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Alquimia

Pedra Filosofal

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Rubellus Petrinus

Eis aqui um dos maiores segredos da alquimia! A pedra filosofal. Segundo o ensinamento dos nossos grandes Mestres a pedra filosofal é o culminar da Grande Obra Alquímica.

Poucos foram os alquimistas que tiveram a ventura de a contemplar e aqueles que o fizeram, que seja do nosso conhecimento, apenas um deixou o testemunho visual disso. Foi Kamala-Jnana.

Nem mesmo Fulcanelli (Jean-Julien Champagne) que nas Mansões Filosofais a descreve com tanto pormenor chegou a concretizar o seu grande sonho (Fulcanelli -Via Seca).

Mas embora nem ele nem Pierre Dujols chegassem ao fim da obra, nas Mansões Filosofais, que foi praticamente um trabalho de pesquisa de Dujols, este descreve-a com muito pormenor para que nós, simples estudiosos ou investigadores da Arte possamos fazer uma ideia concreta do que será a tão almejada pedra filosofal e não nos deixarmos enganar por pretensos adeptos.

Mansões Filosofais, Edições 70, Lisboa, 1975, página 151 e 152:

«Muita gente instruída qualifica a gema hermética como “corpo misterioso”; Têm dela a opinião de certos espagiristas dos séculos XVII e XVII, que a incluíam no número das entidades abstractas, qualificadas com não seres ou seres de razão. Informemos pois, a fim de ter, desse corpo desconhecido, uma ideia tão próxima quanto possível da verdade; estudemos as descrições, raras e demasiado sucintas quanto a nós, que nos deixaram alguns filósofos, e vejamos o que dela dizem igualmente sábias personagens e testemunhas fiéis.

Digamos, previamente, que o termo, pedra filosofal significa, segundo a língua sagrada, a pedra que traz o signo do Sol. Ora, esse signo solar caracteriza-se pela coloração vermelha, a qual pode variar de intensidade, como diz Basílio Valentim: «A sua cor tende do encarnado para o carmesim, ou então da cor do rubi para a da granada; quanto ao peso, pesa muito mais do que tem de quantidade.»

O cosmopolita, que Luis Figuier crê ser o alquimista conhecido pelo nome de Sethon, e outros pelo de Miguel Sendivogius, descreve-nos o seu aspecto translúcido, a sua forma cristalina e a sua fusibilidade nesta passagem: «Se achássemos o nosso sujeito no seu último estado de perfeição, feito e composto pela Natureza; se ele fosse fusível como a cera ou a manteiga, e que o seu rubor, a sua diafaneidade e clareza aparecessem por fora, estaria ali verdadeiramente a nossa bendita pedra». A sua fusibilidade é tal, com efeito, que todos os autores a compararam à da cera (64º C); «funde à chama de uma vela», repetem eles; alguns, por esta razão, deram-lhe o nome de grande cera vermelha. A estes caracteres físicos, a pedra junta poderosas propriedades químicas, o poder de penetração ou de ingresso, a absoluta fixidez, a inoxibilidade que a torna incalcinável, uma resistência extrema ao fogo, por fim a sua irredutibilidade e a sua perfeita indiferença em relação aos agentes químicos.»

E na página 154 e 155:

«Deixemos portanto de lado esses processos e essas tinturas. O que importa acima de tudo é reter que a pedra filosofal se nos oferece sob a forma de um corpo cristalino, diáfano, vermelho quando em massa, amarelo depois de pulverizado, o qual é denso e muito fusível, embora fixo a qualquer temperatura, e cujas qualidades próprias o tornam incisivo, ardente, penetrante, irredutível e incalcinável. Acrescentemos que é solúvel no vidro em fusão, mas se volatiliza instantaneamente quando é projectado sobre um metal fundido. Eis aqui, reunidas num único sujeito, propriedades fisico-químicas que o afastam singularmente da natureza metálica e tornam a sua origem muito nebulosa. Os mestres da arte ensinaram-nos que o objectivo dos seus trabalhos é tríplice. O que procuram realizar primeiro é a Medicina universal, ou pedra filosofal propriamente dita.

Obtida sob forma salina, multiplicada ou não, não é utilizável senão para a cura das doenças humanas, a conservação da saúde e o crescimento dos vegetais. Solúvel em qualquer licor espirituoso, a sua solução toma o nome de Ouro potável (embora não contenha o mínimo átomo de ouro), porque apresenta uma magnífica cor amarela. O seu valor curativo e a diversidade do seu emprego em terapêutica fazem dela um auxiliar precioso no tratamento de afecções graves e incuráveis. Não tem nenhuma acção sobre os metais, salvo sobre o ouro e a prata, aos quais ela se fixa e que ela dota das suas propriedades, mas, consequentemente, não serve de nada para a transmutação. Contudo, se se excede o número limite das suas multiplicações, ela muda de forma e, em vez de retomar o estado sólido e cristalino ao esfriar, permanece fluida como o azougue e absolutamente incoagulável. Na escuridão, brilha então como clarão suave, vermelho e fosforescente, cuja luminosidade é mais fraca que a de uma lamparina vulgar…

Finalmente, se se fermenta a Medicina universal, sólida, com o ouro ou a prata muito puros, por fusão directa, obtêm-se o Pó de projecção, terceira forma da pedra. É uma massa translúcida, vermelha ou branca segundo o metal escolhido, pulverizável, própria somente para a transmutação metálica. Orientada e especificada para o reino mineral, é inútil e sem acção nos outros ramos»

Aqui estão pois, as características fisico-químicas que identificam a verdadeira pedra filosofal. Temo-lo dito e repetido vezes sem conta em relação a certas “medicinas” obtidas por alguns alquimistas por determinadas vias a que os seus autores auto proclamados “adeptos” chamam de medicina universal.

Essas ditas “medicinas” tanto quanto sabemos, nem de longe possuem as características aqui especificadas por Fulcanelli.

Não deixa de ser interessante notar que Fulcanelli no texto nunca se referiu à medicina obtida na “sua”obra, porque efectivamente, ele nunca a conseguiu terminar.

Justiça lhe seja feita pela sua grande humildade.


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