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Lilly Kolisko e a atribuição astrológica dos metais

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Thiago Tamosauskas

Lilly Kolisko foi uma antroposofista, cientista e ativa participante da Sociedade Antroposófica na década de 1920. Após se formar como enfermeira passou a se dedicar ao trabalho científico dentro do movimento antroposófico. Seu trabalho mais célebre está o da comprovação experimental da relação entre os sete metais e os sete planetas clássicos.

Entre outras iniciativas investigou os efeitos reais da homeopatia e  uma série de experimentos para testar a crença de muitos agricultores de que o plantio deveria ocorrer enquanto a Lua está crescendo. Ela testou o crescimento de plantas semeadas antes da Lua Cheia (quando a Lua está crescendo) e antes da Lua Nova (quando a Lua está minguando) e descobriu que, de fato, as plantas semeadas crescem mais rapidamente e de maneira mais satisfatória quando semeadas pouco antes da Lua Cheia, em oposição às semeadas antes da Lua Nova. Esses resultados foram relatados em seu livreto. Der Mond und das Pflanzenwachstum, (A Lua e o Crescimento das Plantas.)

Mas foi em 1926 que ela começou uma série de experimentos que descreveu como “o trabalho das estrelas na substância terrestre” no qual buscou testar empiricamente algumas das alegações tradicionais de caráter alquímico-astrológico.

Entre esses ensinamentos estava o ensinamento de que certos planetas regem certos metais. Por exemplo, de acordo com a sabedoria astrológica tradicional, o Sol rege o ouro e a Lua, a prata. Outros metais tradicionalmente atribuidos incluem mercúrio (Mercúrio), cobre (Vênus), ferro (Marte), estanho (Júpiter), chumbo (Saturno). De fato, durante toda a antiguidade e idade média se usava o nome dos planetas como os nomes próprios dos metais.

Na Sociedade Antroposófica Lilly Kolisko aprendeu também que as influências astrológicas são especialmente efetivas na água no estado líquido. Citando Rudolf Steiner textualmente;

“Enquanto as substâncias estão em estado sólido, estão sujeitas às forças da Terra, mas assim que entram no estado líquido, as forças planetárias entram em ação.”

Para Kolisko, esse ensinamento implicavam que durante certos aspectos do planeta regente, especialmente quando ele estava envolvido em uma conjunção com um planeta adicional, o comportamento do metal deveria de alguma forma ser alterado.

A Hipótese Kolisko

Para testar essa hipótese, Kolisko realizou uma série de experimentos nos quis os metais eram triturados e dissolvidos em soluções líquidas para então serem cristalizados em filtros de papel. Kolisko levantou a hipótese de que, se a posição dos planetas tivesse algum efeito, os padrões dos cristais resultantes seriam alterados à medida que os planetas e aspectos mudavam. Mais especificamente ela observou o comportamento de cristais de sais metálicos em filtros de soluções de prata, ferro e chumbo feitas durante uma conjunção de Saturno Sol e Lua no qual, ou seja, no momento em que Saturno se coloca atrás do Sol ou da Lua.

Ela fez centenas de testes e relatou diversos resultados significativos como, por exemplo, que a taxa de cristalização do Chumbo durante a conjunção é significativamente atrasada ou bloqueada completamente:

“Uma mão invisível havia apagado o funcionamento do chumbo na minha solução. O Sol estava diante do planeta Saturno e aqui embaixo na Terra o chumbo não podia manifestar sua atividade. Quando as estrelas falam, o homem deve ficar parado em reverência silenciosa.”

Publicações

Os experimentos e investigações de Lilly foram registrados e publicados em uma série de oito livros com o objetivo de reativar a tradição alquímica metálica no ocidente:

  • Working of the Stars in Earthly substanc (Trabalho das Estrelas na Substância Terrestre) de 1928 onde descreve o primeiro experimento da conjunção Sol-Saturno com 15 placas de ferro, prata e chumbo
  •  The Solar Eclipse (O Eclipse Solar) de 1928 com mais 23 placas, sendo 3 de ouro.
  • Das Silber und der Mond  (A Prata e a Lua) de 1929 onde resgitrou diferenças entre luas cheias e novas ao longo de vários anos, usando  nitrato de prata.
  • Jupiter and Tin, Working of the Stars in Earthly substance (Júpiter e Estanho, Trabalho das Estrelas na substância terrestre) composto de 30 placas sendo 4 coloridas.
  • Gold and the Sun – Eclipse Total (Ouro e Sol – Eclipse Total) dividido em dois tomos, um de 1936  com 43 placas de ouro e prata e um de 1947 com 44 placas.
  • Spirit in matter – silver and gold (Espírito na matéria –  prata e ouro) de 1948 onde registrou diferenças nas placas entre o dia e a noite
  • Saturn und Blei, Sternwerken em Erdenstoffen (Saturno e chumbo, trabalho astral em substâncias da terra), de 1952 onde descreve um grande número de experimentos de prata, ferro e chumbo de 1926 a 1951, usando métodos de steigbild e cristalização. Nele experimentos durante a conjunção Marte-Saturno foram descritos, assim como uma série de conjunções e oposições adjacentes da Lua e Saturno.
  • Die totale Sonnenfinsternis vom (Eclipse Solar Toal) de 1961.

Replicabilidade e confirmações

Devido a Segunda Guerra Mundial (1939-45) pouco trabalho de replicação ocorreu imediatamente. No entanto, dois cientistas britânicos, J. Maby e T. Bedford Franklin, realizaram alguns testes iniciais dos experimentos com plantas e chegaram a conclusões negativas publicadas em seu livro, The Physics of the Divining Rod, em 1939. Entretanto após a Segunda Guerra Mundial, surgiram finalmente tentativas de verificar os resultados de Kolisko com os metais. O primeiro deles, Theodore Schwenck, um cientista da Swiss Weleda Company, encontrou resultados marcantes com uma solução que se cristalizou durante a conjunção Marte-Saturno em 1949. Esse experimento seria replicado em 1964.

Ao longo das décadas seguintes houveram outras confirmações:

  • Theodore Schwenk (em Pelikan 1973),
  • Karl Voss (Neue Aspekte 5 1965, Hamburgo, resumido pelo Brigadeiro R. Firebrace, ‘Confirmation of the Kolisko Experiments’ Spica, 4, 1965) na Alemanha,
  •  Fyfe na Suíça (‘Uber die Variabilitat von Silber-Eisen Steigbilden’, Elemente der Naturwissenschaft 6 1967),
  • André Faussurier na França (Conscience Ecologique et Creativite Humaine, Lyon 1975);
  • Nick Kollerstrom, 1976 e 1977 (The Astrological Journal)
  • Geoffrey Dean em 1977 (Recent Advances in Natal Astrology A Critical Review 1900-1976, pág. Brighton).
  • Nick Kollerstrom, 1984 (The Astrological Journal)
  • Michael Drummond em ‘Cosmological Influences in Chemistry’ The Mercury Star Journal Outono de 1977 (Uma conjunção Marte-Saturno, quadrado, trígono e sextil de 1976)
  • Michael Theroux, Lunar Influence on the Electrochemical production of Colloidal Silver’ Borderlands Journal CA sobre o eclipse lunar de março de 1997. Os geradores de prata coloidal mostraram uma diminuição significativa e várias vezes na quantidade de prata coloidal gerada durante e pouco antes do eclipse, retornando ao normal depois; discute o trabalho de Kolisk

Embora os experimentos com a Lua em movimento rápido (que se move por todo o zodíaco todos os meses) possam ser repetidos regularmente, algumas das conjunções mais raras, mas mais duradouras, como a de Marte e Saturno, foram relatadas como produzindo os resultados mais dramáticos, às vezes com duração de vários dias. Assim, em 1972, Nicolas Kollerstrom iniciou uma série de experimentos envolvendo Marte, Saturno e a Lua. Uma década depois, ele conseguiu relatar resultados marcantes com soluções de ferro, chumbo e prata. O efeito Marte-Saturno sempre atingiu o pico nos dias imediatamente após a conjunção.

O Legado

Pode-se argumentar que o efeito Kolisko ainda recebeu pouca atenção fora da Sociedade Antroposófica, mas, ao mesmo tempo, a quantidade de evidências reunidas em apoio a ele permanece impressionante. Até que seja totalmente testado, no entanto, o efeito Kolisko continua sendo um dos blocos de construção e um ponto de partida para aqueles que tentam defender a astrologia por um caminho empírico fornecendo uma base para futuras experimentações.

O trabalho de Lilly Kolisko nos dá uma nova oportunidade para apreciar o ser qualitativo dos metais muito além das descrições da física moderna e merecem ser mais aprofundados. Para os interessados em continuar estas explorações há uma importante sequência de livros escritos já escritos sobre assunto, nenhum ainda traduzido para o português:

  • The Nature of Substance – Rudolf Hauschka, 1966
  • The Secrets of Metals – Wilhelm Pelikan, 1973
  • Metal Magic The esoteric properties and uses of Metals – Mellie Uyldert , 1980
  •  Astrochemistry A Study of Metal-planet Affinities, N.Kollerstrom, 1984
  • Metal Power The Soul life of the Planets, Alison Davidson, 1991

* Thiago Tamosauskas autor do Principia Alchimica, um manual simples e direto dos principais conceitos e práticas da alquimia.


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