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Por Kate O’Halloran e Por Linda G. Jones
.Também conhecido como “bem guiados”, Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali foram os primeiros califas foram “aceitos pelos muçulmanos sunitas como os quatro governantes piedosos e justos”.
Abu Bakr
Abu Bakr (573-634) foi o primeiro dos quatro califas sunitas “corretamente guiados” para governar a comunidade muçulmana primitiva após a morte de Muhammad em 632.
Abu Bakr, o companheiro próximo e sogro de Muhammad, foi eleito o primeiro califa da comunidade muçulmana quando Muhammad morreu em 632.
Os muçulmanos sunitas o consideram como um dos quatro califas “corretamente guiados”, juntamente com Umar ibn al-Khattab (r. 634-644), Uthman ibn Affan (r. 644-655), e Ali ibn Abi Talib (r. 656-661).
Nativo de Meca, Abu Bakr era membro de um ramo da tribo Quraysh, os coraixitas, e ganhava a vida como comerciante.
Ele é lembrado como o primeiro dos associados de Muhammad (excluindo os membros da família) a se converter ao Islã, e ele ajudou a proteger Muhammad quando ele partiu na Hégira para Medina em 622.
Seu apelido era al-Siddiq (o verdadeiro) porque ele foi o primeiro a confirmar a realidade da Viagem Noturna e a Ascensão de Muhammad.
Abu Bakr foi o principal conselheiro de Muhammad, e ele se juntou a ele em todas as suas batalhas subsequentes.
Sua filha Aisha casou-se com Muhammad e se tornou sua esposa mais importante.
Quando Muhammad morreu, Abu Bakr era o candidato favorecido pelos poderosos Quraysh e outros emigrantes de Meca para tornar-se o sucessor do Profeta (califa), contra Ali, que era favorecido pelos ansar de Medina.
Ali e seus apoiadores, entretanto, prometeram fidelidade a Abu Bakr sem conflitos.
Nas chamadas “guerras da apostasia”, Abu Bakr foi logo obrigado a suprimir as rebeliões das tribos das regiões periféricas da Península Arábica que se recusaram a pagar esmolas (zakat), ou se afastaram do Islã para seguir profetas rivais.
Após o êxito dessas guerras, ele autorizou o envio de exércitos tribais muçulmanos e árabes para a Síria e Iraque, inaugurando assim as primeiras conquistas muçulmanas fora da Península Arábica.
A primeira coleção do Alcorão na forma escrita também foi iniciada por sua ordem.
Leitura adicional:
– Hugh Kennedy, The Prophet and the Age of the Caliphates (Londres: Longman, 1985);
– Wilferd Madelung, The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate (Cambridge: Cambridge University Press, 1997).
Umar ibn al-Khattab
Umar ibn al-Khattab (586-644) (r. 634-644) foi o segundo califa muçulmano e estabeleceu a estrutura política do Império Islâmico.
Um membro do clã Adi da tribo Quraysh, os coraixitas, Umar ibn al-Khattab nasceu em Meca. Inicialmente um oponente de Muhammad, ele se converteu ao Islamismo em cerca de 615.
Ele passou a ser um dos conselheiros mais próximos de Muhammad, acompanhando-o à Medina em 622 durante a Hégira.
Ele se tornou o sogro do Profeta quando Muhammad casou com sua filha, Hafsa.
Após a morte de Muhammad em 632 Umar apoiou Abu Bakr (r. 632-634) para sucedê-lo; ele mesmo sucedeu Abu Bakr pouco depois, tornando-se o segundo dos quatro califas sunitas “guiados corretamente”, ou Rashidun, que incluem Uthman ibn Affan (r. 644-655) e Ali ibn Abi Talib (r. 656-661).
Umar foi o primeiro califa a adotar o título de Amir al-Muminin, ou comandante dos fiéis.
Sob o governo de Umar, o estado islâmico expandiu-se de um principado local para uma grande potência.
Ele continuou as campanhas militares iniciadas por Abu Bakr, resultando na conquista da Síria, Palestina, Egito, Iraque e Irã.
Umar estabeleceu diretrizes para a administração destas novas conquistas.
Ele deixou os povos conquistados na posse da terra e não exigiu que eles servissem em seu exército ou tentassem convertê-los ao islamismo; em troca, eles pagavam tributos ao governo.
Como governadores e administradores, Umar nomeou administradores habilidosos que lhe eram leais.
Ele também estabeleceu cidades de guarnição para administrar o território recém-conquistado; eles incluíram Basra, à frente do Golfo Pérsico; Kufa, no rio Eufrates; e Fustat, que mais tarde iria se tornar Cairo, logo abaixo do Delta do Nilo.
Ele instituiu o judiciário do Império, criou um sistema postal e introduziu um sistema de impostos para financiar o Estado.
Umar também é creditado com a instituição do uso do calendário islâmico.
Em 644, Umar foi assassinado por um escravo que tinha um rancor pessoal contra ele.
Diz-se que Umar nomeou um comitê para escolher o próximo califa; eles nomearam Uthman como seu sucessor.
Leitura adicional:
– Hugh Kennedy, The Prophet and the Age of the Caliphates (Londres: Longman, 1985);
– Wilferd Madelung, The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate (Cambridge: Cambridge University Press, 1997).
Uthman ibn Affan
Uthman ibn Affan (ca. 580-656), foi o terceiro califa muçulmano.
Uthman ibn Affan foi o terceiro dos quatro califas sunitas “guiados corretamente”, ou Rashidun, junto com Abu Bakr (r. 632-634), Umar ibn al-Khattab (r. 634-644), e Ali ibn Abi Talib (r. 656-661).
Membro do clã omíada da tribo Quraysh de Meca, herdou os negócios de seu pai e se tornou um comerciante rico antes de se converter para o Islam.
Após sua conversão, ele se tornou genro de Muhammad.
Com a morte de Umar ibn al-Khattab, o comitê encarregado de eleger um sucessor nomeou Uthman como califa.
Isto irritou os partidários de Ali, que era genro de Muhammad e seu primo e, portanto, um parente de sangue do Profeta.
Como califa, Uthman continuou a expansão do império iniciada por Abu Bakr e Umar ibn al-Khattab.
Ele também derrotou as tentativas dos bizanianos de recuperarem parte de seu território perdido.
Uthman centralizou a administração do califado, dividindo-o em 12 províncias, cada uma com um governador, juiz-chefe e cobrador de impostos.
Algumas dessas posições administrativas, incluindo o governo de quatro províncias, foram dadas aos membros da própria família omíada de Uthman.
Muitos viram isso como nepotismo.
Também foram levantadas objeções a um dos outros projetos de Uthman: a compilação do texto definitivo do Alcorão.
Até aquele momento, o Alcorão tinha sido um texto oral, memorizado e recitado por seguidores de Muhammad.
Uthman formou uma comissão para reunir todas as versões do Alcorão, tanto orais quanto escritas, e preparar uma versão escrita definitiva do texto.
Alguns dos opositores de Uthman viram isto como uma inovação religiosa e uma tentativa de controlar o texto do Alcorão.
Combinadas com dificuldades econômicas resultantes da má administração das finanças do império, estas questões levaram a um descontentamento generalizado.
Em 656 Uthman foi assassinado em sua casa.
Uma guerra civil irrompeu sobre quem deveria sugá-lo como califa.
Assim, a morte de Uthman marcou uma importante virada na história islâmica, pois marcou o início de um conflito aberto dentro da comunidade islâmica.
Leitura adicional:
– Hugh Kennedy, The Prophet and the Age of the Caliphates (Londres: Longman, 1985);
– Wilferd Madelung, The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate (Cambridge: Cambridge University Press, 1997).
Ali ibn Abi Talib
Ali ibn Abi Talib (ca. 597-661) o primo e genro de Muhammad, foi o quarto califa da comunidade muçulmana sunita, e o primeiro imã do xiismo.
Um nativo de Meca, Ali foi uma das primeiras pessoas a aceitar o Islã depois da esposa de Muhammad, Khadija (m. 619).
Ele cresceu na casa de Muhammad e casou-se com sua filha Fátima.
A coragem de Ali na batalha de Badr (624) e em outros lugares o transformou em um herói cavalheiresco e em guerreiro santo da tradição muçulmana.
Ali é o foco da controvérsia na sucessão da liderança da comunidade muçulmana após a morte de Muhammad em 632.
Isto resultou na divisão sectária entre o islamismo sunita e xiita.
Os partidários (shia, palavra árabe para “partido”) de Ali acreditavam que Muhammad o nomeou seu sucessor após a Peregrinação de Despedida a Meca alguns meses antes da morte de Muhammad.
Muitos xiitas consideraram que esta designação divinamente inspirada incluía também os descendentes da casa de Muhammad, por intermédio de Ali.
Após a morte de Muhammad, Abu Bakr (m. 634) foi eleito como o primeiro califa.
Para evitar uma divisão na comunidade muçulmana primitiva, Ali reconheceu o direito de Abu Bakr de governar e dos dois califas seguintes, Umar ibn al-Khattab (d. 644) e Uthman ibn Affan (d. 656).
Ali foi eleito o quarto califa sob circunstâncias controversas após o assassinato de Uthman.
Acusado de cumplicidade no assassinato, o período de governo de Ali foi mergulhado na guerra civil com seu rival, Muawiya ibn Abi Sufyan, líder do poderoso clã Umayya (Omíada) de Meca.
Seu apoio diminuiu quando uma facção, os Khawarijitas (os seccessionistas), rebelou-se contra ele durante a Batalha de Siffin (657) porque ele havia submetido o conflito com Muawiya à arbitragem.
As forças de Ali conseguiram derrotar estes rebeldes em Nahrawan em 658, mas um dos Khawarijitas o assassinou em Kufa, no Iraque, em 661.
Muawayya (r. 660-80) tornou-se o próximo califa e fundou o Califado Omíada na Síria.
Enquanto alguns “extremistas” xiitas praticamente deificam Ali, a maioria considera a crença na designação de Ali por Muhammad como seu sucessor um dever religioso ao lado da crença na unicidade de Deus e no profetismo de Muhammad.
O martírio de Ali, e especialmente o massacre de seu filho al-Husayn e seus companheiros na batalha de Karbala (680), fez do paradigma do sofrimento redentor uma característica da história da salvação xiita.
Os xiitas e muitos sufis o consideram como um santo por seu famoso ascetismo.
De fato, muitas ordens sufis traçam a genealogia de sua ascendência espiritual (silsila) diretamente de Ali.
Ali é lembrado como um modelo de retidão sócio-política e religiosa que desafiou a corrupção mundana e a injustiça social.
Seu santuário em Najaf, Iraque, é um importante local de peregrinação e a festa de Ghadir Khumm (18 de Dhu al-Hijjah, o décimo segundo mês do calendário muçulmano), que comemora a nomeação de Muhammad como seu sucessor, é um feriado importante para os muçulmanos xiitas.
Leitura adicional:
– S. H. M. Jafri, The Origins and Early Development of Shia Islam (Londres e Nova Iorque: Longman, 1979);
– Wilferd Madelung, The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate (Cambridge: Cambridge University Press, 1977);
– Abu Jafar Muhammad ibn Jarir al-Tabari, The History of al-Tabari. Translated by C. E. Bosworth et al. (Albany: State University of New York Press, 1985-).
Fonte: Encyclopedia of Islam, Copyright © 2009 by Juan E. Campo
Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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