.
Abra as sementes e raspe tudo e ponha num pote. Junte um punhado de bichos e ponha-os noutra vasilha. Trate-os com brutalidade. Não seja delicado com eles. Meça um punhado das sementes aglomeradas que os bichos comeram e um punhado do pó de bichos e enterre o resto em qualquer lugar naquela direção (nesta altura, apontou para sudeste) de sua planta. Depois, colha sementes boas e secas e guarde-as separadamente. Pode colher quantas quiser. Sempre poderá usá-las. É uma boa idéia tirar as sementes das favas lá, para poder enterrar tudo de uma vez.
Dom Juan me disse para moer primeiro as sementes aglomeradas, depois os ovos de gorgulhos; em seguida os bichos e, por fim, as sementes boas e secas:
Depois de estar tudo triturado num pó fino, Dom Juan pegou os pedaços de Datura que eu tinha cortado e empilhado. Separou a raiz masculina e embrulhou-a com cuidado num pedaço de pano. Entregou-me o resto e disse que eu cortasse tudo em pedacinhos, amassasse- os bem e depois pusesse todo o suco num pote. Disse que eu tinha de amassá-los na mesma ordem em que os tinha arrumado.
Quando acabei, ele me disse que pegasse uma xícara de água fervendo e a misturasse com tudo na panela, e depois juntasse mais duas xícaras. Entregou-me um pedaço de osso bem liso. Misturei a papa com aquilo e levei a panela ao fogo. Depois, ele disse que tínhamos de preparar a raiz, e que para isso tínhamos de usar o pilão maior, pois a raiz masculina não podia ser cortada de todo. Fomos para os fundos da casa. Ele estava com o pilão pronto, e eu amassei a raiz como já tinha feito antes. Deixamos a raiz de molho na água, exposta ao sereno, e fomos para dentro.
Disse-me que vigiasse a mistura na panela. Eu devia deixar que ela fervesse até ficar encorpada – até ficar dura de se mexer. Depois, deitou-se em sua esteira e foi dormir. A papa já estava fervendo havia pelo menos uma hora quando reparei que estava ficando cada vez mais dura de mexer. Achei que devia estar pronta e tirei-a do fogo. Coloquei-a na sacola de linha dependurada do teto e fui dormir.
Acordei quando Dom Juan se levantou. O sol estava brilhando num céu azul. Era um dia quente e seco. Dom Juan tornou a comentar que tinha certeza de que a erva-do-diabo gostava de mim.
Fomos tratar da raiz, e no fim do dia tínhamos um bocado de substância amarelada no fundo da tigela. Dom Juan despejou a água de cima. Achei que teso devia ser o fim do processo, mas ele tornou a encher a tigela com água fervendo.
Pegou a panela com a papa que estava dependurada no telhado. A papa parecia estar quase seca. Levou a panela para dentro de casa, colocou-a no chão com cuidado e sentou-se.
Neste momento, começou a falar.
– Meu benfeitor me disse que era permitido misturar a planta com banha. E é isso que você vai fazer. Meu benfeitor misturou-a com banha para mim, mas, como já disse, eu nunca fui muito amigo da planta e nunca tentei realmente me tornar um só com ela. Meu benfeitor me disse que, para obter melhores resultados, para aqueles que realmente desejam o poder, o certo é misturar a planta com a banha de um porco-do-mato. A gordura dos intestinos é a melhor. Mas você é quem escolhe. Talvez o destino resolva que você tome a erva-do-diabo como aliada, e nesse caso eu lhe aconselho, como meu benfeitor me aconselhou, a caçar um javali e tirar-lhe a gordura dos intestinos (sebo de tripa). Em outras épocas, quando a erva-do-diabo era a tal, os brujos iam em caçadas especiais para conseguir banha dos javalis. Procuravam os machos maiores e mais fortes; deles tiravam um poder especial, tão especial que era difícil acreditar, mesmo naquela época. Mas aquele poder está perdido. Não sei nada a respeito. Nem conheço alguém que saiba. Talvez a própria erva lhe ensine tudo isso.
Dom Juan mediu um punhado de banha, colocou-a na tigela com a papa seca e raspou a banha que ficou em sua mão na beirada da tigela. Disse-me que misturasse o conteúdo até estar tudo liso e bem misturado.
Bati a mistura durante quase três horas. Dom Juan de quando olhava e achava que ainda não estava boa. Por fim pareceu estar satisfeito. O ar batido para dentro da pasta lhe dera uma coloração cinza-clara e a consistência de gelatina. Ele pendurou a tigela do teto, junto da outra tigela. Disse que ia deixa-la ali até o dia seguinte, porque seriam necessários dois dias para preparar essa segunda porção. Disse que, enquanto isso, eu não comesse nada. Podia beber água, mas não sorver nenhum alimento.
No dia seguinte, quinta-feira, 4 de julho, Dom Juan mandou que eu lixiviasse a raiz quatro vezes. Da última vez que d a água da tigela, ela já estava escura. Ficamos sentados na varanda. Ele colocou as duas tigelas em frente dele. O extrato da raiz deu uma colher de chá de uma goma esbranquiçada. Colocou-a numa xícara e juntou água. Girou a xícara na mão para dissolver a substância e depois ma entregou. Disse que eu bebesse tudo o que estava na xícara. Bebi depressa e depois pus a xícara no chão e me recostei. Meu coração começou a disparar; parecia que eu não conseguia respirar. Dom Juan mandou, com naturalidade, que eu despisse todas as minhas roupas. Perguntei-lhe por que e ele disse ia de me esfregar com a pasta. Hesitei. Não sabia se me ou não. Dom Juan insistiu, dizendo que eu me apressasse. Disse que havia muito pouco tempo para estar desperdiçando-o. Tirei toda a roupa.
Pegou seu pedaço de osso e cortou duas linhas horizontais na superfície da pasta, desse modo dividindo o conteúdo da tigela em três partes iguais. Depois, começando do centro da linha superior, cortou uma linha vertical, perpendicular às outras duas, dividindo a pasta em cinco partes. Apontou para a parte direita inferior, e disse que aquela era para meu pé esquerdo. A parte acima dela era para minha perna esquerda. A parte superior, a maior, era para meus órgãos genitais. A seguinte, abaixo, à esquerda, .era para minha perna direita e a de baixo à esquerda era para o pé direito. Disse-me que aplicasse a parte da pasta designada para meu pé esquerdo à sola de meu pé e a esfregasse bem. Depois ensinou-me a aplicar a pasta à parte interna de toda a minha perna esquerda, em meus órgãos genitais, no lado de dentro de minha perna direita e por fim na sola de meu pé direito.
Segui as instruções dele. A pasta estava fria e tinha um cheiro especialmente forte. Quando acabei de aplicá-la, endireitei o corpo. O cheiro da mistura penetrou em minhas narinas. Parecia-me sufocante. O odor ativo estava mesmo me sufocando. Parecia um tipo de gás. Tentei respirar pela boca e falar com Dom Juan, mas não consegui. Dom Juan estava olhando para mim, fixamente. Dei um passo em direção a ele.
Minhas pernas pareciam elásticas e compridas, extraordinariamente compridas. Dei outro passo. As juntas de meus joelhos pareciam flexíveis, como uma vara de salto; tremiam e vibravam e se contraíam como elástico. Fiz um movimento para a frente. O movimento de meu corpo era lento e trêmulo; era mais como um tremor que se adiantava e subia. Olhei para baixo e vi Dom Juan sentado abaixo de mim, muito abaixo de mim. O impulso me levou mais um passo à frente, que foi ainda mais elástico e longo do que o anterior. E dali eu me elevei no ar. Lembro-me de que desci uma vez; então, dei um impulso com os dois pés, dei um salto para trás e planei de costas.
Receita 3: Poções Neo-Pagãs
As receitas abaixo são usadas por pagãos contemporâneos, e tem a facilidade de serem feitas com essências que podem ser compradas pela internet ou em lojas próprias para isso, são bem mais simples de serem feitas em casa.
O que você vai precisar de:
4 xícaras base:
Cera de abelha, manteiga de cacau ou lanolina
5 conta-gotas cheios de Essências Florais:
Eschscholzia californica, Camomila, Lotus e Rosa
Um punhado ou mais das seguintes ervas:
Ditânia de Creta (Origanum dictamnus), Cannabis Sativa, Lúpulo (opcional), Lavanda, Linden (Tilia tomentosa), solidéu e Alface Selvagem
15 a 20 gotas de óleos essenciais:
Sálvia esclaréia, Jasmim, artemísia, Sândalo
Uma pitada de ópio bruto (opcional)
5-7 gotas de tintura de Benjoim (um conservante)
Em um pote não metálico, derreta lentamente a base em fogo baixo. Misture então com a base as ervas e cozinhe com cuidado em fogo muito baixo, mexendo sem parar por 30 minutos. Retire as ervas. Pegue a base e coloque em um pote, sem fogo, acrescentando as essências de flores e óleos essenciais e a tintura de benjoim, mexendo sem parar. Coloque em jarros térmicos e deixe esfriar. Para armazenar guarde em um jarro hermeticamente fechado dentro do refrigerador ou em outro local escuro e fresco.
Ao se preparar para usar, evite o consumo de cafeína e não trate o óleo com carinho, esfregue com vontade na parte interior dos pulsos. Espere uma hora e meia e aplique na garganta e têmporas. EVITE aplicar em mucosas – ou seja qualquer parte lisa e úmida do corpo. Caso note alguma reação alérgica após aplicação nos pulsos evite usar no resto do corpo.
Esta outra receita é mais leve e sutil, é indicada para ser usada antes de se dormir para vôos e sonhos lúcidos.
1/4 de xícara de banha
1/2 colher de chá de óleo de cravo
1 colher de chá de fuligem de chaminé
1/4 de colher de chá de cinco-folhas secas
1/4 de colher de chá de artemísia seca
1/4 de colher de chá de flor do cardo seca
1/4 de colher de chá de verbena seca
Usando um almofariz e pilão, amasse as ervas secas até que se tornem um pó. Em um pequeno caldeirão ou panela, aqueça a banha em fogo baixo até que esteja derretida completamente. Adicione as ervas, o óleo de cravo e fuligem da chaminé na base de banha e misture bem. Adicione o benjoim como conservante natural, misture sentido horário e então cozinhe por 10-15 minutos.
Coe tudo usando uma gaze ou um pano de pratos limpo em um pequeno recipiente resistente ao calor e, em seguida, deixe-a arrefecer. Armazene a mistura em sua geladeira ou em um lugar fresco e escuro, até que
você deseje usá-la.
Em uma noite de lua cheia unte suas têmporas, pulsos e terceiro olho com uma pequena quantidade do ungüento de vôo e espere, ou durma.
Notas:
[1] O acônito (Aconitum napellus) é uma planta venenosa, pertencente à família Ranunculaceae muito utilizada em “medicamentos” homeopáticos. Possui raízes tuberosas e caule ereto, com flores azuis na forma de um elmo. O fruto é uma vesícula. Os sintomas do envenenamento por sua causa são salivação excessiva, falta de ar, tremores e aceleração dos batimentos cardíacos. Apenas 10 gramas de raíz constituem uma dose letal para o ser humano.
É uma planta vivaz que pode atingir até 1,5 metros de altura, tem folhas verde-escuras, palmeadas e recortadas, flores azuis, raramente brancas, e raiz fusiforme. Dá-se bem nas regiões montanhosas, é medicinal e costuma cultivar-se também em jardins, como planta ornamental.
Todas as suas variedades são venenosas quando a semente já está madura. O Aconitum napellus, comum em terrenos úmidos, cultiva-se muito em jardins. Todas as partes da planta são muito venenosas em virtude de possuírem alcalóides distintos.
Outras espécies de acônito existentes em Espanha e Portugal são a erva toira (A. anthora), ou acônito da saúde, e o matalobos (A. lycoctonum), de flor amarela.
[2] Espécie pertencenta ao gênero Conium L. que por sua vez pertence à família Apiaceae. O veneno cicuta é obtido a partir de uma espécie deste género, o Conium maculatum. A Cicutina é um alcalóide muito venenoso extraído da cicuta e que tem a aparência de um óleo amarelado.
Também conhecido como:
O bálsamo da Meca das solteironas.
Usado para:
Deprimido, taciturno. Tristeza.
Esgotamento mental. Dificuldades de entendimento, quer na
conversação quer na leitura.
A sua tristeza aparece periodicamente. De quinze em quinze dias.
Depressão por privação sexual.
Memória fraca.
Dificuldade de concentração. Dificuldade de desenvolver trabalhos
intelectuais.
Indiferença.
Indolente. Astenia. Não é capaz de fazer um qualquer esforço.
Não gosta das pessoas, mas não quer estar só.
Não gosta que o contradigam.
Sente os músculos fracos e tem tremores.
Vertigem quando deitado.
Lacrimeja bastante.
Fotofobia em excesso.
Estrangulamento da faringe e do esófago.
Desejo de sal.
Aversão ao leite.
Arrotos ácidos.
Abdómen duro com sensibilidade ao toque.
Prisão de ventre a cada dois dias.
Sente-se fraco e tem tremores depois de evacuar.
Tosse seca.
Tem dificuldade em esvaziar a bexiga. Jacto de urina intermitente.
Impotência com desejo.
Ejaculação precoce.
Regras atrasadas, curtas, pouco abundantes.
Seios flácidos com pontos duros, sensíveis ao toque.
Sua muito quando dorme e quando fecha os olhos.
[3] Acorales é uma ordem de monocotiledôneas que contém uma única família, Acoraceae, e um único género Acorus L.. Esta família tem sido reconhecida por muito poucos taxonomistas. A classificação segundo o Sistema de Cronquist coloca o género Acorus na família Araceae, ordem Arales, subclasse Arecidae, classe Liliopsida.
Na classificação taxonômica de Jussieu (1789), Acorus é um gênero botânico, ordem Aroideae, classe Monocotyledones com estames hipogínicos.
As plantas deste gênero são nativas da América do Norte e Ásia, introduzidas na Europa durante a Idade Antiga. São conhecidas variedades diplóides e tetraplóides, assim como triplóides de origem híbrida, que por serem inférteis, se reproduzem rizomaticamente. Da espécie Acorus calamus, conhecida no Brasil como cálamo-aromático ou cana-cheirosa, pode ser extraído por destilação um óleo essencial utilizado em perfumaria e em medicina.
[4] Potentilla L. é um gênero de cerca de 500 espécies de ervas anuais, bianuais e perenes da família Rosaceae, nativa na maior parte do Hemisfério norte. Conhecida popularmente como potentilha, cinco-em-rama, tormentila, e morango estéril. Muitas espécies têm as folhas divididas em cinco folhinhas distribuídas como os dedos de uma mão, vem daí o nome popular “cinco-em-rama”, embora algumas espécies, como por exemplo a Potentilla sterilis tenham apenas três, e outras, como a Potentilla anserina 15 ou mais folinhas como se fosse uma pena. As folhas de algumas potentilhas servem de alimento para as larvas de algumas Lepidoptera, incluindo as mariposas.
Potentilla está também relacionado ao gênero Geum e Dryas, e também aos morangos no gênero Fragaria; Potentilla difere dos morangos por ter os frutos secos e não comestível (de onde vem o nome “morango estéril” para algumas espécies). Pensa-se que a espécie Potentilla arguta tenha características protocarnívoras, ou seja, é uma planta que captura e mata insetos ou pequenos animais, mas à qual falta a capacidade de os digerir diretamente ou então de absorver os seus nutrientes da mesma forma que uma planta carnívora.
Algumas espécies são cultivadas como plantas de jardim.
[5] Da família das solanaceae, é também conhecida pelas designações comuns de Dulcamara, Doce-amarga, Vinha-da-Índia e Vinha-da-Judeia. Distribui-se pela maior parte Europa e Ásia, (donde é considerada originária) e noutras paragens, incluindo a América do Norte, como planta naturalizada. Encontra-se em terrenos húmidos e, especialmente, em pequenas ínsuas no interior e ao longo de pequenos cursos de água.
É usada em fitoterapia para tratamento de eczemas, furúnculos, verrugas e acne. Note-se, no entanto, que a Uva-de-cão é tóxica, dada a presença de alcalóides, sobretudo nas suas bagas, cuja ingestão pode, quando em grande quantidade, levar à morte.
Rev. Obito
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