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Magia é Real.

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Por: Robson Belli[1] 

Entender que magia é um fenômeno meramente psicológico é não entender magia em absoluto. Esta é uma falta de compreensão crescente no meio ocultista, principalmente entre aqueles com um gosto exagerado pelo materialismo. Com escreveu Lon Milo DuQuette em Low Magick: “Sim, é tudo coisa da Sua Cabeça… mas você ainda não tem ideia quão grande Sua Cabeça realmente é.” Com isso em mente, meu objetivo aqui é continuar o diálogo iniciado por Astennu Sever no ensaio “Magia é Real? Uma Introdução Completa à Realidade Mágica”, explorando e refutando de forma respeitosa alguns dos pontos frágeis e enganos que acredito que o autor cometeu. Ao analisar as afirmações feitas no ensaio original, buscamos aprofundar a discussão sobre a existência e a natureza da magia, diferenciando práticas psicológicas de influências sobrenaturais e oferecendo uma perspectiva crítica baseada em evidências históricas e contemporâneas. Nossa intenção não é desmerecer o trabalho do autor, mas sim enriquecer o debate, esclarecendo definições e examinando contradições e falácias que possam ter sido negligenciadas.

Quando discutimos magia e o sobrenatural, entramos em um território tanto fascinante quanto controverso. Enquanto muitos acreditam que a magia não passa de fenômenos psicológicos ou métodos de autoajuda, há inúmeros relatos e evidências sugerindo a existência de forças além da compreensão científica. A seguir, expandiremos alguns exemplos notáveis para melhor compreensão desse vasto campo.

Tomemos o caso do poltergeist de Enfield, ocorrido entre 1977 e 1979 em Enfield, um subúrbio de Londres. Esta casa foi o centro de intensa atividade poltergeist, incluindo móveis se movendo sozinhos, vozes misteriosas e levitação de pessoas. Este caso foi amplamente investigado por policiais, jornalistas e pesquisadores paranormais, muitos dos quais testemunharam esses fenômenos inexplicáveis. Entre os investigadores mais notáveis estavam Maurice Grosse e Guy Lyon Playfair, membros da Sociedade de Pesquisa Psíquica. Apesar do ceticismo, os eventos em Enfield sugerem a presença de forças sobrenaturais.

Outro exemplo é o vodu haitiano, conhecido por rituais que supostamente invocam espíritos para realizar curas milagrosas. O vodu é uma religião afro-caribenha que combina elementos do catolicismo com tradições africanas. Existem inúmeros relatos de pessoas que experimentaram curas inexplicáveis ou mudanças drásticas em suas vidas após participar desses rituais. Por exemplo, em rituais vodu, os praticantes entram em estados de transe para se comunicar com os loa (espíritos). Esses eventos indicam que o vodu pode envolver forças além da nossa compreensão científica.

Em Lourdes, na França, desde 1858, as águas milagrosas são famosas por curarem doenças incuráveis. A história começa com as visões da jovem camponesa Bernadette Soubirous, que alegou ter visto a Virgem Maria em uma série de aparições. A Igreja Católica reconheceu oficialmente 70 milagres em Lourdes, após investigação rigorosa e certificação médica. Estes milagres, que incluem desde curas de doenças crônicas a recuperações inexplicáveis, são difíceis de explicar por meios naturais, indicando a possível intervenção de forças sobrenaturais. Anualmente, milhões de peregrinos visitam Lourdes na esperança de receber uma cura milagrosa.

As experiências de quase morte (EQM) também oferecem uma perspectiva intrigante. Muitas pessoas relatam visões de luzes brilhantes, encontros com seres espirituais e uma sensação profunda de paz durante situações de quase morte. Estudos documentam semelhanças notáveis nessas experiências, independentemente da cultura ou crença religiosa, sugerindo uma realidade além da explicação científica. Pesquisadores como o Dr. Raymond Moody, que popularizou o termo “near-death experience” em seu livro “Life After Life”, têm estudado esses relatos em detalhes, encontrando padrões consistentes que desafiam as explicações tradicionais.

O xamanismo, praticado em várias culturas indígenas ao redor do mundo, também merece destaque. Xamãs são conhecidos por realizar curas e comunicar-se com espíritos. Relatos de curas xamânicas, documentadas por antropólogos e médicos, mostram resultados inexplicáveis pela medicina convencional. O xamanismo é particularmente prevalente em culturas como a dos indígenas norte-americanos, siberianos e amazônicos. Esses praticantes acreditam na capacidade de viajar ao mundo espiritual para buscar orientação e cura, e suas práticas sugerem uma interação com forças espirituais que não podem ser ignoradas.

Assim, é fácil ver que ao longo da história, várias culturas e civilizações praticaram diferentes formas de magia e rituais místicos. Na antiga Mesopotâmia, por exemplo, os babilônios acreditavam na magia como um meio de se proteger contra espíritos malignos. Já no Egito antigo, os sacerdotes realizavam rituais complexos para invocar os deuses e garantir boas colheitas e proteção para o faraó. Na Europa medieval, a crença em bruxas e a prática da alquimia eram comuns, com muitos acreditando que certos indivíduos possuíam a capacidade de manipular forças sobrenaturais.

A investigação de fenômenos sobrenaturais como os mencionados levanta questões importantes sobre a natureza da realidade e os limites da ciência. Embora muitos desses eventos permaneçam sem explicação, eles continuam a fascinar e a desafiar nossa compreensão do mundo. A magia e o sobrenatural, com suas inúmeras manifestações, permanecem como um campo rico e misterioso, incitando tanto ceticismo quanto maravilha.

Se considerarmos magia como a habilidade de manipular pessoas e eventos, às vezes através de métodos misteriosos ou sobrenaturais, é plausível afirmar que a magia é real. A história e a cultura global estão repletas de exemplos que sugerem a existência de forças sobrenaturais. Esses fenômenos não podem ser reduzidos a mera psicologia ou autoajuda. A influência sobrenatural está presente em diversos aspectos da vida humana, desde a cura espiritual até fenômenos inexplicáveis.

A relação de causa e efeito na magia muitas vezes transcende a lógica convencional. Casos documentados, como os mencionados acima, mostram que a magia e o sobrenatural operam em um nível que desafia a compreensão racional e científica. Ignorar essas evidências é negligenciar uma parte significativa da experiência humana e do mistério do universo.

Além disso, fenômenos contemporâneos continuam a desafiar a lógica e a ciência. Por exemplo, a medicina tradicional chinesa incorpora práticas como a acupuntura e o qi gong, que se baseiam na manipulação de energias vitais invisíveis. Essas práticas, apesar de muitas vezes serem vistas com ceticismo pela medicina ocidental, têm mostrado resultados positivos em diversos estudos clínicos.

Ao analisar as incoerências no artigo original, percebemos várias contradições. Por exemplo, o autor inicialmente sugere que acreditar em magia é difícil com o envelhecimento, mas depois menciona que todos usam magia sem perceber. Além disso, há uma confusão entre magia como influenciar eventos com forças misteriosas e a influência psicológica. Outros pontos incluem a mistura de métodos de autoajuda psicológica com magia, a coexistência subjetiva de múltiplas crenças religiosas e a dualidade não resolvida entre magia psicológica e sobrenatural.

Que fique claro. Não tenho qualquer intenção de atacar o autor do artigo, mas sugiro sinceramente que passe a usar uma definição clara e consistente de magia, separando práticas psicológicas da magia e usando exemplos alinhados com essa definição. A conclusão deve refletir a argumentação apresentada ao longo do artigo, seja afirmando a existência da magia conforme definida ou explicando claramente as limitações dessa definição.

Além das práticas mencionadas, existem relatos históricos e contemporâneos de fenômenos inexplicáveis, como poltergeists, aparições fantasmagóricas e experiências de quase morte. Muitos desses relatos têm sido estudados por parapsicólogos e pesquisadores do sobrenatural, que buscam entender as forças além da compreensão humana. Apesar do ceticismo, alguns estudos indicam que esses fenômenos podem ter uma base real e não podem ser simplesmente descartados como ilusões ou fraudes.

O artigo apresenta várias falácias, como a generalização apressada ao afirmar que todos já tiveram interesse em magia, a falácia do espantalho ao simplificar a crença em magia para refutá-la facilmente, e o apelo à autoridade sem evidências concretas. Outras falácias incluem a equivocação ao usar diferentes significados de “magia” de forma intercambiável, o falso dilema ao apresentar a magia como única forma de manipular a realidade, e o apelo à ignorância ao implicar que a falta de evidência significa inexistência.

Em resumo, embora o artigo original argumente que a magia pode ser reduzida a fenômenos psicológicos ou de autoajuda, uma vasta quantidade de evidências históricas e contemporâneas sugere que a magia e o sobrenatural são realidades tangíveis. Relatos de poltergeists, milagres, experiências de quase morte, práticas xamânicas e rituais vodu apontam para a existência de forças além da compreensão humana. Ignorar essas evidências é negligenciar uma parte significativa da experiência humana e do mistério do universo.

É importante lembrar que a magia, em suas diversas formas, tem desempenhado um papel significativo nas culturas humanas ao longo dos séculos. Seja como uma ferramenta de cura, um meio de comunicação com o mundo espiritual ou uma forma de manipular a realidade, a magia continua a fascinar e intrigar a humanidade. Essa fascinação reflete nosso desejo profundo de entender o desconhecido e de encontrar sentido em um universo que muitas vezes parece insondável.


Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.


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