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Fantasmas são desencarnados mas não são incorpóreos ou seja, possuem corpo que podem tornar visível aos olhos dos vivos densificando um tipo de matéria sutil que os kardecistas identificam como ectoplasma e os teósofos como matéria astral.
O corpo ou o envoltório material que abriga o espírito fantasmagórico, em seu estado normal, corpo astral [linga-sharira ou “o duplo”] ou perispírito, invisível para o sentido físico da visão comum porém perceptível para os mediuns que, teoricamente, possuem a faculdade da clarividência, uma capacidade de colocar a si mesmos em sintonia com a vibração ontológica [de Ser] do fantasma. Segundo a descrição dos que viram fantasmas, estas entidades têm tamanho e forma semelhante ao humano encarnado mas sua aparência é etérea, definida em termos tais como: nebulosa, semi-transparente, luminosa-prateada, “como uma sombra”, brumosa, enevoada.
Em geral, não possuem densidade suficiente para serem susceptíveis ao toque mas há relatos de fantasmas que puderam tocar e ser tocados como se fossem capazes de se manifestar com uma maior concentração de matéria astral, de modo a se tornarem tangíveis. Nesses casos, supõe-se que estejam utilizando agregado de ectoplasma para obter essa corporeidade perceptível no plano físico. Não raro, são mencionados como figuras assustadoras, especialmente quando aparecem com as marcas das seqüelas dos acidentes ou traumas que causaram sua morte. Sua presença pode ser percebida não apenas visualmente mas, também, por fenômenos como a movimentação de objetos, ruídos, vozes e exsudação de aromas que não têm origem física aparente ou localizável e somente poderiam ser explicados pela força ou ação proveniente destes seres.
Ectoplasma: [do Grego “ektós“: por fora + “plasma“: molde ou substância, resultando no significado “exteriorização substancial” ou material, também denominado atmoplasma, éter vitalizado , hylê, ideoplasma, paquiplasma , primeira matéria, psicoplasma, teleplasma.
Sobretudo no contexto das aparições provocadas em sessões espíritas [kardecismo], onde Espíritos são evocados, chamados e também nas manifestações espontâneas, a matéria ou substância que o Espírito utiliza para se tornar visível ou palpável é o ectoplasma que, segundo a doutrina, é captado e agregado ao períspírito conferindo-lhe maior densidade. Quando à textura do ectoplasma, é descrita como sendo: filamentosa, “uma massa de gelatina pegajosa, semilíquida e branquíssima” [ENCICLOPÉDIA ESPÍRITA DIGITAL, 2007].
O termo foi criado pelo cientista Charles Richet que realizou experiências sobre as materializações produzidas pela medium Eva Carrière, Argélia, 1903. O ectoplasma foi analisado e descrito como um tipo de albumina encontrado em células animais e vegetais, situada entre o núcleo e citoplasma, constituído de cloreto de sódio, fosfato de cálcio, leucócitos [glóbulos brancos], tecido epitelial e gorduras, capaz de penetrar todo tipo de matéria terrena mesmo as mais densas o que confere ao espírito o poder de atravessar sem prejuízo os sólidos [por isso, o Espírito manifestado visivelmente pode atravessar paredes], água e fogo. Pode ser sintetizado pelo próprio Espírito a partir de fontes ambientais e/ou retirado de pessoas, conscientes ou não do fato. Sobre Eva Carrièrre e as pesquisas de Charles Richet, escreve Arthur Conan Doyle em sua História do Espiritismo:
“O primeiro médium de materializações que se pode dizer que tenha sido investigado com cuidados científicos foi essa moça Eva, ou Eva C., como é geralmente chamada, pois seu nome era Carriere. Em 1903 foi examinada numa série de sessões em Villa Carmen, em Argel, pelo Professor Charles Richet; e foi a sua observação desse material esbranquiçado, que parecia sair do médium, que o levou a cunhar o vocábulo “ectoplasma”. Eva tinha então dezenove anos e estava no auge de suas forças, que foram gradativamente minadas por longos anos de investigação sob constrangimento“.
Os kardecistas cedem voluntariamente suas reservas de ectoplasma e esta é a razão das críticas formuladas ao Espiritismo. H.P. Blavatsky, Eliphas Levi e outros ocultistas que chamam a atenção para o fato dea evocação dos mortos provocar, mais cedo ou mais tarde, debilidade na saúde dos mediuns e a razão para isto é justamente a evasão de energia vital utilizada para produzir e transferir ectoplasma. De fato, há numerosos casos de mediuns que terminaram seus dias extremamente doentes, padecendo de enfermidades do corpo e da mente. Não é preciso ir muito longe para comprovar isso: a biografia de Chico Xavier, o mais famoso medium brasileiro, sua figura frágil e enfermiça é suficiente para, ao menos, fazer pensar sobre a veracidade das advertências. Sobre a saúde dos mediuns, H.P. Blavatsky comenta em A Chave da Teosofia:
“O que entendo é que consciente ou inconsciente, todas essas comunicações com os mortos são necromancia e práticas perigosíssimas. …Todos os mediuns, os melhores mais poderosos, sofrem física e moralmente. Recorde-se o triste fim de Charles Foster, que morreu louco furioso em um asilo, de Slade, epilético; Eglinton, sujeito à mesma enfermidade. veja o que foi a vida de D.D. Home… padeceu durante anos com uma terrível enfermidade da medula [onde são produzidos os glóbulos brancos], produzida por suas comunicações com os espíritos. …Enfim, considere as mais antigas mediuns, as fundadoras e primeiras estimuladoras do espiritismo moderno, as irmãs Fox. Depois de mais de quarenta anos de relações com os ‘anjos’, estes permitiram que elas se tornassem imbecis incuráveis…” [BLAVATSKY, 1983, p. 184]
por Ligia Cabús
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