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Lúcifer, o “Anjo” Luz que se fez Deus e que a “grata sorte” expulsou dos altares, é muito mais do que uma lenda cristã sobre anjos vaidosos e invejosos que queriam se tornar deuses. Sua Divindade surgiu em centenas de culturas muito antes do judaísmo ortodoxo, do cristianismo (cristismo) e do islamismo iniciarem suas destrutivas doutrinas castradoras e misóginas. Culturas e religiões de massa que perpetuaram séculos de ignorância e de trevas, fomentando diferenças e alimentando guerras e destruição até nossos dias.
Não nos importa muito se há uma crença em sua existência imaterial e antropomórfica ou se a crença e o culto se destinam aos arquétipos fundamentais que Lúcifer representa, ou ainda, se alguma outra vertente filosófica, assim como a nossa, atribui a Ele outras origens ou “definições”.
Notamos que há uma série de características comuns entre as correntes assumidamente Luciferianas, desde o gnosticismo da Luz praticado por alguns adeptos do LHoodoo, até o extremismo religioso defendido por alguns expoentes visionários.
Obviamente os poucos esclarecimentos que prestaremos no opúsculo abaixo parecerão contraditórios aos olhos dos filhos de um logos morto.
As pessoas que nos condenam sem nos conhecer, os indivíduos que nos criticam imersos em lagos turvos de ignorância e os escravos que sempre servirão, esses em suas obtusidades e fraquezas nos estranharão ainda mais, pois verão que não somos a inverdade que suas crenças pregaram durante milênios.
Pela Serpente, pelo Dragão, por Nossa Typhon, por Nossa Kali, por Nossa Luz e por nossas Trevas…
O que é ser Luciferiano? Quais são nossas principais características?
Em primazia, ser Luciferiano é ser Você mesmo.
É você ser aquilo que é por Essência, desde que você a conheça e que tenha atitude verdadeira e positiva para lapidá-la continuamente. É Lapidar você mesmo.
É buscar pelo conhecimento verdadeiro de sua própria Essência, pois a mesma está comumente adormecida e fragmentada no indivíduo comum e é preciso conhecimento e ação para reunir seus elementos espalhados e concentra-los num único ponto de contração e densidade máximas.
É procurar entender o mistério da Verdadeira Vontade para buscar sua realização plena ao invés de viver (sobreviver) imerso numa ilusão flutuante de pecado e compensação, de alternações entre alegria e dor. É Saber o que verdadeiramente quer ao invés de ser arrastado por modismos, opiniões alheias e imposições implícitas dos veículos alienadores de comunicação.
É Amar ao Máximo o Ser Humano (ou Sobre-Humano) mais próximo de você, ou seja, Você Mesmo. É nutrir uma auto-estima sóbria, sem narcisismos inúteis e que competem contra a sua própria evolução.
É saber ser Individualista e respeitar a individualidade dos outros, mas jamais a ponto de se tornar um câncer nos círculos que freqüenta, mesmo que aperiodicamente. É entender que cada ser humano é suficiente para si e lutar pela própria independência nos vários níveis de sua própria existência e constituição.
É buscar a realização daqueles a quem você verdadeiramente ama para que eles possam te compreender e te complementar como pares de opostos o fazem.
É saber Amar sem baixa paixão e saber se “apaixonar” sem amor, ou seja, é amar sem exigir nada em troca e sem se deixar levar pelas variações excessivas de sentimento, emoção ou paixão, mas é também saber se entregar quando verdadeiramente quiser. É saber gozar dos prazeres sem envolvimentos frívolos e emocionais quando isso está de acordo com a verdadeira vontade. É fazer cada ato de amor um ato mágicko.
É buscar se tornar absolutamente livre das contaminações de massa. É entender o propósito de tudo aquilo que é administrado aos rebanhos e entender o que a cultura e a religião de massa realmente significam para poder se afastar de ambas.
É você buscar se auto-realizar ao máximo, nutrindo um orgulho sadio ao invés de um comportamento excessivamente altivo e petulante. É você verdadeiramente agir para se realizar ao invés de ver o tempo passar pelos vãos de seus dedos como a areia de uma velha ampulheta que se quebrou.
É buscar por intensificar, em extensão e profundidade, seus conhecimentos, sua sabedoria e sua experiência. Não basta saber das superficialidades. É preciso saber relacionar causas aos seus efeitos. É preciso desenvolver sentidos superiores, sabedoria sóbria e experiência progressiva nos mistérios da Vida e da Iniciação.
É saber escutar críticas e procurar entende-las de maneira produtiva ao invés de fomentar adversidades inúteis e banais que satisfazem seu ego de vidro.
É entender a importância da arte e da cultura e buscar conhecer e vivenciar as experiências que as mesmas fornecem.
É buscar o fortalecimento do intelecto ao invés de se contentar com a frivolidade do conhecimento oferecido pelas instituições regulares de ensino. É procurar conhecer o que outras mentes pensaram, como pensaram, porque pensaram e como influenciaram o mundo com suas idéias.
É saber controlar seus sentimentos e emoções de maneira sadia (transformar/transmutar energias) sem se prejudicar em nenhum nível de sua constituição. É não agir movido por impulsos selvagens e primitivos. É entender que na transmutação dos elementos pode-se obter ouro ou chumbo (algumas vezes, literalmente).
É saber entender os movimentos dos astros e suas influências. Não somente na astrologia, na astronomia, na astrofania e na astrosofia, mas entender que cada ser Humano é um Astro que possui um trajeto que lhe é particular, que sua proximidade com outros astros gera relações em vários níveis, que um astro pode atrair ou repelir o outro, pode até mesmo consumi-lo. É se esforçar para entender como se dão essas relações no alto e no baixo.
É saber amar a tempestade e a calmaria com a mesma paixão de um animal que caminha sobre quatro patas. É respirar o ar puro dos prados e se alimentar do prana. É não maldizer a natureza. É entendê-la e procurar mantê-la.
É você buscar entender e vivenciar sua irracionalidade e os processos com ela envolvidos (ressurgimento atávico/primitivismo). É saber que somos animais e que, submersos no calabouço destrancado de nossa psique, repousam demônios famintos e sedentos. É saber lidar com eles e traze-los à Luz. É caminhar pela rede caótica de túneis de nossa inconsciência e fazer ressurgir aquilo que adormece sob oceanos agitados dormindo sem sonhos.
É não ser conveniente com o comportamento de rebanho e saber agir e pensar por si próprio. Um Luciferiano não está sob a ação de nenhuma inteligência superior que não seja a dele. Um Luciferiano não sobrevive como uma ovelha na engorda esperando pela tosquia ou pelo abate. Um Luciferiano procura identificar, combater e se afastar dos matadouros espirituais.
É não acreditar em estórias de pregadores ou em milagres. A maioria dos pregadores tenta transmitir a própria interpretação dos mistérios, pretendem reunir cordeiros para seus rebanhos, cifras para seus cofres… Milagres anunciados são sinônimos de falácias.
É você buscar o entendimento do universo que o cerca e o entendimento de sua própria individualidade universal e suas inter-relações. Você como Microcosmo, como pequeno universo deveria procurar entender seus próprios mecanismos de funcionamento e quais são suas principais relações com o Grande Universo (Macrocosmo) e suas relações.
É você não se deixar levar pelos outros, pelas idéias de outros, por aquilo que os outros fazem. É não esquecer de quem você é e daquilo que você acredita para seguir colegas ou amigos. É manter seus pontos de vista e suas decisões sem se preocupar com que os outros dizem ou pensam ao seu respeito.
É procurar entender seus instintos primordiais e satisfaze-los de forma consciente, buscando prazer responsável e sadio ao invés de se envolver compulsiva e freneticamente com toda e qualquer espécie de oportunidade lasciva ou concupiscente. É saber se controlar quando é preciso e saber deixar a própria instintividade aflorar quando necessário. É gozar em plenitude da maneira que melhor lhe aprouver sem desperdícios nefastos, não importando a fonte ou particularidade de seus prazeres.
É ter responsabilidade social ao invés de ser compassivo. A compaixão, ao contrário do que dizem, é um vício. Confundiram-na com a virtude para corromper a integridade do forte e para dar mais argumentos para a mendigagem dos fracos e para a exploração das massas. É uma “contra-virtude” contra a superioridade e a divindade comuns aos seres humanos que buscam ascender. Não se deve confundir a ausência de compaixão com a tirania ou com o egoísmo exacerbado que conduzem também ao obscurecimento. É mais produtivo ajudar as pessoas aprenderem a alcançar seus objetivos ao invés de lhes dar esmolas – mais produtivo e digno.
É buscar pelo entendimento das relações humanas tais quais elas são e procurar a melhor maneira de enfrentá-las de maneira positiva e que sempre lhe sejam proveitosas. As relações humanas podem ser áridas e o conhecimento de nós mesmos nos ajuda a entendê-las.
É não aceitar dogmas impostos tácita ou explicitamente. As verdades fundamentais e “imutáveis” pregadas por pastores de rebanho podem simplesmente não existir. Há pastores cegos e cegos sendo guiados por cegos. Dogmatismos são contrários à evolução humana, pois implicam etimologicamente em não discussão e em ausência de questionamento.
É questionar sempre, refletir e raciocinar sobre o objeto em questão ao invés de aceitar teorias e explicações, mesmo que essas lhes sejam transmitidas por pessoas de extrema confiança como seus pais. Boas intenções não bastam para calar o questionamento, a reflexão, o raciocínio e a inteligência superior particulares do Luciferiano.
É não desperdiçar energia com processos involutivos. É deixar de lado a verborragia acerca de pessoas e de atitudes alheias que não lhe dizem respeito. É não ajudar em causas que não lhe trarão evolução ou proveito. É saber se colocar como indivíduo pensante frente às imposições de familiares, amigos, sociedade, etc.
É buscar o entendimento universal da transformação de energias. É saber que toda forma de energia pode ser transformada em outra através do método adequado e da técnica apropriada. É saber reconhecer a energia potencial e visualizar como utiliza-la em seus processos interiores e exteriores. É saber que cada ação gera uma reação que lhe é proporcional e proporcional à energia empregada. É saber o ponto onde utilizar sua alavanca para mover o universo.
É fazer florescer sua sabedoria divina como Ser Criador de seu próprio Universo ao invés de se submeter às correntes ignorantes e massificadas da cultura e da religião das marionetes.
É não ser inocente e ser amoral (não imoral). A inocência nos priva da vida e de seus prazeres e nos torna presas fáceis, sejamos então predadores e não inocentes. É não estar preso a nenhum código de conduta moral para ser aceito na sociedade, é novamente ser você mesmo, livre, único e sempre em transformação e evolução constante.
É não se deixar levar por correntes incoerentes de pensamento. Muitos “macacos-papagaios” procuram alastrar cadeias viciosas de pensamentos incongruentes e vis que só visam reunir outros símios acéfalos em suas congregações de idiotice para o próprio sustento de seus egos ou de suas contas bancárias.
É se esforçar para conhecer as Ciências e as Artes da existência como um fenômeno completo, complexo e fabuloso em suas várias acepções. É saber apreciar os pilares fundamentais da Arte e buscar pela experiência que ela pode causar internamente.
É saber discernir o que é verdadeiramente certo e errado para si próprio, saber entender quais são os efeitos de suas ações em si, para si, ao seu redor e nos que lhe são caros e saber agir da maneira menos prejudicial possível.
É não condenar aquilo que desconhece (a pior crítica é aquela que surge da ignorância).
É combater a ignorância, a preguiça viciosa, a inércia da não transmutação, a falta de ousadia…
É se afastar daquilo que te prejudica de maneira consciente e saber quando e como se aproximar sempre que necessário.
É procurar não insistir no mesmo erro, buscando sempre no erro a base para os próximos acertos. Novamente, saber relacionar adequadamente as causas aos seus efeitos e saber que nenhuma causa pode ser impedida de seu efeito.
É buscar o entendimento balanceado entre Magia, Ciência, Filosofia e Religião em suas acepções superiores.
É buscar um entendimento sobre sua própria Sombra, procurando pelas respostas que jazem ocultas no lado obscuro de seus planos interiores. É buscar os demônios que aguardam no limiar de sua consciência pelo momento certo para despertarem. É se conhecer por inteiro em sua androgonia oculta.
É não nutrir preconceitos, não importando quais eles sejam. Discriminar outros seres humanos por serem diferentes de você não o tornará uma pessoa melhor, pelo contrário, conceitos prévios baseados em resquícios culturais moralistas e hipócritas revelam somente o embrutecimento. Lembre-se de seus pesadelos, sonhos e desejos inconfessáveis antes de julgar e condenar.
É saber ouvir no mínimo duas vezes mais do que falar e saber ouvir e saber falar. A palavra é também ação, falar excessivamente é desperdiçar energia. É ser claro e assertivo ao falar. É saber falar para dizer ou para revelar.
É não procurar agradar a maioria e também não procurar desagrada-la. É simplesmente respeitar e ser respeitado por aquilo que é e por seu caráter superior, sem altivez exacerbada ou narcisismos inúteis e ridículos.
É procurar a maturidade emocional superior, mas sem impedir os processos naturais que o levam a isso. É enfrentar suas crises e seus momentos ruins e tentar entender como se desencadearam, é saber sentir as dores necessárias e evitar as desnecessárias.
É jamais se desviar de problemas ou dificuldades, jamais buscar atalhos para tarefas que precisa realmente realizar.
É vencer as próprias batalhas e saber respeitar o que deve ser respeitado.
É cultivar um caráter superior ao invés de procurar a promoção e o prestígio das pessoas que estão ao redor.
É não falar demasiadamente, principalmente sobre pessoas. Indivíduos inteligentes trocam idéias, criticam, questionam, interagem produtivamente. Até para jogar conversa fora é preciso ter limites.
É saber gozar de todos os prazeres da carne, do espírito, do intelecto, da arte, da ciência, da natureza, da magia ou outros da maneira que julgar melhor e saber fazer o julgamento próprio sobre aquilo que é o melhor para si e para aqueles que você ama.
É encontrar, através de sua própria sabedoria, qual é o melhor caminho que deve ser seguido e demonstrar praticamente que você possui longas e poderosas asas e sabe como utiliza-las.
É você buscar saber o que há de errado no mundo e saber fazer suas próprias escolhas.
É enxergar além daquilo que os olhos enxergam na Luz e nas Trevas e por elas caminhar e voar tranqüilamente.
É saber como caminhar e como se preservar em todos os territórios, tanto aqueles que estão em paz quanto aqueles que estão em guerra.
Pharzhuph, Frater Nigrum Azoth, Lucifer Luciferax II
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