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Freud afirmou que na era moderna o orgulho do ser humano recebeu três golpes fulminantes. O primeiro foi desferido por Copérnico, ao provar que a Terra não estava no centro do universo, o segundo golpe foi desferido por Darwin que com o seu “A Evolução das Espécies” mostrou que ao invés de sermos os seres especiais criados por Deus que sempre acreditamos ser, não passávamos de primatas evoluídos. O terceiro golpe foi desferido pelo próprio Freud ao mostrar através da psicanálise que a nossa consciência é a menor e mais fraca parte de nossa vida psíquica.
No Cinco Ensaios Sobre a psicanálise ele escreve:
“A Psicanálise propõe mostrar que o Eu não somente não é senhor na sua própria casa, mas também está reduzido a contentar-se com informações raras e fragmentadas daquilo que se passa fora da consciência, no restante da vida psíquica… A divisão do psíquico num psíquico consciente e num psíquico inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise, sem a qual ela seria incapaz de compreender os processos patológicos, tão freqüentes quanto graves, da vida psíquica e fazê-los entrar no quadro da ciência… A psicanálise se recusa a considerar a consciência como constituindo a essência da vida psíquica, mas nela vê apenas uma qualidade desta, podendo coexistir com outras qualidades e até mesmo faltar.”
Através de seus estudos Freud desenvolveu o que chamou de análise da vida psíquica (Psicanálise), que tinha como objetivo o estudo do inconsciente. Foi então que identificou as três instâncias que formam a nossa vida psíquica: o Id, o Super Ego e o Ego; os dois primeiros inconscientes e o terceiro consciente.
O id é formado por instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes, ou seja, pelo que Freud designa como pulsões. Estas são regidas pelo princípio do prazer, que exige satisfação imediata. O id é a energia dos instintos e dos desejos em busca da realização desse princípio do prazer. É a libido.
Em alemão Freud utilizou o termo “Es” que é o pronome neutro, que ganha maior sentido quando se sabe que em alemão uma criança (das Kind) é tratada como Es. Assim o Es (o nosso ‘Id’) ganha uma conotação especial, sendo a maneira como tratam, e foram tratadas, as crianças pequenas; onde teoricamente o “id” seria a fonte de todos o atos.
O superego, também inconsciente, é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id, impedindo-o de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É a repressão, particularmente a sexual. Manifesta-se à consciência indiretamente, sob a forma da moral, como um conjunto de interdições e de deveres, e por meio da educação, pela produção da imagem do “eu ideal” isto é, da pessoa moral, boa o virtuosa. O superego ou censura desenvolve-se num período que Freud designa como período de latência, situado entre os 6 ou 7 anos e o início da puberdade ou adolescência. Nesse período, forma-se nossa personalidade moral e social, de maneira que, quando a sexualidade genital ressurgir, estará obrigada a seguir o caminho traçado pelo superego.
Aquilo que nos acostumamos a chamar o “Ego” era chamado por Freud pelo singelo nome de “Ich” o pronome ‘eu’ em alemão, sendo Ego o pronome ‘eu’ em latim. Assim quando se discutia sobre os mecanismos do Ego, os salões de Viena na realidade se referiam sempre aos mecanismos do Eu. Desse modo o jargão psicanalítico ficava ao alcance de uma platéia maior e levava a uma ligação direta, e pessoal, com a história de cada um. Bettelheim elogia a versão francesa, assim como a espanhola, por utilizar moi, ça (ou soi) e surmoir para a nossa tríplice grega Id, Ego e Super-Ego.
O ego ou o eu é a consciência, pequena parte da vida psíquica, submetida aos desejos do id e à repressão do superego. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer ao id sem transgredir as exigências do superego. O ego, diz Freud, é “um pobre coitado”, espremido entre três escravidões:
1- os desejos insaciáveis do id,
2- a severidade repressiva do superego
3- e os perigos do mundo exterior.
Por esse motivo, a forma fundamental da existência para o ego é a angústia. Se se submeter ao id, torna-se imoral e destrutivo; se se submeter ao superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; se não se submeter à realidade do mundo, será destruído por ele. Cabe ao ego encontrar caminhos para a angústia existencial. Estamos divididos entre o princípio do prazer (que não conhece limites) e o princípio da realidade (que nos impõe limites externos e internos).
Ao ego-eu, ou seja, à consciência, é dada uma função dupla: ao mesmo tempo recalcar o id, satisfazendo o superego, e satisfazer o id, limitando o poderio do superego. A vida consciente normal é o equilíbrio encontrado pela consciência para realizar sua dupla função.
O Ego Satânico
O Satanista, como qualquer pessoa, também é o resultado da constante batalha entre os dois aspectos inconscientes de sua psique. É um ser desequilibrado que vive em eterno combate contra si mesmo. O que o diferencia das outras pessoas é que ele não se conforma com essa situação, em que se torna um refém de si mesmo. Ele sente este desequilíbrio interno e procura acabar com ele. Isto não é dizer que apenas Satanistas buscam o equilíbrio de sua psique, mas o que o diferencia dos outros é o caminho que trilha em sua busca.
O Satanismo é a religião do Auto Amor, da Auto Deificação, do Auto respeito. É a religião do individualismo, do egoísmo, que é algo completamente diferente da egolatria, como veremos mais a diante. O Satanista busca o equilíbrio através da harmonia consigo mesmo/a. E essa busca começa com o reconhecimento do Ego Satânico e o seu despertar.
Diferente do que chamamos de Ego Social, ou Ego Condicionado, que é o subproduto de dois aspectos conflitantes da sua psique, o Ego Satânico é a soma do seu ser, é a expressão máxima do seu individualismo. Para descobri-lo você não tem que destruir seu Ego Social, mas transcendê-lo, trabalhar com ele para que evolua e se torne algo novo. Qualquer tentativa de destrui-lo, de descriá-lo ou de desmontá-lo é apenas uma agressão contra você mesmo, ele faz parte de você e assim como você, para poder evoluir deve crescer e mudar não ser oprimido, combatido ou negado.
O Ego Satânico pode ser sentido através da insatisfação que sentimos em relação à massificação que a sociedade promove, a insatisfação por não ser capaz de ter as rédeas de seu destino, a insatisfação que combate toda e qualquer forma de conformismo que possa existir nele. Dai muitas vezes associarmos nosso Ego Satânico com nossa revolta, nossa raiva que muitas vezes são mal direcionadas. Também podemos percebê-lo na necessidade que sentimos de nos realizar em todos os aspectos que desejarmos, sejam físicos, mentais, psicológicos, artísticos, mágicos, etc., a vontade de perseguir nossas ambições, alcançarmos metas que nós mesmos estabelecemos para então superá-las, sem ter que prestar contas a ninguém.
Chega então o momento de nos perguntarmos se realmente nos conhecemos, se nossos valores são realmente nossos, onde nós terminamos e onde começa essa realidade cheia de cabrestos e obrigações. Desde pequenos sofremos influências externas, recebemos valores do que é aceito ou não, dentro de casa, na escola, em lugares públicos, dentro da sociedade e grupos que fazemos parte. É a hora de nos questionarmos se nosso Ego, se nosso Eu, realmente é nosso ou é um reflexo do grupo social em que vivemos, se nossa vontade é de fato nossa ou é dirigida pela vontade do grupo que fazemos parte.
Temos que parar para pensar.
O Ego Satânico ruge dentro de nós, deseja se livrar das amarras que deixamos que lhe fossem impostas. Compará-lo simplesmente ao Id é errado. O Ego Satânico não é um aspecto de nossa psique, ele É a nossa psique plena, unificada. Ele não é apenas o eterno desejo de saciar nossas vontades. Ele também não é uma versão contralada do Super Ego, a aceitação de um cabresto submetido por outros a nós. O Ego Satânico emerge de nós quando acabamos com a batalha que existe entre os três mecanismo sociais, o Id, o Ego e o Super Ego. Dividir para conquistar. Enquanto estivermos divididos e em conflito conosco não conseguiremos ter a clareza de espírito e de mente necessária para encontrarmos nosso rumo, seremos eternos espólios de uma guerra perdida, esperando para sermos clamados propriedade de alguém.
É hora de parar de jogar o jogo dos outros e despertarmos para o nosso Real Eu.
O Despertar Satânico
A primeira oposição que você encontrará nesta jornada em busca da harmonia plena, do Despertar do seu Real Eu, virá de onde menos se espera: de você mesmo.
A sociedade, como todo organismo, tem apenas um objetivo: sobreviver. O que muito tempo atrás pode ter sido um fator decisivo para a sobrevivência e estabelecimento da raça humana juntamente com as outras existentes há muito se tornou um esquema que favorece pequenos grupos que para manter seu Status Quo transformam o mundo numa grande arena, onde todo o resto, a grande maioria das pessoas, vive em função de agradá-los e sustentá-los. As pessoas abrem mão não apenas de sua liberdade, mas de sua capacidade de mudar o mundo, a realidade que as cerca, para que possam viver de acordo com suas próprias espectativas.
Vivemos em um círculo de culpa do qual é difícil escapar. Entregamos as rédeas de nossa vida na mão de políticos, de empresas, de chefes ou familiares que passam a decidir por nós o que é o melhor para todos, se hoje estamos descontentes com nossa vida a culpa é daqueles que tomam essas decisões por nós. Nossos governantes nos roubam descaradamente e não fazem nada pela educação ou economia, as super potências lucram com a fome e a falta de saúde mundial. Multinacionais crescem graças à superpopulação e à constante queda na qualidade de vida. Instituições religiosas se alimentam da miséria humana e por isso a fomentam e a tornam uma grande virtude. O que podemos fazer para combater isso, para deixarmos de ser vítimas de engrenagens muito maiores do que nós?
A resposta é fácil: nós podemos, ou melhor, nós devemos abrir os olhos e enxergar as coisas como elas realmente são.
Somos nossos próprios carrascos, somos responsáveis por nossa raiva, nossa insatisfação, nossa angústia, nossa felicidade, nossas espectativas e frustrações. Culpar nossos pais, nossos professores, patrões, políticos, nossa sociedade é apenas um caminho para permanecer no conforto no ninho social. Enquanto você aponta para os lados culpando a todos não tem como segurar uma pá, enquanto esbraveja contra todos que te oprimem não pode cavar o poço que saciará sua sede. Enquanto busca bodes expiatórios não tem como plantar as sementes que trarão seu sustento. Culpe a si mesmo por nunca ter percebido que só cabe a você mudar as coisas que não te agradam. Assuma a culpa por seu comodismo e falta de vontade de construir algo para você. Use sua frustração para sair de cima do prego que te incomoda, use sua raiva como combustível para por em ação seus ideais. Vítimas das circunstâncias são apenas ovelhas que se queixam daqueles que as usam em sacrifícios, e se queixar não vai impedir que o próximo sangue derramado no Altar do Poder seja o seu.
Ao assumir a responsabilidade por sua vida, tanto os pontos altos quanto os baixos, te faz romper esse círculo de culpa, é o primeiro passo para despertar para a condição satânica de ser seu próprio Deus, de se tornar uma Estrela, como dizia Crowley.
A caminhada rumo ao despertar do Ego Satânico não é fácil, é uma estrada que você tem que percorrer completamente sozinho/a, não existe outra maneira. Quando assume a culpa por sua insatisfação deve então meditar sobre as causas dela, o que realmente incomoda tanto você, é hora de identificar as desculpas e os obstáculos que impedem você de começar a se realizar, e então com a perspectiva real deles começar o trabalho para ultrapassá-los. Nunca é fácil, nem sempre é agradável no começo, mas quanto maior for a dificuldade, maior for o esforço maior será sua recompensa.
Nessa primeira parte da jornada rumo ao nosso coração, ao nosso Verdadeiro Eu, começamos a nos conhecer realmente pela primeira vez, e quando isso acontece nossos valores mudam, e muitas vezes é difícil aceitar essa mudança. O chão some debaixo de nossos pés, nossos sentimentos entram em parafuso e Satã sorri dentro de nós. Essa incerteza apenas mostra que você está no caminho correto, que está realmente pondo em xeque toda a sua programação, pronto para apagar tudo e então sozinho, no centro de suas próprias trevas, recomeçar do zero a se reconstruir, como uma nova pessoa.
Nós vivemos em um mundo de sonâmbulos que não sabem mais ou não querem mais distinguir o que é real e o que é um sonho letárgico imposto a eles. Precisamos despertar deste sonho em que nos encontramos que tomamos como a vida real. Precisamos nos encontrar neste mundo novo e fazer as pazes conosco, nos aceitarmos e uma vez livres de qualquer valor moral ou social, realmente decidir o que queremos de nossa própria vida. Buscar nossa Real Vontade. “Faça o que tu queres” é a lei do novo Aeon, do nosso Aeon, no nosso momento, mas antes de vivermos por esta lei devemos compreendê-la.
Vontade Satânica
Já percebemos que vivemos em uma realidade onde nunca recebemos estímulos para desenvolver nossos desejos, correr atrás de nossos objetivos reais, que vivemos num labirinto com paredes de certos e errados que nos fazem dar voltas e mais voltas sem nos levar a lugar algum. Mas se tornar consciente desta ilusão que tomamos como Vida Real não acaba com ela, apenas cria uma nova, o rato que toma consciência de viver em um labirinto criado apra ele não se livra do labirinto. Sabemos que o labirinto não é o único caminho que existe e assumimos que seu ponto final não é o destino que desejamos para nós, mas podemos dizer com certeza qual é este destino que queremos para nós, que outros caminhos existem para serem trilhados ou mesmo como chegar neles? Acabamos de despertar, estamos começando a explorar o mundo que nos cerca, nós mal conhecemos a nós mesmos, como podemos ter a pretensão de conhecer nossa Real Vontade?
Imagine que você vive num país onde é proibido dirigir carros até que se atinja uma determinada idade, e que neste pais existem algumas pessoas que dariam tudo, aos quinze ou dezesseis anos, para poder dirigir. Não aguentam esperar chegar à idade legal para tirar carta de motorista. Esta vontade de dirigir não é sua Vontade Real, Satânica, é apenas seu Id gritando para ter seu pedido atendido agora. Esse desejo é algo momentâneo que será satisfeito assim que ele puder dirigir. A Vontade Satânica é aquela que ouvimos quando estamos em harmonia, em equilíbrio. Se essa pessoa de quinze anos resolve realizar a lei do “Faze o que tu queres” de forma medíocre, pegará o carro escondido e sairá por ai se divertindo, e por causa disso pode por em risco a sua vida, a sua liberdade, pode complicar seus pais, pode causar um acidente feio e não interessa a parte culpada, por ser menor de idade, é ele que vai pagar o pato, essa é uma vontade irresponsável.
Quando o Ego Satânico começa a despertar e você passa a enxergar sua vida com outros olhos, olhos que velam agora, você passa a perceber que a vida é muito mais do que simplesmente acordar, ter um emprego, estudar, se queixar e ir dormir. É então que você começa a sentir suas ambições, traçar seus objetivos reais. De início esse vislumbre é rápido, dura poucos momentos. Nós despertamos em um campo escuro, no meio de uma tempestade, o céu, e tudo que nos cerca, iluminado apenas por poucos relâmpagos. É durante esses relâmpagos que conseguimos nos guiar, que enxergamos nossos horizontes e então guiamos nossos rumos; então volta a escuridão e temos que confiar em nosso senso de direção até o próximo clarão. No Satanismo com o tempo começamos a aprender a enxergar no escuro, nossas trevas interiores se mesclam com o escuro exterior e começamos a nos tornar um só com a realidade que nos cerca, é neste momento que o Ego Satânico toca Baphomet, é quando experienciamos realmente o que é ser Um com o Todo, é quando nossa individualidade, nosso egoísmo, nos faz dissolver e crescer, nestes momentos nós nos tornamos o Todo, não existe nada superior ou inferior, hierarquias e sociedades se dissolvem, existe apenas o indivíduo, é quando cada um de nós se transforma em luz e então nos tornamos estrelas, com brilho próprio e como Lúcifer abrimos nossas asas e nos lançamos ao Abismo, não em uma Queda, mas alçando vôo entre as outras estrelas. Então não descobrimos qual é a nossa Real Vontade, mas nos tornamos ela, é então que e Lei se torna real, já que tudo o que fazemos reflete nossa Vontade, os desejos ególatras nos abandonam e passamos a existir de forma plena.
Egoísmo Vs Egolatria
Um ponto importante é que nos conscientizarmos que somos Estrelas, Deuses e Deusas vivas na terra, não nos torna Estrelas ou Deuses. Sabermos que vivemos numa ilusão e que precisamos despertar não quer dizer que estamos despertos, nós apenas vislumbramos novos horizontes, precisamos agora caminhar nesta nova direção.
Este novo caminho é o caminho da indulgência do nosso Ego. De adotarmos a atitude de que a pessoa mais importante para cada um de nós somos nós mesmos. Mas existe um perigo nesta nova estrada que deve ser evitado. O egoísmo, a aceitação da própria vontade sobre todas as coisas pode levar a uma auto afirmação, uma evolução que leva à própria luz, uma vida centrada em si de forma sadia, consciente e natural, fazendo com que o brilho da futura estrela comece aos poucos a surgir. Agora existem aqueles que quando tomam consciência da própria divindade e descobrem que são deuses o fazem da maneira errada, supõe que são superiores a todos, acaba tendo a necessidade de monopolizar a atenção de todos mostrando desprezo pelas outras pessoas e suas opiniões, essas pessoas sentem a necessidade de aparecer não desenvolvendo o próprio brilho mas eclipsando o brilho dos outros.
Este é o caminho da egolatria, é quando ao invés de despertar o Ego Satânico e desenvolvê-lo o indivíduo trabalha com o seu Ego fracionado, seu Ego Condicionado, então ele apenas decide que seu Ego é mais importante do que o dos outros. É aquela pessoa que se envolve com algo apenas por achar que é a única merecedora digna, que apenas ela e mais ninguém tem o direito, que faz de tudo para aparecer perante aqueles que julga serem superiores, criam debates estúpidos apenas para aparecer diante de todos não apenas como detentor de uma sabedoria vasta, mas como alguém que dobra qualquer um usando apenas seu intelecto. O ególatra não suporta ser confrontado, se ofende com isso, pois coloca em risco sua auto-ilusão onde tem o controle supremo de tudo. Se percebe que não está agradando parte para o outro oposto, ao invés de superioridade descarada a humildade extrema, mostrando assim que até quando se descontrola é superior ao reconhecer isso. Em casos extremos chega a ficar violento, como um animal encurralado, se lhe faltam argumentos a agressividade assume suas ações.
A Egolatria é apenas a massagem em um fraco reflexo do Eu Pleno. É a dedicação a um aspecto nosso que apenas existe se puder subjugar quem nos cerca, acabamos então só existindo em função daqueles que temos a ilusão de controlar, é a ilusão de superioridade merecida apenas por sermos nós mesmos.
Seguir por este caminho é seguir pelo caminho da gratificação do aspecto mais fraco de nossa vida psíquica social, isso apenas a desequilibra ainda mais. Ao invés de adentrar uma via de indulgência de sua vontade a pessoa cria uma compulsão que moldará o seu dia a dia, ela acorda para si mesma e ao invés de se liberar dos moldes sociais se torna escrava de si mesma, acha que está livre dos grilhões sociais, que é superior ao resto do “rebanho”, quando apenas caiu em mais uma armadilha: o rato mais esperto do grupo permanece um rato.
O egoísmo por outro lado, não isola as outras pessoas por serem inferiores ou supérfluas, simplesmente nos guia para estarmos sempre investindo em nós mesmos, quanto maiores forem nossos desejos maiores os investimentos para alcançá-los. Se amamos ou vivemos com alguém, maior deve ser nosso egoísmo já que além de nós mesmos temos responsabilidade sobre aqueles com quem nos importamos. Só poderemos amar realmente alguém e nos deixar ser amados quando aprendermos a nos amar. É então que ao invés de refletirmos o brilho de outros desvelamos nossa própria luz e aparecemos pelo que realmente somos.
Rev. Obito, Templo de Satã
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