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Como Adentrar os Túneis de Set

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Texto de Kadmus Herschel. Traduzido por Caio Ferreira Peres.

Os Dias de Cão[1] estão chegando (dependendo de como você escolher cronometrá-los), o que frequentemente corresponde a alguns dos meus experimentos e experiências ocultas mais intensos e muitas vezes incomuns. Há vários anos, iniciei um trabalho completo no caminho das Qliphoth e dos Túneis de Set, começando durante os Dias de Cão e estendendo-se por um ano até terminar na conclusão do período do próximo Dia de Cão. Nos últimos dias, um amigo e colega ocultista meu começou uma nova exploração dos túneis, então achei que seria útil compartilhar mais detalhes e exemplos concretos dos métodos que usei em meu próprio trabalho.

Pintura de A. O. Spare

Alguns Antecedentes: Quero dedicar algum tempo para apresentar a teoria geral das Qliphoth que usei no passado e que usarei aqui. Para aqueles mais interessados em detalhes concretos do ritual, em vez de teoria e metodologia, sintam-se à vontade para rolar para baixo até o ritual em si, fornecido no final desta postagem.

Os Túneis de Set designam os caminhos que compõem o lado inverso, ou lado noturno, da Árvore da Vida qabalística ou, como o lado inverso da árvore também é chamado, a Árvore da Morte. Meu trabalho foi fortemente influenciado pelo livro Nightside of Eden de Kenneth Grant, que, por sua vez, foi parcialmente baseado no breve Liber 231 de Aleister Crowley.

Gráfico principal do Liber 231, contendo os Selos dos Túneis no lado direito.

Seguindo Grant, vivenciei os túneis como um inverso totalmente estranho do universo manifesto. Discuti alguns dos detalhes referentes a esse aspecto dos túneis em publicações anteriores:

“O desafio é que o Lado Noturno da Árvore da Vida geralmente representa o lado negativo da realidade, não elementos sombrios ou malignos em qualquer sentido positivo, mas sim os reinos do não-ser. Como tal, sua principal manifestação positiva em nosso mundo cotidiano é em termos de dissolução, ruptura e destruição que resistem a todo controle e canalização. Eles não representam, portanto, um poder positivo de destruição que possa ser usado ou canalizado. Qualquer uso ou canalização desse tipo tem a mesma probabilidade de destruir a vontade e o trabalho do mago que o alvo pretendido. É um pouco como tentar usar um ácido que devora imediatamente qualquer recipiente que possamos usar temporariamente para guardá-lo ou qualquer caminho pelo qual possamos tentar guiá-lo para alcançar algum objetivo. A energia envolvida resiste precisamente a qualquer forma que o mago possa lhe dar.”

Essa é a visão principal que usei durante meu trabalho e minhas experiências corresponderam a essa antecipação. Entretanto, não estou dogmaticamente comprometido com essa visão das Qliphoth, embora tenha sido minha estrutura de trabalho. Há inúmeras sobreposições entre as entidades das Qliphoth e vários espíritos dos grimórios tradicionais, mas, embora ocupando o espaço teórico mapeado acima, eu insistiria que os demônios tradicionais e os deuses/espíritos pagãos são dramaticamente diferentes das entidades das Qliphoth. Essa visão foi reforçada por experiências pessoais muito diferentes obtidas ao trabalhar com entidades goéticas dos Grimórios e das Qliphoths. Terei mais a dizer sobre as entidades goéticas quando discutir o excelente trabalho de Jake Stratton-Kent sobre a tradição goética em um futuro próximo. Mas, por enquanto, vou simplesmente salientar que o que se segue foi escrito a partir da perspectiva de que estamos lidando com classes muito diferentes de entidades quando lidamos com “demônios” e “espíritos” tradicionais do que quando trabalhamos com forças qliphóticas qabalísticas.

Também usei, em meu trabalho, partes do “Tarô das Sombras” de Linda Falorio, que, na época, ainda não estava completo. Desde então, ela publicou um livro sobre seu baralho de Tarô qliphóthico e baralhos com as próprias cartas. Embora eu ainda não tenha adquirido as cartas ou seu livro, estou um pouco preocupado, pelos motivos mencionados acima, com o fato de ela preencher os arcanos menores de seu baralho com entidades goéticas. Terei de esperar até ter a chance de examinar mais de perto seu trabalho para saber com certeza o que ela está fazendo, mas, em geral, os Arcanos Maiores do Tarô são compostos pelos caminhos da Árvore da Vida, que ela, apropriadamente, substitui pelos Túneis de Set, enquanto os Arcanos Menores apresentam as dez Sephiroth em várias formas. Agora, as Sephiroth, assim como os Caminhos, têm inversões do Lado Noturno que, embora às vezes sejam identificadas com espíritos tradicionalmente goéticos ou deuses/deusas pagãos, devem ser vistas, do ponto de vista cabalístico, como muito diferentes das entidades dos Grimórios Goéticos. Parece que ela não notou essa distinção, mas ainda não tenho certeza disso.

Uma maneira bastante simples de explicar o ponto acima é enfatizar que, mitologicamente, podemos distinguir entre as Qliphoth ou Conchas, cuja origem é anterior ao universo manifesto, uma vez que eles vêm da “quebra” da primeira tentativa de criar o universo, e os “demônios” tradicionais que vêm de um dos dois conjuntos de “quedas” da graça. A primeira, da mais conhecida revolta no céu liderada por Lúcifer, e a segunda, que ocorreu quando os Vigias começaram a dormir com mulheres humanas e foram expulsos do céu por esse motivo. Nada disso toca nas leituras historicamente muito mais interessantes e sutis dos Grimórios apresentadas por estudiosos como Jake Stratton-Kent em sua Encyclopedia Goetica, que atribui as entidades goéticas a origens pagãs em vez de hebraicas bíblicas ou cristãs.

Geografia Qliphóthica: Há pelo menos três maneiras de conceber a orientação da Árvore do Lado Noturno em relação à Árvore da Vida padrão. A mais simples é vê-la como localizada no lado oposto da árvore, como o lado escuro da lua. Isso inverte a disposição horizontal das Sephiroth e dos caminhos, mas mantém a orientação perpendicular. Outra visão localiza o Lado Noturno abaixo da Árvore da Vida, mas virado de cabeça para baixo, de modo que se estende para baixo como as raízes da árvore original. A organização horizontal é mantida e os aspectos perpendiculares são invertidos.

As Qliphoth como raízes

Finalmente, a Árvore do Lado Noturno pode estar localizada na parte de trás da Árvore da Vida, mas invertida tanto horizontal quanto perpendicularmente. Essa é a versão que Grant geralmente prefere e a que eu, da mesma forma, prefiro e considero mais precisa em minha experiência. Foi ela que informou os métodos que apresentarei a seguir.

Supondo, então, que a Árvore do Lado Noturno esteja invertida e presente no “verso” da Árvore da Vida e que represente um universo/realidade negativo ou invertido, o verdadeiro desafio diz respeito à questão de como entrar no Lado Noturno. Esse é, de fato, um assunto que ocupou Kenneth Grant repetidamente ao longo de suas três Trilogias Tifonianas.

Gostaria de mencionar que acho que o pathworking é a melhor maneira de trabalhar com as Qliphoths, pelo menos no início, porque suas energias são excepcionalmente difíceis de atrair para o mundo positivo ao qual as Qliphoths são naturalmente opostas em todos os sentidos. Até que alguém tenha viajado, de certa forma, para o Lado Noturno e, ao fazê-lo, tenha fomentado em si mesmo a energia e a personalidade necessárias do Lado Noturno que permitem o contato com as entidades das Qliphoths, “chamar” os espíritos e as energias da parte de trás da árvore é, em minha experiência, muito difícil ou impossível.

Então, como entramos nos Túneis de Set?

Os Três Portais: A própria Árvore da Vida é marcada por dois pontos de desequilíbrio que dão acesso aos Túneis de Set do Lado Noturno. Esses pontos são o afastamento de Malkuth da Árvore, dividindo-a das outras Sephiroth por Yesod e, é claro, o lendário Abismo que se estende entre as sete Sephiroth inferiores e as três superiores. A entrada mais óbvia para o Lado Noturno é por meio da Sephira “caída” de Daath, no coração do Abismo. A inexistência de Daath a localiza solidamente dentro do universo negativo das Qliphoth, mas sua natureza “ausente” palpável na Árvore da Vida a marca como uma porta de entrada do ser para o não-ser.

O segundo portal é encontrado em Yesod – a esfera da lua, os “registros akáshicos”, o plano astral, bem como os sonhos e as ilusões. A Árvore do Lado Noturno invertida localiza o inverso de Kether em Yesod, de modo que a entrada para o “topo” da árvore das Qliphoth (encontrada, é claro, em sua base) é feita por Yesod. Esse portal, devo enfatizar, é particularmente perigoso devido ao risco de apenas lidar com fantasmas e ilusões invocados do plano astral, em vez de realmente entrar na Árvore do Lado Noturno. Também há dificuldade aqui, pois, estritamente falando, nem o lado diurno nem o noturno da árvore têm um portal óbvio aqui. Há um caminho, mas ele não é tão evidente quanto o de Daath no Abismo.

O terceiro portal é encontrado em Tiphareth na Árvore da Vida. Esse portal tem um aspecto particularmente interessante. Especificamente, ele existe porque se sobrepõe ao Abismo e ao Daath da Árvore do Lado Noturno. Podemos propor que esses três portais são tipos diferentes de portais. O portal que repousa no Abismo no Lado Diurno é, de certa forma, uma porta de mão única do nosso lado para o Outro Lado. O portal em Yesod é um ponto de desequilíbrio, marcando mais um “afinamento” da fronteira entre as duas árvores do que qualquer caminho evidente.

Finalmente, o portal de Tiphareth é outro portal de mão única que vai do Outro lado para o nosso lado. Isso dificulta bastante o acesso pelo nosso lado.

Há um ponto interessante a ser considerado aqui com relação às dificuldades que as pessoas frequentemente enfrentam quando tentam obter, ou conseguem obter, o Conhecimento e a Conversação com seu Sagrado Anjo Guardião ou Eu Superior. Esse processo é frequentemente concebido como uma ascensão nos planos até a estação de Tiphareth ou como uma comunicação com as energias de Tiphareth (entre muitas outras formas de teorizar o assunto). Quase inevitavelmente, essa busca ou sua conclusão são acompanhadas de formas extremas de manifestações negativas. Quando se chega ao “céu”, todos os poderes do “inferno” se levantam contra você. Há muitas maneiras adequadas de entender esse fenômeno, mas uma interessante poderia ver a tentativa, de nossa parte, de contatar nossa conexão com a divindade como uma “batida” inadvertida na porta de Tiphareth para o Lado Noturno. Embora não possamos simplesmente abrir essa porta por nós mesmos, proposital ou inadvertidamente, podemos provocar as entidades do Lado Noturno para que a abram e apareçam. O perigo disso é que, antes de completar a ascensão a Tiphareth (ou qualquer outra imagem que preferirmos), é improvável que estejamos equipados para lidar com as entidades qliphóthicas, especialmente quando elas surgirem por vontade própria.

Por causa do risco muito real de engano e confusão no nível de Yesod e da inacessibilidade do Abismo do Lado Noturno a partir do lado diurno, a rota mais direta para os Túneis de Set é também a mais obviamente perigosa – ou seja, “entrar no Abismo” e passar pela porta aberta que está perpetuamente esperando em Daath. Esse é o método que usei e que descreverei a seguir.

No entanto, certamente é necessário fazer algum tipo de advertência neste ponto. Basta dizer que trabalhar com as Qliphoth, especialmente quando se tem muito sucesso no trabalho, coloca um grau excepcionalmente extremo de tensão e pressão sobre a personalidade e a identidade da pessoa. Trabalhar com as Qliphoth é trabalhar com ácido espiritual e psicológico (e não me refiro à droga alucinógena) e é impossível evitar ser “queimado” de maneiras que alteram a vida. Trabalhei extensivamente com outras entidades com fama de “perigosas” e descobri que seus perigos são geralmente exagerados. Cometi vários erros graves com entidades goéticas quando era muito jovem e, em retrospecto, achei o trabalho excepcionalmente educativo e valioso, de modo que nunca advertiria ninguém contra os Grimórios, independentemente de sua idade ou intenções. Meus erros foram inconvenientes na época, com certeza, mas foram mais valiosos do que isso. Trabalhei por muitos anos com os espíritos enoquianos e descobri que o maior perigo deles é a tendência de alimentar as suposições e os conceitos errôneos do mago. Novamente, com algumas exceções, tenho certeza, você corre o risco de se autoenganar e todas as coisas que vêm junto com isso. As Qliphoth, no entanto, são de uma natureza cáustica e extrema, bastante diferente das entidades goéticas ou enoquianas, e representam, a meu ver, um risco muito mais imediato e rápido para o equilíbrio e o bem-estar da mente e do espírito do mago (não me arrisco a dizer nada sobre os aspectos mais materiais da vida do mago, que são suscetíveis a alterações decorrentes de todo e qualquer trabalho oculto). Lembre-se de que a própria natureza das Qliphoth as torna inimigas de qualquer equilíbrio ou bem-estar, como poderíamos conceber a partir do Lado Diurno da Árvore. Envolva-se com elas somente se estiver disposto a arriscar e, de fato, aceitar os desafios mais imprevisíveis à sua própria integridade e composição interna. Apesar disso, as Qliphoth de fato representam uma força muito poderosa para a transformação pessoal (seja essa transformação para melhor ou para pior). Algumas pedras enfrentam calor e pressão e se transformam em diamantes, mas a maioria vira pó.

O Ritual

Hécate ou Ártemis com arco e o cão de caça.

Considerações Preliminares: Meu trabalho com os Túneis de Set e as Qliphoth consistiu em uma série de rituais ao longo de um ano. Cada ritual envolvia um Túnel e, geralmente, um das Qliphoth associados a uma Sephiroth do Lado Noturno conectada ao Túnel em questão. Cada ritual envolvia dois elementos principais. Primeiro, um sigilo que consistia no Selo do Túnel em questão e em quaisquer símbolos associados às Qliphoth a serem trabalhadas. Às vezes, esses sigilos incluíam cópias da carta apropriada do Tarô das Sombras de Falorio, mas sempre eram embelezados com adições apropriadas de minha própria criação. Esses sigilos eram frequentemente carregados de várias maneiras, antes ou durante o trabalho. Em segundo lugar, cada ritual envolvia (antes ou durante o ritual) uma ação que se encaixava no que Carl Abrahamsson descreve (embora eu não estivesse ciente dessa descrição na época) como a “Fórmula de Babalon”. Em termos simples, cada ritual envolvia alguma transgressão específica de um tabu pessoal que desafiava minhas inibições. É preciso fazer algo que normalmente nunca faríamos e que seja um desafio legítimo ao nosso próprio senso de identidade.

Meu primeiro ritual, ao iniciar o trabalho, incluiu os elementos mencionados acima, mas foi um pouco diferente, pois também envolveu o que considero o maior desafio do estudo completo – obter acesso aos Túneis de Set para começar. Os elementos básicos do ritual, portanto, envolviam elevar-se ao nível do Abismo na Árvore da Vida, abrir os portões de Daath e atravessar para o lado noturno, atravessar um túnel e visitar uma Sephira do Lado Noturno com seu regente qliphóthico associado.

Experimentos preliminares deixaram claro para mim que, embora a pessoa entrasse no Abismo deste lado, o que aparentemente corresponderia à Sephira Yesod do Lado Noturno conhecida como Gamaliel, na verdade o processo de passagem pelo portal em Daath incluía um processo de inversão que a colocava no Abismo do Lado Noturno, no Túnel de Gargorphias. Assim, seguindo a entrada do Abismo para o Lado Noturno, percorri o Túnel de Gargorphias até a Sephira do Lado Noturno correspondente a Kether, Thaumiel. Meus caminhos posteriores atravessaram, então, de Thaumiel “para cima” da Árvore do Lado Noturno para finalmente terminar no “topo” em Nehema (o parceiro do Lado Noturno de Malkuth). Em outras palavras, não comecei no Lado Noturno em sua versão de Malkuth ou Kether, mas sim em seu Abismo e, portanto, não comecei nem com o “primeiro” túnel nem com o “último” túnel. Gargophias geralmente é listado como o terceiro túnel, que considero ser o primeiro “facilmente” acessível por meio do pathworking.

A localização do Túnel de Gargophias, embora a Árvore deveria estar de cabeça para baixo.

Detalhes do Ritual: Comecei, então, tendo realizado uma ação bastante dramática que se encaixava na Fórmula de Babalon alguns dias antes (embora seja mais forte realizar a ação como parte do ritual, descobri que isso raramente funciona) com um sigilo que capturava as entidades do Abismo com as quais eu estaria lidando, uma representação da minha ação babalônica, o Selo de Gargophias e símbolos apropriados para Thaumiel.

Selo de Gargophias do Liber 231 de Crowley

Há três entidades principais que são fundamentais para minha “navegação” no Abismo e na porta de Daath. São elas Choronzon, Shugal e Hécate, cada uma delas representada em meu Sigilo. Choronzon é o guardião bastante conhecido do Abismo, representando a dispersão e a autoafirmação totalmente vazia do ego. Shugal é o parceiro de Choronzon, concebido como um lobo, cão ou coiote do Abismo, às vezes visto como ocupando o nosso lado do Abismo ou representando o reflexo de Choronzon no Lado Noturno. Por fim, Hécate é associada por Kenneth Grant ao caminho de Gargophias e pode, da mesma forma, ser vista como uma guardiã do Lado Noturno da porta do Abismo entre as duas árvores. (Como mencionado anteriormente, reconheço a inadequação da Hécate qliphótica à deusa pagã histórica e, do ponto de vista deste trabalho, insistiria em sua diferença, mesmo que Kenneth Grant não o fizesse).

Procedimentos do Ritual:

  1. Lançar o círculo – Não se destina à “proteção” do praticante, pois as forças perigosas estão sendo chamadas para o círculo sem o uso de nenhum triângulo. O objetivo principal do círculo é permitir que as energias se acumulem, isolar o praticante contra energias externas interferentes e, na medida do possível, “proteger” o mundo fora do círculo das energias invocadas. Essa proteção do mundo externo foi em grande parte um fracasso, pois ocorreu um “vazamento” bastante dramático. A árvore no meu gramado da frente, diretamente do lado de fora da janela da sala do templo em que eu estava trabalhando, foi atingida por um raio durante uma tempestade que chegou inesperadamente enquanto eu estava trabalhando e foi bastante danificada. De qualquer forma, o ritual do círculo deve usar energias apropriadas para o trabalho em vez de rituais de banimento mais tradicionais. Usei o “Rubi Estrela” de Crowley, mas a versão extraída diretamente do Livro das Mentiras, utilizando os nomes Chaos, Babalon, Eros e Psique, em vez da versão thelêmica padrão que utiliza os nomes Therion, Nuit, Babalon e Hadit. Entretanto, o Ritual do Pentagrama Gnóstico ou qualquer círculo de energia apropriado pode ser substituído.
  1. “Subir” astralmente para o Abismo na Árvore da Vida; no entanto, quando se sentir totalmente presente lá, os seguintes elementos devem ser realizados na forma corporal, não apenas astralmente.
  2. Performance da “Conjuração do Cão do Mal” de Crowley da Operação de Bartzabel. Essa é, superficialmente, a invocação de um cão de guarda espiritual para proteger os limites do espaço ritual de alguém e é muito eficaz para esse propósito. Nesse ritual, entretanto, ele também serve como uma invocação a Shugal como guardião contra as entidades do Abismo e um guia para o Outro Lado. Para esse fim, um breve chamado a Shugal pode ser anexado ao início da invocação ou o nome Shugal pode ser inserido na própria conjuração.

Conjuração do Cão do Mal

“Erga-se, Cão do Mal, para que eu possa instruí-lo em seus deveres atuais

Em nome de Hórus, eu lhe digo: Erga-se.

Você está aprisionado.

Confesse que é assim.

Eu fiz isso em nome e com o poder de Hórus.

A menos que você se defenda, embora esteja cego, mudo e paralisado, você ouvirá as maldições de seu Criador e sentirá os tormentos de minha ira vingadora.

Portanto, seja obediente a mim, como uma guarda contra aqueles que me odeiam.

Que suas mandíbulas sejam terríveis como o céu em meio à tempestade.

Que seu rosto seja como um redemoinho de ira e fúria contra o inimigo.

Erga-se, eu digo, e me ajude e me proteja nesta Operação da Arte.

Ó tu, cuja cabeça é de fogo negro como carvão!

Vós, cujos olhos são como colunas de fumaça e chamas!

Tu, de cujas narinas sai o sopro da destruição!

Vós, cujo corpo é de ferro e latão, preso com força excessiva: cingido com o poder e a terrível força vingadora cega – sob meu controle, e somente meu!

Tu, cujas garras são como hastes de aço giratórias para rasgar as entranhas de meus adversários.

A ti, a ti, eu convoco para me ajudar!

Em nome de Hórus: erga-se, mova-se, apareça:

E me ajude e me proteja nesta Operação da Arte!

Erga-se, Cão do Mal, para guardar o Abismo da Altura!

Levante-se, eu digo, para guardar as Quatro Direções: o Abismo do Norte; o Abismo do Sul; o Abismo do Leste; o Abismo do Oeste.

Erga-se, eu digo, para guardar o Abismo da Grande Profundidade.

Foi Hórus quem deu esse comando.

Seja terrível contra todos aqueles que me odeiam!

Seja poderoso para me defender dos Malignos!

Nos confins da Matéria, no Limiar do Invisível: seja você meu Vigia e meu Guardião! Diante da face dos habitantes das Moradas da Noite!

Como uma espada flamejante que gira em todos os sentidos para guardar os portões do meu Universo: deixe seus dentes brilharem!

Nada o deterá enquanto estiver em minha defesa.

Em nome de Hórus: Erga-se, Mova-se e Apareça: Seja obediente a mim, pois sou o Mestre das Forças da Matéria; o Servo do Mesmo Deus é o meu Nome; verdadeiro Adorador do Altíssimo”.

  1. A abertura do Abismo por meio do encantamento tradicional é repetida pelo menos três vezes, mas quantas vezes forem necessárias até que a energia seja sentida de forma plena e potente:

“Zazas, Zazas, Nasatanada, Zazas!”

  1. Carregue o Sigilo de qualquer forma que preferir.
  2. Chame repetidamente por Gargophias enquanto se concentra no sigilo carregado.
  3. Recitação de “O Chamado de Caça de Hécate” de A Visão e a Voz de Crowley, 27º Aethyr até que a energia de Hécate e seus cães de caça pareçam presentes:

“Untu La La Ulula Umuna Tofa Lama Le Li Na Ahr Ima Tahara Elula Etfoma Ununa Arpeti Ulu Ulu Ulu Maraban Ululu Mahata Ulu Ulu Lamastana!”

  1. A “Ode a Hécate” do Orfeu de Crowley, a ser recitado no auge do êxtase e da paixão:

Ode à Hecate

“Ó forma tripla das Trevas! Esplendor sombrio!

Lua invisível aos homens! Vós, caçadora temível!

Demônio coroado dos mortos sem coroa!

 

Ó seios de sangue, demasiado amargos e demasiado ternos!

Invisível à suave primavera,

Deixai-me fazer a oferenda

Traga ao brilho sepulcral de seu santuário!

 

Eu mato a besta suja! Eu concedo a flor

 

Semeada no crepúsculo, e colhida na escuridão

Sob a lua minguante,

À meia-noite, mal iluminando o Oriente;

 

E o cordeiro negro do ventre morto da ovelha negra

Eu trago, e agito a lenta melodia infernal

Própria para seu sacerdote escolhido.

 

Aqui onde a faixa do Oceano interrompe a estrada

Preta e escarpada, profundamente inclinada, até o Abismo,

Eu o saudarei com o beijo sem nome

 

Pronunciado em direção à morada mais extrema

De seu desejo supremo.

Eu acenderei o fogo

De onde suas forças selvagens obedecerão à lira,

 

Quando seus lêmures se reunirem e saltarem ao redor,

 

Cingindo-me no triste solo fúnebre

Com o rosto voltado para trás,

Meu rosto desviado! Eu consumarei

 

O terrível ato de adoração, ó renomado

Temor na terra, temor no inferno, e negro

Medo no céu além do Destino!

 

Eu ouço o lamento de seus lobos! Eu ouço

O uivo dos cães de caça em torno de sua forma,

Que vem no terror de sua tempestade,

 

E a noite cai mais rápido, antes que seus olhos apareçam

Brilhando através da névoa.

De rosto de mulher não beijado

Salvo pelos mortos, cujo amor é tomado antes que eles saibam!

 

A ti, a ti eu chamo! Ó terrível! Ó divino!

 

Eu, o único mortal, busco seu santuário mortal,

Derramai a tenebrosa corrente de sangue,

Um rio sonolento e relutante

 

Assim como você desenha, com seus olhos nos meus,

Para mim, através do dilúvio desconcertante dos sentidos

Que retém minha alma para sempre!”

  1. Entre no Túnel de Gargophias por meio de meditação, viagem astral, visão do espírito,  etc. e comungue com seus habitantes.
  2. Quando seu trabalho com Gargophias estiver concluído, caminhe pelo Túnel até Thaumiel, retornando do astral para usar o sigilo conforme necessário ou não usá-lo, caso se mostre desnecessário. Comungue com as entidades de Thaumiel.
  3. Retorne ao seu templo e ao seu corpo. Bana adequadamente ou, o que é mais perigoso, deixar a porta aberta e as energias presentes para seu futuro trabalho de trilha de Thaumiel em diante.

A.O. Spare, “Os Vampiros Estão Vindo”

Notas do Tradutor:

[1] No original, “Dog Days”, é uma expressão que se refere aos dias mais quentes de verão no hemisfério norte, período esse que se segue após a ascensão heliacal da estrela Sirius (a “Estrela do Cão”, a estrela alfa da constelação de Cão Maior). Interessante notar que para Kenneth Grant, Sirius é a estrela do deus egípcio Set, de acordo com a sua gnose tifoniana (vale lembrar que o real corpo celeste associado a Set pelos antigos egípcios é a constelação de Ursa Maior e o planeta Mercúrio).

Link para o original: https://starandsystem.blogspot.com/2015/07/how-to-enter-tunnels-of-set_12.html?m=0


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