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Texto de Soror La Ahad. Traduzido por Caio Ferreira Peres.
Faz o que tu queres há de ser o todo da Lei.
“Nenhuma, respirou a luz, tênue e encantada, das estrelas, e dois. Pois estou dividida em nome do amor, pela chance de união. Esta é a criação do mundo, que a dor da divisão é como nada e o júbilo da dissolução toda.”
Liber AL I:28-30
Antes do início, havia o Nada. No início, o Nada se tornou Dois – a divisão original entre sujeito e objeto. O Nada Perfeito original, que está além de todos os nomes, mas que chamamos de Nuit, dividiu-se na multiplicidade de formas que conhecemos como nossa consciência do mundo. Dentro dessa multiplicidade de impressões, há a divisão definitiva entre o eu e o não-eu, o microcosmo e o macrocosmo, eu versus o mundo.
A primeira tarefa do Aspirante à Grande Obra é a operação de Solve, a dissolução pelo Amor. Devemos “une por tua arte para que tudo desapareça”, mas essa não é uma tarefa simples ou única. Devemos subir a escada dos opostos, desde o mais material até o mais rarefeito. Começamos na forma mais “decaída” da dualidade e, com nossos passos em direção à Coroa, rarificamos nossa percepção do Eu e do Outro. Há uma escada ascendente de dualidades cada vez mais claras, cujo topo é o Eu Secreto.
Começamos com a dualidade entre o Eu e o Mundo — o “profano”, além até mesmo da corte externa. Nosso senso de eu é estático e frágil. A autoidentidade é formada por apegos ou identificações com o corpo, a família, a profissão, a fama, o poder e outras buscas semelhantes. Seu destino é descrito por Shakespeare: “A vida… é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, sem significar nada”. A característica essencial é uma oposição entre o Eu e o Não-Eu: um senso rígido de si mesmo em conflito com um mundo hostil. É a Guerra (Atu XVI, o mais baixo dos caminhos horizontais na Árvore); a guerra de opostos conhecida como existência.
“O preço da existência é a guerra eterna.”
Aleister Crowley, O Livro das Mentiras, capítulo 80 (o valor de Peh, atribuído ao Atu XVI)
Este é o mundo do Homem da Terra – onde a dualidade significa oposição, o eu contra o mundo. Se persistirmos em nossa devoção, se nos aprofundarmos na meditação, a luz romperá a escuridão e a quietude. Isso dá lugar ao Amante, onde a vida se torna a dança entre o Anjo e o Adepto. Tanto o eu quanto o outro foram elevados, mais um degrau na escada… O mundano foi perfurado e visto como divino, o mundo ou o não-ego como uma expressão de Deus. A alma foi, de certa forma, purificada de sua visão impura e não se vê mais como uma identidade estática, mas como uma centelha dinâmica de luz cuja natureza é Ir.
Não é o céu estrelado sacudido como uma folha no trêmulo êxtase do teu amor? Não sou eu a esvoaçante fagulha de luz arremessada longe pelo grande vento de tua perfeição?
Liber LXV V:2
Seu método é o amor sob vontade, pois cada momento é uma união do Adepto com o Anjo e cada experiência é uma expressão dessa união. A existência nos dá energia e prazer quando atingimos esse nível, vendo cada experiência como uma cristalização real do Júbilo divino entre infinitas potencialidades.
“E essa é a razão da existência, que nessa dança que é deleite, deve haver tanto o deus quanto o adepto.”
Aleister Crowley, A Visão & a Voz, Aethyr #20
Esse é o caminho de Teth, a serpente do Júbilo liberado do amor pelos opostos. De fato, os opostos se tornaram complementos, não mais em Guerra, mas o masculino entrelaçado com o feminino, o inferior entrelaçado com o superior, o eu entrelaçado com o mundo. Esse júbilo é a marca registrada do Adepto, e a alegria experimentada é, em si, a presença manifesta do divino.
Quando a união se torna tão perfeita, o amor e a luz dos Amantes devem mergulhar no abismo supremo da escuridão para o próximo passo, que é o Último. Nenhum apego à saúde, à riqueza ou ao amor pode atravessar esse abismo; não há identidade pessoal, nem senso de si mesmo como separado do outro. O espelho é limpo com tanta perfeição que não há diferença: A alma pura para Deus como Ártemis para Pan.
“O Perfeito e o Perfeito são um Perfeito e não dois; não, são nenhum!”
Liber AL vel Legis I:45
[“HOMEM DA TERRA”, “AMANTE”, “EREMITA”]
Os Três Graus como Três tipos ou expressões do Amor (93)
“Tu és Aquilo e Aquilo sou Eu…” e, portanto, “Eu sou a Verdade”. Surge um Mestre que transcende os opostos, um novo Jardineiro para cuidar de um novo campo. Seu dever é irrigar os jardins com a água viva da Verdade e se deleitar entre as multidões: nossos Eremitas estão inflamados pelo desejo da experiência em canteiros de púrpura, em vez de fracos e escondidos em uma caverna.
E com isso, tudo continua como antes, embora olhemos para o mundo com uma visão mais clara. A carne não aproveita nada; a mente não aproveita nada… mas o Espírito Santo se deleita novamente em uma nova encarnação. O Zero se tornou Dois mais uma vez, e nossa Dança continua cada vez mais.
Como disse o Mestre Therion: “Iniciação significa a Jornada para o Interior: nada é mudado ou pode ser mudado, mas tudo é mais verdadeiramente compreendido a cada passo”.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Link para o original: https://thelemicunion.com/thelema-dance-subject-object/
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